crítica x-men: fênix negra

x-men: fênix negra até tenta,mas não consegue.isoladamente,ofilme soa esquecível;mas quando pensado em conjunto com os outros da série,fica evidente que ele faz parte desse todo mal planejamento da fox.

O filme sofre muito com a própria bagunça da franquia. O espectador sente dificuldade em entender quem são aqueles personagens e acreditar em seus dramas e motivações. Mais do que qualquer outro x-men, esse filme explora o emocional daqueles mutantes,mas encontra um grande empecilho para pôr isso em prática com qualquer sucesso:boa parte deles não teve qualquer desenvolvimento anterior.jean Grey, Ciclope, Tempestade e Noturno, por exemplo, parecem apenas avatares de personagens que você conhece de outras mídias e não na pele daqueles atores. É preciso engolir que há realmente uma relação entre os personagens de Sophie Turner e Ty Sheridan apenas porque você sabe que Jean e Ciclope são um casal clássico dos X-Men. Scott é reduzido, mais uma vez, a nada por aqui, enquanto Tempestade, Noturno e até mesmo o Mercúrio (esse último inclusive desaparece no meio do filme) são quase figurantes que orbitam o entorno, só tendo algum tempo de tela nas cenas de ação.

As menos de duas horas do novo e último filme da equipe liderada pelo telepata Charles Xavier até parece muito para uma trama onde pouca coisa se aproveita.

Fênix Negra corre passando por cima de todos os pontos de virada, nos fazendo sequer perceber quando eles acontecem. É muito fácil se perder no meio de toda a bagunça e se perguntar se o filme está na metade ou perto do fim.

a maneira como o roteiro aborda as relações e motivações dos personagens, para em seguida, com uma única frase motivacional, mudá-las para o completo oposto, é frustrante.

Há muitos diálogos repetitivos e piegas, que vão desde Jean atormentada falando sobre como machuca as pessoas que ama, até a atalhos do tipo "Tal pessoa não ia querer que fosse dessa forma". Esse segundo exemplo, aliás, é o suficiente para converter alguns ex-amigos em aliados em um momento chave do filme.

Precisamos falar sobre os vilões de X-Men: Fênix Negra, a raça alienígena D'Bari, liderados por Vuk (Jessica Chastain). Logo numa das primeiras aparições dos aliens, assistimos a um diálogo totalmente expositivo onde Vuk explica suas motivações para os seus aliados, e estando tudo claro e transparente, seguimos a vilã à procura de Jean e da Força Fênix.A partir disso, a personagem segue sendo de uma superficialidade e desinteresse sem tamanho. Não há nenhuma dificuldade em pôr seu plano em prática, e não há nada que nos convença de que aquela vilã apresente uma ameaça para quem quer que seja. Mesmo quando ela e mais uma dezena de capanga lutam diretamente contra os mutantes e se provam praticamente imbatíveis.

Vuk é um desperdício do talento da atriz Jessica Chastain, já que a personagem poderia ser interpretada por qualquer pessoa que soubesse dizer meia dúzia de palavras frente à câmera.

Aliás, desperdício de elenco é uma regra em X-Men: Fênix Negra. Boa parte dos atores em cena pouco tem a oferecer diante de um roteiro e direção tão irregulares. Incluindo Sophie Turner, que se esforça para dar alguma profundidade a Jean, mas fica limitada a fazer expressões de ódio, dor e sofrimento.O destaque fica por conta, mais uma vez, de James McAvoy e Michael Fassbender. Os atores que já se provaram excelentes há muito tempo, conseguem dar ênfase à lados até então não explorados dos seu personagens, especialmente McAvoy com seu Charles Xavier.

Depois de três filmes, é dada ao ator uma trama que coloca o mutante para além do líder perfeito dos X-Men. O público passa a olhar para o mutante como o homem dúbio e questionável que sempre ficou evidente nos quadrinhos, fazendo dessa decisão um dos poucos acertos do novo filme.

X-Men: Fênix Negra faz questão de tentar estabelecer que os X-Men são como uma família, mas isso parece estar só na superfície, na boca dos personagens, quando na verdade deveria exalar de cada frame.

Nem no visual, o filme consegue ir além do básico, e não só isso, por vezes até falha. Os trajes clássicos da equipe usados no início do filme, por exemplo, são inevitavelmente horrendos. O que é decepcionante, visto que os figurinos de X-Men: Apocalypse se saíram muito bem ao homenagear os quadrinhos.

Ao final, a direção de Simon Kinberg se rende ao espetáculo e mesmo assim não se faz impressionante, transformando esse em um dos encerramentos mais desanimadores de um filme e de uma franquia.

Com uma resolução pífia, e um epílogo que falha em fazer o público se importar, uma das equipes de heróis mais icônicas da cultura pop dá um adeus amargo às telonas.

Ao invés de soar como um grito poderoso e marcante de despedida, X-Men: Fênix Negra é mais como um suspiro cansado. Esperamos que os mutantes tenham dias melhores na Marvel Studios!