Lizzie Risks - The History
Tudo o que rolou com a bruxinha mais querida de Naveen City depois de ter enfrentado os perigos que Greenhouse Academy oferecera.. e por sorte ter sobrevivido.
0
0
0
1
Capítulo I. deixando naveen city para trás.
A névoa cobria Naveen City como um véu de despedida, e Lizzie, com seus olhos brilhando como estrelas inquietas, se preparava para o adeus. O cheiro de terra molhada invadia o ar, um toque do familiar em sua última manhã na cidade. A cada passo, o peso da saudade se enroscava em seus tornozelos, mas ela não deixava que isso a parasse — a loirinha era uma explosão de energia e magia, e naquele dia, não, não seria diferente.
Antonella estava lá, parada em frente à porta da casa onde Lizzie havia encontrado um lar. O rosto da Stilinsk era uma pintura de emoção contida, os cabelos negros contrastando com a palidez do amanhecer. A casa, sempre calorosa e repleta de risos - e as vezes doses de caos - parecia estranhamente silenciosa, como se a própria estrutura estivesse ciente da partida iminente.
— Você vai sentir minha falta, Ella? — disse a bruxa brincando, mas com um traço de melancolia na voz, com seu chapéu ligeiramente torto e a capa avermelhada esvoaçando ao vento, sorridente.
— Você tem noção do quão estranho vai ser sem você? — Antonella tentou sorrir, mas seus olhos marejaram. Lizzie rapidamente a envolveu em um abraço apertado, quase esmagador. Elas riram juntas, embora a sensação de perda estivesse ali, vibrando no ar.
— Prometo que volto antes do próximo solstício — Lizzie disse, afastando-se só o suficiente para olhar nos olhos da amiga. — E quem sabe... posso até trazer uns feitiços novos ou.. uma das roupas exclusivas de alguma loja chique que a cidade tiver. — riram alegremente.
O vento suave trouxe consigo a fragrância das flores do jardim dos Stilinsk, e por um momento, tudo pareceu perfeito demais para ser real. A família que a acolhera durante os meses mais sombrios estava reunida atrás de Antonella, observando com olhares ternos e preocupados. Lizzie olhou para eles e agradeceu com o coração. Eles não eram apenas amigos. Eram sua família.. mesmo com todas as adversidades enfrentadas.
— Se cuidem, todos vocês — Lizzie disse, acenando para a matriarca dos Stilinsk, que segurava um lenço nas mãos e tentava disfarçar a emoção com sua face rígida, congelada, de sempre.
Antes que o silêncio se tornasse pesado demais, Lizzie tirou uma carta do bolso da capa. O papel era perfumado, dobrado com cuidado, e o nome “Estella Blossom Jones” estava escrito com uma caligrafia caprichosa. Ela entregou a Antonella, confiando-lhe a tarefa de enviar sua última mensagem a outra amiga querida.
— Eu queria muito me despedir dela pessoalmente — Lizzie admitiu, — mas... às vezes é mais fácil deixar algumas palavras para depois. — Ela piscou, e em seu rosto dançava um sorriso nostálgico. Ela ainda sentia medo da ruiva.. no fundo. — Estella sabe como sou. Ela vai entender.
Antonella guardou a carta com cuidado, sabendo o quanto ela significava. Lizzie, por outro lado, tentou não prolongar a despedida. Ela não gostava de finais dramáticos, não combinava com sua energia.. pelo menos era o que ela dizia.
— Vamos lá, Ant! Não vamos transformar isso numa tragédia, ok? Deixemos isso para você sabe quem! — Lizzie disse, com uma piscadela.
Com um último olhar para a cidade que havia sido palco de tantas aventuras e batalhas, Lizzie se virou, erguendo o queixo com determinação. Seu destino agora era outra cidade, uma que parecia saída de lendas antigas, envolta em bruxaria e mistério — Hollowind, o vilarejo de suas família, onde o vento sussurrava segredos e as sombras dançavam sob a luz da lua — e segundo as más línguas, com o próprio diabo.
Enquanto ela caminhava para longe, a capa carmim flutuando atrás de si, Naveen City se dissolvia na névoa. A despedida havia sido doída, mas Lizzie sabia que o futuro estava cheio de novas histórias.
E, claro, de muita magia.
Antonella estava lá, parada em frente à porta da casa onde Lizzie havia encontrado um lar. O rosto da Stilinsk era uma pintura de emoção contida, os cabelos negros contrastando com a palidez do amanhecer. A casa, sempre calorosa e repleta de risos - e as vezes doses de caos - parecia estranhamente silenciosa, como se a própria estrutura estivesse ciente da partida iminente.
— Você vai sentir minha falta, Ella? — disse a bruxa brincando, mas com um traço de melancolia na voz, com seu chapéu ligeiramente torto e a capa avermelhada esvoaçando ao vento, sorridente.
— Você tem noção do quão estranho vai ser sem você? — Antonella tentou sorrir, mas seus olhos marejaram. Lizzie rapidamente a envolveu em um abraço apertado, quase esmagador. Elas riram juntas, embora a sensação de perda estivesse ali, vibrando no ar.
— Prometo que volto antes do próximo solstício — Lizzie disse, afastando-se só o suficiente para olhar nos olhos da amiga. — E quem sabe... posso até trazer uns feitiços novos ou.. uma das roupas exclusivas de alguma loja chique que a cidade tiver. — riram alegremente.
O vento suave trouxe consigo a fragrância das flores do jardim dos Stilinsk, e por um momento, tudo pareceu perfeito demais para ser real. A família que a acolhera durante os meses mais sombrios estava reunida atrás de Antonella, observando com olhares ternos e preocupados. Lizzie olhou para eles e agradeceu com o coração. Eles não eram apenas amigos. Eram sua família.. mesmo com todas as adversidades enfrentadas.
— Se cuidem, todos vocês — Lizzie disse, acenando para a matriarca dos Stilinsk, que segurava um lenço nas mãos e tentava disfarçar a emoção com sua face rígida, congelada, de sempre.
Antes que o silêncio se tornasse pesado demais, Lizzie tirou uma carta do bolso da capa. O papel era perfumado, dobrado com cuidado, e o nome “Estella Blossom Jones” estava escrito com uma caligrafia caprichosa. Ela entregou a Antonella, confiando-lhe a tarefa de enviar sua última mensagem a outra amiga querida.
— Eu queria muito me despedir dela pessoalmente — Lizzie admitiu, — mas... às vezes é mais fácil deixar algumas palavras para depois. — Ela piscou, e em seu rosto dançava um sorriso nostálgico. Ela ainda sentia medo da ruiva.. no fundo. — Estella sabe como sou. Ela vai entender.
Antonella guardou a carta com cuidado, sabendo o quanto ela significava. Lizzie, por outro lado, tentou não prolongar a despedida. Ela não gostava de finais dramáticos, não combinava com sua energia.. pelo menos era o que ela dizia.
— Vamos lá, Ant! Não vamos transformar isso numa tragédia, ok? Deixemos isso para você sabe quem! — Lizzie disse, com uma piscadela.
Com um último olhar para a cidade que havia sido palco de tantas aventuras e batalhas, Lizzie se virou, erguendo o queixo com determinação. Seu destino agora era outra cidade, uma que parecia saída de lendas antigas, envolta em bruxaria e mistério — Hollowind, o vilarejo de suas família, onde o vento sussurrava segredos e as sombras dançavam sob a luz da lua — e segundo as más línguas, com o próprio diabo.
Enquanto ela caminhava para longe, a capa carmim flutuando atrás de si, Naveen City se dissolvia na névoa. A despedida havia sido doída, mas Lizzie sabia que o futuro estava cheio de novas histórias.
E, claro, de muita magia.
2
Capítulo II. caindo ou voando na estrada?
A primeira parte da viagem parecia simples. Lizzie, com sua mala de couro cheia de feitiços e lembranças, pegou o trem de Naveen City com um sorriso otimista, ignorando completamente as advertências misteriosas de sua Tia C. "Hollowind não é fácil de alcançar," dissera sua tia com um tom de quem sabia demais. Lizzie detestava sabichões (onas).
A garota, porém, achava que a tal complicação era apenas parte do charme da nova aventura.
A primeira perna do trajeto foi tranquila, com Lizzie se distraindo com o movimento das paisagens que se desenrolavam pela janela do trem. Os campos abertos logo se transformaram em florestas cerradas, os ventos uivando do lado de fora como se algo invisível os estivesse empurrando. Ela relaxou, acreditando que Hollowind estava mais perto do que parecia.
Mas a viagem rapidamente começou a mudar de tom. Após duas horas, o trem parou abruptamente em uma estação que nem sequer parecia ter nome, apenas um sinal enferrujado que mal podia ser lido. Lizzie desceu com um suspiro de impaciência e foi direcionada a um ônibus — um veículo antiquado, com estofados que cheiravam a mofo e janelas que mal fechavam. Ao embarcar, ela percebeu que estava sozinha, exceto por um velho motorista de olhar cansado e um homem de sobretudo que parecia... estranho. Seu chapéu cobria parte do rosto, mas havia algo no sorriso dele que fez os pelos de sua nuca se arrepiarem.
Sentada no fundo do ônibus, Lizzie mantinha uma expressão positiva. Nada a abalava por muito tempo. Ela tentou iniciar uma conversa com o motorista, que apenas grunhiu em resposta. Ao olhar pela janela, o mundo lá fora começou a parecer mais... escuro. A estrada serpenteava por entre colinas cobertas de névoa, e Lizzie juraria que via vultos nas árvores, como figuras altas e distorcidas. Dizia a si mesma palavras motivacionais conforme abraçava a mudança.
O ônibus parou abruptamente, arremessando a bruxinha para frente, e o motorista anunciou de maneira nada convidativa: FIM DA LINHA.
— Fim da linha? Mas eu nem cheguei perto de Hollowind! — exclamou, levantando-se e olhando pela janela. Não havia absolutamente nada ali, além de uma trilha mal marcada que desaparecia em uma floresta densa e inóspita.
Sem muita escolha, a loira desceu do ônibus, notando que o homem de preto a observava intensamente enquanto se afastava. Havia algo no olhar dele que lhe deu calafrios, mas ele não disse uma palavra. Quando o ônibus arrancou, levantando poeira, Lizzie percebeu o quão isolada ela estava.
— Bem... que esse seja um tipo de caminho das bruxas pelo menos! — Tentou animar-se, mas até seu otimismo habitual parecia um pouco cansado.
A trilha era mais longa do que aparentava, e a garota começou a sentir o peso do cansaço em suas pernas. Após cerca de uma hora caminhando, ela chegou a uma bifurcação onde um poste indicava direções em línguas que ela não reconhecia. Lizzie riu sozinha, achando que estava em um daqueles sonhos onde nada faz sentido. Se sentiu a própria Alice.
— Ótimo — resmungou, mas no fundo, começava a sentir-se um pouco preocupada. O céu escurecia, e o som de passos distantes a fazia olhar por cima do ombro a cada poucos metros. Ela podia jurar que havia alguém – ou alguma coisa – seguindo-a, mas toda vez que se virava, só via as sombras alongadas das árvores e o uivo do vento.
Finalmente, depois de muito esforço e uma certa dose de confusão com animais do mato, Lizzie alcançou outra estação de trem. Desta vez, a estação parecia saído de um filme de terror. Era uma pequena construção de pedra, praticamente abandonada, exceto por um gato preto que a encarava de um banco velho. O nome da estação era gravado em uma placa acima da entrada, mas as letras estavam borradas, como se o tempo houvesse se apoderado delas.
— Bem... ao menos é a estação certa, acho — murmurou, ainda tentando manter seu bom humor. Quando o trem chegou, mais sombrio e barulhento do que o anterior, Lizzie entrou sem hesitar. A carruagem parecia vazia, exceto por uma garota sentada em um dos bancos próximos à janela.
Lizzie se aproximou, os passos ecoando no vagão quase vazio, e sentou-se ao lado da estranha. A garota tinha um olhar familiar, mas ao mesmo tempo, havia algo de misterioso nela. Os cabelos castanho-claros, quase dourados, pareciam brilhar com a luz fraca, e seus olhos eram de um verde intenso, quase encantador.
— Oii? — Lizzie disse, sempre extrovertida, sem pensar duas vezes. — Você também está indo para Hollowind? Perdão a intrusão.
A garota virou-se lentamente, os lábios curvando-se em um sorriso gentil, mas com uma ponta de algo que Lizzie não conseguiu identificar.
— Sim... sou nova por lá, assim como você. — A voz dela era doce, mas carregava um tom de algo mais profundo, talvez até fúnebre.
— Que tudo! Eu sou Lizzie, aliás. Lizzie Spellfemme. — Ela estendeu a mão animadamente.
— Clarissa — a garota respondeu, apertando a mão de Lizzie com firmeza. — Clarissa Noxbourne.
— Noxbourne? Gostei do sobrenome! — Lizzie comentou, com seu típico jeito animado.
Clarissa riu suavemente, mas o som era baixo, quase como o roçar de folhas ao vento.
— Sim... é um nome antigo. Muito antigo.
E foi nesse momento que Lizzie, apesar de seu entusiasmo natural, sentiu uma estranha e leve onda de desconforto. Clarissa parecia amigável, até simpática, mas havia algo nos olhos dela... algo que Lizzie não conseguia identificar, mas que fazia as engrenagens de sua mente rodarem, tentando lembrar de onde conhecia aquele olhar.
Olhar fatal.
Ainda assim, Lizzie deixou o pensamento de lado. O trem rugia pelas trilhas escuras, levando-as cada vez mais perto de Hollowind. Seja lá quem... ou o quê... Clarissa fosse, a loira sabia se cuidar, pelo menos devia saber!
_-_-_-_-_-_-_-_-🧹
O trem balançava suavemente, o som das rodas rangendo contra os trilhos soava distante enquanto Lizzie se ajeitava no banco, tentando relaxar. Sua companhia estava silenciosa, observando pela janela com os olhos fixos no nevoeiro que se formava do lado de fora. Lizzie, sempre inquieta, começou a puxar conversa novamente.
— Então, o que te leva para Hollowind? Vai visitar parentes também?
Clarissa não respondeu de imediato. Ela permaneceu com os olhos fixos no cenário nebuloso, como se estivesse esperando algo, atenta a um detalhe que escapava a mais nova. Depois de um longo suspiro, Clarissa finalmente quebrou o silêncio.
— Não é exatamente uma visita. É mais como... um retorno.
Lizzie arqueou uma sobrancelha. Aquilo soou tão vago quanto suspeito. Ela estava acostumada a encontrar figuras excêntricas em sua vida mágica, mas Clarissa carregava uma ''coisa'' diferente. Algo nela mexia com os instintos de Lizzie, embora ela não conseguisse definir exatamente o que era. Ainda assim, sua curiosidade a fazia ignorar qualquer sinal de alerta.
Talvez Clarissa fosse apenas uma daquelas bruxas estranhamente poéticas que falavam em metáforas.
Mas antes que Lizzie pudesse perguntar mais, Clarissa se virou bruscamente para ela, seus olhos esverdeados quase brilhando de forma anormalmente acalorada.
— Nós temos que descer.
— O quê? — Lizzie riu, surpresa. — Aqui? No meio de nada? Isso é um trem, sabe, não posso simplesmente pular fora!
— Não estou brincando, Lizzie. Precisamos sair agora! — Clarissa disse, seu tom mais urgente. Ela já estava de pé, os dedos fechados ao redor de uma bolsa que Lizzie nem havia notado antes. Clarissa olhava ao redor do vagão como se esperasse que algo horrível acontecesse a qualquer momento.
— Espera, espera.. — Lizzie se levantou também, mas deu um passo para trás. — Por que você acha que devemos descer? Nem sabemos onde estamos! Além disso, eu nem conheço você direito.
Clarissa não parecia ouvir. Ela se aproximou rapidamente da porta do vagão, que estava trancada, e começou a murmurar algo em um idioma que Lizzie não reconhecia. Quando terminou, a porta rangeu, abrindo-se com um estalo mecânico e assustador. O vento frio invadiu o trem, carregando consigo o cheiro úmido de florestas e nevoeiro.
Lizzie recuou um passo, incrédula.
— Ok, isso foi... impressionante. Mas ainda assim, não faz sentido descer agora. Clarissa, o que está acontecendo?
Clarissa olhou diretamente para Lizzie, e naquele instante, algo mudou. Havia um brilho afiado e perigoso nos olhos dela, um lampejo que fez o estômago de Lizzie revirar.
— Confie em mim, Lizzie. Há algo neste trem... algo errado. Você vai perceber em breve, mas nós precisamos sair. Agora.
Lizzie hesitou. Ela queria acreditar na garota, mas algo em sua voz e na pressa com que falava a deixava desconfiada.
— Eu... eu não sei... — murmurou, mais para si mesma do que para Clarissa.
Antes que ela pudesse decidir, o trem deu um solavanco violento. Lizzie se agarrou a um dos assentos para não cair, e uma forte onda de calor a envolveu. Um estalo alto veio de uma das cabines à frente, seguido por um cheiro denso de fumaça. Lizzie arregalou os olhos.
— O que...?
E então ela viu. Fogo. Uma labareda alaranjada começava a se espalhar pela frente do vagão, avançando rapidamente, consumindo tudo em seu caminho com uma voracidade assustadora. A fumaça negra se elevava, preenchendo o espaço com uma densidade sufocante.
Clarissa agarrou o braço de Lizzie com força.
— Agora! Nós temos que sair AGORA!
Sem tempo para mais perguntas ou resistência, Lizzie foi arrastada em direção à porta. Clarissa a puxou para fora do vagão, e ambas caíram no chão duro da trilha, rolando na grama úmida. Lizzie tossia com a fumaça, o coração disparado pelo susto.
Quando olhou para cima, viu Clarissa já em pé, desenrolando algo longo e fino de sua bolsa. Foi quando Lizzie percebeu do que se tratava: uma vassoura.
Clarissa sorriu, os olhos brilhando de excitação enquanto subia na vassoura com uma destreza quase assustadora.
— Vamos, querida! Vamos voar!
Lizzie olhou para a própria vassoura, uma antiga relíquia de família que ainda estava presa à sua mala. Ela não era exatamente habilidosa em voos — na verdade, mal conseguia mantê-la reta.
— Eu... eu não sou muito boa nisso! — protestou, mas Clarissa já estava no ar, pairando alguns metros acima dela com um brilho selvagem no olhar.
— Você vai aprender. Rápido! — gritou a outra, dando uma risada quase maníaca.
Lizzie, sem escolha, montou na vassoura, suas mãos suadas tremendo levemente enquanto tentava se equilibrar. A vassoura oscilou perigosamente quando ela decolou, subindo aos trancos e barrancos. Seu estômago afundou, e o vento frio batia em seu rosto com uma intensidade que a deixou atordoada.
— Eu não sei controlar isso! — Lizzie gritou, sua voz embargada pelo medo, enquanto tentava não perder o controle da vassoura. Clarissa, em contraste, voava com elegância e destreza, girando no ar como se fosse a coisa mais natural do mundo.
Elas passaram voando sobre as trilhas cobertas de névoa, o trem incendiado agora um mero ponto distante abaixo delas. A jovem Spellfemme se agarrou à sua vassoura, o coração batendo descompassado, enquanto Clarissa dava piruetas no ar, rindo com um êxtase que Lizzie mal conseguia compreender.
E ali, no céu, voando desajeitadamente atrás da garota misteriosa, Lizzie se deu conta de que a jornada para Hollowind seria muito mais perigosa — e estranha — do que ela jamais poderia ter imaginado.
A garota, porém, achava que a tal complicação era apenas parte do charme da nova aventura.
A primeira perna do trajeto foi tranquila, com Lizzie se distraindo com o movimento das paisagens que se desenrolavam pela janela do trem. Os campos abertos logo se transformaram em florestas cerradas, os ventos uivando do lado de fora como se algo invisível os estivesse empurrando. Ela relaxou, acreditando que Hollowind estava mais perto do que parecia.
Mas a viagem rapidamente começou a mudar de tom. Após duas horas, o trem parou abruptamente em uma estação que nem sequer parecia ter nome, apenas um sinal enferrujado que mal podia ser lido. Lizzie desceu com um suspiro de impaciência e foi direcionada a um ônibus — um veículo antiquado, com estofados que cheiravam a mofo e janelas que mal fechavam. Ao embarcar, ela percebeu que estava sozinha, exceto por um velho motorista de olhar cansado e um homem de sobretudo que parecia... estranho. Seu chapéu cobria parte do rosto, mas havia algo no sorriso dele que fez os pelos de sua nuca se arrepiarem.
Sentada no fundo do ônibus, Lizzie mantinha uma expressão positiva. Nada a abalava por muito tempo. Ela tentou iniciar uma conversa com o motorista, que apenas grunhiu em resposta. Ao olhar pela janela, o mundo lá fora começou a parecer mais... escuro. A estrada serpenteava por entre colinas cobertas de névoa, e Lizzie juraria que via vultos nas árvores, como figuras altas e distorcidas. Dizia a si mesma palavras motivacionais conforme abraçava a mudança.
O ônibus parou abruptamente, arremessando a bruxinha para frente, e o motorista anunciou de maneira nada convidativa: FIM DA LINHA.
— Fim da linha? Mas eu nem cheguei perto de Hollowind! — exclamou, levantando-se e olhando pela janela. Não havia absolutamente nada ali, além de uma trilha mal marcada que desaparecia em uma floresta densa e inóspita.
Sem muita escolha, a loira desceu do ônibus, notando que o homem de preto a observava intensamente enquanto se afastava. Havia algo no olhar dele que lhe deu calafrios, mas ele não disse uma palavra. Quando o ônibus arrancou, levantando poeira, Lizzie percebeu o quão isolada ela estava.
— Bem... que esse seja um tipo de caminho das bruxas pelo menos! — Tentou animar-se, mas até seu otimismo habitual parecia um pouco cansado.
A trilha era mais longa do que aparentava, e a garota começou a sentir o peso do cansaço em suas pernas. Após cerca de uma hora caminhando, ela chegou a uma bifurcação onde um poste indicava direções em línguas que ela não reconhecia. Lizzie riu sozinha, achando que estava em um daqueles sonhos onde nada faz sentido. Se sentiu a própria Alice.
— Ótimo — resmungou, mas no fundo, começava a sentir-se um pouco preocupada. O céu escurecia, e o som de passos distantes a fazia olhar por cima do ombro a cada poucos metros. Ela podia jurar que havia alguém – ou alguma coisa – seguindo-a, mas toda vez que se virava, só via as sombras alongadas das árvores e o uivo do vento.
Finalmente, depois de muito esforço e uma certa dose de confusão com animais do mato, Lizzie alcançou outra estação de trem. Desta vez, a estação parecia saído de um filme de terror. Era uma pequena construção de pedra, praticamente abandonada, exceto por um gato preto que a encarava de um banco velho. O nome da estação era gravado em uma placa acima da entrada, mas as letras estavam borradas, como se o tempo houvesse se apoderado delas.
— Bem... ao menos é a estação certa, acho — murmurou, ainda tentando manter seu bom humor. Quando o trem chegou, mais sombrio e barulhento do que o anterior, Lizzie entrou sem hesitar. A carruagem parecia vazia, exceto por uma garota sentada em um dos bancos próximos à janela.
Lizzie se aproximou, os passos ecoando no vagão quase vazio, e sentou-se ao lado da estranha. A garota tinha um olhar familiar, mas ao mesmo tempo, havia algo de misterioso nela. Os cabelos castanho-claros, quase dourados, pareciam brilhar com a luz fraca, e seus olhos eram de um verde intenso, quase encantador.
— Oii? — Lizzie disse, sempre extrovertida, sem pensar duas vezes. — Você também está indo para Hollowind? Perdão a intrusão.
A garota virou-se lentamente, os lábios curvando-se em um sorriso gentil, mas com uma ponta de algo que Lizzie não conseguiu identificar.
— Sim... sou nova por lá, assim como você. — A voz dela era doce, mas carregava um tom de algo mais profundo, talvez até fúnebre.
— Que tudo! Eu sou Lizzie, aliás. Lizzie Spellfemme. — Ela estendeu a mão animadamente.
— Clarissa — a garota respondeu, apertando a mão de Lizzie com firmeza. — Clarissa Noxbourne.
— Noxbourne? Gostei do sobrenome! — Lizzie comentou, com seu típico jeito animado.
Clarissa riu suavemente, mas o som era baixo, quase como o roçar de folhas ao vento.
— Sim... é um nome antigo. Muito antigo.
E foi nesse momento que Lizzie, apesar de seu entusiasmo natural, sentiu uma estranha e leve onda de desconforto. Clarissa parecia amigável, até simpática, mas havia algo nos olhos dela... algo que Lizzie não conseguia identificar, mas que fazia as engrenagens de sua mente rodarem, tentando lembrar de onde conhecia aquele olhar.
Olhar fatal.
Ainda assim, Lizzie deixou o pensamento de lado. O trem rugia pelas trilhas escuras, levando-as cada vez mais perto de Hollowind. Seja lá quem... ou o quê... Clarissa fosse, a loira sabia se cuidar, pelo menos devia saber!
_-_-_-_-_-_-_-_-🧹
O trem balançava suavemente, o som das rodas rangendo contra os trilhos soava distante enquanto Lizzie se ajeitava no banco, tentando relaxar. Sua companhia estava silenciosa, observando pela janela com os olhos fixos no nevoeiro que se formava do lado de fora. Lizzie, sempre inquieta, começou a puxar conversa novamente.
— Então, o que te leva para Hollowind? Vai visitar parentes também?
Clarissa não respondeu de imediato. Ela permaneceu com os olhos fixos no cenário nebuloso, como se estivesse esperando algo, atenta a um detalhe que escapava a mais nova. Depois de um longo suspiro, Clarissa finalmente quebrou o silêncio.
— Não é exatamente uma visita. É mais como... um retorno.
Lizzie arqueou uma sobrancelha. Aquilo soou tão vago quanto suspeito. Ela estava acostumada a encontrar figuras excêntricas em sua vida mágica, mas Clarissa carregava uma ''coisa'' diferente. Algo nela mexia com os instintos de Lizzie, embora ela não conseguisse definir exatamente o que era. Ainda assim, sua curiosidade a fazia ignorar qualquer sinal de alerta.
Talvez Clarissa fosse apenas uma daquelas bruxas estranhamente poéticas que falavam em metáforas.
Mas antes que Lizzie pudesse perguntar mais, Clarissa se virou bruscamente para ela, seus olhos esverdeados quase brilhando de forma anormalmente acalorada.
— Nós temos que descer.
— O quê? — Lizzie riu, surpresa. — Aqui? No meio de nada? Isso é um trem, sabe, não posso simplesmente pular fora!
— Não estou brincando, Lizzie. Precisamos sair agora! — Clarissa disse, seu tom mais urgente. Ela já estava de pé, os dedos fechados ao redor de uma bolsa que Lizzie nem havia notado antes. Clarissa olhava ao redor do vagão como se esperasse que algo horrível acontecesse a qualquer momento.
— Espera, espera.. — Lizzie se levantou também, mas deu um passo para trás. — Por que você acha que devemos descer? Nem sabemos onde estamos! Além disso, eu nem conheço você direito.
Clarissa não parecia ouvir. Ela se aproximou rapidamente da porta do vagão, que estava trancada, e começou a murmurar algo em um idioma que Lizzie não reconhecia. Quando terminou, a porta rangeu, abrindo-se com um estalo mecânico e assustador. O vento frio invadiu o trem, carregando consigo o cheiro úmido de florestas e nevoeiro.
Lizzie recuou um passo, incrédula.
— Ok, isso foi... impressionante. Mas ainda assim, não faz sentido descer agora. Clarissa, o que está acontecendo?
Clarissa olhou diretamente para Lizzie, e naquele instante, algo mudou. Havia um brilho afiado e perigoso nos olhos dela, um lampejo que fez o estômago de Lizzie revirar.
— Confie em mim, Lizzie. Há algo neste trem... algo errado. Você vai perceber em breve, mas nós precisamos sair. Agora.
Lizzie hesitou. Ela queria acreditar na garota, mas algo em sua voz e na pressa com que falava a deixava desconfiada.
— Eu... eu não sei... — murmurou, mais para si mesma do que para Clarissa.
Antes que ela pudesse decidir, o trem deu um solavanco violento. Lizzie se agarrou a um dos assentos para não cair, e uma forte onda de calor a envolveu. Um estalo alto veio de uma das cabines à frente, seguido por um cheiro denso de fumaça. Lizzie arregalou os olhos.
— O que...?
E então ela viu. Fogo. Uma labareda alaranjada começava a se espalhar pela frente do vagão, avançando rapidamente, consumindo tudo em seu caminho com uma voracidade assustadora. A fumaça negra se elevava, preenchendo o espaço com uma densidade sufocante.
Clarissa agarrou o braço de Lizzie com força.
— Agora! Nós temos que sair AGORA!
Sem tempo para mais perguntas ou resistência, Lizzie foi arrastada em direção à porta. Clarissa a puxou para fora do vagão, e ambas caíram no chão duro da trilha, rolando na grama úmida. Lizzie tossia com a fumaça, o coração disparado pelo susto.
Quando olhou para cima, viu Clarissa já em pé, desenrolando algo longo e fino de sua bolsa. Foi quando Lizzie percebeu do que se tratava: uma vassoura.
Clarissa sorriu, os olhos brilhando de excitação enquanto subia na vassoura com uma destreza quase assustadora.
— Vamos, querida! Vamos voar!
Lizzie olhou para a própria vassoura, uma antiga relíquia de família que ainda estava presa à sua mala. Ela não era exatamente habilidosa em voos — na verdade, mal conseguia mantê-la reta.
— Eu... eu não sou muito boa nisso! — protestou, mas Clarissa já estava no ar, pairando alguns metros acima dela com um brilho selvagem no olhar.
— Você vai aprender. Rápido! — gritou a outra, dando uma risada quase maníaca.
Lizzie, sem escolha, montou na vassoura, suas mãos suadas tremendo levemente enquanto tentava se equilibrar. A vassoura oscilou perigosamente quando ela decolou, subindo aos trancos e barrancos. Seu estômago afundou, e o vento frio batia em seu rosto com uma intensidade que a deixou atordoada.
— Eu não sei controlar isso! — Lizzie gritou, sua voz embargada pelo medo, enquanto tentava não perder o controle da vassoura. Clarissa, em contraste, voava com elegância e destreza, girando no ar como se fosse a coisa mais natural do mundo.
Elas passaram voando sobre as trilhas cobertas de névoa, o trem incendiado agora um mero ponto distante abaixo delas. A jovem Spellfemme se agarrou à sua vassoura, o coração batendo descompassado, enquanto Clarissa dava piruetas no ar, rindo com um êxtase que Lizzie mal conseguia compreender.
E ali, no céu, voando desajeitadamente atrás da garota misteriosa, Lizzie se deu conta de que a jornada para Hollowind seria muito mais perigosa — e estranha — do que ela jamais poderia ter imaginado.
3
Capítlo III. enfim em ''casa''.
O voo foi longo e agitado, mas finalmente as luzes trêmulas de Hollowind surgiram à distância, como vaga-lumes perdidos em meio ao nevoeiro. Lizzie se esforçou para manter o equilíbrio na vassoura, o vento chicoteando seu rosto enquanto Clarissa, à frente, pousava suavemente em uma clareira isolada, cercada por árvores retorcidas e com a grama alta balançando sob a brisa fria da noite.
Lizzie, por sua vez, desceu com mais dificuldade, tropeçando ao tocar o chão, e respirou fundo, aliviada por finalmente estar em terra firme. O ar da floresta ao redor cheirava a folhas úmidas e musgo, com um leve aroma de madeira queimada. Clarissa olhou para ela, um sorriso travesso nos lábios.
— Está tudo bem. — disse a mais experiente, escondendo sua vassoura de maneira quase imperceptível sob o casaco longo e escuro que usava. — Ninguém virá até aqui, é seguro.
Lizzie deu um suspiro aliviado, mas não conseguiu ignorar o frio que começava a penetrar seus ossos. As árvores ao redor pareciam observar, suas sombras projetadas pela luz da lua criando formas bizarras no solo.
— Então... é aqui que nos separamos? — perguntou, ainda confusa sobre quem exatamente era Clarissa e por que a garota parecia tão misteriosa.
A maior sorriu novamente, aquele mesmo sorriso enigmático de antes, e fez um gesto despreocupado.
— Por enquanto. Tenho coisas para resolver. Mas Hollowind... ah, Hollowind é maravilhosa e cheia de segredos. Você vai descobrir isso em breve. Vai se viciar nesse lugar. — Ela piscou e, com passos leves, começou a caminhar em direção ao vilarejo, cada vez mais fundindo-se com a escuridão.
Antes que Lizzie pudesse pensar em chamá-la de volta, Clarissa desapareceu, como uma sombra se dissolvendo na neblina. A loira ficou sozinha por um momento, cercada pelo silêncio inquietante da noite.
— Bom... eu acho que é isso — murmurou para si mesma, pegando sua própria vassoura e guardando-a rapidamente na mochila. Começou a caminhar em direção ao centro do vilarejo, tentando ignorar o frio crescente que se infiltrava em sua pele.
As ruas de Hollowind eram estreitas e escuras, iluminadas apenas por postes de luz antigos que piscavam de vez em quando. As casas, em sua maioria de estilo gótico, de madeira e com telhados pontiagudos, pareciam tão velhas quanto o próprio tempo, e a sensação de estar sendo observada a cada esquina era inegável. Havia algo de inquietante no lugar.
Lizzie tentou pegar o celular para se localizar, mas a tela mal acendeu. O sinal era praticamente inexistente — nenhuma chance de fazer uma ligação ou enviar uma mensagem. Ela suspirou, olhando ao redor, frustrada. "
— Claro, Hollowind é o fim do mundo, por que eu esperava outra coisa? — murmurou para si, olhando para o céu que parecia mais escuro e pesado do que antes.
Enquanto caminhava pelo calçamento de pedras irregulares, tentando lembrar-se das direções que seu primo lhe dera por carta, Lizzie sentiu uma mudança estranha no ar. O vento ficou mais gelado, o silêncio ao seu redor parecia... denso, como se algo estivesse se movendo nas sombras.
De repente, uma sombra mais espessa se ergueu à sua frente. Um tremor percorreu a espinha da garota. A criatura — ou o que quer que fosse — parecia feita de pura escuridão, sem forma definida, mas emitindo uma aura ameaçadora, faminta. Lizzie recuou, os olhos arregalados de choque.
— Mas o quê...?! — Antes que pudesse terminar a frase, a sombra avançou, rápida como uma flecha, e Lizzie tropeçou para trás, mal conseguindo evitar o toque gélido daquela coisa.
De repente, luzes fortes a cegaram, e um som alto de freios a tirou do torpor. Um carro. O veículo quase a atingiu, parando a poucos centímetros de onde Lizzie estava, seu corpo ainda se movendo rápido para evitar a sombra. O farol iluminou a criatura, e por um segundo, ela viu seus olhos brilhando com um ódio ancestral.
O motorista saiu do carro em um pulo, e com um gesto rápido, uma luz mista entre preto e azul saiu de suas mãos. Um feitiço poderoso atingiu a criatura, que se dissolveu no ar com um uivo agudo e ecoante, sumindo como uma névoa dispersa.
Lizzie estava sem fôlego, o coração batendo descompassado.
— O quê... o que foi isso?
— Entra no carro. — disse uma voz suave, mas com autoridade, enquanto o homem se aproximava dela.
Lizzie levantou os olhos e o viu. Alto, de cabelos castanhos meio dourados cuidadosamente longos, e uma pele clara como a lua, o homem exalava uma energia tão magnética que parecia impossível desviar o olhar. Seus olhos, tinham um brilho inconfundível.
— Primo? — Lizzie arfou, reconhecendo-o.
— Prima. — respondeu ele, com um meio sorriso, mas seus olhos ainda estavam atentos às sombras ao redor. — Sem tempo para explicações. Entra no carro, rápido.
Lizzie não hesitou. Ela correu para o carro, ainda em choque com o ataque, e mal se sentou antes que Dorian acelerasse, deixando o vilarejo para trás.
O interior do carro cheirava a couro e um leve toque de incenso. Lizzie tentou controlar a respiração, mas a adrenalina ainda corria em suas veias.
— O que era aquilo?
Dorian olhou para ela de relance, a mandíbula tensa.
— Sombras. Criaturas das trevas. Elas caçam na escuridão e parecem estar mais ativas ultimamente. — Ele franziu o cenho, preocupado. — Hollowind não é mais um lugar tão seguro... Nem sei se foi algum dia. É o que a tia C. diz.
Lizzie engoliu em seco, seu coração ainda acelerado.
— Eu... eu quase fui pega por aquilo.
O homem sorriu de lado, um sorriso reconfortante.
— Mas você não foi. Eu cheguei a tempo. — Seus olhos, tão profundos quanto a noite, brilharam com uma intensidade que parecia iluminar tudo ao redor. — Agora, descansa. Temos muito o que discutir... e muito a preparar.
Lizzie se recostou no banco, ainda processando os eventos da noite. Seu novo lar era muito mais perigoso do que ela jamais poderia ter imaginado, e sua jornada estava apenas começando.
Conforme o carro de Dorian serpenteava pelas estradas sinuosas e escuras de Hollowind, Lizzie sentiu um arrepio que não conseguia ignorar. Ao longe, uma silhueta imponente surgiu, recortada contra o céu noturno — a casa da sua família. Mas “casa” parecia uma palavra inadequada para o que seus olhos agora viam.
O Spellfemme Castrum era mais uma mansão que se erguia como um castelo sobre o vilarejo, um monumento que parecia feito para assustar os que ousassem se aproximar. As janelas eram longas e estreitas, e por detrás delas, uma luz fraca tremulava, como se apenas velas iluminassem seu interior. Ao redor da mansão, um cemitério vasto se estendia por toda a propriedade, com lápides desgastadas e musgosas espalhadas aleatoriamente pelo terreno. Algumas das lápides pareciam ter séculos de idade, outras mais recentes, todas rodeadas de ciprestes esqueléticos que balançavam com o vento sombrio. A atmosfera parecia presa entre os mundos, em um estado de luto perpétuo.
Em meio ao cemitério, três carros funerários estacionados em uma fileira perfeita. Eles brilhavam como ébano polido sob a luz da lua, lembrando Lizzie de uma procissão fúnebre interminável. O som das engrenagens do carro desacelerando trouxe uma sensação estranha de que havia cruzado uma linha invisível, onde o silêncio das almas falava mais alto do que qualquer palavra.
— Bem-vinda ao Castrum, Lizzie. — o primo disse, enquanto manobrava o carro em direção à entrada. Seu sorriso era um misto de ironia e orgulho, como se estivesse ciente da reação que ela teria.
— Alguém me segura… — Lizzie sussurrou ao sair do carro, os olhos arregalados enquanto observava a imensidão à sua frente. Era como estar em um pesadelo e, ao mesmo tempo, em um lar que ela nunca soubera existir. — Isso tudo é… nosso?
Dorian riu suavemente, ajustando o casaco preto sobre os ombros antes de caminhar em direção à porta de madeira maciça, decorada com símbolos que Lizzie reconheceu como runas de proteção antiga.
— Fica de boa, você se acostuma facinho facinho.
O interior da mansão era tão opulento quanto gélido. Tapeçarias antigas pendiam das paredes, retratando cenas de épocas passadas envolvendo bruxas, todas com um toque de morbidez. Castiçais de prata iluminavam o caminho com luzes fracas e tremulantes, criando sombras que pareciam dançar ao som de um murmúrio distante. O cheiro de incenso, cera derretida e perfume dominava o ar, misturado a algo mais antigo e indefinível.
Dorian conduziu Lizzie até o centro da sala, onde duas figuras femininas se destacavam. Uma delas, imaculadamente vestida em tons de cinza e preto, ostentava um ar de severidade e refinamento. Seus cabelos claros longos caíam sobre os ombros, e seus olhos brilhavam com uma astúcia quase cortante. Cordelia Spellfemme era exatamente o que Lizzie imaginava que uma tia bruxa seria: séria, elegante e perigosamente perspicaz.
— Lizzie, finalmente. — Cordelia falou com uma voz baixa e afiada, os lábios se curvando em um sorriso calculado. — Espero que a viagem não tenha sido… desagradável demais. — Ela inclinou a cabeça levemente, o que para Lizzie soou mais como uma inspeção do que um cumprimento. — Esta é a nossa casa. Acho que você se adaptará, embora, é claro, há muito para aprender.
Lizzie abriu a boca para responder, mas antes que pudesse dizer algo, a outra tia surgiu de um canto da sala, avançando como uma brisa doce e ao mesmo tempo sinistra. Diferente de Cordelia, Theodora Spellfemme era um completo contraste. Vestida em tons pastéis, com um vestido esvoaçante que balançava enquanto ela caminhava, seu sorriso era doce e acolhedor, mas havia algo nos olhos dela — uma luz quase infantil e, ao mesmo tempo, inquietante.
— Oh, Lizzie! — exclamou Theodora com entusiasmo, estendendo os braços como se quisesse envolver Lizzie em um abraço caloroso. — Finalmente você está aqui! Que emoção, querida! — Ela piscou para a sobrinha, os olhos brilhando. — Sabe, pode me chamar de… Dory! Que tal, hein? Bem mais fofo do que Theodora, não acha? — Sua voz era tão suave quanto mel, mas algo na maneira como ela olhava para Lizzie a fez estremecer levemente. — Não sei o que deu na cabeça dos que me deram esse nome, é tão grande, é tão ble, sabe? Você me entende completamente
— Dory? — Lizzie repetiu, ainda absorvendo a estranha dualidade daquela mulher. Theodora, ou Dory, balançou a cabeça animadamente, seu sorriso permanecendo um pouco mais tempo do que o confortável.
— Sim, docinho! Todos aqui me chamam assim.
— Todos? — Cordelia questionou em tom de sarcasmo.
— Quero que você se sinta em casa, minha querida! — disse Theodora, ignorando a fala da irmã. — Você vai adorar o Castrum! Podemos fazer biscoitos amanhã, o que acha? Com pedacinhos de chocolate, igual aos que eu fazia quando era criança… Ou será que eram bolinhos? — Ela riu, mas havia algo na forma como sua risada ecoou pela sala que fez Lizzie sentir um arrepio percorrer sua espinha.
Cordelia pigarreou suavemente, seus olhos afiados fixos em Theodora com uma expressão ligeiramente desgostosa.
— Ah, Theodora, por favor. Biscoitos? Vamos, Lizzie acabou de chegar. O mínimo que ela merece é um banquete para a introduzir à família e, claro, ao Castrum. Este não é um lugar para… coisinhas. — Cordelia falou com uma frieza quase afetuosa, se isso fosse possível.
Lizzie, sentindo-se ligeiramente dividida entre o charme açucarado de Theodora e a formalidade gélida de Cordelia, assentiu lentamente.
— Eu… acho que vou precisar de tempo para me adaptar. Tudo isso é um pouco… muito. — Ela riu, um riso nervoso, enquanto olhava ao redor da mansão, sentindo o peso das paredes antigas a observando.
Dorian, que estivera em silêncio durante o encontro, deu um passo à frente, quebrando o desconforto crescente.
— Não se preocupe, prima. — ele disse, a voz baixa e reconfortante. — Você está segura aqui. E, claro, terá muito tempo para conhecer tudo… e todos.
Theodora, ainda sorrindo, inclinou-se levemente para Lizzie, seus olhos cintilando com uma curiosidade quase infantil.
— Ah, querida, você vai amar estar aqui, vai ver! Podemos brincar de esconder e ver quem se esconde melhor. — ela riu novamente, embora o brilho em seus olhos sugerisse que talvez o jogo que ela imaginava fosse mais sinistro do que parecia. — Mas, claro, vamos deixar isso para outro dia. Vou te ensinar em breve um feitiço de desaparecimento! Hoje você deve descansar. O Castrum pode ser cansativo para… novatos.
— Isso mesmo. — Cordelia interrompeu, ajustando elegantemente uma mecha de cabelo fora do lugar. — Você já viu o suficiente por uma noite. Vou mostrar seu quarto. — Ela deu um sorriso estreito, seus olhos calculadores e atentos. — E amanhã, podemos conversar sobre… assuntos importantes.
Sem realmente esperar uma resposta, Cordelia se virou graciosamente e começou a subir a escadaria larga de madeira que rangia suavemente sob seus pés. Ela usava botas de saltos imponentes. Lizzie, ligeiramente hesitante, seguiu-a, lançando um último olhar para Theodora, que acenava levemente, seu sorriso doce agora com uma pitada de sal.
Enquanto subia as escadas, a mais nova sentia como se estivesse deixando para trás qualquer resquício de normalidade que ainda restava em sua vida. O ar no Castrum era pesado, carregado de histórias e segredos que ela ainda não entendia, mas que a envolviam com uma intensidade desconcertante.
— Boa noite, Dory — murmurou Lizzie antes de seguir Cordelia, e a resposta veio como uma canção.
— Boa noite, docinho! Dorme bem… se conseguir! — Theodora riu, sua voz ecoando pela mansão.
Lizzie tremeu, não de frio, mas de algo mais profundo, uma sensação de que aquele lugar — e sua nova vida — Seria algo além de qualquer desafio que ela jamais pudesse ter concebido.
Lizzie, por sua vez, desceu com mais dificuldade, tropeçando ao tocar o chão, e respirou fundo, aliviada por finalmente estar em terra firme. O ar da floresta ao redor cheirava a folhas úmidas e musgo, com um leve aroma de madeira queimada. Clarissa olhou para ela, um sorriso travesso nos lábios.
— Está tudo bem. — disse a mais experiente, escondendo sua vassoura de maneira quase imperceptível sob o casaco longo e escuro que usava. — Ninguém virá até aqui, é seguro.
Lizzie deu um suspiro aliviado, mas não conseguiu ignorar o frio que começava a penetrar seus ossos. As árvores ao redor pareciam observar, suas sombras projetadas pela luz da lua criando formas bizarras no solo.
— Então... é aqui que nos separamos? — perguntou, ainda confusa sobre quem exatamente era Clarissa e por que a garota parecia tão misteriosa.
A maior sorriu novamente, aquele mesmo sorriso enigmático de antes, e fez um gesto despreocupado.
— Por enquanto. Tenho coisas para resolver. Mas Hollowind... ah, Hollowind é maravilhosa e cheia de segredos. Você vai descobrir isso em breve. Vai se viciar nesse lugar. — Ela piscou e, com passos leves, começou a caminhar em direção ao vilarejo, cada vez mais fundindo-se com a escuridão.
Antes que Lizzie pudesse pensar em chamá-la de volta, Clarissa desapareceu, como uma sombra se dissolvendo na neblina. A loira ficou sozinha por um momento, cercada pelo silêncio inquietante da noite.
— Bom... eu acho que é isso — murmurou para si mesma, pegando sua própria vassoura e guardando-a rapidamente na mochila. Começou a caminhar em direção ao centro do vilarejo, tentando ignorar o frio crescente que se infiltrava em sua pele.
As ruas de Hollowind eram estreitas e escuras, iluminadas apenas por postes de luz antigos que piscavam de vez em quando. As casas, em sua maioria de estilo gótico, de madeira e com telhados pontiagudos, pareciam tão velhas quanto o próprio tempo, e a sensação de estar sendo observada a cada esquina era inegável. Havia algo de inquietante no lugar.
Lizzie tentou pegar o celular para se localizar, mas a tela mal acendeu. O sinal era praticamente inexistente — nenhuma chance de fazer uma ligação ou enviar uma mensagem. Ela suspirou, olhando ao redor, frustrada. "
— Claro, Hollowind é o fim do mundo, por que eu esperava outra coisa? — murmurou para si, olhando para o céu que parecia mais escuro e pesado do que antes.
Enquanto caminhava pelo calçamento de pedras irregulares, tentando lembrar-se das direções que seu primo lhe dera por carta, Lizzie sentiu uma mudança estranha no ar. O vento ficou mais gelado, o silêncio ao seu redor parecia... denso, como se algo estivesse se movendo nas sombras.
De repente, uma sombra mais espessa se ergueu à sua frente. Um tremor percorreu a espinha da garota. A criatura — ou o que quer que fosse — parecia feita de pura escuridão, sem forma definida, mas emitindo uma aura ameaçadora, faminta. Lizzie recuou, os olhos arregalados de choque.
— Mas o quê...?! — Antes que pudesse terminar a frase, a sombra avançou, rápida como uma flecha, e Lizzie tropeçou para trás, mal conseguindo evitar o toque gélido daquela coisa.
De repente, luzes fortes a cegaram, e um som alto de freios a tirou do torpor. Um carro. O veículo quase a atingiu, parando a poucos centímetros de onde Lizzie estava, seu corpo ainda se movendo rápido para evitar a sombra. O farol iluminou a criatura, e por um segundo, ela viu seus olhos brilhando com um ódio ancestral.
O motorista saiu do carro em um pulo, e com um gesto rápido, uma luz mista entre preto e azul saiu de suas mãos. Um feitiço poderoso atingiu a criatura, que se dissolveu no ar com um uivo agudo e ecoante, sumindo como uma névoa dispersa.
Lizzie estava sem fôlego, o coração batendo descompassado.
— O quê... o que foi isso?
— Entra no carro. — disse uma voz suave, mas com autoridade, enquanto o homem se aproximava dela.
Lizzie levantou os olhos e o viu. Alto, de cabelos castanhos meio dourados cuidadosamente longos, e uma pele clara como a lua, o homem exalava uma energia tão magnética que parecia impossível desviar o olhar. Seus olhos, tinham um brilho inconfundível.
— Primo? — Lizzie arfou, reconhecendo-o.
— Prima. — respondeu ele, com um meio sorriso, mas seus olhos ainda estavam atentos às sombras ao redor. — Sem tempo para explicações. Entra no carro, rápido.
Lizzie não hesitou. Ela correu para o carro, ainda em choque com o ataque, e mal se sentou antes que Dorian acelerasse, deixando o vilarejo para trás.
O interior do carro cheirava a couro e um leve toque de incenso. Lizzie tentou controlar a respiração, mas a adrenalina ainda corria em suas veias.
— O que era aquilo?
Dorian olhou para ela de relance, a mandíbula tensa.
— Sombras. Criaturas das trevas. Elas caçam na escuridão e parecem estar mais ativas ultimamente. — Ele franziu o cenho, preocupado. — Hollowind não é mais um lugar tão seguro... Nem sei se foi algum dia. É o que a tia C. diz.
Lizzie engoliu em seco, seu coração ainda acelerado.
— Eu... eu quase fui pega por aquilo.
O homem sorriu de lado, um sorriso reconfortante.
— Mas você não foi. Eu cheguei a tempo. — Seus olhos, tão profundos quanto a noite, brilharam com uma intensidade que parecia iluminar tudo ao redor. — Agora, descansa. Temos muito o que discutir... e muito a preparar.
Lizzie se recostou no banco, ainda processando os eventos da noite. Seu novo lar era muito mais perigoso do que ela jamais poderia ter imaginado, e sua jornada estava apenas começando.
Conforme o carro de Dorian serpenteava pelas estradas sinuosas e escuras de Hollowind, Lizzie sentiu um arrepio que não conseguia ignorar. Ao longe, uma silhueta imponente surgiu, recortada contra o céu noturno — a casa da sua família. Mas “casa” parecia uma palavra inadequada para o que seus olhos agora viam.
O Spellfemme Castrum era mais uma mansão que se erguia como um castelo sobre o vilarejo, um monumento que parecia feito para assustar os que ousassem se aproximar. As janelas eram longas e estreitas, e por detrás delas, uma luz fraca tremulava, como se apenas velas iluminassem seu interior. Ao redor da mansão, um cemitério vasto se estendia por toda a propriedade, com lápides desgastadas e musgosas espalhadas aleatoriamente pelo terreno. Algumas das lápides pareciam ter séculos de idade, outras mais recentes, todas rodeadas de ciprestes esqueléticos que balançavam com o vento sombrio. A atmosfera parecia presa entre os mundos, em um estado de luto perpétuo.
Em meio ao cemitério, três carros funerários estacionados em uma fileira perfeita. Eles brilhavam como ébano polido sob a luz da lua, lembrando Lizzie de uma procissão fúnebre interminável. O som das engrenagens do carro desacelerando trouxe uma sensação estranha de que havia cruzado uma linha invisível, onde o silêncio das almas falava mais alto do que qualquer palavra.
— Bem-vinda ao Castrum, Lizzie. — o primo disse, enquanto manobrava o carro em direção à entrada. Seu sorriso era um misto de ironia e orgulho, como se estivesse ciente da reação que ela teria.
— Alguém me segura… — Lizzie sussurrou ao sair do carro, os olhos arregalados enquanto observava a imensidão à sua frente. Era como estar em um pesadelo e, ao mesmo tempo, em um lar que ela nunca soubera existir. — Isso tudo é… nosso?
Dorian riu suavemente, ajustando o casaco preto sobre os ombros antes de caminhar em direção à porta de madeira maciça, decorada com símbolos que Lizzie reconheceu como runas de proteção antiga.
— Fica de boa, você se acostuma facinho facinho.
O interior da mansão era tão opulento quanto gélido. Tapeçarias antigas pendiam das paredes, retratando cenas de épocas passadas envolvendo bruxas, todas com um toque de morbidez. Castiçais de prata iluminavam o caminho com luzes fracas e tremulantes, criando sombras que pareciam dançar ao som de um murmúrio distante. O cheiro de incenso, cera derretida e perfume dominava o ar, misturado a algo mais antigo e indefinível.
Dorian conduziu Lizzie até o centro da sala, onde duas figuras femininas se destacavam. Uma delas, imaculadamente vestida em tons de cinza e preto, ostentava um ar de severidade e refinamento. Seus cabelos claros longos caíam sobre os ombros, e seus olhos brilhavam com uma astúcia quase cortante. Cordelia Spellfemme era exatamente o que Lizzie imaginava que uma tia bruxa seria: séria, elegante e perigosamente perspicaz.
— Lizzie, finalmente. — Cordelia falou com uma voz baixa e afiada, os lábios se curvando em um sorriso calculado. — Espero que a viagem não tenha sido… desagradável demais. — Ela inclinou a cabeça levemente, o que para Lizzie soou mais como uma inspeção do que um cumprimento. — Esta é a nossa casa. Acho que você se adaptará, embora, é claro, há muito para aprender.
Lizzie abriu a boca para responder, mas antes que pudesse dizer algo, a outra tia surgiu de um canto da sala, avançando como uma brisa doce e ao mesmo tempo sinistra. Diferente de Cordelia, Theodora Spellfemme era um completo contraste. Vestida em tons pastéis, com um vestido esvoaçante que balançava enquanto ela caminhava, seu sorriso era doce e acolhedor, mas havia algo nos olhos dela — uma luz quase infantil e, ao mesmo tempo, inquietante.
— Oh, Lizzie! — exclamou Theodora com entusiasmo, estendendo os braços como se quisesse envolver Lizzie em um abraço caloroso. — Finalmente você está aqui! Que emoção, querida! — Ela piscou para a sobrinha, os olhos brilhando. — Sabe, pode me chamar de… Dory! Que tal, hein? Bem mais fofo do que Theodora, não acha? — Sua voz era tão suave quanto mel, mas algo na maneira como ela olhava para Lizzie a fez estremecer levemente. — Não sei o que deu na cabeça dos que me deram esse nome, é tão grande, é tão ble, sabe? Você me entende completamente
— Dory? — Lizzie repetiu, ainda absorvendo a estranha dualidade daquela mulher. Theodora, ou Dory, balançou a cabeça animadamente, seu sorriso permanecendo um pouco mais tempo do que o confortável.
— Sim, docinho! Todos aqui me chamam assim.
— Todos? — Cordelia questionou em tom de sarcasmo.
— Quero que você se sinta em casa, minha querida! — disse Theodora, ignorando a fala da irmã. — Você vai adorar o Castrum! Podemos fazer biscoitos amanhã, o que acha? Com pedacinhos de chocolate, igual aos que eu fazia quando era criança… Ou será que eram bolinhos? — Ela riu, mas havia algo na forma como sua risada ecoou pela sala que fez Lizzie sentir um arrepio percorrer sua espinha.
Cordelia pigarreou suavemente, seus olhos afiados fixos em Theodora com uma expressão ligeiramente desgostosa.
— Ah, Theodora, por favor. Biscoitos? Vamos, Lizzie acabou de chegar. O mínimo que ela merece é um banquete para a introduzir à família e, claro, ao Castrum. Este não é um lugar para… coisinhas. — Cordelia falou com uma frieza quase afetuosa, se isso fosse possível.
Lizzie, sentindo-se ligeiramente dividida entre o charme açucarado de Theodora e a formalidade gélida de Cordelia, assentiu lentamente.
— Eu… acho que vou precisar de tempo para me adaptar. Tudo isso é um pouco… muito. — Ela riu, um riso nervoso, enquanto olhava ao redor da mansão, sentindo o peso das paredes antigas a observando.
Dorian, que estivera em silêncio durante o encontro, deu um passo à frente, quebrando o desconforto crescente.
— Não se preocupe, prima. — ele disse, a voz baixa e reconfortante. — Você está segura aqui. E, claro, terá muito tempo para conhecer tudo… e todos.
Theodora, ainda sorrindo, inclinou-se levemente para Lizzie, seus olhos cintilando com uma curiosidade quase infantil.
— Ah, querida, você vai amar estar aqui, vai ver! Podemos brincar de esconder e ver quem se esconde melhor. — ela riu novamente, embora o brilho em seus olhos sugerisse que talvez o jogo que ela imaginava fosse mais sinistro do que parecia. — Mas, claro, vamos deixar isso para outro dia. Vou te ensinar em breve um feitiço de desaparecimento! Hoje você deve descansar. O Castrum pode ser cansativo para… novatos.
— Isso mesmo. — Cordelia interrompeu, ajustando elegantemente uma mecha de cabelo fora do lugar. — Você já viu o suficiente por uma noite. Vou mostrar seu quarto. — Ela deu um sorriso estreito, seus olhos calculadores e atentos. — E amanhã, podemos conversar sobre… assuntos importantes.
Sem realmente esperar uma resposta, Cordelia se virou graciosamente e começou a subir a escadaria larga de madeira que rangia suavemente sob seus pés. Ela usava botas de saltos imponentes. Lizzie, ligeiramente hesitante, seguiu-a, lançando um último olhar para Theodora, que acenava levemente, seu sorriso doce agora com uma pitada de sal.
Enquanto subia as escadas, a mais nova sentia como se estivesse deixando para trás qualquer resquício de normalidade que ainda restava em sua vida. O ar no Castrum era pesado, carregado de histórias e segredos que ela ainda não entendia, mas que a envolviam com uma intensidade desconcertante.
— Boa noite, Dory — murmurou Lizzie antes de seguir Cordelia, e a resposta veio como uma canção.
— Boa noite, docinho! Dorme bem… se conseguir! — Theodora riu, sua voz ecoando pela mansão.
Lizzie tremeu, não de frio, mas de algo mais profundo, uma sensação de que aquele lugar — e sua nova vida — Seria algo além de qualquer desafio que ela jamais pudesse ter concebido.
4
Spellfemme Family.
Dorian Spellfemme;
Theodora Spellfemme;
Cordelia Spellfemme.
Theodora Spellfemme;
Cordelia Spellfemme.
5
Capítulo IV é melhor não ser.
O amanhecer no Castrum não era acolhedor, mas também não era assustador. Era, na verdade, o tipo de ambiente que te fazia questionar se o dia de fato havia começado ou se você ainda estava presa em algum tipo de sonho meio lúgubre. A luz do sol atravessava as grossas cortinas do quarto de Lizzie com dificuldade, lançando apenas um brilho pálido e irregular que não fazia jus à claridade esperada de uma manhã comum.
Ela acordou cedo, não porque quis, mas porque o silêncio naquela casa parecia… pesado demais. Como se cada som fosse abafado por algo invisível. Quando desceu as escadas, encontrou Cordelia já vestida e impassível, como se ela nunca tivesse dormido.
— Bom dia, Lizzie. Espero que tenha descansado — Cordelia disse, seu tom educado, mas sem calor.
Lizzie esfregou os olhos e respondeu com um sorriso hesitante, tentando dissipar o nervosismo.
— Ah… sim. O suficiente, eu acho. O Castrum é… interessante, com certeza. Diferente do que eu imaginava.
Cordelia olhou para ela por um longo momento, como se estivesse analisando algo profundamente escondido dentro de Lizzie, mas então se virou de forma súbita.
— Há muito o que aprender. Mas não vamos apressar as coisas. Theodora queria mostrar-lhe o jardim, mas acho que uma visita à cidade seria mais proveitosa para uma… primeira impressão. — Cordelia deu um meio sorriso, que não atingiu seus olhos.
E assim, pouco tempo depois, Lizzie se viu acompanhada por Dorian e sua Tia C., andando pelas ruas da pequena cidade abaixo da colina onde o Castrum se erguia. O vilarejo era uma mistura intrigante de história e abandono. As casas eram antigas, mas bem preservadas, como se guardassem segredos de gerações passadas, com suas janelas sempre fechadas e fachadas que pareciam te olhar de volta. Lizzie tentou fazer contato visual com alguns dos moradores que passavam, mas a maioria evitava seus olhos.
Porém, havia algo mais. Não era apenas a atmosfera reservada, como se todos soubessem algo que ela não sabia — havia uma camada de desconforto silencioso, quase palpável. O ar da cidade era pesado, denso com umidade, e havia uma leve neblina que fazia tudo parecer um pouco desfocado, como se a própria realidade estivesse esmaecida.
A cada esquina, Lizzie se deparava com uma cena que a fazia hesitar. Havia um homem velho sentado na calçada, seu rosto marcado por uma expressão que misturava desespero e resignação. Mais adiante, uma mulher jovem com os olhos cheios de lágrimas segurava uma criança pela mão, caminhando apressada, como se fugisse de algo invisível. Até os animais de rua pareciam exaustos, com corpos magros e olhos apagados, como se estivessem conformados com a própria existência miserável.
— As pessoas daqui são… um pouco fechadas, mas elas têm seus motivos. — Dorian disse suavemente, notando o olhar de Lizzie enquanto ela tentava decifrar as expressões sombrias ao seu redor. — Não leve para o lado pessoal.
— Sim… eu percebi. Mas nem todos parecem assim — respondeu Lizzie, desviando o olhar para um grupo de crianças que brincava mais adiante. Diferente do restante, elas riam, e uma senhora que as observava parecia simpática, sorrindo genuinamente para elas.
— Há gentileza aqui. — Dorian assentiu. — Só que ela é… discreta.
Enquanto caminhavam, Lizzie começou a notar que, por trás do que parecia uma melancolia generalizada, havia uma “configuração” curiosa. As lojas estavam abertas, o comércio funcionava, e alguns moradores até sorriam para ela quando passavam. Parecia que a cidade operava em uma dualidade desconcertante: uma espécie de contraste entre o pesar e uma vida comunitária vibrante, por mais escondida que estivesse.
Eles passaram por uma pequena loja de flores, e a florista, uma mulher idosa com mãos enrugadas e olhos amistosos, deu um aceno discreto para Lizzie. Logo em seguida, um jovem casal, envolvido em uma conversa animada, passou por eles, trocando sorrisos breves com Dorian.
— Nem todos são reservados, afinal — comentou Lizzie, mais para si mesma, enquanto observava o casal.
— Não, mas a maioria prefere ser. — Cordelia respondeu, com a voz mais fria do que nunca. — E quanto mais cedo você se acostumar, melhor.
Conforme o dia avançava e a nova residente de Hollowind continuava a explorar o vilarejo, ela percebeu que, apesar das cenas perturbadoras que presenciara, havia algo atraente na cidade. As ruas, embora estreitas e um tanto caóticas, tinham um charme peculiar. As construções, mesmo desgastadas pelo tempo, tinham uma beleza que parecia ter sido cuidadosamente - &, muito provavelmente, magicamente - assegurada, e os habitantes, mesmo sendo distantes, pareciam manter uma rede de interações quase coreografadas.
A cidade era como um quebra-cabeça complicado, com peças que só revelavam sua real beleza se vistas do ângulo correto. Lizzie sentia que precisava de mais tempo para entender aquela dinâmica estranha, para ver o que realmente se escondia por trás das aparências.
À medida que Lizzie e Dorian caminhavam de volta para o Castrum, o sol começava a se pôr, tingindo o céu com tons de laranja e rosa que contrastavam com a atmosfera pesada da cidade. Cordelia havia se afastado para resolver algumas coisas, deixando os dois sozinhos em um momento que, para Lizzie, parecia tanto intrigante quanto desconfortável.
O silêncio entre eles era palpável, mas não era opressivo. Lizzie olhou para Dorian, que mantinha um passo firme ao seu lado, seu olhar fixo na estrada à frente. Ele parecia pensativo, como se estivesse ponderando algo que não conseguia expressar facilmente. No entanto, conforme se aproximavam da entrada da mansão, Dorian finalmente quebrou o silêncio.
— Então, Lizzie, tem uma coisa que eu gostaria de compartilhar com você — disse ele, com um brilho de excitação nos olhos. — É sobre a Academia de Artes Ocultas... vulgo, uma escola de bruxaria daqui.
Lizzie arqueou uma sobrancelha, surpresa e desconfiada. Ela havia ouvido rumores sobre o instituto, mas não esperava que Dorian fosse falar sobre isso, especialmente de forma tão aberta. Ele parou e olhou para ela, sua expressão mudando para uma mais séria, mas ainda cheia de entusiasmo.
— Eu sou um dos monitores lá. E antes que você comece a pensar que é algo esquisito, deixe-me explicar: a escola não é como as que você está acostumada a ouvir. É… bem, é secreta. E é muito especial. — Ele se inclinou mais perto, como se temesse que alguém pudesse ouvi-los.
— Eu… não sabia que você era monitor! Isso é incrível! — Lizzie exclamou, tentando esconder sua ansiedade. A ideia de uma escola secreta de bruxaria parecia o tipo de coisa que poderia ser tanto fascinante quanto perigoso. — Por que você ta me contando isso agora?
— Porque, bem, estou animado com a ideia de ter você lá comigo. — Ele sorriu, deixando transparecer sua empolgação. — É uma grande oportunidade, e tenho certeza de que as tias irão te contar mais sobre isso.
— Sério? Eu… eu não sabia que existia uma escola dessas aqui. O que se faz lá exatamente?
Dorian começou a explicar, sua voz vibrando com entusiasmo.
— Bem, a escola é um lugar onde aprendemos a controlar nossas habilidades, estudar magia antiga, e também… ah, você vai descobrir. Só te aconselho inicialmente a, sabe, não ficar dando muita moral para qualquer um. As pessoas do nosso “ramo” em sua maioria são tão ruins e podres como falam por aí. Nem sempre você vai ver alguém com um chapéu pontudo ou a pele verde, mas é bom ficar atenta a tudo que for falar com qualquer um de nós. Menos comigo, comigo você tem moral — Ele riu de forma descontraída.
Lizzie ouviu, cada palavra acendendo uma chama de esperança em seu coração. Ela imaginou como seria estar cercada por outros como ela, pessoas que entendiam sua herança mágica.
— Isso parece incrível, Dorian! Mas… e se eu não conseguir acompanhar? E se eu não for tão boa?
— Não se preocupe com isso, Lizzie. Todos começam em algum lugar. O mais importante é que você esteja disposta a aprender. A escola é um lugar extremamente desafiador, mas você se sairá bem. Eu prometo estar lá para te ajudar.
— Obrigada, Dorian. Isso significa muito para mim. — Lizzie sorriu, sentindo um alívio crescente.
Eles continuaram a andar, a conversa flui enquanto Lizzie começava a imaginar a possibilidade de se juntar à academia.
_-_-_-_-_-_-_-_-🥀
Depois do jantar, Lizzie subiu as escadas em direção ao seu quarto, onde o dia havia começado de maneira tão… promissora. A luz suave do luar filtrava-se pelas janelas, criando um ambiente suave e acolhedor. Decidida a transformar o espaço em algo que refletisse sua personalidade vibrante, Lizzie se pôs a arrumar e decorar.
A porta se abriu e a Tia T. entrou, um sorriso gentil iluminando seu rosto.
— Posso te ajudar? — perguntou, observando a pilha de trapos coloridos e objetos mágicos que Lizzie havia trazido.
— Sim, por favor! — Lizzie exclamou, seus olhos brilhando. — Eu quero que meu quarto fique mágico, mas não que ele saia soltando feitiços sozinho... — ficou verdadeiramente preocupada com a ideia daquela ideia ser real.
Theodora se aproximou, seu olhar atento examinando o espaço.
— Vamos adicionar um toque de natureza a esse lugar, querida. A magia da natureza é poderosa e sempre traz boas vibrações.
Juntas, elas começaram a pendurar pequenas guirlandas de flores secas nas paredes, cada uma com cores vibrantes e formas delicadas. Theodora trouxe uma caixa cheia de pedras preciosas e cristais que capturavam a luz de maneira encantadora. Lizzie adorou a ideia de colocar os cristais nas prateleiras, onde poderiam brilhar e refletir a luz lunar.
— Cada cristal tem sua própria energia — explicou ”Dory”, enquanto organizavam os itens. — Esta ametista, por exemplo, traz tranquilidade e proteção. E esta pedra da lua ajuda a aumentar a intuição. Você deve sempre escolher o que ressoa com você.
Lizzie ouviu com atenção, maravilhada com a sabedoria da tia.
— Eu quero tudo isso! — exclamou, enquanto posicionava os cristais ao redor do quarto, criando um altarzinho encantador no canto da mesa.
A mais velha, com suas mãos habilidosas, também preparou um pequeno jardim dentro de um vaso de barro, plantando ervas que poderiam ser usadas em poções e feitiços. O aroma da lavanda e do alecrim logo encheu o ambiente, e Lizzie fechou os olhos, absorvendo a sensação de estar cercada por tanta magia.
Quando terminaram, o quarto de Lizzie parecia um santuário de beleza, alguns elementos da cultura pop e tranquilidade. As paredes estavam adornadas com flores, haviam pôsteres de bandas, seriados e celebridades famosas, os cristais brilhavam sob a luz suave da lâmpada, e o cheiro das ervas frescas a envolvia como um abraço acolhedor.
— É perfeito! — Lizzie disse, admirando o trabalho que haviam feito. — Muito obrigada, tia Dory!
Theodora sorriu, sua expressão cheia de carinho.
— Você trouxe a magia aqui, Lizzie. O importante é que este espaço é um reflexo de quem você é. Sempre lembre-se de que a verdadeira magia vem de dentro.
Lizzie assentiu, seu coração leve e cheio de esperança. Ela se sentou na beira da cama, observando seu quarto encantado, sentindo-se finalmente em casa. Naquela noite, enquanto a lua brilhava intensamente lá fora, Lizzie deixou-se levar por um sono tranquilo, dormindo igual a um anjinho.
mal sabia ela.
Ela acordou cedo, não porque quis, mas porque o silêncio naquela casa parecia… pesado demais. Como se cada som fosse abafado por algo invisível. Quando desceu as escadas, encontrou Cordelia já vestida e impassível, como se ela nunca tivesse dormido.
— Bom dia, Lizzie. Espero que tenha descansado — Cordelia disse, seu tom educado, mas sem calor.
Lizzie esfregou os olhos e respondeu com um sorriso hesitante, tentando dissipar o nervosismo.
— Ah… sim. O suficiente, eu acho. O Castrum é… interessante, com certeza. Diferente do que eu imaginava.
Cordelia olhou para ela por um longo momento, como se estivesse analisando algo profundamente escondido dentro de Lizzie, mas então se virou de forma súbita.
— Há muito o que aprender. Mas não vamos apressar as coisas. Theodora queria mostrar-lhe o jardim, mas acho que uma visita à cidade seria mais proveitosa para uma… primeira impressão. — Cordelia deu um meio sorriso, que não atingiu seus olhos.
E assim, pouco tempo depois, Lizzie se viu acompanhada por Dorian e sua Tia C., andando pelas ruas da pequena cidade abaixo da colina onde o Castrum se erguia. O vilarejo era uma mistura intrigante de história e abandono. As casas eram antigas, mas bem preservadas, como se guardassem segredos de gerações passadas, com suas janelas sempre fechadas e fachadas que pareciam te olhar de volta. Lizzie tentou fazer contato visual com alguns dos moradores que passavam, mas a maioria evitava seus olhos.
Porém, havia algo mais. Não era apenas a atmosfera reservada, como se todos soubessem algo que ela não sabia — havia uma camada de desconforto silencioso, quase palpável. O ar da cidade era pesado, denso com umidade, e havia uma leve neblina que fazia tudo parecer um pouco desfocado, como se a própria realidade estivesse esmaecida.
A cada esquina, Lizzie se deparava com uma cena que a fazia hesitar. Havia um homem velho sentado na calçada, seu rosto marcado por uma expressão que misturava desespero e resignação. Mais adiante, uma mulher jovem com os olhos cheios de lágrimas segurava uma criança pela mão, caminhando apressada, como se fugisse de algo invisível. Até os animais de rua pareciam exaustos, com corpos magros e olhos apagados, como se estivessem conformados com a própria existência miserável.
— As pessoas daqui são… um pouco fechadas, mas elas têm seus motivos. — Dorian disse suavemente, notando o olhar de Lizzie enquanto ela tentava decifrar as expressões sombrias ao seu redor. — Não leve para o lado pessoal.
— Sim… eu percebi. Mas nem todos parecem assim — respondeu Lizzie, desviando o olhar para um grupo de crianças que brincava mais adiante. Diferente do restante, elas riam, e uma senhora que as observava parecia simpática, sorrindo genuinamente para elas.
— Há gentileza aqui. — Dorian assentiu. — Só que ela é… discreta.
Enquanto caminhavam, Lizzie começou a notar que, por trás do que parecia uma melancolia generalizada, havia uma “configuração” curiosa. As lojas estavam abertas, o comércio funcionava, e alguns moradores até sorriam para ela quando passavam. Parecia que a cidade operava em uma dualidade desconcertante: uma espécie de contraste entre o pesar e uma vida comunitária vibrante, por mais escondida que estivesse.
Eles passaram por uma pequena loja de flores, e a florista, uma mulher idosa com mãos enrugadas e olhos amistosos, deu um aceno discreto para Lizzie. Logo em seguida, um jovem casal, envolvido em uma conversa animada, passou por eles, trocando sorrisos breves com Dorian.
— Nem todos são reservados, afinal — comentou Lizzie, mais para si mesma, enquanto observava o casal.
— Não, mas a maioria prefere ser. — Cordelia respondeu, com a voz mais fria do que nunca. — E quanto mais cedo você se acostumar, melhor.
Conforme o dia avançava e a nova residente de Hollowind continuava a explorar o vilarejo, ela percebeu que, apesar das cenas perturbadoras que presenciara, havia algo atraente na cidade. As ruas, embora estreitas e um tanto caóticas, tinham um charme peculiar. As construções, mesmo desgastadas pelo tempo, tinham uma beleza que parecia ter sido cuidadosamente - &, muito provavelmente, magicamente - assegurada, e os habitantes, mesmo sendo distantes, pareciam manter uma rede de interações quase coreografadas.
A cidade era como um quebra-cabeça complicado, com peças que só revelavam sua real beleza se vistas do ângulo correto. Lizzie sentia que precisava de mais tempo para entender aquela dinâmica estranha, para ver o que realmente se escondia por trás das aparências.
À medida que Lizzie e Dorian caminhavam de volta para o Castrum, o sol começava a se pôr, tingindo o céu com tons de laranja e rosa que contrastavam com a atmosfera pesada da cidade. Cordelia havia se afastado para resolver algumas coisas, deixando os dois sozinhos em um momento que, para Lizzie, parecia tanto intrigante quanto desconfortável.
O silêncio entre eles era palpável, mas não era opressivo. Lizzie olhou para Dorian, que mantinha um passo firme ao seu lado, seu olhar fixo na estrada à frente. Ele parecia pensativo, como se estivesse ponderando algo que não conseguia expressar facilmente. No entanto, conforme se aproximavam da entrada da mansão, Dorian finalmente quebrou o silêncio.
— Então, Lizzie, tem uma coisa que eu gostaria de compartilhar com você — disse ele, com um brilho de excitação nos olhos. — É sobre a Academia de Artes Ocultas... vulgo, uma escola de bruxaria daqui.
Lizzie arqueou uma sobrancelha, surpresa e desconfiada. Ela havia ouvido rumores sobre o instituto, mas não esperava que Dorian fosse falar sobre isso, especialmente de forma tão aberta. Ele parou e olhou para ela, sua expressão mudando para uma mais séria, mas ainda cheia de entusiasmo.
— Eu sou um dos monitores lá. E antes que você comece a pensar que é algo esquisito, deixe-me explicar: a escola não é como as que você está acostumada a ouvir. É… bem, é secreta. E é muito especial. — Ele se inclinou mais perto, como se temesse que alguém pudesse ouvi-los.
— Eu… não sabia que você era monitor! Isso é incrível! — Lizzie exclamou, tentando esconder sua ansiedade. A ideia de uma escola secreta de bruxaria parecia o tipo de coisa que poderia ser tanto fascinante quanto perigoso. — Por que você ta me contando isso agora?
— Porque, bem, estou animado com a ideia de ter você lá comigo. — Ele sorriu, deixando transparecer sua empolgação. — É uma grande oportunidade, e tenho certeza de que as tias irão te contar mais sobre isso.
— Sério? Eu… eu não sabia que existia uma escola dessas aqui. O que se faz lá exatamente?
Dorian começou a explicar, sua voz vibrando com entusiasmo.
— Bem, a escola é um lugar onde aprendemos a controlar nossas habilidades, estudar magia antiga, e também… ah, você vai descobrir. Só te aconselho inicialmente a, sabe, não ficar dando muita moral para qualquer um. As pessoas do nosso “ramo” em sua maioria são tão ruins e podres como falam por aí. Nem sempre você vai ver alguém com um chapéu pontudo ou a pele verde, mas é bom ficar atenta a tudo que for falar com qualquer um de nós. Menos comigo, comigo você tem moral — Ele riu de forma descontraída.
Lizzie ouviu, cada palavra acendendo uma chama de esperança em seu coração. Ela imaginou como seria estar cercada por outros como ela, pessoas que entendiam sua herança mágica.
— Isso parece incrível, Dorian! Mas… e se eu não conseguir acompanhar? E se eu não for tão boa?
— Não se preocupe com isso, Lizzie. Todos começam em algum lugar. O mais importante é que você esteja disposta a aprender. A escola é um lugar extremamente desafiador, mas você se sairá bem. Eu prometo estar lá para te ajudar.
— Obrigada, Dorian. Isso significa muito para mim. — Lizzie sorriu, sentindo um alívio crescente.
Eles continuaram a andar, a conversa flui enquanto Lizzie começava a imaginar a possibilidade de se juntar à academia.
_-_-_-_-_-_-_-_-🥀
Depois do jantar, Lizzie subiu as escadas em direção ao seu quarto, onde o dia havia começado de maneira tão… promissora. A luz suave do luar filtrava-se pelas janelas, criando um ambiente suave e acolhedor. Decidida a transformar o espaço em algo que refletisse sua personalidade vibrante, Lizzie se pôs a arrumar e decorar.
A porta se abriu e a Tia T. entrou, um sorriso gentil iluminando seu rosto.
— Posso te ajudar? — perguntou, observando a pilha de trapos coloridos e objetos mágicos que Lizzie havia trazido.
— Sim, por favor! — Lizzie exclamou, seus olhos brilhando. — Eu quero que meu quarto fique mágico, mas não que ele saia soltando feitiços sozinho... — ficou verdadeiramente preocupada com a ideia daquela ideia ser real.
Theodora se aproximou, seu olhar atento examinando o espaço.
— Vamos adicionar um toque de natureza a esse lugar, querida. A magia da natureza é poderosa e sempre traz boas vibrações.
Juntas, elas começaram a pendurar pequenas guirlandas de flores secas nas paredes, cada uma com cores vibrantes e formas delicadas. Theodora trouxe uma caixa cheia de pedras preciosas e cristais que capturavam a luz de maneira encantadora. Lizzie adorou a ideia de colocar os cristais nas prateleiras, onde poderiam brilhar e refletir a luz lunar.
— Cada cristal tem sua própria energia — explicou ”Dory”, enquanto organizavam os itens. — Esta ametista, por exemplo, traz tranquilidade e proteção. E esta pedra da lua ajuda a aumentar a intuição. Você deve sempre escolher o que ressoa com você.
Lizzie ouviu com atenção, maravilhada com a sabedoria da tia.
— Eu quero tudo isso! — exclamou, enquanto posicionava os cristais ao redor do quarto, criando um altarzinho encantador no canto da mesa.
A mais velha, com suas mãos habilidosas, também preparou um pequeno jardim dentro de um vaso de barro, plantando ervas que poderiam ser usadas em poções e feitiços. O aroma da lavanda e do alecrim logo encheu o ambiente, e Lizzie fechou os olhos, absorvendo a sensação de estar cercada por tanta magia.
Quando terminaram, o quarto de Lizzie parecia um santuário de beleza, alguns elementos da cultura pop e tranquilidade. As paredes estavam adornadas com flores, haviam pôsteres de bandas, seriados e celebridades famosas, os cristais brilhavam sob a luz suave da lâmpada, e o cheiro das ervas frescas a envolvia como um abraço acolhedor.
— É perfeito! — Lizzie disse, admirando o trabalho que haviam feito. — Muito obrigada, tia Dory!
Theodora sorriu, sua expressão cheia de carinho.
— Você trouxe a magia aqui, Lizzie. O importante é que este espaço é um reflexo de quem você é. Sempre lembre-se de que a verdadeira magia vem de dentro.
Lizzie assentiu, seu coração leve e cheio de esperança. Ela se sentou na beira da cama, observando seu quarto encantado, sentindo-se finalmente em casa. Naquela noite, enquanto a lua brilhava intensamente lá fora, Lizzie deixou-se levar por um sono tranquilo, dormindo igual a um anjinho.
mal sabia ela.
6
Capítulo V. lenha na fogueira.
Os primeiros dias de Lizzie na Academia de Artes Ocultas foram uma montanha-russa. Assim que atravessou os portões do local escondido dos olhos indesejados por magia negra, sentiu uma mistura de ansiedade e excitação. A atmosfera carregava um ar de mistério, e o som do murmúrio de feitiços e encantamentos ecoava pelos corredores, mas logo percebeu que não estava apenas cercada por magia; estava cercada por demônios.
Os alunos eram, em sua maioria, bruxos e bruxas já experientes, e Lizzie logo se deu conta de que, mesmo sendo todos adolescentes, muitos deles estavam mergulhados em um jogo de poder onde a maldade e a rivalidade eram as regras do dia. A competição era feroz, e ela encontrou uma resistência inesperada. As garotas de sua turma, sempre impecavelmente vestidas em suas túnicas de bruxa e muitas vezes parecendo fantasias infantis do halloween, olhavam para ela com desdém, como se fosse uma intrusa em seu mundo já estabelecido.
As mais notórias entre elas eram as irmãs Valerias, uma espécie de elite da bruxaria, cuja presença era marcada por uma aura de arrogância e veneno. A mais velha, Mirabella DeLaCroix, tinha um charme refinado, vestindo-se com uma elegância que lembrava as bruxas sofisticadas de histórias antigas. Já sua irmã mais nova, Ophelia DeLaCroix, era tudo que Lizzie detestava em uma rival: provocativa, cruel e sempre pronta para um ataque verbal. As Valerias eram as estrelas de um tipo de jornal escolar místico, completamente diferente do que a Spellfemme estava costumava na GHA, mas com semelhanças simultâneas.
Desafiada e irritada, Lizzie decidiu que não se deixaria intimidar. Com um brilho de determinação nos olhos, se inscreveu no jornal, decidida a usar suas habilidades e sua paixão por escrever para mostrar que era tão capaz quanto qualquer uma delas. Isso provocou um alvoroço, e a notícia se espalhou rapidamente pelos corredores da academia.
No entanto, não foi apenas animosidade que Lizzie encontrou. Ela também fez algumas amizades, que se tornaram seu alicerce nesse novo mundo. Uma delas foi Margot Halloway, uma bruxa estilosa e refinada que, apesar de sua aparência elegante, tinha um espírito forte e rebelde. Margot era conhecida por seu talento em encantamentos visuais, criando ilusões deslumbrantes que deixavam todos ao seu redor boquiabertos. Além de tudo, a garota se intitulava a mais bela das bruxas.
— Que título charmoso! — a primeira reação da bruxinha novata quando conheceu a Halloway.
Outra amiga, mais ligada à força e proteção, era Freya Thorne, uma bruxa com uma aura imponente. Freya era experiente em feitiços de defesa e proteção, e sempre parecia ter uma solução mágica na ponta dos dedos. A conexão entre as três garotas cresceu à medida que Lizzie, Margot e Freya enfrentavam juntas os desafios que surgiam, unindo-se para desafiar a rivalidade das Valerias e se protegerem mutuamente de suas maldades.
Entre os novos desafios, Lizzie também não podia ignorar a atenção de alguns monitores mais velhos, incluindo os colegas de Dorian, que começaram a notar a nova aluna com um certo fascínio. Flertes sutis (outros nem tanto), risadas e olhares significativos tornaram-se parte de sua rotina, e Lizzie realmente começou a se divertir.
Lizzie se encontrava sentada em uma mesa de madeira desgastada na área de descanso da Academia de Artes Ocultas, rodeada por suas novas amigas do jornal. O trio, conhecido como As Brumas, era composto por Clara, uma bruxa com uma habilidade impressionante para adivinhações, Selene, que dominava feitiços de cura e proteção, e Tamsin, uma bruxa forte e direta que usava sua magia para controlar as forças da natureza. Juntas, as três eram uma força poderosa, especialmente quando unidas, e estavam fascinadas pelo fato de Lizzie ser uma Spellfemme.
— Então, você realmente pode se comunicar com os espíritos das flores? — perguntou Clara, com os olhos brilhando de curiosidade.
Lizzie sorriu, orgulhosa.
— Mais ou menos. Posso sentir a energia delas. É como conversar sem palavras, sabe? Cada flor tem sua própria história.
— Uau! Isso é incrível! — exclamou Tamsin. — Você tem que nos ensinar algum dia. Isso poderia ser útil em nossas poções!
Enquanto as garotas trocavam histórias e risadas sobre os desafios diários da academia, as Valerias, com seus sorrisos de superioridade, se aproximaram. Mirabella e Ophelia, cercadas por um grupo de admiradores endiabrados, pararam abruptamente ao ver Lizzie e suas amigas em uma conversa animada.
— Olha só, se não é a nova sensação da escola e suas amigas de sangue ruim — disse Ophelia, com um sorriso desdenhoso. — Ainda está tentando impressionar a todos com sua… não sei nem se dá pra chamar de magia.
Lizzie se virou, segurando-se para não responder com a mesma ironia que a irmã. O grupo de Valerias estava sempre à caça de novas vítimas e, claramente, tinha algo em mente.
— Ouvi rumores sobre um caso interessante que envolve o Nanctus Asylum, um lugar bem… peculiar. Dizem que alguns bruxos são internados lá por questões de ‘saúde mental’.. — disse Mirabella, suas palavras encharcadas de um tom que misturava sarcasmo e provocação. — Você deveria checar. É bem… pitoresco.
Selene franziu a testa, sentindo que havia algo mais por trás da sugestão, mas Lizzie, animada com a ideia de um novo projeto, não percebeu a malícia.
— Um hospício? Isso poderia ser ótimo para o jornal! Imagine a história que podemos contar! — disse Lizzie, já imaginando como poderia usar aquele caso para ganhar notoriedade.
— Sim, muito interessante — respondeu Ophelia, com um sorriso que mal disfarçava seu desprezo. — Mas você pode querer ter cuidado. Alguns dizem que quem entra lá nunca mais volta. Pode ser um lugar sombrio, sabe?
As outras garotas trocaram olhares discretamente preocupados, mas Lizzie estava entusiasmada.
— Vou investigar. Isso vai ser perfeito! Uma oportunidade para mostrar do que sou capaz. Talvez até mais do que vocês, duplinha quebra quebra.
As Valerias trocaram olhares cúmplices, mal podendo conter as risadas maldosas. Enquanto Lizzie se levantava para ir atrás de informações sobre o hospício, as irmãs DeLaCroix se afastaram, sussurrando entre si.
— Vai ser divertido ver até onde essa barata consegue ir.. — disse Mirabella, rindo. — Espero que ela descubra a verdade da maneira mais difícil. Vamos ver ela ser destroçada, irmã. — as duas gargalharam juntas de forma horripilante.
Lizzie, sem saber das intenções malignas das Valerias, se virou para Clara e Tamsin, empolgada para compartilhar sua nova ideia.
— Meninas, vocês não vão acreditar! Vamos investigar algo verdadeiramente grandioso finalmente. Isso pode nos colocar no mapa do jornal! No caminho conto tudo para vocês!!!
As risadas das Valerias ecoavam nos corredores enquanto Lizzie e suas companheiras partiam, sem saber que aquele caso poderia se tornar muito mais do que uma simples investigação, mas uma verdadeira armadilha que poderia colocar sua vida em risco.
e ia.
Os alunos eram, em sua maioria, bruxos e bruxas já experientes, e Lizzie logo se deu conta de que, mesmo sendo todos adolescentes, muitos deles estavam mergulhados em um jogo de poder onde a maldade e a rivalidade eram as regras do dia. A competição era feroz, e ela encontrou uma resistência inesperada. As garotas de sua turma, sempre impecavelmente vestidas em suas túnicas de bruxa e muitas vezes parecendo fantasias infantis do halloween, olhavam para ela com desdém, como se fosse uma intrusa em seu mundo já estabelecido.
As mais notórias entre elas eram as irmãs Valerias, uma espécie de elite da bruxaria, cuja presença era marcada por uma aura de arrogância e veneno. A mais velha, Mirabella DeLaCroix, tinha um charme refinado, vestindo-se com uma elegância que lembrava as bruxas sofisticadas de histórias antigas. Já sua irmã mais nova, Ophelia DeLaCroix, era tudo que Lizzie detestava em uma rival: provocativa, cruel e sempre pronta para um ataque verbal. As Valerias eram as estrelas de um tipo de jornal escolar místico, completamente diferente do que a Spellfemme estava costumava na GHA, mas com semelhanças simultâneas.
Desafiada e irritada, Lizzie decidiu que não se deixaria intimidar. Com um brilho de determinação nos olhos, se inscreveu no jornal, decidida a usar suas habilidades e sua paixão por escrever para mostrar que era tão capaz quanto qualquer uma delas. Isso provocou um alvoroço, e a notícia se espalhou rapidamente pelos corredores da academia.
No entanto, não foi apenas animosidade que Lizzie encontrou. Ela também fez algumas amizades, que se tornaram seu alicerce nesse novo mundo. Uma delas foi Margot Halloway, uma bruxa estilosa e refinada que, apesar de sua aparência elegante, tinha um espírito forte e rebelde. Margot era conhecida por seu talento em encantamentos visuais, criando ilusões deslumbrantes que deixavam todos ao seu redor boquiabertos. Além de tudo, a garota se intitulava a mais bela das bruxas.
— Que título charmoso! — a primeira reação da bruxinha novata quando conheceu a Halloway.
Outra amiga, mais ligada à força e proteção, era Freya Thorne, uma bruxa com uma aura imponente. Freya era experiente em feitiços de defesa e proteção, e sempre parecia ter uma solução mágica na ponta dos dedos. A conexão entre as três garotas cresceu à medida que Lizzie, Margot e Freya enfrentavam juntas os desafios que surgiam, unindo-se para desafiar a rivalidade das Valerias e se protegerem mutuamente de suas maldades.
Entre os novos desafios, Lizzie também não podia ignorar a atenção de alguns monitores mais velhos, incluindo os colegas de Dorian, que começaram a notar a nova aluna com um certo fascínio. Flertes sutis (outros nem tanto), risadas e olhares significativos tornaram-se parte de sua rotina, e Lizzie realmente começou a se divertir.
Lizzie se encontrava sentada em uma mesa de madeira desgastada na área de descanso da Academia de Artes Ocultas, rodeada por suas novas amigas do jornal. O trio, conhecido como As Brumas, era composto por Clara, uma bruxa com uma habilidade impressionante para adivinhações, Selene, que dominava feitiços de cura e proteção, e Tamsin, uma bruxa forte e direta que usava sua magia para controlar as forças da natureza. Juntas, as três eram uma força poderosa, especialmente quando unidas, e estavam fascinadas pelo fato de Lizzie ser uma Spellfemme.
— Então, você realmente pode se comunicar com os espíritos das flores? — perguntou Clara, com os olhos brilhando de curiosidade.
Lizzie sorriu, orgulhosa.
— Mais ou menos. Posso sentir a energia delas. É como conversar sem palavras, sabe? Cada flor tem sua própria história.
— Uau! Isso é incrível! — exclamou Tamsin. — Você tem que nos ensinar algum dia. Isso poderia ser útil em nossas poções!
Enquanto as garotas trocavam histórias e risadas sobre os desafios diários da academia, as Valerias, com seus sorrisos de superioridade, se aproximaram. Mirabella e Ophelia, cercadas por um grupo de admiradores endiabrados, pararam abruptamente ao ver Lizzie e suas amigas em uma conversa animada.
— Olha só, se não é a nova sensação da escola e suas amigas de sangue ruim — disse Ophelia, com um sorriso desdenhoso. — Ainda está tentando impressionar a todos com sua… não sei nem se dá pra chamar de magia.
Lizzie se virou, segurando-se para não responder com a mesma ironia que a irmã. O grupo de Valerias estava sempre à caça de novas vítimas e, claramente, tinha algo em mente.
— Ouvi rumores sobre um caso interessante que envolve o Nanctus Asylum, um lugar bem… peculiar. Dizem que alguns bruxos são internados lá por questões de ‘saúde mental’.. — disse Mirabella, suas palavras encharcadas de um tom que misturava sarcasmo e provocação. — Você deveria checar. É bem… pitoresco.
Selene franziu a testa, sentindo que havia algo mais por trás da sugestão, mas Lizzie, animada com a ideia de um novo projeto, não percebeu a malícia.
— Um hospício? Isso poderia ser ótimo para o jornal! Imagine a história que podemos contar! — disse Lizzie, já imaginando como poderia usar aquele caso para ganhar notoriedade.
— Sim, muito interessante — respondeu Ophelia, com um sorriso que mal disfarçava seu desprezo. — Mas você pode querer ter cuidado. Alguns dizem que quem entra lá nunca mais volta. Pode ser um lugar sombrio, sabe?
As outras garotas trocaram olhares discretamente preocupados, mas Lizzie estava entusiasmada.
— Vou investigar. Isso vai ser perfeito! Uma oportunidade para mostrar do que sou capaz. Talvez até mais do que vocês, duplinha quebra quebra.
As Valerias trocaram olhares cúmplices, mal podendo conter as risadas maldosas. Enquanto Lizzie se levantava para ir atrás de informações sobre o hospício, as irmãs DeLaCroix se afastaram, sussurrando entre si.
— Vai ser divertido ver até onde essa barata consegue ir.. — disse Mirabella, rindo. — Espero que ela descubra a verdade da maneira mais difícil. Vamos ver ela ser destroçada, irmã. — as duas gargalharam juntas de forma horripilante.
Lizzie, sem saber das intenções malignas das Valerias, se virou para Clara e Tamsin, empolgada para compartilhar sua nova ideia.
— Meninas, vocês não vão acreditar! Vamos investigar algo verdadeiramente grandioso finalmente. Isso pode nos colocar no mapa do jornal! No caminho conto tudo para vocês!!!
As risadas das Valerias ecoavam nos corredores enquanto Lizzie e suas companheiras partiam, sem saber que aquele caso poderia se tornar muito mais do que uma simples investigação, mas uma verdadeira armadilha que poderia colocar sua vida em risco.
e ia.
7
Capítulo VI. quando a monstruosidade acorda.
Quando Lizzie, Margot e Freya adentraram o Nanctus Asylum, disfarçadas de jornalistas comuns – embora Margot estava deslumbrante dos pés a cabeça como sempe – foram imediatamente envolvidas por uma atmosfera opressiva e sombria. O edifício era colossal, com torres que se erguiam em direção ao céu. As janelas altas eram embaçadas, parecendo olhos vazios observando tudo. Os corredores eram longos e tortuosos, adornados com cruzes e imagens de santos que pareciam vigiar cada movimento. Aquela construção, que exalava uma história de dor e penitência, mal disfarçava o verdadeiro terror que habitava suas paredes.
Lizzie se sentiu ansiosa, mas a determinação a impulsionou a seguir em frente. O plano era simples: se passariam por jornalistas em busca de uma história sobre a vida dentro de um asilo. Contudo, ao invés de encontrarem o que esperavam, logo perceberam que a fachada de cuidado e compaixão era apenas uma ilusão.
Enquanto Lizzie se preparava para entrevistar a Irmã Jude, as outras duas garotas foram explorar o local. Margot e Freya se dispersaram, atraídas por barulhos e movimentos nos corredores. Lizzie subiu as escadas, dirigindo-se para a ala superior, onde a Irmã Jude administrava a instituição.
A Irmã Jude era uma mulher imponente, com um olhar que poderia congelar o mais ousado dos corações. Ela acreditava fervorosamente que a doença mental era simplesmente uma nova forma de explicar o pecado, um modo de desviar a atenção da verdadeira culpa. Jude se dedicava a transformar o Nanctus em um modelo de disciplina tortuosa, tentando expiar os pecados do passado, o que a tornava uma figura temida tanto por internos quanto por funcionários. A simplicidade de suas vestes de freira não conseguia esconder o poder e a autoridade que ela exercia ali. Era uma mulher severa, capaz de inspirar terror em todos ao seu redor.
— Bem-vinda, jovem. O que deseja saber sobre nosso trabalho aqui? — disse Jude, sua voz grave e firme. Ela parecia fascinada com as madeixas loiras curtas da Spellfemme.
Lizzie começou a entrevistar a irmã, mas sua mente estava agitada. Enquanto isso, Margot e Freya se aventuravam pelo hospício. A primeira entrou em uma sala onde pacientes normais eram tratados. Sem perceber, começou a interagir com uma mulher que afirmava ter visões. Margot, achando que era apenas uma “entrevista”, ficou intrigada, mas a mulher, ao sentir-se pressionada, começou a gritar. O barulho atraiu a atenção de enfermeiros, que rapidamente a cercaram. Margot, em pânico, tentou se afastar, mas, antes que pudesse escapar, foi arrastada para uma cela.
Enquanto isso, Freya, ao explorar outra parte do asilo, se deparou com um grupo de internos. Ao tentar se aproximar deles para entrevistá-los, um dos pacientes começou a tentar flertar. A situação rapidamente se tornou desconfortável, e quando ele tentou forçá-la a ficar e a tocar de forma invasiva, Freya lançou um feitiço instintivamente para se afastar. Mas a magia não funcionou como esperava; a runa na parede pulsou, revelando sua identidade de bruxa para todos ali. Assustada, Freya viu as expressões de horror e surpresa no rosto do paciente, mas antes que pudesse pensar em uma saída, ela foi cercada e também levada para a cela.
De volta à sala da Irmã Jude, Lizzie começou a sentir a atmosfera mudar. Enquanto ouvia a irmã falar sobre suas crenças, um pressentimento de que estava perdendo controle sobre a situação tomou conta dela. Ela tentava manter a compostura, mas a cada palavra, sentia que suas amigas estavam em apuros.
— Os pecadores não têm lugar aqui, e a doença mental é apenas a manifestação de suas almas danificadas — Jude dizia, seu olhar fixo em Lizzie. — Nós trazemos a salvação, mesmo que seja necessária a força para isso.
O pânico começou a tomar conta de Lizzie, e ela se preparou para sair. Mas, ao tentar abrir a porta, descobriu que estava trancada. A Irmã Jude a observava com um sorriso enigmático.
— Você não pode sair. O que você e suas amigas buscam aqui é muito perigoso, bruxa. — disse a irmã, enquanto um dos enfermeiros entrava, colocando um braço em torno de Lizzie. — Você se encontrará em boa companhia. O diabo resplandece em você, filha das trevas.
Enquanto Lizzie lutava para se libertar, percebeu que o que estava acontecendo no asilo era muito mais sinistro do que imaginava. As paredes eram impregnadas com runas que restringiam a magia, e logo a realidade se impôs: elas estavam presas em um mundo de horror.
As três garotas foram finalmente reunidas, agora internadas, e a revelação de que estavam cercadas por runas desenhadas que as impediam de usar magia foi aterrorizante. Jude e seus subordinados observavam enquanto o controle absoluto do hospício se fechava sobre elas.
Com o terror pulsando em suas veias, Lizzie, Margot e Freya perceberam que não eram apenas bruxas em um hospício religioso e doentio, mas prisioneiras em um jogo maligno, onde a fé e a razão se misturavam em um verdadeiro pesadelo nascido diretamente do inferno. E quanto mais as sombras dançavam ao redor delas, a esperança de escapar daquele lugar parecia cada vez mais distante.
Tudo foi de mal a pior em questão de horas.
Lizzie se sentiu ansiosa, mas a determinação a impulsionou a seguir em frente. O plano era simples: se passariam por jornalistas em busca de uma história sobre a vida dentro de um asilo. Contudo, ao invés de encontrarem o que esperavam, logo perceberam que a fachada de cuidado e compaixão era apenas uma ilusão.
Enquanto Lizzie se preparava para entrevistar a Irmã Jude, as outras duas garotas foram explorar o local. Margot e Freya se dispersaram, atraídas por barulhos e movimentos nos corredores. Lizzie subiu as escadas, dirigindo-se para a ala superior, onde a Irmã Jude administrava a instituição.
A Irmã Jude era uma mulher imponente, com um olhar que poderia congelar o mais ousado dos corações. Ela acreditava fervorosamente que a doença mental era simplesmente uma nova forma de explicar o pecado, um modo de desviar a atenção da verdadeira culpa. Jude se dedicava a transformar o Nanctus em um modelo de disciplina tortuosa, tentando expiar os pecados do passado, o que a tornava uma figura temida tanto por internos quanto por funcionários. A simplicidade de suas vestes de freira não conseguia esconder o poder e a autoridade que ela exercia ali. Era uma mulher severa, capaz de inspirar terror em todos ao seu redor.
— Bem-vinda, jovem. O que deseja saber sobre nosso trabalho aqui? — disse Jude, sua voz grave e firme. Ela parecia fascinada com as madeixas loiras curtas da Spellfemme.
Lizzie começou a entrevistar a irmã, mas sua mente estava agitada. Enquanto isso, Margot e Freya se aventuravam pelo hospício. A primeira entrou em uma sala onde pacientes normais eram tratados. Sem perceber, começou a interagir com uma mulher que afirmava ter visões. Margot, achando que era apenas uma “entrevista”, ficou intrigada, mas a mulher, ao sentir-se pressionada, começou a gritar. O barulho atraiu a atenção de enfermeiros, que rapidamente a cercaram. Margot, em pânico, tentou se afastar, mas, antes que pudesse escapar, foi arrastada para uma cela.
Enquanto isso, Freya, ao explorar outra parte do asilo, se deparou com um grupo de internos. Ao tentar se aproximar deles para entrevistá-los, um dos pacientes começou a tentar flertar. A situação rapidamente se tornou desconfortável, e quando ele tentou forçá-la a ficar e a tocar de forma invasiva, Freya lançou um feitiço instintivamente para se afastar. Mas a magia não funcionou como esperava; a runa na parede pulsou, revelando sua identidade de bruxa para todos ali. Assustada, Freya viu as expressões de horror e surpresa no rosto do paciente, mas antes que pudesse pensar em uma saída, ela foi cercada e também levada para a cela.
De volta à sala da Irmã Jude, Lizzie começou a sentir a atmosfera mudar. Enquanto ouvia a irmã falar sobre suas crenças, um pressentimento de que estava perdendo controle sobre a situação tomou conta dela. Ela tentava manter a compostura, mas a cada palavra, sentia que suas amigas estavam em apuros.
— Os pecadores não têm lugar aqui, e a doença mental é apenas a manifestação de suas almas danificadas — Jude dizia, seu olhar fixo em Lizzie. — Nós trazemos a salvação, mesmo que seja necessária a força para isso.
O pânico começou a tomar conta de Lizzie, e ela se preparou para sair. Mas, ao tentar abrir a porta, descobriu que estava trancada. A Irmã Jude a observava com um sorriso enigmático.
— Você não pode sair. O que você e suas amigas buscam aqui é muito perigoso, bruxa. — disse a irmã, enquanto um dos enfermeiros entrava, colocando um braço em torno de Lizzie. — Você se encontrará em boa companhia. O diabo resplandece em você, filha das trevas.
Enquanto Lizzie lutava para se libertar, percebeu que o que estava acontecendo no asilo era muito mais sinistro do que imaginava. As paredes eram impregnadas com runas que restringiam a magia, e logo a realidade se impôs: elas estavam presas em um mundo de horror.
As três garotas foram finalmente reunidas, agora internadas, e a revelação de que estavam cercadas por runas desenhadas que as impediam de usar magia foi aterrorizante. Jude e seus subordinados observavam enquanto o controle absoluto do hospício se fechava sobre elas.
Com o terror pulsando em suas veias, Lizzie, Margot e Freya perceberam que não eram apenas bruxas em um hospício religioso e doentio, mas prisioneiras em um jogo maligno, onde a fé e a razão se misturavam em um verdadeiro pesadelo nascido diretamente do inferno. E quanto mais as sombras dançavam ao redor delas, a esperança de escapar daquele lugar parecia cada vez mais distante.
Tudo foi de mal a pior em questão de horas.
8
Capítulo VII. detestáveis doces, terríveis travessuras.
Os dias no Nanctus Asylum arrastavam-se como pesadelos intermináveis para Lizzie, Margot e Freya. Desde o momento em que foram internadas, a realidade da crueldade daquele lugar ficou cada vez mais evidente. O asilo, com suas paredes gélidas e seus corredores tortuosos, parecia consumir qualquer esperança que restasse nas jovens bruxas. As runas espalhadas pelo asilo as impediam de usar magia, e com cada dia que passava, elas se sentiam mais fracas, mais presas na escuridão daquele lugar infernal.
A Irmã Jude era o coração desse horror. Ela era uma figura de poder absoluto, uma mulher impiedosa e sádica que acreditava que a dor purificava. Sua obsessão em punir pecadores ia além do convencional. Em Nanctus, cada alma sofria sob sua mão de ferro, e as bruxas não foram exceção. Jude era conhecida por suas punições severas e, ao mesmo tempo, pela face de falsa modéstia que usava em frente aos seus superiores.
A rotina de castigos era constante. As bruxas eram obrigadas a passar por tratamentos que incluíam banhos de gelo, longas horas em confinamento solitário e sessões de "purificação" espiritual, nas quais eram humilhadas, espancadas e relembradas de seus "pecados". Jude, em sua obsessão religiosa, via as três como abominações a serem curadas, ou, pelo menos, esmagadas sob o peso da culpa e da dor.
Freya foi a primeira a sofrer nas mãos de Jude. A severa freira a forçou a participar de uma "sessão de exorcismo", na qual Freya foi amarrada e torturada psicologicamente, sendo acusada de ser um demônio. Jude repetia incansavelmente que sua magia era a raiz de sua corrupção, e que, sem purificação, ela estava condenada. Freya lutava para manter a cabeça erguida, mas cada vez mais se via mergulhando no desespero.
Margot, com seu espírito forte e imponente, tentava resistir, mas não havia força que pudesse quebrar a determinação cruel de Jude. A freira a submeteu a eletrochoques e castigos físicos, argumentando que sua força e poder eram apenas ferramentas do diabo. Margot, que sempre se orgulhara de sua magia e de sua herança, sentia-se enfraquecida e isolada. As risadas cruéis de Jude ecoavam em sua mente a cada sessão de dor.
E Lizzie, descobriu rapidamente que desafiar Jude apenas piorava sua situação. A freira parecia ter uma atenção especial por Lizzie, testando seus limites, pressionando suas fraquezas. Lizzie, em sua resistência, enfrentava olhares de puro ódio de Jude, que acreditava que a linhagem Spellfemme precisava ser aniquilada, que o poder mágico de Lizzie era um insulto à ordem divina.
Se Jude era a personificação da crueldade divina, Dr. Williams representava um mal ainda mais sádico e terreno. Médico responsável pelos procedimentos mais desumanos do asilo, ele era um homem frio, com olhos que pareciam brilhar à ideia de infligir dor. Sua paixão por
"experimentação" ultrapassava qualquer limite ético ou moral. Ele via os pacientes como objetos, peças de uma sentença onde ele podia ser o carrasco.
Dr. Williams tinha um interesse particular em Freya, que, por sua força, chamou sua atenção.
Ele tentava se aproximar de maneira lasciva, com insinuações nojentas e toques indesejados, fazendo com que Freya o rejeitasse a cada oportunidade. Em uma dessas ocasiões, Freya, já exausta, usou um pequeno feitiço para afastá-lo, o que lhe custou mais punições e atraiu a atenção de Jude, que prontamente a trancou por dias na solitária.
Apesar de todo o terror que as cercava, havia momentos de descanso nos quais as três bruxas podiam se encontrar nos pátios ou corredores menos vigiados. Nesses momentos, conheceram alguns dos outros internos, que também sofriam nas mãos das freiras, guardas, Jude e Williams. Um dos primeiros que encontraram foi Timothy, um homem de meia-idade com severos distúrbios mentais. Ele acreditava ser um anjo caído, mas sua mente confusa estava fragmentada pela dor e pelos abusos que sofreu ao longo dos anos. Lizzie, mesmo assustada com a situação, sentiu uma profunda pena dele, vendo além de sua insanidade e percebendo o quão destruído ele havia sido por aquela instituição.
Outro interno que tocou o coração das garotas foi Eliza, uma jovem de apenas 14 anos, internada por ter tendências suicidas. Eliza era frágil, com olhos perdidos que já não reconheciam esperança. Freya tentou consolá-la várias vezes, mas Eliza era apenas uma sombra de quem um dia foi. A única coisa que mantinha a jovem ligada à realidade eram os diários que ela escrevia, rabiscando em pedaços de papel sujos. Neles, ela descrevia seus sonhos de liberdade, ainda que sua mente estivesse presa nos horrores do Nanctus.
Entre os poucos momentos de alívio, também conheceram Arthur, um ex-pianista talentoso que, após perder sua esposa em um trágico acidente, fora internado ali por ter um colapso mental. Arthur passava os dias tocando um piano invisível, suas mãos movendo-se no ar enquanto lágrimas corriam silenciosamente por seu rosto. Os funcionários não deixavam ele tocar o piano disponibilizado na sala de música por.. “deixar os loucos agitados”. Ele parecia uma alma quebrada, perdida na dor de um luto sem fim.
As bruxas sabiam que não podiam salvar a todos, mas cada nova conexão, cada nova história que ouviam, fazia o peso daquela prisão aumentar. A impotência as corroía. Elas queriam usar sua magia para ajudar, para curar, mas estavam presas pelas runas que Jude cuidadosamente espalhara pelo asilo. A cada dia, sentiam-se mais fracas, mais impotentes.
O caos que viviam também não poupava os funcionários do asilo. Mary, uma jovem e ingênua freira, servia como assistente de Jude. Mary era o oposto de sua superiora, doce e gentil, mas vivia à sombra da crueldade da Irmã Jude. Ela era constantemente humilhada e maltratada, forçada a testemunhar os horrores que Jude infligia aos internos. Jude a desprezava pela sua bondade e ingenuidade, tratando-a como um brinquedo de suas manipulações.
A situação em Nanctus era insustentável. A crueldade de Jude e Dr. Williams mantinha todos sob controle, mas a sombra do Monsenhor Claudius pairava sobre tudo. O nome dele era sussurrado pelos corredores, mas ele nunca aparecia. Ainda assim, sua presença era sentida, como se fosse o verdadeiro demônio que movia os fios daquele pesadelo.
_-_-_-_-_-_-_-_-🎃
Lizzie sentiu um arrepio familiar correr pela espinha assim que seus olhos captaram algo quase impossível. Mesmo sob o efeito constante de medicamentos e substâncias que a enfraqueciam, sua mente não pôde evitar aquela conexão perturbadora: Mary, a jovem e ingênua freira, era incrivelmente parecida com sua tia Theodora. Não era apenas uma semelhança comum, mas uma identidade física que beirava o sobrenatural. O formato do rosto, o tom suave da pele, até os movimentos delicados das mãos… tudo lembrava Theodora.
Isso fez Lizzie ficar obcecada, seus pensamentos se prendendo cada vez mais à possibilidade de Mary ter alguma ligação com sua família. Poderia ser uma coincidência? Ou talvez houvesse algo mais profundo e oculto ali, algo que se escondia debaixo da inocência quase insuportável de Mary? Lizzie a observava com desconfiança, reparando em como a freira era emocionalmente frágil, sempre chorosa e desesperada com os horrores do Nanctus. A jovem freira parecia viver à beira de um colapso, constantemente implorando silenciosamente por misericórdia que jamais viria.
Na semana do Halloween, no entanto, algo ainda mais perturbador aconteceu. Um novo “interno” foi jogado de forma brusca no Nanctus, trazendo consigo uma energia caótica que se espalhou pelos corredores do asilo. O homem, acusado de ser o responsável por uma série de assassinatos brutais em Hollowind, chegou causando alvoroço. Era alto, com um olhar que desafiava tudo ao seu redor, e seu fascínio pelas três bruxas foi imediato. Mesmo sem saber quem ou o que elas realmente eram, ele parecia atraído por sua presença, especialmente por Margot, que, apesar do caos, não conseguia ignorar a conexão instigante e estranha que se formava entre eles.
Na noite de Halloween, algo inquietante foi organizado para os internos: uma noite de filmes. Isso parecia um movimento estratégico, como se estivessem tentando reunir todos os pacientes em um único lugar, algo suspeito até para Lizzie, que já estava desconfiada do hospício desde o início, tudo poderia ter sido evitado se não fosse por sua curiosidade. No entanto, ela não estaria presente. Uma mensagem telepática de Dorian interrompeu seus pensamentos, avisando que ele estava a caminho para tentar resgatar as meninas.
Freya, ardilosa como uma serpente, encontrou uma forma de escapar da noite de filmes. Seu destino era outro: ela se viu assistindo a algo terrível, um exorcismo, onde uma criança estava sendo torturada sob o pretexto de expulsar demônios. Jude conduzia o ritual com uma frieza monstruosa, enquanto o Dr. Williams observava, saboreando cada momento de sofrimento. Mary estava lá também, perdida em completo desespero, sem saber como ajudar. O pavor e a confusão em seu rosto eram evidentes. E pela primeira vez, Freya viu uma figura sombria que parecia comandar toda aquela escuridão – um homem que só poderia ser o misterioso Monsenhor Claudius, imponente e quase demoníaco em sua presença silenciosa.
Enquanto isso, Margot estava ocupada com seu novo interesse – Edward, o suposto assassino de Hollowind. Apesar das acusações sombrias, havia algo nele que a atraía irresistivelmente. Eles se encontraram escondidos em um canto do asilo, e os dois se envolviam em beijos gradativamente mais intensos e apaixonados, uma distração perigosa em meio ao caos.
Mas foi durante a noite de filmes que o verdadeiro terror começou. Um incêndio irrompeu subitamente, transformando o salão de projeção em um inferno. O pânico tomou conta de tudo e todos. Os gritos dos internos se misturaram ao som crepitante das chamas, e em meio ao caos, Lizzie, Freya e Margot conseguiram escapar para o lado de fora do asilo, guiadas por Dorian, que havia chegado para resgatá-las. O ar fresco da noite de Halloween parecia uma vitória iminente.
Mas a liberdade delas durou pouco.
A fuga foi rapidamente interrompida quando guardas surgiram das sombras, comandados por ninguém menos que Mary. Porém, algo estava diferente nela. Mary não era mais a freira tímida e chorona que Lizzie conhecia. Seus olhos estavam frios, vazios, e havia uma energia maligna emanando de seu corpo. Dorian, sempre atento às forças ocultas, sentiu imediatamente a presença diabólica possuindo Mary. Não era apenas uma mudança de atitude – algo atroz havia tomado o controle da jovem freira, algo que ela mal conseguia esconder.
As meninas, junto com Dorian, foram rapidamente dominadas pelos guardas. Lizzie, ainda em choque com a transformação de Mary e a semelhança perturbadora com sua tia, mal conseguiu resistir.
Algo terrível estava acontecendo, algo que não se resolveria jogando um balde d’água em uma bruxa má.
A Irmã Jude era o coração desse horror. Ela era uma figura de poder absoluto, uma mulher impiedosa e sádica que acreditava que a dor purificava. Sua obsessão em punir pecadores ia além do convencional. Em Nanctus, cada alma sofria sob sua mão de ferro, e as bruxas não foram exceção. Jude era conhecida por suas punições severas e, ao mesmo tempo, pela face de falsa modéstia que usava em frente aos seus superiores.
A rotina de castigos era constante. As bruxas eram obrigadas a passar por tratamentos que incluíam banhos de gelo, longas horas em confinamento solitário e sessões de "purificação" espiritual, nas quais eram humilhadas, espancadas e relembradas de seus "pecados". Jude, em sua obsessão religiosa, via as três como abominações a serem curadas, ou, pelo menos, esmagadas sob o peso da culpa e da dor.
Freya foi a primeira a sofrer nas mãos de Jude. A severa freira a forçou a participar de uma "sessão de exorcismo", na qual Freya foi amarrada e torturada psicologicamente, sendo acusada de ser um demônio. Jude repetia incansavelmente que sua magia era a raiz de sua corrupção, e que, sem purificação, ela estava condenada. Freya lutava para manter a cabeça erguida, mas cada vez mais se via mergulhando no desespero.
Margot, com seu espírito forte e imponente, tentava resistir, mas não havia força que pudesse quebrar a determinação cruel de Jude. A freira a submeteu a eletrochoques e castigos físicos, argumentando que sua força e poder eram apenas ferramentas do diabo. Margot, que sempre se orgulhara de sua magia e de sua herança, sentia-se enfraquecida e isolada. As risadas cruéis de Jude ecoavam em sua mente a cada sessão de dor.
E Lizzie, descobriu rapidamente que desafiar Jude apenas piorava sua situação. A freira parecia ter uma atenção especial por Lizzie, testando seus limites, pressionando suas fraquezas. Lizzie, em sua resistência, enfrentava olhares de puro ódio de Jude, que acreditava que a linhagem Spellfemme precisava ser aniquilada, que o poder mágico de Lizzie era um insulto à ordem divina.
Se Jude era a personificação da crueldade divina, Dr. Williams representava um mal ainda mais sádico e terreno. Médico responsável pelos procedimentos mais desumanos do asilo, ele era um homem frio, com olhos que pareciam brilhar à ideia de infligir dor. Sua paixão por
"experimentação" ultrapassava qualquer limite ético ou moral. Ele via os pacientes como objetos, peças de uma sentença onde ele podia ser o carrasco.
Dr. Williams tinha um interesse particular em Freya, que, por sua força, chamou sua atenção.
Ele tentava se aproximar de maneira lasciva, com insinuações nojentas e toques indesejados, fazendo com que Freya o rejeitasse a cada oportunidade. Em uma dessas ocasiões, Freya, já exausta, usou um pequeno feitiço para afastá-lo, o que lhe custou mais punições e atraiu a atenção de Jude, que prontamente a trancou por dias na solitária.
Apesar de todo o terror que as cercava, havia momentos de descanso nos quais as três bruxas podiam se encontrar nos pátios ou corredores menos vigiados. Nesses momentos, conheceram alguns dos outros internos, que também sofriam nas mãos das freiras, guardas, Jude e Williams. Um dos primeiros que encontraram foi Timothy, um homem de meia-idade com severos distúrbios mentais. Ele acreditava ser um anjo caído, mas sua mente confusa estava fragmentada pela dor e pelos abusos que sofreu ao longo dos anos. Lizzie, mesmo assustada com a situação, sentiu uma profunda pena dele, vendo além de sua insanidade e percebendo o quão destruído ele havia sido por aquela instituição.
Outro interno que tocou o coração das garotas foi Eliza, uma jovem de apenas 14 anos, internada por ter tendências suicidas. Eliza era frágil, com olhos perdidos que já não reconheciam esperança. Freya tentou consolá-la várias vezes, mas Eliza era apenas uma sombra de quem um dia foi. A única coisa que mantinha a jovem ligada à realidade eram os diários que ela escrevia, rabiscando em pedaços de papel sujos. Neles, ela descrevia seus sonhos de liberdade, ainda que sua mente estivesse presa nos horrores do Nanctus.
Entre os poucos momentos de alívio, também conheceram Arthur, um ex-pianista talentoso que, após perder sua esposa em um trágico acidente, fora internado ali por ter um colapso mental. Arthur passava os dias tocando um piano invisível, suas mãos movendo-se no ar enquanto lágrimas corriam silenciosamente por seu rosto. Os funcionários não deixavam ele tocar o piano disponibilizado na sala de música por.. “deixar os loucos agitados”. Ele parecia uma alma quebrada, perdida na dor de um luto sem fim.
As bruxas sabiam que não podiam salvar a todos, mas cada nova conexão, cada nova história que ouviam, fazia o peso daquela prisão aumentar. A impotência as corroía. Elas queriam usar sua magia para ajudar, para curar, mas estavam presas pelas runas que Jude cuidadosamente espalhara pelo asilo. A cada dia, sentiam-se mais fracas, mais impotentes.
O caos que viviam também não poupava os funcionários do asilo. Mary, uma jovem e ingênua freira, servia como assistente de Jude. Mary era o oposto de sua superiora, doce e gentil, mas vivia à sombra da crueldade da Irmã Jude. Ela era constantemente humilhada e maltratada, forçada a testemunhar os horrores que Jude infligia aos internos. Jude a desprezava pela sua bondade e ingenuidade, tratando-a como um brinquedo de suas manipulações.
A situação em Nanctus era insustentável. A crueldade de Jude e Dr. Williams mantinha todos sob controle, mas a sombra do Monsenhor Claudius pairava sobre tudo. O nome dele era sussurrado pelos corredores, mas ele nunca aparecia. Ainda assim, sua presença era sentida, como se fosse o verdadeiro demônio que movia os fios daquele pesadelo.
_-_-_-_-_-_-_-_-🎃
Lizzie sentiu um arrepio familiar correr pela espinha assim que seus olhos captaram algo quase impossível. Mesmo sob o efeito constante de medicamentos e substâncias que a enfraqueciam, sua mente não pôde evitar aquela conexão perturbadora: Mary, a jovem e ingênua freira, era incrivelmente parecida com sua tia Theodora. Não era apenas uma semelhança comum, mas uma identidade física que beirava o sobrenatural. O formato do rosto, o tom suave da pele, até os movimentos delicados das mãos… tudo lembrava Theodora.
Isso fez Lizzie ficar obcecada, seus pensamentos se prendendo cada vez mais à possibilidade de Mary ter alguma ligação com sua família. Poderia ser uma coincidência? Ou talvez houvesse algo mais profundo e oculto ali, algo que se escondia debaixo da inocência quase insuportável de Mary? Lizzie a observava com desconfiança, reparando em como a freira era emocionalmente frágil, sempre chorosa e desesperada com os horrores do Nanctus. A jovem freira parecia viver à beira de um colapso, constantemente implorando silenciosamente por misericórdia que jamais viria.
Na semana do Halloween, no entanto, algo ainda mais perturbador aconteceu. Um novo “interno” foi jogado de forma brusca no Nanctus, trazendo consigo uma energia caótica que se espalhou pelos corredores do asilo. O homem, acusado de ser o responsável por uma série de assassinatos brutais em Hollowind, chegou causando alvoroço. Era alto, com um olhar que desafiava tudo ao seu redor, e seu fascínio pelas três bruxas foi imediato. Mesmo sem saber quem ou o que elas realmente eram, ele parecia atraído por sua presença, especialmente por Margot, que, apesar do caos, não conseguia ignorar a conexão instigante e estranha que se formava entre eles.
Na noite de Halloween, algo inquietante foi organizado para os internos: uma noite de filmes. Isso parecia um movimento estratégico, como se estivessem tentando reunir todos os pacientes em um único lugar, algo suspeito até para Lizzie, que já estava desconfiada do hospício desde o início, tudo poderia ter sido evitado se não fosse por sua curiosidade. No entanto, ela não estaria presente. Uma mensagem telepática de Dorian interrompeu seus pensamentos, avisando que ele estava a caminho para tentar resgatar as meninas.
Freya, ardilosa como uma serpente, encontrou uma forma de escapar da noite de filmes. Seu destino era outro: ela se viu assistindo a algo terrível, um exorcismo, onde uma criança estava sendo torturada sob o pretexto de expulsar demônios. Jude conduzia o ritual com uma frieza monstruosa, enquanto o Dr. Williams observava, saboreando cada momento de sofrimento. Mary estava lá também, perdida em completo desespero, sem saber como ajudar. O pavor e a confusão em seu rosto eram evidentes. E pela primeira vez, Freya viu uma figura sombria que parecia comandar toda aquela escuridão – um homem que só poderia ser o misterioso Monsenhor Claudius, imponente e quase demoníaco em sua presença silenciosa.
Enquanto isso, Margot estava ocupada com seu novo interesse – Edward, o suposto assassino de Hollowind. Apesar das acusações sombrias, havia algo nele que a atraía irresistivelmente. Eles se encontraram escondidos em um canto do asilo, e os dois se envolviam em beijos gradativamente mais intensos e apaixonados, uma distração perigosa em meio ao caos.
Mas foi durante a noite de filmes que o verdadeiro terror começou. Um incêndio irrompeu subitamente, transformando o salão de projeção em um inferno. O pânico tomou conta de tudo e todos. Os gritos dos internos se misturaram ao som crepitante das chamas, e em meio ao caos, Lizzie, Freya e Margot conseguiram escapar para o lado de fora do asilo, guiadas por Dorian, que havia chegado para resgatá-las. O ar fresco da noite de Halloween parecia uma vitória iminente.
Mas a liberdade delas durou pouco.
A fuga foi rapidamente interrompida quando guardas surgiram das sombras, comandados por ninguém menos que Mary. Porém, algo estava diferente nela. Mary não era mais a freira tímida e chorona que Lizzie conhecia. Seus olhos estavam frios, vazios, e havia uma energia maligna emanando de seu corpo. Dorian, sempre atento às forças ocultas, sentiu imediatamente a presença diabólica possuindo Mary. Não era apenas uma mudança de atitude – algo atroz havia tomado o controle da jovem freira, algo que ela mal conseguia esconder.
As meninas, junto com Dorian, foram rapidamente dominadas pelos guardas. Lizzie, ainda em choque com a transformação de Mary e a semelhança perturbadora com sua tia, mal conseguiu resistir.
Algo terrível estava acontecendo, algo que não se resolveria jogando um balde d’água em uma bruxa má.
9
Capítulo VIII morte em fuga.
O Nanctus estava ficando cada vez pior, uma tempestade de loucura e maldade que parecia consumir o lugar de dentro para fora. E como se a situação já não estivesse complicada o suficiente, a chegada de um novo médico enviado pelo governo, Dr. Augustin Varnell, trouxe um sopro de esperança — ou assim parecia.
Varnell tinha sido enviado para investigar o caso do homem acusado de ser o responsável pela série de assassinatos em Hollowind — o sujeito chamado Declan Forrester - apelidado de Dedé por Margot - cuja presença no asilo já causava comoção.
O governo queria saber se Declan deveria ser levado a julgamento ou mantido no asilo para sempre. Mas diferente de muitos que pisaram no Nanctus, Varnell não parecia interessado em cumprir cegamente os protocolos cruéis da instituição. Pelo contrário, ele começou a se mostrar um aliado improvável.
Com uma aparência calma e refinada, Dr. Varnell imediatamente começou a observar as condições desumanas dos pacientes e os métodos extremamente questionáveis de Jude e do Dr. Williams. Ele se incomodava com a forma como os internos eram tratados, especialmente os mais vulneráveis, e isso o levou a enfrentar de maneira sutil, mas firme, a liderança brutal de Jude e Dr. Williams. Sua investigação logo se expandiu de Declan para os horrores generalizados do Nanctus, e seu desejo de ajudar Declan parecia genuíno.
E não era apenas Declan que chamava a atenção do novo médico. Varnell também se preocupava com os pacientes mais novos e mais frágeis, incluindo as bruxas Lizzie, Margot e Freya, e também com Dorian, que estava sendo cruelmente torturado pelo Dr. Williams, que via nele um desafio à sua autoridade.
A Irmã Mary, completamente corrompida e dominada por uma força maligna, se divertia ao assistir o sofrimento de Dorian, provocando-o sempre que podia.
Jude, no entanto, não estava nada satisfeita com a presença do Dr. Varnell. Ela sentia que ele estava minando sua autoridade, atrapalhando seus métodos cruéis e desafiando sua liderança. Cada pequena intervenção do médico era uma afronta pessoal, e a tensão entre os dois começou a crescer rapidamente, até o ponto de rivalidade aberta. Jude, sempre rígida e disciplinada, estava à beira de perder o controle — e isso só piorava com Mary, que parecia ter um único objetivo: destruir Jude de dentro para fora.
Mary, possuída por uma maldade quase visceral, estava começando a jogar com o passado de Jude, provocando-a com os segredos sombrios que ela guardava. Toda vez que cruzavam o caminho uma da outra, havia faíscas de ódio, e as duas pareciam à beira de se agredir fisicamente. Mary, completamente enlouquecida e descontrolada, estava virando o Nanctus de cabeça para baixo com sua nova sede de poder, sangue e caos. Jude, sendo tentada pelo demônio, começava a sucumbir lentamente, sendo arruinada aos poucos pela força avassaladora de Mary e pelos conflitos internos.
Enquanto a desordem dominava o Nanctus, o grupo de Lizzie, Freya, Margot, Dorian, e Declan lutava para encontrar uma saída. Eles haviam planejado uma fuga, mas o clima de desconfiança estava cada vez mais forte. Lizzie e Freya não confiavam em Declan — como poderiam confiar em alguém acusado de tantos assassinatos brutais? Margot, por outro lado, começava a acreditar que Declan poderia ser inocente, e isso dividia ainda mais o grupo. As discussões se tornaram frequentes, e a tensão entre eles crescia.
Então, veio mais uma noite de cinema, uma tentativa desesperada de Jude para relaxar os pacientes cada vez mais agitados. Era uma tentativa de restaurar um pouco de ordem em meio a anarquia crescente. Mas, enquanto o filme projetava suas sombras na parede, o verdadeiro terror começou do lado de fora. Uma tempestade violenta varria o asilo, e nas sombras da noite, criaturas espreitavam — forças sombrias e monstruosas que pareciam estar à espera do momento certo para atacar. A fuga planejada foi um fracasso total. As bruxas e Dorian estavam fracos demais para lutar, debilitados pelos remédios e pelas torturas constantes.
E foi nesse momento de fraqueza e pânico que Declan finalmente percebeu a verdade sobre seus companheiros de cela: eles eram bruxos e bruxas. A revelação caiu sobre ele como um raio. Embora já tivesse desconfiado de algo, ver o poder latente nas meninas e em Dorian foi um choque. Isso mudava tudo.
Nos dias que se seguiram, o grupo tentou mais algumas fugas desesperadas, mas nenhuma delas deu certo. O Nanctus Asylum era uma prisão impenetrável. Cada tentativa falhava e os deixava ainda mais fracos.
Mary, cada vez mais descontrolada, assumia uma posição de poder, tomando o controle do asilo de uma forma que Jude jamais imaginaria. O demônio dentro de Mary estava se tornando imbatível, e a superiora Jude era cada vez mais tentada, cada vez mais envolvida em sua própria ruína. As provocações de Mary não paravam, e Jude, outrora firme e inabalável, começava a desmoronar.
A loucura dominava o Nanctus. E, com o passar dos dias, a possibilidade de escapar parecia mais distante do que nunca.
Varnell tinha sido enviado para investigar o caso do homem acusado de ser o responsável pela série de assassinatos em Hollowind — o sujeito chamado Declan Forrester - apelidado de Dedé por Margot - cuja presença no asilo já causava comoção.
O governo queria saber se Declan deveria ser levado a julgamento ou mantido no asilo para sempre. Mas diferente de muitos que pisaram no Nanctus, Varnell não parecia interessado em cumprir cegamente os protocolos cruéis da instituição. Pelo contrário, ele começou a se mostrar um aliado improvável.
Com uma aparência calma e refinada, Dr. Varnell imediatamente começou a observar as condições desumanas dos pacientes e os métodos extremamente questionáveis de Jude e do Dr. Williams. Ele se incomodava com a forma como os internos eram tratados, especialmente os mais vulneráveis, e isso o levou a enfrentar de maneira sutil, mas firme, a liderança brutal de Jude e Dr. Williams. Sua investigação logo se expandiu de Declan para os horrores generalizados do Nanctus, e seu desejo de ajudar Declan parecia genuíno.
E não era apenas Declan que chamava a atenção do novo médico. Varnell também se preocupava com os pacientes mais novos e mais frágeis, incluindo as bruxas Lizzie, Margot e Freya, e também com Dorian, que estava sendo cruelmente torturado pelo Dr. Williams, que via nele um desafio à sua autoridade.
A Irmã Mary, completamente corrompida e dominada por uma força maligna, se divertia ao assistir o sofrimento de Dorian, provocando-o sempre que podia.
Jude, no entanto, não estava nada satisfeita com a presença do Dr. Varnell. Ela sentia que ele estava minando sua autoridade, atrapalhando seus métodos cruéis e desafiando sua liderança. Cada pequena intervenção do médico era uma afronta pessoal, e a tensão entre os dois começou a crescer rapidamente, até o ponto de rivalidade aberta. Jude, sempre rígida e disciplinada, estava à beira de perder o controle — e isso só piorava com Mary, que parecia ter um único objetivo: destruir Jude de dentro para fora.
Mary, possuída por uma maldade quase visceral, estava começando a jogar com o passado de Jude, provocando-a com os segredos sombrios que ela guardava. Toda vez que cruzavam o caminho uma da outra, havia faíscas de ódio, e as duas pareciam à beira de se agredir fisicamente. Mary, completamente enlouquecida e descontrolada, estava virando o Nanctus de cabeça para baixo com sua nova sede de poder, sangue e caos. Jude, sendo tentada pelo demônio, começava a sucumbir lentamente, sendo arruinada aos poucos pela força avassaladora de Mary e pelos conflitos internos.
Enquanto a desordem dominava o Nanctus, o grupo de Lizzie, Freya, Margot, Dorian, e Declan lutava para encontrar uma saída. Eles haviam planejado uma fuga, mas o clima de desconfiança estava cada vez mais forte. Lizzie e Freya não confiavam em Declan — como poderiam confiar em alguém acusado de tantos assassinatos brutais? Margot, por outro lado, começava a acreditar que Declan poderia ser inocente, e isso dividia ainda mais o grupo. As discussões se tornaram frequentes, e a tensão entre eles crescia.
Então, veio mais uma noite de cinema, uma tentativa desesperada de Jude para relaxar os pacientes cada vez mais agitados. Era uma tentativa de restaurar um pouco de ordem em meio a anarquia crescente. Mas, enquanto o filme projetava suas sombras na parede, o verdadeiro terror começou do lado de fora. Uma tempestade violenta varria o asilo, e nas sombras da noite, criaturas espreitavam — forças sombrias e monstruosas que pareciam estar à espera do momento certo para atacar. A fuga planejada foi um fracasso total. As bruxas e Dorian estavam fracos demais para lutar, debilitados pelos remédios e pelas torturas constantes.
E foi nesse momento de fraqueza e pânico que Declan finalmente percebeu a verdade sobre seus companheiros de cela: eles eram bruxos e bruxas. A revelação caiu sobre ele como um raio. Embora já tivesse desconfiado de algo, ver o poder latente nas meninas e em Dorian foi um choque. Isso mudava tudo.
Nos dias que se seguiram, o grupo tentou mais algumas fugas desesperadas, mas nenhuma delas deu certo. O Nanctus Asylum era uma prisão impenetrável. Cada tentativa falhava e os deixava ainda mais fracos.
Mary, cada vez mais descontrolada, assumia uma posição de poder, tomando o controle do asilo de uma forma que Jude jamais imaginaria. O demônio dentro de Mary estava se tornando imbatível, e a superiora Jude era cada vez mais tentada, cada vez mais envolvida em sua própria ruína. As provocações de Mary não paravam, e Jude, outrora firme e inabalável, começava a desmoronar.
A loucura dominava o Nanctus. E, com o passar dos dias, a possibilidade de escapar parecia mais distante do que nunca.
10
Capítulo IX beijos, blues e poesia.
Jude St. Claire, uma mulher que parecia ser a encarnação do mal no Nanctus, nem sempre foi aquela figura odiosa. Muito antes de se tornar a temida superiora do asilo, Jude era uma cantora encantadora e uma presença sedutora nas noites vibrantes da cidade.
A sereia de Hollowind.
Ela iluminava os salões e bares onde se apresentava, com uma beleza deslumbrante e uma voz hipnotizante. Homens caíam aos seus pés, cativados por seu charme arrebatador e sua confiança inabalável. Jude vivia no auge da vaidade e do prazer, colhendo os frutos de uma juventude cheia de oportunidades e paixões intensas.
Mas conforme o tempo passou, Jude começou a trilhar um caminho sombrio. Ela se envolveu em um ciclo destrutivo de drogas e álcool, usando-os para preencher um vazio que as noites de brilho e glamour não podiam satisfazer. Seus vícios começaram a consumir sua vida. Aos poucos, as oportunidades foram desaparecendo. Sua voz, outrora encantadora, se transformou falha sob o efeito da bebida, e a beleza que tanto prezava começou a se desvanecer à medida que o tempo e os excessos cobravam seu preço.
Jude se viu presa em uma espiral de decadência. Cada vez mais afastada de sua antiga vida de luxo e festas, ela se isolava em quartos sujos de hotéis baratos, afundada em seu vício. Sua vaidade, que outrora a sustentava, virou uma fonte de agonia. O espelho que antes refletia seu orgulho agora mostrava as marcas de uma vida perdida: rugas precoces, olheiras profundas, uma beleza destruída pela autossabotagem. O que ela mais temia — o esquecimento e a feiúra — começou a tomar conta de sua vida.
Uma noite, completamente bêbada e fora de si, Jude cometeu o maior erro de sua vida. Enquanto dirigia sem rumo, tentando fugir de seus próprios demônios, atropelou uma jovem menina que atravessava a rua desatenta. O impacto foi brutal, e Jude, em completo desespero e pânico, fugiu sem sequer olhar para trás. A imagem da menina ferida ficou gravada em sua mente, assombrando-a diariamente. O remorso a corroía, mas ela nunca teve coragem de confessar o crime. Essa culpa silenciosa foi o primeiro grande peso que arruinou de vez o pouco que restava de sua alma.
Pouco tempo depois, Jude se envolveu com um homem que acreditava ser a solução para sua decadência. Ele era charmoso, promissor, e a pediu em casamento, oferecendo a chance de uma nova vida. No entanto, o relacionamento rapidamente se tornou tóxico e abusivo. Eles discutiam com frequência, e numa noite de raiva e embriaguez, ele a agrediu fisicamente. Movida por um misto de desespero e sobrevivência, Jude revidou de forma impulsiva e fatal. Ela o matou em um surto de pânico, e quando se deu conta do que havia feito, o arrependimento a atingiu com uma força avassaladora.
Seus pais estavam mortos.
Seus irmãos estavam mortos.
Os amigos que nunca teve, estavam mortos.
Seu noivo estava morto.
Ela estava morrendo.
Desesperada, sem um lugar no mundo e com o peso de duas tragédias nas costas, Jude buscou refúgio no único lugar onde acreditava que poderia encontrar redenção:
a Igreja.
Ela se isolou da vida que conhecia e se escondeu por trás dos muros de um convento, tornando-se freira em uma tentativa desesperada de expiar seus pecados. No entanto, seu coração nunca encontrou a paz que tanto buscava. Em vez de se purificar, a religiosidade exacerbou seus ressentimentos e transformou seu remorso em crueldade.
O que antes era vaidade e sedução, se tornara controle e dominação. Jude foi lentamente se tornando uma mulher amarga, que descontava sua própria miséria em todos ao seu redor. No Nanctus, ela encontrou um lugar onde sua rigidez e frieza eram vistas como virtudes. Ali, Jude podia exercer poder absoluto sobre os outros, infligindo a dor que ela mesma sentia. Os pacientes, frágeis e indefesos, tornaram-se alvos fáceis de sua raiva reprimida.
No entanto, sempre houve algo mais profundo em Jude. Por baixo da crueldade implacável, ainda existia uma fagulha de compaixão — uma parte de si que ela escondia cuidadosamente. Cada vez que ela punia ou torturava alguém, havia um momento de hesitação, um eco distante da mulher que uma vez quis ser amada e perdoada. Mas aquela compaixão, tão reprimida e esquecida, nunca durou muito. O remorso por seus pecados do passado pesava demais para que ela pudesse ser misericordiosa.
Jude, atormentada por seus erros, não acredita que haja redenção para si mesma, e isso alimenta seu ciclo de destruição. A memória da menina atropelada segue a assombrando, assim como o homem que ela matou. E dali em diante, conforme tenta manter controle sobre o Nanctus e sobre seu próprio declínio espiritual, Jude enfrentava batalhas ainda maiores;
sua humanidade, se esvaindo a cada dia que passa.
A sereia de Hollowind.
Ela iluminava os salões e bares onde se apresentava, com uma beleza deslumbrante e uma voz hipnotizante. Homens caíam aos seus pés, cativados por seu charme arrebatador e sua confiança inabalável. Jude vivia no auge da vaidade e do prazer, colhendo os frutos de uma juventude cheia de oportunidades e paixões intensas.
Mas conforme o tempo passou, Jude começou a trilhar um caminho sombrio. Ela se envolveu em um ciclo destrutivo de drogas e álcool, usando-os para preencher um vazio que as noites de brilho e glamour não podiam satisfazer. Seus vícios começaram a consumir sua vida. Aos poucos, as oportunidades foram desaparecendo. Sua voz, outrora encantadora, se transformou falha sob o efeito da bebida, e a beleza que tanto prezava começou a se desvanecer à medida que o tempo e os excessos cobravam seu preço.
Jude se viu presa em uma espiral de decadência. Cada vez mais afastada de sua antiga vida de luxo e festas, ela se isolava em quartos sujos de hotéis baratos, afundada em seu vício. Sua vaidade, que outrora a sustentava, virou uma fonte de agonia. O espelho que antes refletia seu orgulho agora mostrava as marcas de uma vida perdida: rugas precoces, olheiras profundas, uma beleza destruída pela autossabotagem. O que ela mais temia — o esquecimento e a feiúra — começou a tomar conta de sua vida.
Uma noite, completamente bêbada e fora de si, Jude cometeu o maior erro de sua vida. Enquanto dirigia sem rumo, tentando fugir de seus próprios demônios, atropelou uma jovem menina que atravessava a rua desatenta. O impacto foi brutal, e Jude, em completo desespero e pânico, fugiu sem sequer olhar para trás. A imagem da menina ferida ficou gravada em sua mente, assombrando-a diariamente. O remorso a corroía, mas ela nunca teve coragem de confessar o crime. Essa culpa silenciosa foi o primeiro grande peso que arruinou de vez o pouco que restava de sua alma.
Pouco tempo depois, Jude se envolveu com um homem que acreditava ser a solução para sua decadência. Ele era charmoso, promissor, e a pediu em casamento, oferecendo a chance de uma nova vida. No entanto, o relacionamento rapidamente se tornou tóxico e abusivo. Eles discutiam com frequência, e numa noite de raiva e embriaguez, ele a agrediu fisicamente. Movida por um misto de desespero e sobrevivência, Jude revidou de forma impulsiva e fatal. Ela o matou em um surto de pânico, e quando se deu conta do que havia feito, o arrependimento a atingiu com uma força avassaladora.
Seus pais estavam mortos.
Seus irmãos estavam mortos.
Os amigos que nunca teve, estavam mortos.
Seu noivo estava morto.
Ela estava morrendo.
Desesperada, sem um lugar no mundo e com o peso de duas tragédias nas costas, Jude buscou refúgio no único lugar onde acreditava que poderia encontrar redenção:
a Igreja.
Ela se isolou da vida que conhecia e se escondeu por trás dos muros de um convento, tornando-se freira em uma tentativa desesperada de expiar seus pecados. No entanto, seu coração nunca encontrou a paz que tanto buscava. Em vez de se purificar, a religiosidade exacerbou seus ressentimentos e transformou seu remorso em crueldade.
O que antes era vaidade e sedução, se tornara controle e dominação. Jude foi lentamente se tornando uma mulher amarga, que descontava sua própria miséria em todos ao seu redor. No Nanctus, ela encontrou um lugar onde sua rigidez e frieza eram vistas como virtudes. Ali, Jude podia exercer poder absoluto sobre os outros, infligindo a dor que ela mesma sentia. Os pacientes, frágeis e indefesos, tornaram-se alvos fáceis de sua raiva reprimida.
No entanto, sempre houve algo mais profundo em Jude. Por baixo da crueldade implacável, ainda existia uma fagulha de compaixão — uma parte de si que ela escondia cuidadosamente. Cada vez que ela punia ou torturava alguém, havia um momento de hesitação, um eco distante da mulher que uma vez quis ser amada e perdoada. Mas aquela compaixão, tão reprimida e esquecida, nunca durou muito. O remorso por seus pecados do passado pesava demais para que ela pudesse ser misericordiosa.
Jude, atormentada por seus erros, não acredita que haja redenção para si mesma, e isso alimenta seu ciclo de destruição. A memória da menina atropelada segue a assombrando, assim como o homem que ela matou. E dali em diante, conforme tenta manter controle sobre o Nanctus e sobre seu próprio declínio espiritual, Jude enfrentava batalhas ainda maiores;
sua humanidade, se esvaindo a cada dia que passa.
11
Capítulo X chuva de fogo.
Lizzie estava no limite do desespero quando correu até o escritório do Dr. Augustin Varnell. Seu coração acelerado e seus pensamentos em turbilhão refletiam o inferno em que o Nanctus a havia lançado. Augustin, com seu charme glacial e palavras envolventes, prometeu-lhe uma saída. Ele garantiria que ela, Dorian, Margot, Freya e Declan escapariam daquele pesadelo, ofereceu esperança como um raio de sol tímido entre nuvens escuras. No entanto, por trás de cada promessa, havia uma obcecada obsessão por Lizzie. Ela era a chave de algo maior para ele — algo que nem ela, nem suas amigas podiam imaginar. E, mesmo que no fundo soubesse que havia algo errado, Lizzie não tinha outra escolha.
Era a única chance que elas tinham.
Nos dias que antecederam o plano de fuga, Lizzie foi atormentada por pesadelos. No fundo de sua mente, sentia algo se movendo — algo vasto, poderoso e terrível, aproximando-se a cada noite, mas sem conseguir identificar o que era. Cada vez que fechava os olhos, sua mente era invadida por visões de destruição, de uma força incontrolável tomando conta de seu corpo. Mas seus amigos estavam ocupados com suas próprias batalhas. Dorian, desesperado por recuperar sua magia, estava consumido por seus próprios rituais e pactos. Margot e Freya, focadas em investigar os segredos sombrios de Jude e Mary, não tinham tempo para perceber os sinais sombrios que rondavam Lizzie.
Enquanto isso, Augustin jogava seu jogo com Declan. O homem, já confuso e mentalmente exausto, foi manipulado, levado a confessar crimes que não cometeu. Declan foi enrolado nas teias de mentiras de Augustin, acreditando que, de alguma forma, aquilo seria sua salvação. E, com a confissão em mãos, Augustin executou a última fase de seu plano: tirar Lizzie do Nanctus, sem deixar rastro para as outras bruxas e para Dorian.
Dorian, no entanto, não seria deixado para trás tão facilmente. Em um momento de desespero, ele se conectou com uma entidade antiga, uma manifestação da própria Morte que havia sido atraída para os horrores de Nanctus. O pacto que ele firmou restaurou seus poderes — mas a um preço alto. Agora, mais forte e letal do que nunca, Dorian escapou do sanatório, estava na hora daquele horror ter um fim.
Augustin levou Lizzie até sua casa, uma mansão afastada e soturna. Desde o momento em que passou pela porta, Lizzie sentiu que algo estava terrivelmente errado. O lugar era um museu de horrores. Peles humanas e animais adornavam as paredes, amuletos e runas obscuras espalhados por cada canto. Era a câmara do macabro. E então, com um sorriso frio, Augustin revelou a verdade: ele era o verdadeiro assassino de Hollowind.
Não apenas isso, mas também descendia de uma linhagem de caçadores de bruxas responsáveis por massacres de covens, incluindo os ancestrais de Lizzie.
Ele a aprisionou no porão, determinado a usá-la como parte de seu ritual final. Mas Lizzie não era mais a mesma. Algo estava crescendo dentro dela, uma energia incontrolável que queimava por suas veias. Ela estava mudando, metamorfoseando-se em algo grandioso, perigoso. O despertar que viria seria catastrófico.
Os demônios ao seu redor sussurravam, pressagiando sua transformação.
Apesar do terror, Lizzie encontrou uma forma de escapar, rompendo os grilhões que Augustin havia imposto. Fugindo pela estrada deserta, pensou ter encontrado uma chance de liberdade quando um carro parou para ajudá-la. Mas o homem ao volante era um lunático, e a corrida terminou em um acidente violento, deixando Lizzie inconsciente. Quando ela despertou, estava de volta ao Nanctus. Mas agora, as runas que antes a controlavam já não tinham mais poder.
A magia viva estava fluindo dentro dela, pulsando de forma incontrolável.
Ao reencontrar Margot, Freya e Declan, Lizzie soube, sem sombra de dúvida, que Declan era inocente. O grupo, finalmente unido, decidiu que se ajudariam mutuamente a sair dali e expor ao mundo a verdade sobre Nanctus e seus horrores.
Enquanto isso, o sanatório estava mergulhado em uma bizarra preparação natalina. A Irmã Mary, mais descontrolada do que nunca, enfeitou o lugar com uma decoração exagerada, quase grotesca, transformando o ambiente em um pesadelo natalino. O próprio demônio parecia se divertir com o espetáculo montado.
Jude e o Dr. Williams, por sua vez, entraram em uma trégua suspeita. Mal sabiam que aquilo fazia parte de uma trama de traição, orquestrada por Williams e o Padre Claudius, para tirar a vida de Jude na véspera de Natal. Usariam um dos pacientes que mais a odiavam para matá-la, vingando-se de sua tirania. No entanto, Jude, sempre um passo à frente, fugiu antes que o plano pudesse ser concretizado. Com a ajuda de Freya, que recuperou sua magia, elas desmancharam as runas e escaparam juntas do Nanctus, disfarçadas em trajes de Mamãe Noel.
Jude desapareceu, e Freya, desesperada, buscou ajuda no coven da Academia de Artes Ocultas, na intenção de contar-lhes tudo o que havia acontecido.
Enquanto isso, Lizzie e Margot estavam fugindo de Augustin, que as havia rastreado até Nanctus, determinado a matá-las. Mas as bruxas, unindo suas forças, finalmente dominaram o caçador. Augustin, percebendo que estava cercado por bruxas, surtou de horror. Elas o amarraram e, com um ritual poderoso, o forçaram a confessar todos os seus crimes.
Inesperadamente, para o azar das garotas, Irmã Mary surgirw das sombras, manipulando o corpo de Augustin como um fantoche. O demônio estava solto, e a noite de Natal terminaria em um banho de sangue.
Jingle Bell Rock.
Era a única chance que elas tinham.
Nos dias que antecederam o plano de fuga, Lizzie foi atormentada por pesadelos. No fundo de sua mente, sentia algo se movendo — algo vasto, poderoso e terrível, aproximando-se a cada noite, mas sem conseguir identificar o que era. Cada vez que fechava os olhos, sua mente era invadida por visões de destruição, de uma força incontrolável tomando conta de seu corpo. Mas seus amigos estavam ocupados com suas próprias batalhas. Dorian, desesperado por recuperar sua magia, estava consumido por seus próprios rituais e pactos. Margot e Freya, focadas em investigar os segredos sombrios de Jude e Mary, não tinham tempo para perceber os sinais sombrios que rondavam Lizzie.
Enquanto isso, Augustin jogava seu jogo com Declan. O homem, já confuso e mentalmente exausto, foi manipulado, levado a confessar crimes que não cometeu. Declan foi enrolado nas teias de mentiras de Augustin, acreditando que, de alguma forma, aquilo seria sua salvação. E, com a confissão em mãos, Augustin executou a última fase de seu plano: tirar Lizzie do Nanctus, sem deixar rastro para as outras bruxas e para Dorian.
Dorian, no entanto, não seria deixado para trás tão facilmente. Em um momento de desespero, ele se conectou com uma entidade antiga, uma manifestação da própria Morte que havia sido atraída para os horrores de Nanctus. O pacto que ele firmou restaurou seus poderes — mas a um preço alto. Agora, mais forte e letal do que nunca, Dorian escapou do sanatório, estava na hora daquele horror ter um fim.
Augustin levou Lizzie até sua casa, uma mansão afastada e soturna. Desde o momento em que passou pela porta, Lizzie sentiu que algo estava terrivelmente errado. O lugar era um museu de horrores. Peles humanas e animais adornavam as paredes, amuletos e runas obscuras espalhados por cada canto. Era a câmara do macabro. E então, com um sorriso frio, Augustin revelou a verdade: ele era o verdadeiro assassino de Hollowind.
Não apenas isso, mas também descendia de uma linhagem de caçadores de bruxas responsáveis por massacres de covens, incluindo os ancestrais de Lizzie.
Ele a aprisionou no porão, determinado a usá-la como parte de seu ritual final. Mas Lizzie não era mais a mesma. Algo estava crescendo dentro dela, uma energia incontrolável que queimava por suas veias. Ela estava mudando, metamorfoseando-se em algo grandioso, perigoso. O despertar que viria seria catastrófico.
Os demônios ao seu redor sussurravam, pressagiando sua transformação.
Apesar do terror, Lizzie encontrou uma forma de escapar, rompendo os grilhões que Augustin havia imposto. Fugindo pela estrada deserta, pensou ter encontrado uma chance de liberdade quando um carro parou para ajudá-la. Mas o homem ao volante era um lunático, e a corrida terminou em um acidente violento, deixando Lizzie inconsciente. Quando ela despertou, estava de volta ao Nanctus. Mas agora, as runas que antes a controlavam já não tinham mais poder.
A magia viva estava fluindo dentro dela, pulsando de forma incontrolável.
Ao reencontrar Margot, Freya e Declan, Lizzie soube, sem sombra de dúvida, que Declan era inocente. O grupo, finalmente unido, decidiu que se ajudariam mutuamente a sair dali e expor ao mundo a verdade sobre Nanctus e seus horrores.
Enquanto isso, o sanatório estava mergulhado em uma bizarra preparação natalina. A Irmã Mary, mais descontrolada do que nunca, enfeitou o lugar com uma decoração exagerada, quase grotesca, transformando o ambiente em um pesadelo natalino. O próprio demônio parecia se divertir com o espetáculo montado.
Jude e o Dr. Williams, por sua vez, entraram em uma trégua suspeita. Mal sabiam que aquilo fazia parte de uma trama de traição, orquestrada por Williams e o Padre Claudius, para tirar a vida de Jude na véspera de Natal. Usariam um dos pacientes que mais a odiavam para matá-la, vingando-se de sua tirania. No entanto, Jude, sempre um passo à frente, fugiu antes que o plano pudesse ser concretizado. Com a ajuda de Freya, que recuperou sua magia, elas desmancharam as runas e escaparam juntas do Nanctus, disfarçadas em trajes de Mamãe Noel.
Jude desapareceu, e Freya, desesperada, buscou ajuda no coven da Academia de Artes Ocultas, na intenção de contar-lhes tudo o que havia acontecido.
Enquanto isso, Lizzie e Margot estavam fugindo de Augustin, que as havia rastreado até Nanctus, determinado a matá-las. Mas as bruxas, unindo suas forças, finalmente dominaram o caçador. Augustin, percebendo que estava cercado por bruxas, surtou de horror. Elas o amarraram e, com um ritual poderoso, o forçaram a confessar todos os seus crimes.
Inesperadamente, para o azar das garotas, Irmã Mary surgirw das sombras, manipulando o corpo de Augustin como um fantoche. O demônio estava solto, e a noite de Natal terminaria em um banho de sangue.
Jingle Bell Rock.
12
Capítulo XI a hora das bruxas; parte 1
Era impossível escapar do caos. Lizzie e Margot, com a adrenalina e o desespero no auge, corriam pelos corredores sombrios do Nanctus, nem percebendo que Augustin não estava mais atrás delas. Era Mary quem agora assumia o papel de predadora, seus passos implacáveis ecoando pelas paredes como um prenúncio de morte. A freira estava completamente possuída, seus olhos brilhando com a loucura demoníaca que tomara conta de seu ser.
Margot, num ato desesperado e calculado, se separou de Lizzie, correndo em direção à ala onde Declan estava sendo torturado. Ela lançou feitiços pelos corredores, praguejando em línguas antigas, suas mãos emitindo faíscas de energia mágica que se expandiam e corrompiam as entranhas do manicômio. O caos se alastrava como um veneno, atingindo guardas, internos e o próprio edifício. Os feitiços de Margot instigavam pânico absoluto, e o Nanctus parecia estar à beira de explodir. Os pacientes eram multiplicados, fugiam como ratos desesperados, invadindo as saídas, empurrando-se e tropeçando em meio à confusão. Nada mais funcionava, e Margot sabia que esse era o primeiro passo para a grande fuga.
Enquanto isso, Lizzie se encontrava sozinha diante de Mary, que avançava com um sorriso maníaco nos lábios. O monstro dentro de Lizzie sussurrava, como sempre, tentando corrompê-la, instigando o medo. “Você nunca será forte o bastante”, sibilava aquela voz interior, enquanto Lizzie respirava fundo, seus olhos em chamas. O confronto começou sem piedade.
A cada golpe, Lizzie sentia a pressão do mal dentro dela, crescendo, ameaçando consumi-la. Mary era rápida, mortal, e as risadas demoníacas ecoavam pela sala, se misturando com o som de explosões no manicômio.
Mas o verdadeiro colapso começou quando, sem aviso, o grande salão foi invadido por um grito ensurdecedor. Quebrando a enorme vidraça do teto, Clarissa entrou como uma tempestade maligna, montada em sua vassoura com uma risada estridente que fez até mesmo as paredes do Nanctus tremerem. Atrás dela, um enxame de bruxas seguia, suas mãos tecendo feitiços que incendiavam o local com chamas escarlate munidas de um laranja faminto. O fogo se espalhou rápido, e Clarissa, com seus olhos faiscando de prazer, provocou ainda mais destruição com um movimento de suas mãos retorcidas.
Onde tem fumaça, tem Clarissa.
Lizzie, exausta, mas ainda lutando, foi pega desprevenida. Num instante de fraqueza, Mary aproveitou e desferiu um golpe letal. O tempo pareceu parar quando Lizzie foi ao chão, o sangue escorrendo por seus lábios, seus olhos azuis perdendo o brilho. Margot, ainda lutando, correndo com Declan, gritou em desespero ao sentir a conexão com sua amiga se desfazer. O silêncio que seguiu foi ainda mais aterrorizante do que o caos ao redor.
Mary, satisfeita, riu com a vitória amarga na boca. Mas então, algo mudou. O ar ao redor de Lizzie começou a crepitar, o corpo dela, antes inerte, começou a emanar uma energia jamais vista. O demônio dentro de Mary, que havia se sentido invencível, agora tremia. Literalmente, o medo tomava conta da criatura. Lizzie ressurgia, como um farol, suas feridas se fechando, seus olhos se transformando em algo além da mortalidade. A jovem bruxa se levantou lentamente, levitando, como uma fênix das cinzas, sua presença imensa, esmagadora.
Mary tentou lutar, mas agora era tarde. Lizzie, com uma fúria controlada e letal, ergueu a mão. Magia pulsavam por seu corpo como lava viva, queimando e destruindo tudo à sua volta.
— Você não sabe o que fez, criatura desprezível. — disse a Spellfemme, sua voz ecoando como um trovão. O poder que emanava dela era antigo, indomável, e em um único movimento, Lizzie desfez Mary em uma explosão de carne e ossos, reduzindo-a a meros restos que se misturavam ao fogo crescente.
Ao redor, o manicômio queimava. O caos era total, mas Lizzie, agora mais poderosa do que nunca, estava de volta. A bruxinha loira havia despertado completamente, e nada, nem demônios, nem caçadores, nem o próprio inferno, poderiam detê-la agora.
Margot, num ato desesperado e calculado, se separou de Lizzie, correndo em direção à ala onde Declan estava sendo torturado. Ela lançou feitiços pelos corredores, praguejando em línguas antigas, suas mãos emitindo faíscas de energia mágica que se expandiam e corrompiam as entranhas do manicômio. O caos se alastrava como um veneno, atingindo guardas, internos e o próprio edifício. Os feitiços de Margot instigavam pânico absoluto, e o Nanctus parecia estar à beira de explodir. Os pacientes eram multiplicados, fugiam como ratos desesperados, invadindo as saídas, empurrando-se e tropeçando em meio à confusão. Nada mais funcionava, e Margot sabia que esse era o primeiro passo para a grande fuga.
Enquanto isso, Lizzie se encontrava sozinha diante de Mary, que avançava com um sorriso maníaco nos lábios. O monstro dentro de Lizzie sussurrava, como sempre, tentando corrompê-la, instigando o medo. “Você nunca será forte o bastante”, sibilava aquela voz interior, enquanto Lizzie respirava fundo, seus olhos em chamas. O confronto começou sem piedade.
A cada golpe, Lizzie sentia a pressão do mal dentro dela, crescendo, ameaçando consumi-la. Mary era rápida, mortal, e as risadas demoníacas ecoavam pela sala, se misturando com o som de explosões no manicômio.
Mas o verdadeiro colapso começou quando, sem aviso, o grande salão foi invadido por um grito ensurdecedor. Quebrando a enorme vidraça do teto, Clarissa entrou como uma tempestade maligna, montada em sua vassoura com uma risada estridente que fez até mesmo as paredes do Nanctus tremerem. Atrás dela, um enxame de bruxas seguia, suas mãos tecendo feitiços que incendiavam o local com chamas escarlate munidas de um laranja faminto. O fogo se espalhou rápido, e Clarissa, com seus olhos faiscando de prazer, provocou ainda mais destruição com um movimento de suas mãos retorcidas.
Onde tem fumaça, tem Clarissa.
Lizzie, exausta, mas ainda lutando, foi pega desprevenida. Num instante de fraqueza, Mary aproveitou e desferiu um golpe letal. O tempo pareceu parar quando Lizzie foi ao chão, o sangue escorrendo por seus lábios, seus olhos azuis perdendo o brilho. Margot, ainda lutando, correndo com Declan, gritou em desespero ao sentir a conexão com sua amiga se desfazer. O silêncio que seguiu foi ainda mais aterrorizante do que o caos ao redor.
Mary, satisfeita, riu com a vitória amarga na boca. Mas então, algo mudou. O ar ao redor de Lizzie começou a crepitar, o corpo dela, antes inerte, começou a emanar uma energia jamais vista. O demônio dentro de Mary, que havia se sentido invencível, agora tremia. Literalmente, o medo tomava conta da criatura. Lizzie ressurgia, como um farol, suas feridas se fechando, seus olhos se transformando em algo além da mortalidade. A jovem bruxa se levantou lentamente, levitando, como uma fênix das cinzas, sua presença imensa, esmagadora.
Mary tentou lutar, mas agora era tarde. Lizzie, com uma fúria controlada e letal, ergueu a mão. Magia pulsavam por seu corpo como lava viva, queimando e destruindo tudo à sua volta.
— Você não sabe o que fez, criatura desprezível. — disse a Spellfemme, sua voz ecoando como um trovão. O poder que emanava dela era antigo, indomável, e em um único movimento, Lizzie desfez Mary em uma explosão de carne e ossos, reduzindo-a a meros restos que se misturavam ao fogo crescente.
Ao redor, o manicômio queimava. O caos era total, mas Lizzie, agora mais poderosa do que nunca, estava de volta. A bruxinha loira havia despertado completamente, e nada, nem demônios, nem caçadores, nem o próprio inferno, poderiam detê-la agora.
13
Capítulo XII a hora das bruxas; parte 2
O caos em Nanctus alcançava seu ápice.
As chamas consumiam o manicômio enquanto os gritos dos internos (em sua minoria, visto que os “inocentes” foram protegidos por feitiços de Margot e Freya) e funcionários ecoavam por toda parte.
O Dr. Williams, que sempre se orgulhara de seus experimentos grotescos, observava, impotente, à destruição total de seu império. Suas pesquisas, seus segredos, tudo se desmanchava no calor do fogo. Quando a notícia da morte de sua querida Mary chegou até ele, um vazio profundo o tomou. Sem mais razão para lutar, Dr. Williams caminhou calmamente até o fogo que devorava o prédio e, sem hesitar, lançou-se nas chamas, entregando-se ao destino cruel que ele mesmo ajudara a forjar.
Enquanto isso, o Padre Claudius, tomado pelo desespero ao ver o domínio das bruxas e a queda do hospício, fugia em seu carro o mais rápido que podia. As árvores passavam como borrões pela estrada escura, seus pensamentos turvos com o medo de ser capturado. Mas sua fuga abrupta foi interrompida quando um carro veio em sua direção e bateu de frente com o dele. Desnorteado, ele mal teve tempo de reagir quando a porta do outro carro se abriu e, em meio à fumaça e ao crepúsculo da noite, surgiu Jude. Com um vestido preto justo, um salto finíssimo e óculos de sol, sua postura era imponente.
Ela se aproximou lentamente, e antes que o Padre Claudius pudesse articular uma palavra, Jude começou a desfilar uma cascata de insultos, desmontando o ego dele peça por peça. Cada palavra dela era uma lâmina afiada, cortando profundamente, humilhando-o ao ponto de deixá-lo reduzido a um trapo humano, um homem completamente destruído, incapaz de reagir ou contra-atacar. Ela pisou com força apertando seu salto na região da intimidade de Claudius, o abandonando na estrada, desaparecendo como um tufão na estrada.
À medida a cidade mergulhava na noite, um exército de bruxos e bruxas da Academia, liderados por Dorian, se aproximava discretamente. Eles lançavam feitiços pelas ruas, ocultos nas sombras, tomando controle de tudo sem serem percebidos. Era uma tomada silenciosa, mas eficaz. O dia foi engolido pela escuridão enquanto o poder das bruxas crescia, dominando cada recanto da cidade.
As Valerias, por sua vez, não escaparam de seu destino. Suas crueldades milenares finalmente as alcançaram, e foram amaldiçoadas com joias que anulavam sua magia. Desesperadas, elas foram jogadas através de um portal mágico que as levou para uma floresta desconhecida, próxima de sua casa na Nigéria. Aquilo seria sua nova prisão, uma consequência de seus atos malignos acumulados ao longo dos séculos.
Augustin Varnell, covarde e patético, conseguiu chegar à sua casa, achando-se seguro. Mas, ao abrir a porta de sua sala, deu de cara com Cordelia e Theodora. As duas estavam serenas, mas a frieza em seus olhos era mais apavorante do que qualquer feitiço.
Elas revelaram estar de posse de confissões incriminatórias sobre ele, alegando que haviam copiado todos os objetos e segredos de Lizzie. Claro, era uma mentira, mas a humilhação era o verdadeiro objetivo. Augustin, impotente e aterrorizado, sentia o peso de sua derrota iminente.
As duas bruxas não pararam por aí. Elas o amaldiçoaram, e em questão de segundos, o corpo de Augustin começou a apodrecer, sua carne caindo em pedaços enquanto ele gritava em agonia. Cordelia, impaciente, deixou de lado qualquer compaixão que restava em Theodora e, num ato final de crueldade, pôs fim à vida de Augustin de uma forma tão brutal que seus gritos ecoaram por quilômetros.
-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_ 🔮
Após dias de recuperação, Spellfemme Castrum estava animada, repleta de sorrisos e risadas. As tias, Cordelia e Theodora, prepararam um banquete encantador (mais Theodora), com aromas que invadiam a sala, misturando especiarias e toques mágicos que deixavam o ambiente ainda mais aconchegante.
A mesa estava lindamente decorada, com velas acesas e flores frescas, refletindo a luz suave que entrava pelas janelas. Lizzie se sentou no centro, cercada por seus amigos Dorian, Margot, Freya, e Declan, todos contribuindo para o clima alegre da noite. O ambiente estava repleto de conversas e risadas.
— E então, você realmente se atreveu a entrar na floresta sozinha? — Dorian perguntou, arqueando uma sobrancelha.
— O que? Eu precisava daquelas ervas! — Margot respondeu, batendo na mesa e fazendo todos rirem. — E além disso, quem poderia me assustar?
— Claro, exceto pelas sombras dos esquilos e coelhos — Lizzie acrescentou, piscando para Margot.
A porta se abriu com um estrondo, e Clarissa entrou correndo, sua risada esganiçada ecoando pela sala.
— Desculpem o atraso! — ela exclamou, ainda ofegante. — Sabem como é, pegar a vassoura da Lizzie emprestada nunca é boa ideia. Quase que eu perco a cabeça.
Todos riram, e Clarissa, com sua energia contagiante, imediatamente se juntou à conversa, fazendo os pratos voarem de mãos em mãos enquanto tentava se explicar sobre sua pequena aventura.
À medida que o jantar prosseguia, Lizzie olhou para suas tias, notando um brilho peculiar em seus olhos. Era um conforto saber que elas estavam sempre ali para ela, mesmo que o mundo ao redor estivesse cheio de perigos. Com um sorriso, Lizzie se levantou, puxando suas tias para um cantinho da sala, longe do burburinho.
— Tias, posso contar uma coisa? — ela começou, olhando ao redor para garantir que ninguém os ouvisse. — Sobre aquela freira.. Mary… vocês se lembram dela, certo?
Cordelia e Theodora se entreolharam, um misto de preocupação e curiosidade em seus olhares.
— O que você quer dizer, querida? — Dory perguntou, inclinando-se para mais perto.
— Ela era igual a você, tia Theodora. Literalmente igual a você. — Lizzie sussurrou, sua voz baixa e ainda meio assustada.
As tias trocaram olhares significativos, um entendimento silencioso passando entre elas. A atmosfera ao redor parecia mudar, como se uma névoa tivesse descido sobre a sala, tornando tudo mais intenso.
— É mesmo? — Cordelia respondeu, seu sorriso revelando um toque de malícia. — Às vezes, as aparências enganam.
Lizzie sentiu um frio na espinha, um misto de curiosidade e receio. Havia algo no jeito que suas tias falavam que a deixava intrigada. Sua atenção foi tomada quando batidas urgentes na porta de entrada ecoaram.
— Estamos esperando mais alguém? — soltou a pergunta de modo desconfiado, indo na direção da porta, mas sendo ultrapassada por suas tias, que avançaram à frente.
Cordelia e Theodora abriram a porta com um gesto rápido, revelando uma jovem loira, baixinha, com uma expressão forçadamente carismática que contrastava com a escuridão da noite. Ela vestia roupas escuras e segurava uma maleta com as iniciais “S B” bordadas em letras douradas.
— Olá! — disse a jovem, sua voz doce e aguda. — Eu sou Sabrina D’Blair. Podem me ajudar respondendo algumas coisas sobre o que aconteceu em Nanctus Asylum?
As chamas consumiam o manicômio enquanto os gritos dos internos (em sua minoria, visto que os “inocentes” foram protegidos por feitiços de Margot e Freya) e funcionários ecoavam por toda parte.
O Dr. Williams, que sempre se orgulhara de seus experimentos grotescos, observava, impotente, à destruição total de seu império. Suas pesquisas, seus segredos, tudo se desmanchava no calor do fogo. Quando a notícia da morte de sua querida Mary chegou até ele, um vazio profundo o tomou. Sem mais razão para lutar, Dr. Williams caminhou calmamente até o fogo que devorava o prédio e, sem hesitar, lançou-se nas chamas, entregando-se ao destino cruel que ele mesmo ajudara a forjar.
Enquanto isso, o Padre Claudius, tomado pelo desespero ao ver o domínio das bruxas e a queda do hospício, fugia em seu carro o mais rápido que podia. As árvores passavam como borrões pela estrada escura, seus pensamentos turvos com o medo de ser capturado. Mas sua fuga abrupta foi interrompida quando um carro veio em sua direção e bateu de frente com o dele. Desnorteado, ele mal teve tempo de reagir quando a porta do outro carro se abriu e, em meio à fumaça e ao crepúsculo da noite, surgiu Jude. Com um vestido preto justo, um salto finíssimo e óculos de sol, sua postura era imponente.
Ela se aproximou lentamente, e antes que o Padre Claudius pudesse articular uma palavra, Jude começou a desfilar uma cascata de insultos, desmontando o ego dele peça por peça. Cada palavra dela era uma lâmina afiada, cortando profundamente, humilhando-o ao ponto de deixá-lo reduzido a um trapo humano, um homem completamente destruído, incapaz de reagir ou contra-atacar. Ela pisou com força apertando seu salto na região da intimidade de Claudius, o abandonando na estrada, desaparecendo como um tufão na estrada.
À medida a cidade mergulhava na noite, um exército de bruxos e bruxas da Academia, liderados por Dorian, se aproximava discretamente. Eles lançavam feitiços pelas ruas, ocultos nas sombras, tomando controle de tudo sem serem percebidos. Era uma tomada silenciosa, mas eficaz. O dia foi engolido pela escuridão enquanto o poder das bruxas crescia, dominando cada recanto da cidade.
As Valerias, por sua vez, não escaparam de seu destino. Suas crueldades milenares finalmente as alcançaram, e foram amaldiçoadas com joias que anulavam sua magia. Desesperadas, elas foram jogadas através de um portal mágico que as levou para uma floresta desconhecida, próxima de sua casa na Nigéria. Aquilo seria sua nova prisão, uma consequência de seus atos malignos acumulados ao longo dos séculos.
Augustin Varnell, covarde e patético, conseguiu chegar à sua casa, achando-se seguro. Mas, ao abrir a porta de sua sala, deu de cara com Cordelia e Theodora. As duas estavam serenas, mas a frieza em seus olhos era mais apavorante do que qualquer feitiço.
Elas revelaram estar de posse de confissões incriminatórias sobre ele, alegando que haviam copiado todos os objetos e segredos de Lizzie. Claro, era uma mentira, mas a humilhação era o verdadeiro objetivo. Augustin, impotente e aterrorizado, sentia o peso de sua derrota iminente.
As duas bruxas não pararam por aí. Elas o amaldiçoaram, e em questão de segundos, o corpo de Augustin começou a apodrecer, sua carne caindo em pedaços enquanto ele gritava em agonia. Cordelia, impaciente, deixou de lado qualquer compaixão que restava em Theodora e, num ato final de crueldade, pôs fim à vida de Augustin de uma forma tão brutal que seus gritos ecoaram por quilômetros.
-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_ 🔮
Após dias de recuperação, Spellfemme Castrum estava animada, repleta de sorrisos e risadas. As tias, Cordelia e Theodora, prepararam um banquete encantador (mais Theodora), com aromas que invadiam a sala, misturando especiarias e toques mágicos que deixavam o ambiente ainda mais aconchegante.
A mesa estava lindamente decorada, com velas acesas e flores frescas, refletindo a luz suave que entrava pelas janelas. Lizzie se sentou no centro, cercada por seus amigos Dorian, Margot, Freya, e Declan, todos contribuindo para o clima alegre da noite. O ambiente estava repleto de conversas e risadas.
— E então, você realmente se atreveu a entrar na floresta sozinha? — Dorian perguntou, arqueando uma sobrancelha.
— O que? Eu precisava daquelas ervas! — Margot respondeu, batendo na mesa e fazendo todos rirem. — E além disso, quem poderia me assustar?
— Claro, exceto pelas sombras dos esquilos e coelhos — Lizzie acrescentou, piscando para Margot.
A porta se abriu com um estrondo, e Clarissa entrou correndo, sua risada esganiçada ecoando pela sala.
— Desculpem o atraso! — ela exclamou, ainda ofegante. — Sabem como é, pegar a vassoura da Lizzie emprestada nunca é boa ideia. Quase que eu perco a cabeça.
Todos riram, e Clarissa, com sua energia contagiante, imediatamente se juntou à conversa, fazendo os pratos voarem de mãos em mãos enquanto tentava se explicar sobre sua pequena aventura.
À medida que o jantar prosseguia, Lizzie olhou para suas tias, notando um brilho peculiar em seus olhos. Era um conforto saber que elas estavam sempre ali para ela, mesmo que o mundo ao redor estivesse cheio de perigos. Com um sorriso, Lizzie se levantou, puxando suas tias para um cantinho da sala, longe do burburinho.
— Tias, posso contar uma coisa? — ela começou, olhando ao redor para garantir que ninguém os ouvisse. — Sobre aquela freira.. Mary… vocês se lembram dela, certo?
Cordelia e Theodora se entreolharam, um misto de preocupação e curiosidade em seus olhares.
— O que você quer dizer, querida? — Dory perguntou, inclinando-se para mais perto.
— Ela era igual a você, tia Theodora. Literalmente igual a você. — Lizzie sussurrou, sua voz baixa e ainda meio assustada.
As tias trocaram olhares significativos, um entendimento silencioso passando entre elas. A atmosfera ao redor parecia mudar, como se uma névoa tivesse descido sobre a sala, tornando tudo mais intenso.
— É mesmo? — Cordelia respondeu, seu sorriso revelando um toque de malícia. — Às vezes, as aparências enganam.
Lizzie sentiu um frio na espinha, um misto de curiosidade e receio. Havia algo no jeito que suas tias falavam que a deixava intrigada. Sua atenção foi tomada quando batidas urgentes na porta de entrada ecoaram.
— Estamos esperando mais alguém? — soltou a pergunta de modo desconfiado, indo na direção da porta, mas sendo ultrapassada por suas tias, que avançaram à frente.
Cordelia e Theodora abriram a porta com um gesto rápido, revelando uma jovem loira, baixinha, com uma expressão forçadamente carismática que contrastava com a escuridão da noite. Ela vestia roupas escuras e segurava uma maleta com as iniciais “S B” bordadas em letras douradas.
— Olá! — disse a jovem, sua voz doce e aguda. — Eu sou Sabrina D’Blair. Podem me ajudar respondendo algumas coisas sobre o que aconteceu em Nanctus Asylum?
14
Lizzie Spellfemme
“A bruxinha loira havia despertado completamente, e nada, nem demônios, nem caçadores, nem o próprio inferno, poderiam detê-la agora.”
15
Cordelia Spellfemme
“— O mínimo que ela merece é um banquete para a introduzir à família.”
16
Theodora “Dory” Spellfemme
“— Sempre lembre-se de que a verdadeira magia vem de dentro.”
17
Dorian Spellfemme
“o homem exalava uma energia tão magnética que parecia impossível desviar o olhar. Seus olhos, tinham um brilho inconfundível.”
18
Margot Halloway
“Além de tudo, a garota se intitulava a mais bela das bruxas.”
19
Freya Thorne
“— Pronta, na dose e querendo virar essa $#&!:@ de cabeça pra baixo”
20
Declan Forrester
“— Lute pela sua vida ou morra tentando.”
21
Clarissa Noxbourne
“Onde tem fumaça, tem Clarissa.”
22
Jude - Irmã Jude
“A pior crueldade de todas é a falsa esperança.”
23
Mary ~ The Devil
“— Eu sei de tudo, fofis. Eu sou o diabo.”
24
Augustin Varnell - Hollowind Killer
“todos os monstros são humanos.. aquele em específico, me provocava a pior das sensações.”