[RPG] Amor & drama_ Ep_ 41

[RPG] Amor & drama_ Ep_ 41

Hey gente Finalmente saiu o novo episódio. Desculpem se tiver qualquer erro. E antes que comecem, hoje o capítulo vai contar a história de um dos nossos queridos, então, a história é um pouco delicada, vou logo avisando. Beijos. Boa leitura.

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Amor e drama
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•QUINTA-FEIRA• Nervosos. Era como toda a escola se encontrava nesse exato momento. Os jogos já se iniciaram desde terça-feira, como programado, e vão até amanhã. Mas o pequeno grande problema, é que estamos perdendo. Como esperado, os alunos da outra escola não iriam vir na intenção de jogar, e sim de trapacear. E era o que estava acontecendo. Totalizando os jogos até agora, estávamos perdendo de 2x1. Ganhamos no queimado, mas perdemos no futsal e no barra bandeira (rouba bandeira). Muitos alunos ficaram irritados pelo "roubo" que estava acontecendo. Os alunos da outra escola estavam trapaceando na cara dura, mas nem um supervisor da outra escola se importava com isso. No barra bandeira, tínhamos tudo para ganhar, mas quando o time rival percebeu que estava perdendo, começaram a extrapolar no jogo, e acabou que levou vitória, mesmo não merecendo. Mas hoje, hoje a equipe de vôlei estava com sangue nos olhos. Eles não estavam dando brecha para o outro time trapacear. No momento, estávamos no terceiro tempo para desempatar já que o jogo estava 1x1 para cada escola ( perdemos no primeiro tempo, mas ganhamos no segundo). No momento, a quadra da escola estava uma gritaria só. As "torcidas" de ambas escolas estavam se alfinetando a todo estante, e com isso a quadra se tornava pequena para todos nós. Ramires: uhuuu_( puxa os cabelos) droga! Ponto para o time adversário_( exclama nervoso) vou acabar ficando careca!_( diz agoniado) Nick: conheço a Sarah o bastante para dizer que ela quer acerta essa bola na cara daquela menina de cabelo rosa_( fala alto querendo rir) Juliano: é claro, muito antes do jogo começar que essa menina tá provocando ela_( observa a Sarah gesticulando enquanto gritava com a menina de cabelo rosa da outra equipe) Vc: é isso que ela quer, fazer a Sarah perder a cabeça para se desconcentrar do jogo. Ela sabe que a Sarah é boa jogando vôlei, elas jogavam no mesmo time em um clube aí, mas nunca se deram bem_( comentei) Ruan: JOGA O SAPATO NELA SARAH_( ele grita nos assustando) Dylan: tá ficando maluco? Idiota!_( bate nele) Ruan: PUXA O CABELO DELA_( grita me fazendo rir) Dylan: olha, tu vai apanhar sozinho visse_( ele fala para o Ruan que rir) Antes que o Ruan podesse falar alguma coisa, a Maria, que também estava no time de vôlei, marcou um ponto e a torcida foi a loucura. Vc: AE MARIAAA_( Gritei animada com o Juliano bagunçando o meu cabelo) Juliano: mais dois pontos, e ganhamos a partida. Temos que fazer esses pontos logo_( diz se sentando no banco) O Ruan começa a ficar agitado no meu lado quando a Sarah começa a discutir com duas meninas do outro time. Ruan: e vamos para primeira briga no vôlei_( sorrir) Vc: para de colocar lenha no fogueira tapado!_( exclamei) se a Sarah for brigar com elas, vamos sofrer punição, vão tirar pontos nossos_( falei para ele que me olhou de olhos arregalados, lembrando das regras) Ruan: puts!_( bateu na testa) SARAH IGNORA ESSAS BARANGAS_( ele grita chamando a atenção da Sarah para ele) O jogo continuou, a Sarah pareceu escutar o "conselho" do Ruan e ignorou as meninas. Ao decorrer do tempo, o outro time fez um ponto, o que nos deixou aflitos. Mas aflição não durou por muito tempo já que o tevo conseguiu fazer mais um ponto para nós. Porém, a tensão era grande no memento, porque aquele time que marcasse o próximo ponto, ganharia.

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Há uns minutos atrás, essa quadra estava no maior barulho, mas agora, ela se encontra em total silêncio. Só se escutava o barulho dos tênis contra o chão e as fortes batidas contra a bola. Já ia fazer quase um minuto que a bola não ia para o chão. Para apenas estudantes do ensino médio, eles estavam jogando bem. Muito bem. Os bloqueios estavam de parabéns, os levantadores nem se fala. Mas apenas um time poderia ganhar. Mas para obter esse resultado, era preciso que a bola fosse de encontro ao chão para marcar o ponto e desempatar o placar. O tevo levanta a bola novamente, a Maria corre e pula para bater na bola, jogando-a para o outro lado, a mesma garota de cabelo rosa do time adversário rebate a bola de novo, mas a bola nem chega na nossa área já que a Sarah junto com outra menina do nosso time conseguem bloquear, fazendo com que a bola volte com tudo. Um garoto moreno joga a bola novamente para a nossa área, e por pouco, ela não caiu, só que a Maria foi mais rápida e se jogou no chão dando um tapa na bola fazendo com que ela voltasse para cima. Mordo os lábios nervosa e aperto o braço do Maycon, que se juntou a nós ao longo do jogo e quase tenho um treco quando a bola quase caí de novo, só que dessa vez, quem impede dela cair, é o Marcos, que também está jogando vôlei. Vc: aí eu não quero ver mais, tô nervosa_( tampo os olhos e ouço os meninos gargalhar) Nick: relaxa, vamos ganhar_( ele passa o braço pelo meu pescoço) Com toda agonia que estava, trocamos de lugar que nem percebemos, o Ramires nem se fala, ele está quase entrando na quadra e nem percebe. O Ruan é outro, o bichinho ficou tão nervoso que subiu no banco e está em cima dele até agora. E eu, que antes estava entre o Ramires e o Dylan, agora estou entre o Maycon e o Nick. Confuso né?. E depois de mais uns minutos no ar, a bola finalmente foi de encontro ao chão. Parecia final de copa do mundo. Uma gritaria imensa se instalou na quadra, era impossível ouvir outra coisa além de gritos, palmas e das buzinas cornetas que geralmente levam para os jogos de futebol. Ganhamos. A Sarah e outra menina marcaram o ponto da nossa vitória. Vejo o Ramires subindo as escadas correndo e vindo na nossa direção enquanto gritava feito maluco. Ele pula em cima do Nick que só não caiu porque o Maycon, o Ruan e o Juliano seguraram ele. Comecei a gargalhar da comemoração exagerada deles, e eles me puxaram para o meio da gritaria deles também.

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Depois que toda gritaria e euforia, passou. Fomos parabenizar a equipe de vôlei, eles estavam tão animados, assim como a gente, e nos desejou boa sorte para o jogo de amanhã. Depois seguimos para o vestuário para a rápida reunião que o treinador ia fazer. Ramires: eu estou sem voz_( ele fala rouco nos fazendo rir) Vc: também, você gritou igual um maluco que tinha saído do hospício_( falo ainda rindo) Porf. Márcio: todos aqui?_( ele pergunta já entrando ) bom, como já sabem, amanhã é o último jogo e consequentemente toda a responsabilidade está sobre nós_( ele começa) eles estão depositando suas fichas em nós, não podemos decepcioná-los. Eu acredito que vocês vão conseguir vencer aqueles trapaceiros_( ele diz sério apontando lá para fora) quero que vocês dêem tudo de si amanhã, mostrem para eles o que vocês aprenderam_( ele continua) vocês entenderam!?_(ele pergunta firme) Respondemos todos juntos um "sim chefe" e logo depois batemos continência, o fazendo rir. Prof. Márcio: muito bem_( sorri) todos já receberam seus uniformes, cheguem cedo amanhã e não se atrassem. As coisas de vocês estão no armário, cada um tem o seu. O banheiro vai ficar aberto amanhã até às quatro horas da tarde para quem for tomar banho_( ele avisa) e outra, como já passaram para vocês, não podem usar nem um acessório ou jóias durante o jogo_( ele olha especificamente para o Ramires que coça a cabeça sem graça) O Ramires usa umas quatro pulseiras e um relógio no pulso esquerdo, e elas parecem ser bem caras. Ele não vive sem elas, nunca perguntamos o motivo e nem ele falou sobre. Mas sempre que pedem para ele tirar, ele fica estranho e inventa uma desculpa. Quando ele não está com elas, ele usa uma pequena faixa branca no pulso. Ramires: droga_( ele resmunga baixinho) posso nem usar uma faixa ou uma bandana? Sei lá_( pergunta inquieto) Prof. Márcio: acredito que não, mas irei perguntar_( responde) por hoje é só isso mesmo. Estão dispensados_( ele fala e todo mundo começa a sair) Saímos do vestuário e andamos tranquilamente para fora da escola enquanto riamos das palhaçadas do Átila e do Ruan. O Ramires parecia aéreo, mas estava se esforçando para esconder isso. O pátio ainda estava cheio de alunos de ambas as escolas. Os alunos da outra escola olhavam para o nosso grupo com deboche e riam entre si. Olhei para o Maycon que dava leves batidinhas nas costas do Ruan, que já estava se estressando com isso. Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, sinto alguém bater brutalmente contra o meu corpo. A pessoa bateu tão forte em mim, que eu automaticamente dei três passos para trás, e acabei batendo no Tevo que já tinha se juntado a nós. Por pouco não fui parar no chão, sorte que o tevo e o Ramires que estava ao lado, me seguraram. Xxx: opa, foi mal aí gatinha_( escuto a pessoa dizer num tom irônico) Olho para o indivíduo, e vejo um garoto enorme, de pele clara e cabelos castanhos. Os olhos azuis dele me olhavam de cima a baixo, de um modo debochado. Nick: você está bem?_( pergunta se aproximando de mim e segurando minha cintura logo em seguida, me analisando para ver se não me machuquei) Vc: você tá cego? Tá andando com os olhos aonde? No meio do...olhe_( ignoro a pergunta do Nick, olhando brava para o menino atrás dele) né possível que um ser desse tamanho não enxergue direito, idiota_( praguejei fazendo os meninos que discutiam com ele parassem de falar e olhassem pra mim) e outra, nem te conheço e nem te dei intimidade pra tá me chamando de "gatinha", me respeita garoto. Sinto a mão do Nick aperta mais um pouco na minha cintura, e logo depois escuto a risada dele e do Ramires ao meu lado, não demorou muito para os outros começassem a rir também. Só não entendi o motivo. Xxx: foi mal_(o menino fala novamente num tom de ironia) Ele passa direto por nós, sem olhar para trás. Vc: foi mal, foi péssimo isso sim_( resmunguei ainda irritada) Ramires: ela tá tão grandinha_( falou num falso orgulho e bagunçou meu cabelo, que tinha se soltando do coque que eu havia feito antes do menino bater em mim) já sabe se defender sozinha_( sorriu) Nick: tô tão orgulhoso da minha garota_( ele se posiciona atrás de mim e tenta prender o meu cabelo, com ele sempre fazia na maioria das vezes) Vc: vocês parem de graça viu_( falei fazendo os meninos rir) vocês começaram carne de palhaço foi?_( perguntei) Ruan: aí Sam, você é muito fofa_( ele aperta minha bochecha) como pode uma pessoa ter meio metro, e ser tão brava?_( debocha) acho que criamos um mostro. Vc: meio metro_( resmunguei revirando os olhos) vamos logo, eu tô com fome_( falei quando percebi que o Nick já tinha amarrado o meu cabelo) Tevo: o teu problema é fome_( escuto ele rir) Ignorei ele e fui andando normalmente como se nada tivesse acontecido, os meninos vieram logo atrás. Tínhamos combinado de ir lanchar em algum lugar próximo, então fomos todos andando para uma lanchonete que tinha por trás da escola.

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Assim que chegamos na lanchonete, a primeira coisa que fizemos foi procurar uma mesa mais afastada, já que a local estava cheio. Juntamos três mesas no canto da lanchonete e não demorou para que o garçom nos entregasse o cardápio e anotasse os pedidos. Pedidos cinco porções de batatas fritas, duas Coca-Cola de dois litros, três porções de minis coxinhas e um hambúrguer para cada um. O garçom foi um querido, a todo momento ele brincou com nós e nos fez rir. Aparentemente ele já estava acostumado com os garotos do time e por isso já tinha uma certa intimidade com eles. O pedido demorou um pouco para chegar, já que a lanchonete estava cheia e nós havíamos feito mais de dez pedidos de uma vez só. Os meninos já estavam agitados e badernando o tempo todo, eles eram muito barulhentos, mas ninguém parecia se importa com isso. Afinal, eles já eram da casa. O resto da tarde se resumiu em gargalhadas, piadas sem graças, conversas sem sentidos e tudo mais. Foi bem divertido. Mas por volta das quatro e meia, resolvemos ir embora. O Ramires se prontificou de levar, eu Nick, Ruan e o Dylan de carro. O resto foram se resolvendo como iam, mas sei que o Tevo, Juliano, Marcos e Átila racharam um Uber. Ruan: chamando as sereias, a chance é agora, de saudar a eris com uma dança da hora_( ele começa a cantar ) Ela arrasa, alucina, domina o mar, altas ondas majestade também vamos pegar_( faz várias poses ao toque da música) Nick: Sobre a onda deslizar!_( começa a cantar junto com o Ruan) Lay back, hang ten, vai se amarrar_( bate palmas junto com o Ruan, que estava no banco da frente) Ramires: Pegue essa onda pra no tubo entrar_( ele balançava a cabeça no ritmo da música enquanto dirigia) Fazendo mahi mahi vamos logo agitaaar_( canta mais alto) É a rainha das ondas_( canta junto com os meninos) Eu só fazia rir junto com o Dylan, ele não conhecia a música na versão português, mas estava achando engraçado o jeito que os meninos estavam cantando. Não demorou muito e o Ramires estaciona o carro na frente do condomínio. Após agradecer ele, eu e o Nick descemos do carro e comprimentamos o porteiro antes de entrar. Nick: quem chegar por último é a mulher do padre_( ele diz do nada e sai correndo em disparada na frente) Sei pensar duas vezes comecei a correr também, quando cheguei mais perto dele, puxei a blusa que ele vestia e tentei ultrapassá-lo.

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Paro de correr assim que chego na frente da minha casa e abro um sorriso sínico para o Nick, que me olhava fingindo estar bravo. Vc: iae colega? Quando vai ser o casamento?_( debocho) Nick: não vale, você quase me derrubou e ainda puxou a minha camisa_( ele diz indignado) Vc: deixa de ser frouxo_( rir e ele revira os olhos) Nick: sua trapaceira_( bate na minha testa) vou para casa_( diz antes de deixar um beijo em minha testa, no mesmo lugar onde ele deu um tapa) qualquer coisa, é só mandar uma mensagem_( ele diz já se afastando) Dou um tchau para ele e coloco a senha do portão para entrar. Assim que enfim chego dentro de casa, me deparo com o Gui, o Henry e o Logan jogados num sofá que fica perto das escadas do segundo andar, olhando para uns brinquedos espalhados no chão. Confusa, olho para eles e eles apenas me cumprimentam com um aceno de cabeça. Dou de ombros e sigo para a cozinha, vendo a mamãe mexendo em algumas panelas no fogão enquanto a Lorena cortava umas verduras. Vc: o que tá acontecendo?_( perguntei confusa) vamos alimentar esses esfomeados e eu não estou sabendo?_( brinquei) Mãe: eles se alto convidaram para jantar hoje aqui em casa_( ela diz irônica enquanto a Lorena dá uma risada) segundo eles, é uma pequena despedida já que eu e seu pai iremos viajar amanhã_( revira os olhos) Lorena: mas sogra, só queríamos nos despedir_( ela fala numa falsa inocência) Vc: vou fingir que acredito_( pisco para ela) cadê os gêmeos?_( pergunto me apoiando no balcão) Mãe: lá em cima com seu pai, eles foram tomar banho_( responde enquanto fecha a panela e coloca a colher em cima da tampa) Vc: vou tomar o meu também, já já eu desço_( me afasto do balcão) por que os meninos estão igual um bocó lá no sofá da entrada?_( pergunto antes de sair e a Lorena rir) Lorena: eles estavam beliscando as coisas aqui, aí sua mãe reclamou e mandou eles irem juntar os brinquedos dos gêmeos_( disse rindo) Vc: pois fiquem sabendo que eles estão sentados olhando para os brinquedos que estão no chão_( dedurei rindo e sai da cozinha) Antes de subir as escadas, parei na frente dos meninos, e coloquei as mãos na cintura. Vc: a mamãe mandou vocês juntarem os brinquedos ao invés de ficarem olhando para eles_( falei ) e ela falou que se vocês não recolherem, vão ficar sem sobremesa_( inventei) Subir as escadas escutando eles resmungando lá embaixo e segurei a risada para que não perceberem que era mentira. Entrei no meu quarto e fechei a porta em seguida, olhei para o relógio e vi que já ia dá 18:00 horas. Caminhei até a minha cama e joguei o meu celular em cima da mesma, me sentei na ponta e comecei a tirar os sapatos. Após retirá-los, levantei levando os mesmos em mãos, e os coloquei perto da porta do closet. Em seguida, entrei no closet e peguei uma muda de roupa confortável, porém descente para o jantar. Segui para o banheiro, fechando a porta logo depois e parei em frente a pia. Sorri olhando o meu reflexo no espelho e logo depois comecei a jogar água no rosto, esfregando as bochechas para tirar as tintas já secas e borradas.

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Parei em frente a pia novamente, agora já tomada banho, vestida com a roupa que escolhi e com uma toalha enrolada na cabeça. Pego meus produtos de pele, e começo a fazer uma rápida hidratação no rosto, como costumo fazer às vezes. Após terminar, tiro a tolha do cabelo, e a penduro no gancho ao lado da porta. Saio do banheiro e vou até a penteadeira para apenas passar um pouco de óleo nas pontas do cabelo. Deixando-o solto para secar naturalmente. Não gosto muito de passar óleo nos meus cabelos, mas um amigo cabeleireiro da minha mãe recomendou que eu fizesse isso, então, uma vez perdida, acabo fazendo. Fecho as janelas, a porta da varanda e desligo a luz do banheiro. Coloco o celular para carregar e calço meu chinelo do Stitch que ganhei de presente do Gui em um dia qualquer, ele viu em algum canto e lembrou de mim. Desligo a luz e saio do quarto. Estava descendo as escadas tranquilamente, quando escutei alguém conversando, a voz era familiar, tento lembrar de qual dos meninos eram a voz, mas como não lembrei, ignorei e continuei descendo. Ao chegar no pé da escada, congelei com o que ouvir. Xxx: tchau filha, papai te ama. Beijo_( a pessoa fala ao telefone) Viro o meu rosto na direção da voz, e me surpreendo ao ver Henry, desligando a chamada. Olho de boca aberta para ele e ele se assusta quando percebe que estou quase ao seu lado, ele estava sentado no mesmo sofá de antes, mas agora, estava de pé. Henry: Sam!_( exclama assustando) Vc: você é pai!_( afirmo surpresa com a descoberta e ele fica um pouco desconfortável) Henry: Sam.. E-eu... É.._( gagueja nervoso) Vc: por que você nunca nos contou?_( perguntei confusa) Henry: bom, ninguém nunca perguntou_( ele sorri sem graça) Vc: claro né, ninguém imaginaria que você é pai_( respondo) nunca vi você com ela, ou comentar algo sobre_( digo confusa e ele suspira) Henry: bom, ela não mora por aqui, por isso você nunca a viu comigo _( diz se sentando nos degraus das escadas) Vc: sério?_( pergunto me sentando ao lado dele e ele sorri triste) Henry: ela mora com a mãe no Canadá, visito ela uma vez a cada dois meses, irei para lá mês que vêm, já que ela vai fazer seis anos_( responde) Vc: você e a mãe dela não estão mais juntos?_( pergunto e ele nega) posso ver uma foto dela?_( pergunto e ele coça a cabeça, parecendo nervoso) Henry: claro_( ele pega o celular e fica mexendo por uns minutos) aqui_(ele estende o celular para mim) Pego e olho para a foto. Na foto, o Henry vestia uma roupa de frio e segurava uma menina nos braços, a garota estava bem empacotada, acredito que seja por conta do frio, ela vestia um casaco rosa bem felpudo, e uma calça branca com o mesmo tecido do casado, usava luvas pretas e uma bota da mesma cor. Na cabeça ela tinha uma toca num tom rosa claro, que também cobria as suas orelhas, ela usava um óculos escuro em formato de morango e sorria para foto mostrando os seus dentinhos. Vc: o sorriso dela é lindo _( elogio já que foi a única coisa que estava a mostra) como é o nome dela?_( pergunto) Henry: Vitória_( ele diz depois de um tempo) bom, peço que esse assunto fique apenas entre nós, por favor. Além de você, o Logan é o único que sabe, não me sinto pronto para contar ao resto, sinto que vão me julgar_( ele diz triste e se levanta em seguida) Vc: oh, claro. Mas saiba que eles não irão julgar você só porque é pai, pelo contrário, vão lhe apoiar. Conheço os amigos que tenho_( sorrio tentando conforta-lo e sigo para a cozinha) Deixo de lado minha mais nova descoberta, e começo a ajudar a mamãe e a Lorena a fazer a janta. Como já estava tudo meio caminho andando, eu apenas fiz o suco que a mamãe mandou.

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Estiquei o copo cheio de suco para o Endrew pegar, depois que o mesmo pegou o copo com cuidado, enchi outro copo de suco para a Jade. Gui: me passa a faca aí, por favor_( o mesmo pede para o Henry) obrigado_( agradece) Nick: pai, me passa esses pãezinhos por favor_( estende a mão na direção do pai) Lore: Logan, se não quiser comer esse aqui, tem o outro_( aponta para as coisas na mesa e ele assente) O jantar já tinha se iniciado. A mesa não estava repleta de comidas, até porque era um simples jantar, mas tinha várias opções de comidas. Eu estava sentada entre o Endrew e a Jade, ao lado da jade estava o Nick, que estava de frente para seu pai, e entre o Endrew e a Lorena, estava o Gui. Em minha frente se encontrava Henry e Logan. Lore: aí se dê certo, a senhora volta na segunda?_( pergunta) Mãe: se dê tudo certo sim_( responde) Vc: a senhora vai mesmo me deixar sob a responsabilidade do Guilherme?_( perguntei debochando) Gui: qual o problema?_( estica a cabeça para me olhar) Vc: todo!_( exclamei) você não cuida nem de você, imagina de duas crianças e uma adolescente_( arqueei a sombrancelha) Lore: não se preocupe, eu estarei aqui_( rir me olhando) Vc: graças a Deus, pelo menos vamos ficar vivos até segunda-feira_( levanto as mãos para cima agradecendo e ouço os outros rirem) Gui: você é muito engraçadinha_( forçou uma risada) Abro um sorriso para ele e ele revira os olhos, logo depois ele joga um pedaço de batata frita na minha direção. Vc: mãe! A senhora está vendo isso? Estragando comida? Que absurdo!_( coloco a mão no peito) bate nele Lorena por favor, você está mais perto_(peço) Gui: aí!_( resmunga quando recebe o tapa) amor!_( ele exclama olhando para ela que dá de ombros) mãe! A senhora tá vendo isso!? Mãe: senhor! Vocês não se comportam não? Temos visitas_( ela aponta para o Henry, que estava muito ocupado rindo da situação com um pedaço de lasanha na boca) Lore: esse é outro sem vergonha, liga 'pra nada não_( fala e ele para de rir olhando para ela) Tony: esses dois não mudam nunca_( diz fazendo eu e o Gui gargalhar) Sorri olhando na direção do Gui, e percebi que ele já estava me olhando enquanto sorria. Pai: eles dois só tem tamanho, principalmente o Guilherme. Mas por dentro, os dois são duas crianças_( papai fala fazendo o tio Tony concordar) E assim continuou o jantar. Rimos, gargalhamos, e como sempre, meu pai e o tio Tony contaram suas piadas sem graças engraçadas.

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•20:58• Todos já haviam jantado, e com certeza, todos estavam com a barriga cheia. A mamãe fez uma torta de maracujá que fechou a janta com chave de ouro. Nesse momento, eu estava praticamente sobrando. Os gêmeos estavam dormindo, o papai estava na sala assistindo jogo de basquete com o tio Tony, Nick e Guilherme. A mamãe estava na varanda do segundo andar conversando com a Lorena, coisa de sogra e nora. O Logan e o Henry estavam na sala até uns minutos atrás. Me levantei do chão, e segui até o meu quarto. Acendi a luz e fui até onde o celular estava, o peguei e me sentei na ponta da cama, mexendo nele. Parecia que o desconhecido estava adivinhando, assim que ia clicar na aba de cima do celular, chegou uma notificação avisando que o desconhecido havia acabado de mandar uma mensagem. E acabou que apertei sem querer. Ele tinha me enviado uma foto, a foto mostrava uma caixinha de veludo branca, com dois anéis dentro, e logo abaixo da foto estava escrito "nossa aliança de namoro", "você será minha em breve" e "você estava linda hoje" Estremeci com a última mensagem. Eu não sabia mais o que fazer com essas ameaças, mas sabia que algo ruim estava para acontecer, eu sentia isso e não era de agora. Eu só não sabia como e quando iria acontecer. Bastou só isso para acabar com o meu dia. Queria muito conversar com alguém sobre isso que está acontecendo, mas infelizmente não podia. Para que os outros não estranhasse o meu "sumiço", decidi descer para sala novamente. Quando estava quase entrando na sala, tomei um susto com Henry sentado perto do banheiro, ele estava com o celular na mão e só faltava gritar de desespero. Henry: fui baleado, me ajuda, me ajuda_( ele fala rapidamente) Logan seu idiota, vem me ajudar antes que eu morra seu filho da..._( ele continua xingando o Logan) Vc: né mais fácil vocês jogarem um ao lado do outro não? Ao invés de ficarem gritando?_( perguntei) Henry: o Logan tá cagando, não vou ficar junto com ele no banheiro, eca_( responde fazendo careta sem tirar os olhos do telefone) Vc: vocês são estranhos_( entro na sala) Vou até o sofá que o Gui e o Nick estão sentados juntos, e me enfio entre eles. O Gui me puxa para perto, fazendo com que eu fique deitada sobre ele, e estico minhas pernas em cima do Nick, que nem reclama, apenas coloca suas mãos sobre meus pés, que agora estavam cobertos por um par de meias. Gui: tudo bem?_( pergunta beijando minha cabeça) você está quietinha_( continua) Vc: está tudo bem_( minto sem olha-lo) Gui: ok então_( ele suspira me apertando mais ainda contra si, e não demorou para ele começar a fazer cafuné na minha cabeça) Observo o Nick que fazia uma "massagem" nos meus pés enquanto conversava com meu pai sobre o jogo que estava passando, e assim fiquei por uns minutos, observando-o até pegar no sono, literalmente.

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••6:27•• Ando pelo quarto procurando pelo meu potinho de liguinhas de cabelo, havia pedido para a mamãe fazer uma trança no meu cabelo, para ficar mais fácil na hora de jogar, e para a trança não soltar, iria colocar uma liga na ponta. Já estava praticamente pronta. Estava apenas com o short do uniforme e um top justo, usava também as meias de jogador, que iam até os joelhos. Havia deixado as chuteiras perto da cama, junto com a camisa do time e a faixa que iria usar na cabeça. Quando finalmente achei as liguinhas, fui para o quando dos meus mais. Bati na porta antes de entrar, e me sentei na posta da cama, onde minha mãe já me esperava com a escova mas mãos. Vc: o papai já levantou?_( perguntei) Mãe: sim, ele foi acorda a dupla dinâmica_( responde penteando meus cabelos) está nervosa?_( pergunta) Vc: só um pouco_( suspiro ) mas estou aliviada por saber que os meninos estaram em campo comigo_( sorrio) Mãe: você vai se sair bem, não se preocupe_( tenta me confortar) aliás, desde pequena você joga junto com os meninos, estão você já é uma quase jogadora profissional_( fala começando a trançar os fios de cabelos) Em pouco minutos, a trança está feita. Agradeço a mamãe e deixo um beijo na bochecha dela antes de sair do quarto. Entro no meu, deixo o potinho em cima da penteadeira e vou até a cama para pegar a camisa, com cuidado para não desmanchar o cabelo, visto a camisa e logo depois coloco a faixa na cabeça. Como já havia tomado café da manhã, me preocupei apenas em escovar os dentes. Peguei minha bolsa estilo treino, e coloquei tudo que iria precisar: toalha, um muda de roupa, desodorante, kit banho, caneleiras (só iria colocar quando chegasse na escola), um chinelo, remédios para dores, entre outras coisas. Calcei minha chuteria, e sai do quarto quando finalmente estava pronta. Desci as escadas e fui para cozinha pegar minha garrafa de água. Pai: aí está a minha jogadora_( ele sorri largamente enquanto me olha) Vc: estou linda, não estou?_( sorrio dando uma volta ) Pai: sempre está_( beija minha testa) Mãe: aí, ela está tão linda_( diz entrando na cozinha com os gêmeos atrás) Endrew: uau, você está parecendo uma jogadora de verdade_( ele diz boquiaberto) Jade: está parecendo uma princesa jogadora _( ela diz me fazendo rir) Vc: com todos esses elogios, irei ficar envergada_( confesso sorrindo) Conversei com eles por mais uns minutos, até o Nick avisar que estava me esperando, íamos juntos, já que tínhamos que estar lá mais cedo. Me despedi dos meus pais, e sai de casa, ignorei o carro parado em frente a minha casa, nem sabia o porquê dele está ali, nunca havia visto ele, então ignorei e me dirigi até a casa do Nick. Mas assim que passei na frente do carro, a pessoa que estava dentro buzinou me assustando, e eu estava pronta para xinga-la, quando o vidro do carro abaixa e a risada do Nick pode ser ouvida do lado de fora. Vc: seu filho da mãe!_( exclamei ainda assustada) eu vou te mat@r!_( falei indo até a janela que ele estava) enlouqueceu por acaso? Idiota! Quer me matar no coração?_( estapeei ele, e o mesmo ria) Nick: aí aí aí!_( gargalha) tá bom mulher!_( segura minhas mãos) aceita uma carona princesa jogadora?_( pergunta e eu sorri lembrando do que a Jade havia falado) Parei por um instante e analisei o carro, ele era bonito 'pra caramba, era a cara do Nick mesmo. Vc: seu carro?_( pergunto ao me lembrar do dia que ele foi me contar que tinha ganhado um carro, mas eu estava brava) nada mal_( dei de ombros) Nick: entra logo vai_( revira os olhos) anda temos que passar na casa do Dylan e do Juliano_( avisa) Dou a volta no carro e entro me sentando no banco da frente, o carro ainda estava com cheiro de novo. Vc: ele ainda está cheirando a novo_( comento me relacionado ao carro e jogo minha bolsa no banco de trás) Nick: claro, eu disse a você que só iria andar nele, quando você fosse comigo, e está é a oportunidade perfeita_( sorri me olhando) aliás, você está linda_( diz me olhando nos olhos) Vc: obrigada_( agradeço me sentindo envergonhada) você também está_( falo enquanto coloco o cinto) você sabe mesmo dirigir essa coisa né?_( pergunto) Nick: claro que sei_( sorri) bota fé e vem com o pai_( diz ligando o motor do carro) Ligamos o rádio do carro, e colocamos uma música animada, fomos cantando até chegar na casa do Juliano, depois que pegamos o mesmo, fomos pegar o Dylan. O restante do grupo iria com o Ramires. Passei o caminho todinho vendo o Nick dirigir, era satisfatório de se ver. E em seu pulso ainda tinha um elasteque de cabelo.

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O Nick estaciona o carro no estacionamento da escola e nós descemos em seguida, já era possível ver os alunos chegando e isso estava me deixando nervosa. Juliano: o pessoa já estão no vestiário nos esperando_( ele avisa parando ao meu lado) Vc: vamos então_( arrumo a alça da bolsa do meu ombro) Enquanto íamos para o vestuário, pude observa que as decorações estavam diferentes dos dias anteriores, talvez seja porque é o último dia de jogos, mas mesmo assim, estava tudo tão lindo, parecia uma escola americana. As pessoas olhavam para nós, como se fôssemos estrelas do futebol, e era até engraçado de se ver. Conforme fomos nos aproximando, era possível escutar os meninos conversando lá dentro, garotos são tão barulhentos. Marcos: nossa mascote chegou, aee_( gritou animado e os outros começaram a gritar juntos) Arregalei os olhos quando vi todos aqueles meninos pulando e vindo na minha direção. Comecei a gargalhar sem parar quando eles começaram a pular ao meu redor enquanto gritavam meu nome. Olhei para eles comprimindo os lábios sentindo vontade de chorar, nunca pensei que viveria isso, nunca pensei que faria amigos além do Nick, do Mayck e da Sarah. E agora, tenho amizade com um time de futebol inteiro, e o melhor é saber que eles gostam de mim pelo que sou. Vc: aí gente, eu amo vocês_( falei para que todos pudessem ouvir) Um deles gritou "abraço coletivo" e segundo depois eu estava sendo sufocada por um bando de garotos maiores que eu, mas não me incomodei com isso. Depois eles me soltaram, e começaram a pular novamente e a gritar "ela nos ama, ela nos ama" me fazendo sorri ainda mais. Pude ver o treinador no canto rindo enquanto olhava para nós. Depois que os meninos se acalmaram mais, pude em fim me sentar para colocar as caneleiras. Os meninos ainda estavam se organizando, alguns deixaram para colocar o uniforme aqui, então ainda tinha alguns meninos sem camisa andando pelo vestuário, tinha uns já vestido, porém descalços e por aí vai. Vc: tudo bem?_( me aproximei do Ramires, ele parecia bem nervoso) Ramires: oi? Tudo sim_( força um sorriso) Vc: por que você está assim?_(perguntei sem entender) Ele tinha ficado assim desde ontem, quando o professor falou que não poderia usar "bijuterias", mas eu não havia entendido o motivo dele ter ficado assim. Mas pelo que sei, deixaram ele usar a faixa no pulso, onde ele sempre usava o relógio e as pulseiras. Ramires: assim como? Eu estou normal ué_( da de ombros) Ruan: ei cara, me empresta seu desodorante? Esqueci o meu_( ele se aproxima) Ramires: você só não esquece a cabeça porque ela é colocada com o corpo_( ele resmunga pegando o que o Ruan tinha pedido) Cruzei os braços ainda analisando o Ramires, ele parecia tenso, como se estivesse com medo. Vc: olha_( suspiro, estava preocupada com ele, mas não ia força mais nada) não sei o motivo de você está tenso, mas relaxa cara_( passei meus braços ao redor da cintura dele, abraçando-o) você sabe que pode contar comigo e com os outros né?_( o apertei ) Ramires: é coisa boba, não precisa se preocupar_( passa o braço pelo meus ombros) prometo que depois conversamos_( ele fala beijando minha cabeça) Olhei para faixa no pulso dele e assinto com a cabeça me afastando. Me sentei em um dos bancos e fiquei olhando os garotos perturbando. O meu uniforme era um modelo diferente, digo, o meu uniforme era feminino, o short ia até a metade da coxa e a camisa tinha a gola no estilo V. Já os dois meninos eram aqueles tradicionais mesmo. Logo o treinador pede para que nos fizéssemos uma roda para ele falar com a gente, e assim fizemos. Ele fez um pequeno discurso nos encorajando e citando as regras que a escola tinha lhe passado: não pode brigar, não pode desrespeitar uns aos outros e essas coisas toda. Coisas que todo mundo já sabia. Ele reforça quem vai jogar no primeiro tempo e quem vai entrar no segundo, ele já tinha falado isso há uns dias atrás, mas estava apenas reforçando. Eu entraria apenas no segundo tempo, assim poderia analisar os jogadores antes de entrar em campo.

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O jogo estava prestes a começar. Os garotos já se encontravam no meio do campo, e sim, pasmem, mas tem um campo na escola. Muitos alunos e professores estavam presentes ali. Um lado da arquibancada a multidão se resumia em vermelho e verde, que eram as cores da outra escola. E do outro lado, a multidão se dividia em azul e branco, as cores da nossa escola. As torcidas estavam bastante animadas e agitadas, algumas pessoas seguravam cartazes e outras apitavam aquelas buzinas barulhentas. Algumas pessoas tinham as bochechas pintadas com as cores de suas escolas e cada lado gritava seus jargões. Resumindo, estava um caos total, mas um caos bom. Como nos jogos profissionais. O "juiz" se entreva no meio do campo com os dois capitães para decidir qual lado começaria o jogo. Pasmem, mas o capitão do outro time era ninguém mais, ninguém menos que o mesmo garoto que esbarrou em mim ontem, ele junto com o Maycon e o juiz se entravam no meio para disputar o cara ou coroa. O apito é soado e o jogo começa. A bola começou com o time adversário, o que foi, de certa forma, uma vantagem para eles. [...] Vc: eu não acredito_( passo as mãos no rosto super nervosa) Já se passaram uns tempos que o jogo havia começado. E para o meu desespero e acredito que para o desespero da escola toda. O outro time jogava super bem, mas o pior, é que eles são muito agressivos. Principalmente o capitão. E isso era de se esperar, mas eles estavam piores. Nós estávamos perdendo de 2x1. O Emerson já estava cansado, isso era notório aos olhos de qualquer um, sem contar, que por pouco ele não se machucou. Confesso que estava com medo de entrar em campo, faltavam vinte minutos para o fim do primeiro tempo. Ou seja, ainda tinha muito tempo. No banco reserva se encontrava eu, Marcos, Dylan e Tevo. Normalmente, um time de futebol profissional tem mais de quatro reservas, mas como é apenas uma competição de escola, só temos quatro. As substituições estavam para ser assim: Eu > Emerson Marcos > Juliano Dylan > Lucas Tevo > Douglas Ou seja, ao total, somos um time com 15 jogadores, incluindo o goleiro que era o Higor. Tirando nós quatro, o resto estava tudo em campo. O Maycon chuta a bola para o Juliano que sem pensar duas vezes, sai correndo em disparada com a bola nos pés. Três meninos se aproximam dele, o deixando sem saída e ele toca a bola para o Átila. O Átila corre com a bola em direção ao gol, mas perde a bola para um garoto do time adversário. Mas esse garoto não passa muito tempo com a bola nos pés, pois o Ramires consegue tomar e chuta para o Lucas que estava perto dele. Lucas corre e passa a bola para o Ruan, que apenas chuta para o Nick. Ele dribla dois jogadores do outro time, mas logo se ver cercado, tendo que chutar a bola para o Douglas. O Douglas passa a bola para o Kauã, que joga a bola de volta para o Nick, ele corre e chuta a bola para o Emerson. Mesmo cansado, o Emerson corre em direção ao gol. Mas quando ele estava prestes a marcar, um menino do outro time o empurra e ele sai rolando pelo chão.

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Conforme o Emerson foi para o chão, o treinador gritou algo irritado e pude ver o Ramires querendo brigar com o menino que derrubou o nosso amigo, porém o Maycon não deixou. O Emerson se levanta, faz um sinal para dar continuidade ao jogo. E assim se fez. Marcos: ele está machucado_( observa o Emerson mancando) Vc: acho que ele torceu o tornozelo, o menino acabou chutando o pé dele também_( olhei para ele) Tevo: ele não pode continuar, pode piorar a situação_( diz preocupado) Prof. Márcio: Sam, você vai ter que entrar antes do planejado_( ele se aproxima com uma prancha na mão) Arregalei levemente os olhos, estava nervosa e com medo ao mesmo tempo. Mas apenas assenti e levantei do banco, tirando o colete azul que usava logo em seguida. Caminhei em direção ao campo, com o professor ao meu lado. Ele foi até o "juiz" e avisou que iria fazer a substituição. Prof. Márcio: não se deixe intimidar por eles. Eles podem até ser homens, e serem mais altos que você. Mas você é uma mulher e isso já diz muita coisa, homens não costumam pensar_( ele sorri) você é pequena e agiu, consegue ser mais rápida que eles_( continua) Dylan: você consegue!_( escuto ele gritar e sorrio) Vejo o Emerson vindo com cara de dor enquanto mancava, ele chega perto de mim e tenta abrir um sorriso. Emerson: dê o seu melhor, mostre o poder da Samantha para eles_( brinca) Vc: pode deixar_( pisco para ele e bato na sua mão ) Escuto a galera gritar quando, enfim, entrei em campo, e isso me deixou envergonhada, não sabia que era tão aguardada por eles. Escuto alguém gritando "arrasa mulher" e olho na direção, vendo a Maria e a Gabi segurando cartazes com a frase "vim pela Sam" e isso me fez rir. Xx: agora vai ficar interessante_( o mesmo garoto de ontem passa correndo por mim) Arqueio a sombrancelha e ignoro, olho para os meninos do meu time, e eles me cumprimentam com um aceno de cabeça. O juiz apita e o jogo volta de onde tinha parado. [...] Sou cercada por três garotos do time adversário. Paro ofegante com a bola em baixo do pé, e olho para cara deles. Vejo o Maycon fazendo um sinal enquanto corria para trás dos meninos e sem pensar duas vezes, chuto a bola por entre as pernas de um dos meninos, tocando a bola para o Maycon. Ele corre pelo campo, e eu corro ao seu lado, ele grita algo para mim que não consigo entender, mas quando vejo, ele joga a bola novamente para mim. Corro em direção ao gol e me vejo perdida ao não localizar ninguém do meu time. O jogo nem tinha acabado o primeiro tempo ainda e eu já estava acabada. Literalmente. Parece que eu fui jogada numa terra de gigantes, os garotos pareciam mais brutamontes. A essa altura, o meu cabelo já estava praticamente sem a traça, algum garoto da outra escola acabou puxando a ponta do meu cabelo, fazendo o elasteque sair, segundo ele "foi sem querer". Avisto Nick e Átila parados em frente a barra, entre vários outros garotos vestido de vermelho e verde. Eu teria que chutar a bola com muita força para ela chegar neles, e a possibilidade deles conseguirem marcar o gol de empate era mínima. Paro, respiro e chuto a bola com toda força. Ela passa por cima dos outros jogadores, e Nick e o Átila tocam de cabeça na bola, jogando-a para dentro da barra. Gol. Começamos a comemorar junto com a torcida, e sorrio anima pela energia da torcida. Corri para abraçar os meninos e senti os meus cabelos ficarem completamente soltos. Pouco tempo depois, o juiz anunciou o fim do primeiro tempo. Os garotos foram tirando as camisas conforme saiam do campo, e eu apenas dobrei a minha, ficando com a barriga de fora. Estava fazendo muito calor e a camisa estava grudando na minha barriga, isso me deixava agoniada. Tenho quase certeza que estou parecendo um leão já que o meu cabelo estava solto e eu havia corrido. Escuto alguém gritar um "gostos@" e logo depois outra pessoa grita "oh lá em casa", olho na direção e vejo dois meninos pendurados na grande, vestidos de vermelho e verde. Com certeza eles eram da outra escola. Irritada com aquilo, ergui minhas duas mãos na direção deles e mostrei os meus dedos do meio, depois virei as costas e segui na direção dos meninos, que já estavam indo para o vestuário.

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Revirei os olhos e me sentei ao lado do Ramires. Tirando o Higor, eu e Dylan, o Ramires era o único que estava com a camisa, os outros garotos estavam apenas com o short e as chuteiras, e olhe que parecia que tinham jogado um balde de água nele. Vc: e o Emerson? Ele está bem?_( perguntei tirando alguns fios de cabelos do rosto) Átila: ele está bem, só deu um jeito do pé, mas graças a Deus não torceu e nem quebrou_( responde enquanto amarrava o cadarço) Ramires: aquele menino pisou no pé dele de propósito, eu vi_( enxuga o rosto) Marcos: eles estão avacalhando de mais, nem na outra vez foi assim_( comenta ) Juliano: sua trança estava bonita, pena que desmanchou tão rápido_( ele fala enquanto observa o Nick tirando os fios de cabelos do meu rosto) Vejo Nick tirando a xuxinha do pulso dele, e logo depois ele começa a juntar os meus cabelos no topo da cabeça, para fazer um rabo de cavalo. Espero ele terminar de fazer o rabo de cavalo, e depois sorri, agradecendo-o. Ficamos conversando alguns pontos que observamos do outro time, depois o treinador chegou, e conversou com a gente. [•••] O jogo já estava praticamente no final. Me sentia cansada e acabada. Mas a adrenalina corria por todo o meu corpo. Mesmo que quisesse, a adrenalina não ia me deixar ficar parada. Estávamos ganhando, consegui marca o gol de desempate e isso só deixou o outro time furioso, eles não queriam aceitar que o gol de desempate foi feito por uma garota. Eles estavam tentando me irritar a todo custo, eles queriam que eu me desconcentrasse do jogo. Ficavam falando coisas incovenientes quando chegam perto de mim. Ficavam soltando piadinhas machistas do tipo "lugar de mulher é lavando a louça" ou "vai pintar a unha e fazer compras, lugar de mulher não é em campo" entre outras coisas. Teve uns que chegaram até a me cantar e me assediar, e isso só me deixou mais furiosa do que tudo, mas mantive minha atenção no jogo. Sinto o suor por todo meu corpo, os fios de cabelos grudando em meu rosto e minha respiração ofegante, mas eu continuava correndo com a bola do pé. Meu corpo vai de encontro ao chão quando alguém bater brutalmente em mim. Olho para o indivíduo e vejo o mesmo menino de ontem, que também era o capitão do time adversário, pelo que entendi, chamavam ele de Biel. Vc: né possível que o senhor vai se fazer de cego em tiroteio _(praticamente gritei me levantando) já é a quinta vez que esse imbecil faz isso comigo, não é a primeira vez que ele tenta me machucar em campo _( falei irritada para o juiz) Juiz: é um jogo, você sabe que isso acontece_(ele fala me ignorando e apita para o jogo voltar, já que para ele isso não foi nada) Vc: é claro _( rir irônica) Lancei um olhar irritado para o tal Biel e ele apenas riu e voltou a correr. Podia ver os meninos querendo discutir com ele, mas se contém, apenas o xingando. Voltei a correr também para tentar recuperar a bola que ele me fez perder. O Maycon consegue recuperar a bola, ele corre um pequeno percurso e depois toca a bola para o Ramires, ele é rapidamente cercado, mas consegue passar a bola para Dylan. O Dylan chuta a bola para o tevo que toca de cabeça para o Marcos. O Marcos recebe a bola e começa a correr com ela nos pés. O Ruan recebe a bola que foi passada pelo Marcos, ele desviou de dois jogadores ainda com a bola nos pés e chutou ela para o Átila. Nós só estávamos passando a bola para frente, nosso objetivo era fazer mais um gol. Agora a bola estava com o Nick, ele corre para cima, tentando desviar de todos os outros jogadores. Ele chuta a bola fazendo ela praticamente atravessar o campo pelo ar e o Kauã recebe, a dominando no peito. O Dylan e o Kauã correm lado a lado, um garoto do outro time toma a bola dos pés de Kauã, mas ele passou a bola de um jeito errado para o colega de time, fazendo com que o Nick conseguisse recuperar.

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Eu me encontrava um pouco à frente do meio de campo, tecnicamente, eu estava mais próxima da barra, mas o Maycon estava parado do lado esquerdo do campo. Domino a bola quando o Nick a joga para mim, eu só teria que correr reto e foi isso que fiz. Mas logo aquele garoto irritante começou a vim na minha direção, parei com a bola no pé, quando ele chegou mais perto, chutei a bola fazendo ela passar por cima da cabeça dele e a torcida começa a gritar, desviei dele e peguei a bola, correndo com ela novamente. Até escutei ele me xingando, mas não me importei. Chutei a bola para o Maycon que estava mais próximo e corri para mais perto da barra, ele continuou correndo ao meu lado também, só que um pouco distante. Estava um pouco complicado já que estávamos praticamente sozinhos, tirando o Nick, os outros estavam muito longe e nós não poderíamos perder essa chance de marcar mais um gol, mesmo que a possibilidade seja mínima. O Maycon grita algo, não consigo escutar, mas sei que ele falou para os meninos se aproximarem mais. O Nick estava mais próximo dele, então ele tocou para Nick. Nick corre pela lateral do campo, eu estava parada quase em frente ao goleiro (não tão perto) porém tinham quatro garotos perto de mim. Tento sair do meio dos garotos, ficando um pouco atrás deles e vejo Nick chutar a bala na minha direção. Eu não ia conseguir dominar a bola dessa vez, ela estava muito alta. Então tentei pôr em prática uma coisa que meu pai, junto com o tio Tony, Nick e Gui me ensinaram: o gol de bicicleta. A possibilidade de dar errado era gigantesca e esse era o meu medo. Para mim, aconteceu em câmera lenta. Vi a bola vindo bem devagar na minha direção e fiz tudo de acordo como eles me ensinaram. tomei impulso com minha perna oposta, quando peguei a altura boa, coloquei meu braço de apoio para trás, para que eu pudesse cair com um pouco de segurança e chutei a bola na direção da barra. Não tive certeza se havia acertado por conta da posição que estava, já que no gol de bicicleta, você ficava de costas para a barra. Uma gritaria imensa se instalou por toda a torcida, por um momento, cheguei até pensar que ficaria surda. Me levantei sorrindo quando percebi que havia conseguido marcar o gol. Grito comemorando e corro na direção do Nick que já estava vindo em minha direção. Pulei em cima dele sem pensar duas vezes, e ele rodeou seus braços em minha cintura enquanto me rodava no ar. Não demorou e os meninos logo se juntaram ao abraço gritando feito loucos. Esse momento não iria sair da minha cabeça nunca. Todo mundo, literalmente, comemorou mais ainda quando o juiz apitou finalizando o jogo. Era possível escutar os gritos da Maria e da Gabi em meio a multidão. Fizemos uma roda no meio do campo e começamos a girar enquanto gritava abraçados. Nós vencemos. Estávamos muito felizes. Aos poucos, os nervos foram se acalmando, e nos reunimos no vestiário novamente. Maycon: certo, como a Sam é a única garota entre nós, ela ficará no banheiro da entrada, assim ela terá mais privacidade. O resto, toma banho por aqui mesmo_( ele avisa para os meninos) Peguei minhas coisas e fui para o banheiro indicado pelo Maycon. Ele ficava entre a entrada do vestiário e a entrada para os armários. Entrei no banheiro e tranquei a porta, o banheiro era bem simples. Ele era todo branco com detalhes azuis, tinha uma privada, um espelho pendurado na parede em cima da pia, e um pequeno box. Tirei o uniforme, e por precaução, fiquei com as peças íntimas. Entrei no box e liguei o chuveiro, a água estava um pouco gelada, mas nem fazia muita diferença, já que estava fazendo muito calor. Como os meninos iriam demorar no banho, não me preocupei em tomar um banho rápido. Passei a escova pelos fios de cabelos, para tirar todo resquícios de grama. Iria lavar o cabelo em casa, já que peguei por engano o condicionador ao invés do shampoo.

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Enrolei as peças molhadas na camisa do time e depois coloquei na bolsa, junto com as outras coisas. Eu já tinha terminado de tomar banho, estava apenas organizando a bolsa novamente. Como estava fazendo muito calor, optei por trazer uma roupa simples que não esquentasse tanto. Depois que já estava arrumada, sai do banheiro com a bolsa no ombro, e fui para o vestuário novamente. Quando entrei, Nick estava em frente ao seu armário, arrumando algo enquanto conversava com Átila que mexia em sua bolsa sentado no banco e com o Ruan, que arrumava o cabelo. Vc: onde estão os outros?_(perguntei, me sentando em um dos bancos, colocando a bolsa ao meu lado) Átila: o Ramires saiu procurando comida, Maycon tá falando no telefone lá fora, e o resto tão brigando no banheiro ainda_( ele rir) Vc: vou atrás do Ramires, quero comer também _( me levantei) Nick: já que você vai lá fora, pode pegar o meu celular no carro?_( ele me olha) eu acho que esqueci lá, nem lembro quando foi que mexi nele pela última vez _(fala tentando lembrar) Peguei a chave do carro com ele e segui para fora do vestiário. Ainda tinha alguns alunos pela escola, e as vezes, até falavam comigo, coisa que raramente acontece. Fui direto para onde o Nick estacionou, destravei o carro, procurei por seu telefone e o achei dentro do porta copo. Quando eu estava voltando, os meninos já estavam saindo do vestiário ao lado do treinador. Nick segurava sua bolsa e a minha ao mesmo tempo, ele vestia uma bermuda preta e uma camiseta de algum time de basquete. Prof. Márcio: olha ela aí, a estrela do momento _( diz quando me olha) você jogou muito bem, parabéns _( ele sorri) Vc: obrigada_(sorri envergonhada) mas tudo isso foi graças ao senhor também, obrigada por ter me escolhido e por ter sido meu treinado_(o abraço rapidamente) Ele agradece, depois fala mais algumas coisas com a gente e vai embora, ele teria que ir buscar a esposa em algum canto. Vc: vou pegar o meu carregador no armário, a Gabi deixou ele lá. Me esperem, eu já volto_(entreguei o celular para o Nick e corri até os armários) Peguei o carregador, e quando estava andando pelo corredor que leva até a saída, a Luiza estava no meio parada com os braços cruzados. Tentei passar por ela, mas ela segurou o meu braço e me empurrou para trás. Luiza: como você pode estar tão feliz?_(ela perguntou me deixando confusa) Vc: o que?_(olho sem entender para ela) Luiza: não se faça de sonsa, vai fazer três anos quinta-feira! Três anos!_(ela exclama) Sinto o meu corpo paralisar por um momento ao lembrar do que ela estava falando. Vc: não venha querer me culpar de novo Luiza, eu não tenho culpa de nada. Não irei me culpar novamente, não mesmo _(balancei a cabeça negando) Luiza: eles estão mortos por sua causa! A culpa é toda sua! _( ela diz segurando meu braço) Vc: eu não tenho culpa _(afirmei sentindo minha voz falhar) a culpada disso tudo é você! Se você não tivesse pensada em fazer aquilo comigo não teria acontecido nada com ele!_(puxei meu braço) eu só tinha quinze anos Luiza! Quinze! Você acabou com o meu psicológico, me fazendo acreditar que eu era culpada _(falei sentindo meus olhos marejarem) Luiza: não venha jogar a culpa em mim_( ela quase gritou com raiva) eu o amava! Você estragou tudo, você sempre estraga tudo_( ela segurou meu braço com força) acho bom você aproveitar muito bem esses seus momentos estúpidos de alegria, porque eu te garanto que eles vão acabar daqui para a semana que vem, eu te garanto Sam_( ela falou olhando em meus olhos e eu pude senti minha espinha se arrepiando) seus dias de paz estão contados, e se você não quiser se culpar pela morte de mais alguém, acho melhor você obedecer logo ele, ele também não está para brincadeira_( disse com convicção e saiu me deixando ali) Suas últimas palavras ecoavam em minha cabeça, podia sentir o medo percorrendo pelo meu corpo, sabia muito bem do que a Luiza era capaz de fazer. "Ele não está para brincadeira" isso só me fez lembrar do desconhecido, eu sabia que ela tinha uma ligação com ele. Atordoada, caminhei para fora do vestiário, olhei ao redor e vi a Luiza indo embora com o mesmo menino de ontem, o tal Biel. Será que ele era o "desconhecido"? Será que ele também está envolvido? Cheguei perto dos meninos, que estavam parados me esperando do lado de fora da escola, tentei disfarçar, não queria estragar nada, eles estavam tão felizes. Agora a Gabi e a Maria estavam com eles também, as vezes esqueço que a Maria é prima do Higor. Vc: voltei, demorei porque esqueci a senha do armário _( menti, e pude sentir os olhos de Nick e do Ramires sobre mim) Gabi: eu podia ter trazido o carregador comigo né? _( ela diz pensativa) Higor: as vezes você não usa esse negócio que se chama cérebro_( ele fala rindo) Vc: como está seu pé?_(perguntei ao Emerson que estava escorado na parede ao meu lado) Emerson: pronto pra levar outro _( ele rir) Ruan: estávamos pensando em ir para praia, vamos almoçar por lá mesmo, todos toparam, falta só você concorda_( ele fala e todos me olham) Vc: pode ser _(dou de ombros) vamos daqui mesmo ou vamos passar me casa para pegar biquíni ou algo do tipo? Gabi: bom, como os meninos podem tomar banho assim mesmo, a Maria vai passar na minha casa para pegar um biquíni, é caminho da praia, aí se você quiser, eu empresto um também_( ela fala) Concordei. Nós organizamos para ir, como tinha apenas três carros, que eram um do Nick, um do Ramires e outro do Higor, nos dividimos para ir, mas ainda ficaram sobraram duas pessoas, então a Maria foi sentada no colo de Gabi, e o Lucas foi sentada no colo do Átila. E para não ir duas pessoas a mais no mesmos carro, a meninas foram no carro de Higor, e o Átila e o Lucas no carro do Ramires. Depois seguimos para a praia, e no caminho paramos na casa de Gabi como combinado, ela me emprestou a parte de cima do biquíni, como eu pedi, e depois seguimos de vez para a praia.

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Já estávamos na praia já um tempo. Os meninos fizeram amizades com um outro grupo que estava aqui, e agora estavam jogando altinha. Já tínhamos almoçado e tudo. A Gabi e a Maria estavam pegando bronze, queria te a coragem delas de ficarem apenas de biquíni. Eu estava com um short e a parte de cima do biquíni. Eu estava apenas observando os meninos brincando, o Nick estava comigo. Estávamos sentados na areia, embaixo do guarda-sol. Me encontrava sentada entre suas pernas, encostada em seu peito, minha cabeça estava em seu ombro e meus cabelos jogados em suas costas. Estava praticamente deitada. Já ele estava com as pernas "dobradas", uma em cada lado do meu corpo e os seus braços estavam esticados e apoiados em cima dos joelhos. Nick: você está tão quietinha. O que aconteceu? _( pergunta abaixando um pouco a cabeça) Não respondi de imediato, eu realmente estava quieta desde que a Luiza falou comigo, ela fez toda a euforia que estava dentro de mim evaporar. Por mais que eu tentasse disfarçar, dava para perceber que tinha algo errado. Eu estava com medo, mas ao lado do Nick, eu me sentia segura, e por isso não saí do lado dele desde quando chegamos, e eu sei que ele percebeu que não estava tudo bem. Vc: a Luiza..._(suspirei, eu ainda conseguia escutar a voz dela ecoando em minha cabeça) Nick: foi ela quem fez isso em seu braço?_( ele pergunta, e eu olho para o meu braço, as marcas das unhas dela estavam ali) Vc: o que?_(perguntei confusa, nem tinha mostrado nada para ninguém, até tentei esconder) Nick: Sam, não pense que eu não percebi _( ele suspira) desde quando você voltou do vestiário, você está quieta e nem conversa com ninguém, só responde quando alguém lhe perguntar algo _(ele fala, olhando para os meninos brincando, ainda estávamos na mesma posição de antes) percebi que seu braço estava machucado no carro, não perguntei nada porque os meninos estavam perto e eu não queria que você se sentisse desconfortável_(continua) Vc: a Luiza veio me culpar de novo sobre aquele assunto _(murmurei, mas sei que ele escutou) ela insiste que a morte do João e do irmão dele foi culpa minha _(apoiei minha mão em sua perna) Ele esbravejou algo que eu não entendi, depois ele rodeou seus braços ao redor dos meus ombros e beijou o topo da minha cabeça. Nick: você sabe que não tem culpa de nada né? _( ele perguntou e balancei a cabeça) o que aconteceu com eles foi sim uma tragédia, mas não quero que você vá na onda da Luiza e fique se culpando novamente, nada disso teria acontecido se ela não tivesse tentado aquilo _( ele me aperta mais) Vc: passei um ano me culpando pelas mortes deles Nick, e quando eu realmente entendo que não tenho culpa de nada, ela aparece na mesma escola que estou agora e volta com a mesma história _(senti vontade de chorar, mas segurei) Ele continuou ali comigo, conversando e como sempre, me aconselhando, e dizendo que sempre estará ao meu lado, não importa o que aconteça. Depois, ele me puxou para onde os meninos estavam e começamos a jogar vôlei. Ele fez de tudo para me distrair, ele sabia como a história do João me afetava. Ficamos ali na praia até umas quatro horas da tarde, depois fomos todos nos organizamos para ir embora. A diferença, era que agora, os meninos iriam para casa do Nick, então todos vieram no mesmo carro. Eu fui no banco da frente, o Dylan atrás do banco do motorista, o Ruan no meio, o Juliano atrás de onde eu estava com o tevo no colo. Já o Ramires foi levar os outros para casa e depois iria para casa do Nick. O Nick ligou o motor do carro e depois começou a dirigir, às vezes eu sentia seu olhar preocupado sobre mim, mas eu fingia que não via. Os meninos colocaram uma música agitada e foram cantando o caminho todo, o que me fez rir.

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Já havíamos chegado em casa há um tempo, meus pais precisaram viajar mais cedo, então assim que cheguei, eles conversaram um pouco comigo, me perguntando como tinha sido o jogo, e depois eles se despediram, me parabenizaram e foram embora dizendo que me amavam, e avisaram que os gêmeos estavam com o Gui. Eu já havia tomado um outro banho, meus cabelos já estavam lavados e secos, livres de qualquer resquícios de gramas e de qualquer grãos de areia. Como já era fim de tarde, resolvi colocar uma calça moletom com uma blusinha de alcinha. Calcei minha sandália do Stitch e fui para casa do Nick antes que os meninos viessem me buscar. Assim que entrei na casa do Nick, abracei e cumprimentei o tio Tony que estava assistindo um jogo na sala, hoje ele não iria trabalhar. Depois fui para o quarto do Nick, que era onde eles estavam. Quando entrei, vi os meninos espalhados pelo quarto, cada um com um pote cheio de pipoca. Entrei fechando a porta e me joguei na cama, entre o Ramires e o Nick. Ficamos conversando sobre várias coisas aleatórias e às vezes cada um contava algo de suas vida. O Ramires estava um pouco inquieto ao meu lado, quando iria perguntar se ele estava bem, ele se senta endireitando sua coluna e suspira um pouco nervoso. Ramires: eu preciso conversar com vocês, adiei esse assunto por muito tempo, mas agora me sinto confortável para ter essa conversa_( ele nos olha atentamente) é um assunto delicado para mim, se trata sobre minha vida, irei conversar abertamente e espero que me entendam por não ter contado antes, fiquei apenas com medo de vocês se afastarem, mas caso decidam se afastar depois do que irei contar, irei entender perfeitamente_( solta mais um suspiro) O assunto parecia ser sério, então os meninos se aproximam mais, o Dylan puxa a cadeira para perto da cama enquanto o tevo e o Juliano se sentam junto na cama, onde eu, Nick e Ramires estamos sentandos e o Ruan se senta num pufe ao lado da cama. Ficamos apenas calados esperando o Ramires dá início aquilo que ele queria nos contar, ele ao perceber isso, começou a tirar a camisa nos deixando um pouco confusos, mas logo ficamos surpresos ao ver algumas tatuagens em sua pele. O Ramires nunca foi de tirar a camisa em nossa frente, ao contrário dos outros garotos. Por isso quando vimos as tatuagens, ficamos surpresos, nunca imaginariamos isso, pelo que sei, o único do grupo que tem uma tatuagem é o Ruan. Vc: quantas tatuagens você tem?_(pergunto curiosa) Ramires: acho que umas dez ou quinze, não lembro _(fala incerto) comecei a fazê-las com quinze anos, quando tudo começou. Aliás, fiquei receoso sobre mostrar-las para vocês _(continua) Juliano: não entendi, você acha que vamos lhe julgar por conta das suas tatuagens? É por isso que você nunca tira a camisa? _( ele pergunta) Ramires: não acho que vocês me julgariam, mas se julgassem, não seriam de fato os primeiros, já perdi as contas de quantas pessoas se afastaram de mim por conta das tatuagens e da minha vida_( ele encolhe um pouco os ombros) Ruan: não vamos lhe julgar por conta das suas tatuagens Ramires_( ele fala e concordamos) aliás, eu também tenho uma e todo mundo sabe disso _( ele mostra a tatuagem que tem na costela, era uns passarinhos voanda) fiz essa em homenagem a minha irmã, ela sempre desenhava esses passarinhos _( ele sorri) mas agora que ela foi morar em outro país com meu pai, acabamos perdemos o contato. Ramires: as tatuagens não são nem a ponta do iceberg _( suspira) cada uma delas tem uma história por trás, principalmente essas _( ele entende a mão, mostrando as tatuagens entre seus dedos) No mindinho havia um sol, no vizinho ao mindinho, havia uma lua e no dedo maior de todos, havia uma estrela. Depois, ele tira a faixa que estava em seu pulso, tinha três nomes escritos delicadamente ali. Ayla, Kiara e Camile. Ao lado dos nomes de Ayla e Camile, havia uma pequena cruz com uma estrela, e ao lado do de Kiara, apenas uma estrela. Dylan: então é por isso que você sempre usa pulseiras e um relógio nesse pulso? Para esconder?_( faz a pergunta que estava em minha cabeça) Ramires: não exatamente, eu só não gosto de sair contando o que aconteceu com elas por aí. Por mais que eu já tenha superado, ainda é difícil de lembrar. E as pessoas sempre são incovenientes e ficam perguntando_( ele passa os dedos sobre a tatuagem) Ficamos apenas em silêncio o olhando encarar os nomes escritos em seu pulso.

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Depois ele ergue a cabeça e nos emcara por uns minutos, antes de começar a falar. Ramires: eu nasci e fui criado no Rio de janeiro, especificamente na favela. O meu pai... Bom, ele é dono de um dos morros lá do Rio _( ele nos olha esperando nossa reação) Olhamos chocados para ele. Nunca que iríamos imaginar isso. O único que ficou um pouco confuso foi o Dylan, pois ele não sabia o que era um morro, ou o que um dono de morro fazia, mas o Ramires explicou tudo direitinho para ele. Ramires: mesmo mexendo com coisas erradas, meu pai nunca foi pai ruim. Minha mãe é a melhor mãe do mundo, assim como meu pai é o melhor_( ele abre um pequeno sorriso) minha mãe cuida dos projetos dos morros, ela é quem gerencia as aulas de balé para as crianças, as aulas de desenhos, de música e por aí vai _( continua) meu pai nunca quis que eu seguisse os passos dele, e nem eu quero isso para minha vida. Ele foi obrigado a entrar nessa vida pelo meu avô e agora não tem mais como sair_( suspira ) — me disse para seguir meus sonhos, me falou para ser um doutor e não um bandido como ele_( rir) ele disse que não ia fazer comigo o que o pai dele o obrigou a fazer _( olha para seus dedos) meu pai sofreu muito nas mãos do meu avô, e nem por isso se tornou um pai ruim _( continua) Juliano: seu pai parece ser uma boa pessoa, mesmo mexendo com coisas erradas_( ele comenta) Ramires: e ele é, seu semblante sério, pode até intimidar, mas ele é um cara legal_( sorri franco) a Camile era minha irmã e mesmo sendo cinco anos mais velha, éramos muito próximos _( ele olha para tatuagem em seu pulso) já a Ayla... A Ayla era minha melhor amiga, a única garota por quem me apaixonei, mas nunca chegamos a namorar de fato, éramos muito novos para isso_( suspira) A conheci quando tinha seis anos, tínhamos a mesma idade, mas eu ainda era uma semana mais velho que ela. Ele fica em silêncio por uns minutos, mas logo volta a falar. Ramires: quando eu tinha treze anos, chegou um novo morador lá no morro_( ele conta e é notório a ira em sua voz) aquele desgraç@do infeliz, filho de..._( começa a xingar, mas para e respira fundo) é difícil chegar lá no morro do meu pai e arruma uma casa sem que ele saiba de toda sua vida antes, mas esse desgraç@do conseguiu enganar todo mundo _( conta) Ele passa as mãos pelo rosto, visivelmente irritado ao lembrar do homem. Ramires: ele chegou lá, pagando de bom moço, contou uma história que todos acreditaram, logo conseguiu trabalhar junto com meu pai, ele nos disse que seu nome era Paul e que vinha da Alemanha, mas estava no Brasil há um tempo, logo o seu vulgo começou a ser alemão _( continuo) ele conquistou a confiança de todo mundo e começou a se envolver com minha irmã, ele era dois anos mais velho que ela. Depois de uns meses, minha irmã engravidou dele_( ele fica em silêncio) Ficamos surpresos. Então isso significa que ele já era tio? Ramires: a todo momento ele parecia feliz por ser pai. Meus pais surtaram no começo e claro, mas depois se acostumaram. A Ayla vivia pra cima e pra baixo com a Camile para comprar as decorações do quarto do bebê, e ainda me faziam de cobaia _( ele sorri, mas é um sorriso tristonho) sete meses depois, a Kiara nasceu, ela nasceu antes do esperado, mas nasceu saudável graças a Deus. O morro ficou em festa pela chegada dela_( seus lábios tremem um pouco) — depois de uns meses minha irmã mudou. Ela não saía muito de sua casa, o brilho dela havia sumido, ela ficou estranha. Tanto meus pais como eu e Ayla tentávamos conversar com ela, mas ela sempre alegava que estava bem e dizia que amamentar tirava suas energias _( ele rir, mas um riso amargo) meu pai descobriu que ela estava sendo violentada. O paul a traia mesmo ela estando em casa cuidado da filha, contaram a ele que minha irmã tinha o traído. Ele se via do direito de bate-la por conta da tal traição, mas na verdade, nunca ouve traição da parte da minha irmã, só dá dele_( fala com raiva) Ruan: mas que cara filho da..._( xinga) Ramires: o meu pai ficou furioso quando descobriu. E ele ficou mais ainda quando descobriu que o paul ameaçava a Camile para que ela não contasse para ninguém. O meu pai iria mata-lo, mas a Camile implorou para que ele não fizesse isso, ela alegou que por mais que ele fosse um péssimo marido, ele era um ótimo pai, o que era verdade, ele sempre cuidava da Kiara_( ele fecha seu punho) eu preferia que meu pai nunca tivesse dado ouvido a minha irmã _( por um momento, seus olhos se encheram de lágrimas) — eu a amava, mas fiquei com muita raiva quando ela pediu isso, foi a pior decisão da vida dela _( a iria em sua voz era notável) o meu pai deu uma coça bem dada no paul e o expulsou do morro apenas com a roupa do coro que não estava lá as das melhores por conta da surra que ele levou, achei foi pouco _( fala com raiva) Ele respira fundo, como se tentasse tirar toda raiva de seu corpo apenas com um suspiro. Ramires: a Ayla nos ajudou em todo momento, mesmo tendo sua casa, ela não saia de perto da Camile e eu ficava muito grato por isso _( suspira) as coisas começaram a tomar um rumo, a Kiara tinha feito dois anos há umas duas semanas, o Paul prometeu da uma nova bicicleta para ela, ele era proibido de pisar no morro, então ele só ficava na estrada esperando para ver a filha, meu pai sempre ficava por perto para ele não subir, mas nesse dia... _( fecha os olhos com força) Vc: Ramires, não precisa continuar _( toquei sua mão) Ramires: eu me lembro de cada detalhe daquele maldito dia! _( exclama abrindo os olhos cheios de lágrimas) já era fim de tarde, meu pai estava na boca, minha mãe estava fora do morro com a mãe da Ayla para comprar algumas coisas para o novo projeto e eu estava em casa com a Ayla, minha irmã e minha sobrinha _( era possível sentir a dor em sua voz) elas estavam na sala cantando a música das três mosqueteiras, já que era assim que elas se intitulava_( seu queixo treme também) – elas estavam tão feliz, principalmente minha irmã, ela estava com um brilho diferente naquele dia, não sei explicar _( seu olhar estava perdido, como se estivesse vivendo aquele dia) perto das sete horas, passaram um alô para meu pai, dizendo que o paul estava na estrada do morro com a bicicleta da Kiara e um buquê de flores para a Camile _( um suspiro sai de sua boca, ele estava de olhos fechados agora) eram as flores favoritas da minha irmã _( sua voz falha) Senti meu peito doer, não estava pronta para escutar o que estava por vim, e parecia que os meninos também não. O ruan olhava para o nada, assim como Dylan. Eu ainda estava com a mão sobre a dele, o Nick olhava para seus próprios dedos, e o resto estava de cabeça baixa.

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Ele abre os olhos, mas não nos encara, apenas olha para o nada. Ramires: nos preparamos para descer, a Ayla tinha ficado para tomar banho, e eu resolvi ir junto com a minha irmã e minha sobrinha. Eu odiava o fato do Paul manter contato com elas _( continuou com a voz embarcada) meu pai já estava na entrada, nos aproximamos e o Paul se abaixou para abraçar a Kiara _( as lágrimas já corriam por suas bochechas) ele falou algo do tipo "vocês vão precisar dessas flores" antes de entregá-las para Camile, foi tudo muito rápido_( fecha os olhos com força) Aperto sua mão, sentindo o meu coração acelerar. Ramires: ele puxou uma arma, e com a Kiara nos braços, ele foi se afastando para o carro que estava perto dele. Ele atirou cinco vezes contra o peito da minha irmã e entrou dentro do carro que saiu em disparada. Meu pai atirou no peneu do carro e mandou seus homens irem atrás. O paul sabia que não iam atirar nele por conta da Kiara. Tentamos socorre a Camile, mas minha irmã morreu ali mesmo, segurando as flores que aquele desgraç@do deu_( as lágrimas saiam descontrolada rolando por suas bochechas) Eu estava com as mãos na boca, chocada com que havia acontecido. Meus olhos estavam cheios de lágrimas e eu não era a única que estava assim. Os meninos também estavam em choque pelo que Ramires havia acabado do contar. Tevo: sentimos muito pela sua irmã _( ele fala com a voz embarcada) Vc: a Kiara...?_( pergunto sentindo meu peito doer) Ramires: faz três anos que procuramos por ela, eu sei que ela está viva, posso sentir isso_( ele conta chorando) procuramos pelo paul há três anos, até os inimigos de meu pai se juntaram a ele para ajudá-lo na busca. Quando descobriram onde ele estava, não puderam agir de imediato, então meu pai mandou x9 para lá, mas acabamos perdendo o contato com o x9, não sabemos o que aconteceu com ele até hoje, e a última informação que ele passou, foi que o paul estava planejando uma viajem para essa região, mas não sabemos se foi verdade ou não já que o enviado do meu pai desapareceu_( responde) Ninguém sabia o que dizer. Todos parecia ainda está em choque pelo que Ramires contou, mas logo o silêncio foi quebrado. Ramires: sem a Camile e sem a Kiara, minha família ficou destruída. O meu pai não tinha cabeça para administrar o morro, então o braço direto dele ficou no comando até meu pai se recuperar um pouco. O morro ficou de luto, até hoje o morro nunca mais foi o mesmo, a Camile era amada por todos, menos pela menina que ficava com o paul, que foi a mesma que inventou a mentira _( fala com a voz distante) a Ayla foi o meu porto seguro, nos apoiamos um no outro para lutar contra o luto, ela foi minha âncora _( sua voz embarca) _ um ano depois, na mesma data em que minha irmã morreu, quase no mesmo horário também_( as veias de suas testa saltam para fora) os policiais, os canas como chamamos, invadiram o morro do meu pai_( as lágrimas começaram a cair novamente) Juliano: cara, de verdade. Não precisa continuar, estamos vendo o quão difícil é reviver isso para você_( ele fica ao lado do Ramires) Ramires: eu preciso conversar sobre isso com vocês, preciso colocar para fora, não posso conversar com meus pais, já é doloroso demais para eles _( ele nos olha com os olhos cheios de lágrimas) Suspiramos. Estava sendo difícil ver o Ramires tão vulnerável como agora, ele sempre foi o mais elétrico do grupo, vê-lo assim, era de partir o coração. Vc: somos todos ouvidos, não prenda o choro, se quiser chorar, pode chorar a vontade, não iremos julgar _( falo ao perceber que ele sempre tentava segurar o choro e ele apenas balança a cabeça) Ramires: a Ayla tinha brigado com uma de suas amigas do asfalto, ela ficou chateada e pediu para ir lá para casa já que a amiga que ela brigou era vizinha dela. Comprei chocolates para ela e esperei ela chegar, mas os canas invadiram o morro de surpresa. Quando escutei os barulhos dos tiros, corri desesperado para procurar pela Ayla_( ele continua) quando a encontrei, apenas a puxei para dentro de uma das casas lá do morro, mas quando vi, ela já estava baleada_( as lágrimas rolavam pelas suas bochechas) _ os canas haviam atirado nela, o tiro pegou acima do seu peito. Eu fiquei desesperado, não sabia o que fazer. A senhora que era dona da casa, me ajudou a tentar estancar o sangramento, mas ela estava perdendo muito sangue. Ela lutou para se manter consciente, lutou para viver..._( fechou os olhos) eu ainda consigo vê-la em meus braços. As últimas palavras dela foram dizendo que amava seus pais, a mim, ao meus pais e a Kiara_( havia dor em sua voz) ela me pediu para não deixar o luto tomar conta de mim, e me fez prometer que seguiria minha vida. _ prometi isso a ela. Mas eu estava quase beirando a loucura, ainda não tinha superado a morte de minha irmã, a kiara estava desaparecida e perde a Ayla acabou comigo _( soltou um suspiro) fiz a pior burrada da minha vida, usei drogas pela primeira vez_( revela envergonhado) foi a primeira e a última vez. Fiquei em um estado deproravel, fiquei tão doido que nem lembro o que aconteceu direito, nem sei como cheguei em casa naquele dia, mas lembro dos olhares de meus pais, sei que decepcionei eles, no outro dia, meu pai me deu uma bronca que até hoje me lembro de todas as palavras_( continua) _ parei e refleti sobre o que tinha feito, eu havia decepcionado meus pais e querendo ou não, quebrei a promessa que fiz para Camile e para Ayla, que foi nunca usar nem um tipo de droga. Comecei a procurar tratamento, meus pais começaram a fazer comigo. Éramos só nos três, ficar distantes uns dos outros por conta do luto não iria ajudar em nada, a Ayla era como uma filha para eles também, então nos apoiamos um nos outros, lutamos contra o luto e com muito esforço, conseguimos vencer. Hoje entendemos que se as meninas se foram, foi porque elas já tinham cumprido suas missões aqui na terra _( abre um sorriso tristonho) O quanto ficou em silêncio, ninguém sabia o que dizer, a história que o Ramires havia contado era bem mais triste do que imaginávamos, e mesmo que ele tenha superado, ainda doía. E como não sabia o que falar, eu apenas o abracei apertado, logo os meninos se juntaram ao abraço também.

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Nós desfazermos do abraço em grupo e nos acomodamos, o Ramires nos olhos e abriu um pequeno sorriso. Seus olhos e seu nariz estava avermelhados por conta do choro, mas ele parecia bem relaxado agora. Ramires: obrigado por terem me escutado, de verdade_( sorri) Nick: você sabe que sempre que precisa, pode contar conosco. Sentimos muito pelo que você e sua família passou, e esperamos que vocês encontrem a Kiara_( ele toca o ombro do Ramires) Vc: sabe, você é um garoto muito forte. Mesmo tento passado por tudo isso, você ainda continua sorrindo_( sorrio orgulhosa dele) Tevo: e pode ter certeza que tanto a Camile como a Ayla se orgulham de você_( fala para o amigo que sorri) Ruan: e pode ter certeza que não vamos nos afastar de você por conta da sua história, das tatuagens, da vida do seu pai ou algo do tipo. Somos amigos, quase irmãos_( ele sorri) claro que entre nós tem um casal que não é casal ainda _( ele olha para mim e para o Nick) mas nós relevamos isso_( fala fazendo os meninos rirem, até mesmo o Ramires) Vc: para com isso _( bati no braço dele) Dylan: não é como se vocês não fossem namorados que não namoram _( ele fala ) Nick: meu Deus, vocês se distraem muito rápido _( revira os olhos, suas bochechas estavam levemente coradas) Ramires: onwt, olhem só as bochechas dele _( ele aperta uma das bochechas do Nick) Juliano: que fofo _( rir) Nick: fofo. Fofo vai ser..._( ele resmunga algo mas nem consegue terminar por conta do Ramires que estava apertando suas bochechas) E assim se seguiu os próximos minutos. Os meninos pareciam bem empenhados em fazer eu e o Nick passar vergonha. Mas depois, voltamos a conversar normalmente, o Ramires nos contou como era lá no morro do pai dele. Ele nos contou os significados das suas tatuagens e ele não parecia desconfortável em nos contar isso. Ele nos contou as aventuras que passou ao lado da sua irmã mais velha e ao lado da sua melhor amiga antes de suas vidas chegarem ao fim. Cada tatuagem dele tinha um significado muito bonito, e sempre que ele fala sobre os significados, ficava todo empolgado. [•••] O relógio indicava que já iam dar nove horas da noite. Eu já estava em casa, especificamente na sala assistindo um filme com o Gui. Os gêmeos já estavam dormindo, eles passam o dia todo brincando na casa do Gui junto com Henry e Logan, que quando chegaram em casa, só comeram, tomaram banho e dormiram. A Lorena estava tomando banho, ela como uma pessoa cuidadosa que é, acabou derrubando refrigerante em cima de si, e como ela não queria ficar pegajosa, foi tomar um banho. Os meninos foram para uma "festinha" que ia ter na casa do Emerson, típico dele. Eu não fui porque não me sentia confortável com essas coisas, os meninos até cogitaram a ideia de ficar por minha causa, principalmente Nick, mas eu os obriguei a irem. Não quero que ninguém se sinta "preso" por minha causa, quero que eles se divirtam. Gui: e aí você fez um gol de bicicleta?_(perguntou) Estávamos conversando sobre o jogo. Ele estava sentado com as pernas esticadas sobre a mesa de centro, enquanto tinha uma almofada em suas costas, e eu estava deitada no sofá com os pés em seu colo. Vc: sim, eu pensei que não acertaria. Até porque sempre errava quando tentava acertar com vocês, raramente dava certo _( respondi olhando para a tv) Gui: essa é minha irmã, aprendeu direitinho _( deu um tapa em meu pé) Vc: eu brilho muito _( brinquei e ele riu) Gui: nem se acha_( fez careta) Vc: puxei isso de você _( sorri para ele que revirou os olhos) Gui: o Nick deve ter se apaixonado mais ainda _( ele me olha, subindo e descendo as sobrancelhas rapidamente) Vc: você é ridículo _( o chutei) qual é o problema de vocês com nós dois em? Gui: vocês se olham como dois bobos apaixonados, só falta sair arco-íris _( ele junta as mãos, colocando ao lado da bochecha e pisca várias vezes seguidas) Vc: para com isso, isso não é verdade! _(exclamei o fazendo rir) Ele continuou a me perturbar, dizendo que eu e o Nick nos amamos, mas somos burros demais para perceber isso, e eu o chutei é claro. Depois a Lorena se juntou a nós, e ficamos conversando sobre coisas banais. Já perto das dez horas, me retirei para dormir, estava cansada e o dia tinha sido corrido. Desliguei as luzes, deixando apenas as cortinas da janela aberta para clarear um pouco o quarto, depois me deitei e me cobri. Fiquei pensando um pouco, em tudo que aconteceu hoje, no jogo, no que a Luiza falou, na história do Ramires... Minha mente estava uma confusão só, mas o cansaço era maior, e logo adormeci.

Bay
Bay
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Oiê. Finalmente o EP foi publicado. Mas os textos estão juntos e isso me deixa nos nervos, porque eu separo tudo direitinho, e o quiz junta tudo. Mas quem tiver alguma ideia, pode falar comigo no insta @rpg1amor_edrama

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