• me diga seus problemas e eu darei um conselho

no lago perto de casa, se é que eu tenho um. só preciso ir sem sair daqui. escrevendo uma das minhas milhares histórias bobas que talvez ninguém leria, onde o clima está tão agradável, que até o barulho da borracha no papel me tranquiliza. escutando apenas a minha consciência dizendo para eu voltar.

em uma festa. tudo o que eu preciso nessa noite é afogar minha mágoas. eu aproveito minha anonimidade e aproveito como se fosse a última vez, e de fato é. música alta, pessoa conversando, garotas bonitas nas quais eu sempre me comparo. oh céus, eu quero viver!

não sei para onde estou indo. eu me encontro em um carro de viajem, rumo ao além. não sei a localização, mas prossigo com a sensação de recomeço. não trouxe nada além da minha pelúcia favorita.

no último natal da minha família. crianças desamarrando o laço de seus presentes e adultos conversando sobre os seus futuros planos. eu queria me juntar aos pequeninos, mas por acaso, estou sentada junto com os mais velhos. me devolva agora minha infância, você a roubou!

“ não posso parar agora. ”

“ o problema não sou eu, não pode ser. ”

“ eu não vou sair do seu lado. ”

“ você não mudou. ”

não ter ele(a) comigo para me apoiar agora

me sentir esgotado demais pra isso

não saber a resposta das minhas perguntas

não ser o amigo/filho/indivíduo ideal

uma vida de paz. onde eu estou com minhas forças recuperadas para provar de tudo o que me é disponível. não tem ninguém para me atrapalhar aqui.

uma vida feliz. onde eu possa passar por cada momento de modo devagar. lá eu teria aproveitado tudo o que não pude.

uma vida na qual eu me sinta o protagonista. onde eu estaria satisfeito comigo e com minhas escolhas. eu me sentiria merecedor de mérito e orgulhoso dos meus desafios enfrentados.

uma vida verdadeira. onde não haveria mentiras, apenas verdades. eu entenderia o que estaria acontecendo e atuaria sobre isso

uma bomba-relógio. eu preciso resolver tudo de uma vez, antes que meu tempo acabe e eu exploda de uma vez

uma câmera fotográfica sem foto alguma. como pode uma câmera sem fotografias? eu teria tirados várias, se tivesse percebido o tempo passar.

um quadro meu onde o rosto está borrado. pode ter sido eu mesmo que borrou. de qualquer jeito, talvez eu nem mereça aparecer nele

um espelho tampado. a sua parte reflexiva esta pintada de tinta. eu não entendo o motivo de não me deixarem saber o que aconteceu.

estou sentado no sofá. lutando contra a música alta, tentando terminar o serviço que não concluí.

estou usando meu celular. “ já vou desligar, mãe. eu posso comer o que sobrou outra hora ”

estou me arrumando em casa. reviro o meu guarda-roupa inteiro em busca de uma roupa que combine comigo. missão falhada.

estou a caminho. o carro está quase chegando no destino, mas me bate uma incerteza sobre se quero ir ou não

um pequeno bosque cheio de flores. espero que as pessoas que estão deitadas sobre esse gramado vão embora antes que os lobos cheguem

uma árvore no meio de flores. sabia que meu sonho de infância era ter uma casa na árvore?

uma floresta isolada. possui lindas flores, é uma paisagem muito mais linda do que as que eu vejo regularmente.

um agradável campo, ou talvez uma terrível floresta.. não tenho certeza da minha resposta

o planejamento de um evento. era um evento comemorativo e todos discutiam sobre como iriam ajudar nele. queria que eles pudessem ter essa disponibilidade para me ajudar também.

aniversário de uma criança aleatória. as vezes eu nem conhecia a criança, muito menos os pais, mas eu estava lá me divertindo a peça nos brinquedos. mas acho que parei de gostar quando me barraram ao tentar ir no pula-pula

o dia que finalmente sai com um grupo de amigos. estava ansioso para poder passear com eles, mesmo sabendo que o amarelo não combina com o roxo.

o meu aniversário. eu me sentia eufórica só em imaginar eu assoprando as velas. eu olhava para todos os meus conhecidos, um a um. queria saber quando eu parei de gostar de comemorar meu aniversário.

um caldinho de tomate. é reconfortante, de fato me leva para outro universo por um instante. aproveito e dou uma olhada na janela, os donos estão chegando!

uma fatia de bolo de fubá. ele era tão macio e gostoso, lembrava a receita da minha avó. como eu gostaria de estar perto dela agora.

cookies. comi uns 5 e me senti tentada a comer o resto. eles derretiam na boca, tão doces.. me lembrei de quando eu tentei fazer cookies, o resultado foi desastroso. eu realmente sou péssima na cozinha!

pão. tinham alguns doces nos quais eu amava, mas fui surpreendida quando cuspi um deles. parece que eu não gosto mais de doces.

nós estávamos em uma praia de noite, ainda ofegantes depois de tanto correr. essa praia tinha nossas lembranças marcadas na areia. ele(a) espera a respiração seguir um ritmo adequado e diz impulsivamente: eu te amo! eu o(a) olho assustado e grito a mesma coisa de volta. esse passeio termina com nós dois deitados na areia apontando para as estrelas.

nós eramos amigos desde infância, e sou surpreendido no final da sessão de um filme nostálgico cuja saga nunca acaba com um bilhetinho. eu o abro e leio ele inteiro: era uma declaração de amor, feita em carta para relembrar o quanto nos dois trocávamos bilhetes. fiquei perplexa, ele(a) era o meu amor de infância.

nós estávamos em um restaurante. eu passei o dia inteiro inseguro com a minha roupa, pensando se estava adequada. ao terminar a refeição, sou acordada dos meus pensamentos com ele(a) me dizendo as mais belas palavras. “ eu te amo. dentre todas as pessoas do mundo, meu coração o(a) escolheu para ser a pessoa que quero dividir minha vida, meu corpo, minha alma. ” como alguém me amaria??

nós estávamos em um parque, no qual as luzes brilhantes eram a única chave para o fim dos meus pensamentos. eu estava me aproveitando de um algodão doce quando o(a) escuto falar algo como uma declaração. eu fico satisfeita por ouvir algo tão bonito, mas não tanto como eu achei que ficaria. oh céus, você vai me impedir até de amar?

desistir. me sinto impotente para continuar em uma jornada onde meus pés não conseguem enfrentar o chão duro. não posso viver em um oceano tão tenebroso assim. preciso aproveitar do conforto das águas calmas.

voltar naquele dia. queria reviver aquele dia onde ele(a) estava vivo. onde eu pulava nos azulejos evitando encostar nas linhas. meu assaltante é o tempo, que roubou minhas memórias.

me amar. oh meu senhor, como eu posso ter nascido assim? do fundo da minha alma, me mate. a morte é mais rasa do que o fundo da minha auto rejeição.

me encontrar. quero que me respondam minhas perguntas, quero que me digam quem eu sou. pois ao meu ver, sou um morto vivo que não encontrou o caminho do túmulo.

eu ficarei, prometo

eu estava antes do meu chão desabar

eu ficaria se eu não fosse tão idiota assim

eu não sei