Perguntas do livro de Iracema
Vamos lá! Vamos ver se você Ser Lembrar da história de Iracema. 😊
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Romance escrito em 1865, Iracema, de José de Alencar, aborda fatos e feitos da colonização portuguesa no Brasil. Sobre esta obra, é correto afirmar que:
Iracema é descrita por Alencar como virgem dos lábios de mel, com cabelos mais negros que a asa da graúna.
A principal característica de Iracema é a objetividade da narrativa, que exclui qualquer traço lírico ou subjetivo.
Apesar de ser um romance indigenista, Iracema também aborda com ênfase a questão da escravidão negra no Brasil.
A estória se passa no século XVI, durante a exploração portuguesa no Amazonas.
A principal característica deste romance é que parte dele é escrito em prosa, outra parte em versos.
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Considere os dois fragmentos extraídos de Iracema, de José de Alencar. I. Onde vai a afouta jangada, que deixa rápida a costa cearense, aberta ao fresco terral a grande vela? Onde vai como branca alcíone buscando o rochedo pátrio nas solidões do oceano? Três entes respiram sobre o frágil lenho que vai singrando veloce, mar em fora. Um jovem guerreiro cuja tez branca não cora o sangue americano; uma criança e um rafeiro que viram a luz no berço das florestas, e brincam irmãos, filhos ambos da mesma terra selvagem. II. O cajueiro floresceu quatro vezes depois que Martim partiu das praias do Ceará, levando no frágil barco o filho e o cão fiel. A jandaia não quis deixar a terra onde repousava sua amiga e senhora. O primeiro cearense, ainda no berço, emigrava da terra da pátria. Havia aí a predestinação de uma raça? Ambos apresentam índices do que poderia ter acontecido no enredo do romance, já que constituem o começo e o fim da narrativa de Alencar. Desse modo, é possível presumir que o enredo apresenta.
O relacionamento amoroso de Iracema e Martim, a índia e o branco, de cuja união nasceu Moacir, e que alegoriza o processo de conquista e colonização do Brasil.
As guerras entre as tribos tabajara e pitiguara pela conquista e preservação do território brasileiro contra o invasor estrangeiro.
O rapto de Iracema pelo branco português Martim como forma de enfraquecer os adversários e levar a um pacto entre o branco colonizador e o selvagem dono da terra.
A morte de Iracema, após o nascimento de Moacir, e seu sepultamento junto a uma carnaúba, na fronde da qual canta ainda a jandaia. e preservação do território brasileiro contra o invasor estrangeiro.
A vingança de Martim, desbaratando o povo de Iracema, por ter sido flechado pela índia dos lábios de mel em plena floresta e ter-se tornado prisioneiro de sua tribo.
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Sobre "Iracema", de José de Alencar, podemos dizer que 1) as cenas de amor carnal entre Iracema e Martim são de tal forma construídas que o leitor as percebe com vivacidade, porque tudo é narrado de forma explícita. 2) em "Iracema" temos o nascimento lendário do Ceará, a história de amor entre Iracema e Martim e as manifestações de ódio das tribos tabajara e potiguara. 3) Moacir é o filho nascido da união de Iracema e Martim. De maneira simbólica ele representa o homem brasileiro, fruto do índio e do branco. 4) a linguagem do romance "Iracema" é altamente poética, embora o texto esteja em prosa. Alencar consegue belos efeitos linguísticos ao abusar de imagens sobre imagens, comparações sobre comparações. Assinale:
Se 2, 3 e 4 estiverem corretas.
Se apenas 2 e 4 estiverem corretas.
Se apenas 2 e 3 estiverem corretas.
Toads as alternativas
Se 1, 3 e 4 estiverem corretas.
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Sobre o romance Iracema, de José de Alencar, é incorretoafirmar que:
Incorpora inúmeros termos indígenas, com o intuito de forjar uma língua literária nacional.
Vale-se da prosa poética na representação do espaço e das personagens.
Apresenta um narrador onisciente, em terceira pessoa.
Simboliza o consórcio do português e do indígena na formação da nação brasileira.
Possui, como argumento histórico, fatos relacionados ao estado de Pernambuco, terra natal do autor.
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O nacionalismo literário do Romantismo brasileiro tem na prosa indianista sua maior expressão. Leia atentamente o excerto seguinte e marque verdadeira (V) ou falsa (F) em cada afirmativa sobre ele. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado. Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas. ( ) O nacionalismo se traduz, nesse trecho, pela escolha do léxico, que incorpora palavras em tupi, por exemplo. ( ) Os atributos da protagonista metaforizam o paraíso, traçando um paralelo entre Iracema e a terra que recebe o colonizador. ( ) A figura indígena e idealizada, como são idealizados também o espaço e as origens do povo brasileiro ao longo do romance. ( ) A caracterização de Iracema assinala sua total integração a natureza. A sequência correta é:
V – V – V – F
F – V – F – V
V – F – F – V
F – V – V – F
V – V – V – V
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Sobre o romance Iracema, de José de Alencar, é incorretoafirmar que:
Apresenta um narrador onisciente, em terceira pessoa.
Simboliza o consórcio do português e do indígena na formação da nação brasileira.
Possui, como argumento histórico, fatos relacionados ao estado de Pernambuco, terra natal do autor.
Incorpora inúmeros termos indígenas, com o intuito de forjar uma língua literária nacional.
Vale-se da prosa poética na representação do espaço e das personagens.
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Leia as seguintes sentenças sobre a obra Iracema, de José de Alencar. I. Constitui obra de exaltação da flora e fauna brasileira, mas apresenta o índio como representante de uma raça inferior e inculta. II. A obra representa o mito alencariano composto pelo herói, o índio, resistente à colonização e à presença do ‘outro’, e o branco, colonizador agressivo que deseja destruir o nativo. III. A personagem Martim, representação do colonizador europeu, apesar de seu amor por Iracema, resiste à cultura indígena e rejeita a língua e os costumes nativos. IV. A personagem Iracema, representação do índio exaltado pela literatura do período romântico, pode ser considerada um símbolo da terra mãe, o Brasil. V. O romance apresenta, por meio de estilo lírico, uma idealização do índio brasileiro. Considerando-se as características da obra e os princípios estéticos e ideológicos do período romântico brasileiro, pode-se afirmar que:
somente a sentença IV está correta.
somente as sentenças IV e V estão corretas.
somente as sentenças I e II estão corretas.
somente as sentenças III, IV e V estão corretas.
somente a sentença I está correta.
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No capítulo XV do romance "Iracema", de José de Alencar, Iracema e Martim tornam-se, efetivamente, marido e mulher. Em relação a esse episódio, é correto afirmar que:
Iracema se arrepende pela perda de sua virgindade e corre para banhar-se no rio a fim de purificar-se do pecado.
a união se dá enquanto o velho pajé dorme profundamente na cabana.
os dois amantes são flagrados pelo pajé, que os expulsa imediatamente da taba.
Martim possui Iracema sob os efeitos do vinho de Tupã.
Martim não resiste à paixão por Iracema e decide possuí-la, enquanto Araquém se ausenta da cabana.
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Acerca da protagonista do romance Iracema, de José Alencar, pode-se dizer que I. é uma heroína romântica, tanto por sua proximidade com a natureza, quanto por agir em nome do amor, a ponto de romper com a sua própria tribo e se entregar a Martim. II. é uma personagem integrada à natureza, mas que se corrompe moralmente depois que se apaixona por um homem branco civilizado e se entrega a ele. III. possui grande beleza física, descrita com elementos da natureza, o que faz da personagem uma representação do Brasil pré-colonizado. Está(ão) correta(s)
apenas I.
apenas I e II.
apenas I e III.
apenas II e III.
todas.
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“Os olhos de Iracema, estendidos pela floresta, viram o chão juncado de cadáveres de seus irmãos; e longe o bando dos guerreiros tabajaras que fugia em nuvem negra de pó. Aquele sangue que enrubescia a terra, era o mesmo sangue brioso que lhe ardia nas faces de vergonha. O pranto orvalhou seu lindo semblante. Martim afastou-se para não envergonhar a tristeza de Iracema.” O trecho acima integra a obra Iracema, publicada em 1865 por José de Alencar. Considerando este romance em sua inteireza , do trecho em questão, NÃO É CORRETO afirmar que:
indicia o choro de arrependimento e remorso pela aventura amorosa vivida entre Iracema e Martim, cujo desenrolar pressagia um destino final trágico para o par romântico.
revela o desfecho da luta entre os pitiguaras e os tabajaras, tribos inimigas, no meio da qual Iracema sofre as consequências de uma opção amorosa.
configura o dilema afetivo da virgem posta entre o amor do esposo, amigo dos inimigos de sua tribo e a lealdade aos irmãos vencidos em guerra pelos pitiguaras.
desvela as imagens trágicas que os olhos de Iracema refletem e o sentimento de vergonha que a faz corar e que a acomete pela escolha inescapável que fizera.
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Com relação ao romance Iracema, de José de Alencar, relacione a segunda coluna de acordo com a primeira. Coluna I (1) Iracema (2) Araquém (3) Andira (4) Martim (5) Juçara Coluna II ( ) Estrangeiro, guerreiro branco ( ) Espécie de morcego ( ) Índia da nação Tabajaras ( ) Pai de Iracema ( ) Espécie de palmeira Assinale a alternativa correta.
5,1,2,4,3
3,2,5,4,1
4,3,1,2,5
4,3,5,1,2
2,3,4,5,1
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Iracema, obra de José de Alencar, configura-se como um mito que dialoga intertextualmente com histórias mais recentes do cinema, tais como Pocahontas e Avatar. Assinale a alternativa em que esse mito está corretamente descrito.
Devido à guarda de um segredo inominável, uma mulher torna-se uma líder respeitada.
Fazendeiros e nativos da floresta enfrentam-se pela posse de escravos.
Um casal apaixonado é separado pelos genitores devido às diferenças sociais.
Uma selvagem apaixona-se por um estrangeiro, implicando divergências culturais.
A condição física rejeitada e o caráter introvertido fazem nascer um monstro assassino.
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Assinale a alternativa CORRETA com relação ao romance Iracema, de José de Alencar. A personagem Martim:
conheceu Iracema no meio de uma guerra.
foi mal recebido por Araquém.
constrói sua cabana dentro da aldeia dos pitiguaras.
retorna a Portugal com Iracema.
foi atingido por uma flecha lançada por Iracema.
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No primeiro capítulo de Iracema, de José de Alencar, a descrição da protagonista se faz através da comparação com elementos da natureza. Numere a coluna 2 de acordo com a coluna 1, identificando as referências à natureza que correspondem às características da personagem. COLUNA 1 1- Cor dos cabelos 2-Doçura do sorriso 3-Perfume do hálito 4-Agilidade 5-Voz COLUNA 2 ( ) favo de jati ( ) baunilha ( ) asas da graúna ( ) sabiá da mata ( ) ema selvagem Assinale a alternativa correta.
2, 1, 3, 4, 5
1, 2, 3, 4, 5
2, 3, 1, 5, 4
3, 2, 5, 4, 2
3, 1, 2, 5, 4
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Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do enunciado abaixo, na ordem em que aparecem. O projeto literário de ........ consistia em “radiografar” o Brasil em sua totalidade. Assim, narrou o passado indígena, em ........, a sociedade burguesa fluminense do século XIX, em ........, e o mundo rural em ........ .
José de Alencar – A Moreninha – Til – Iracema
Joaquim Manuel de Macedo – Iracema–A Moreninha – Til
José de Alencar – Iracema– Senhora– Til
José de Alencar – Til– A Moreninha – Senhora
Joaquim Manuel de Macedo – Iracema– Senhora – A Moreninha
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Considerando que José de Alencar, em sua obra Iracema, traz como protagonista uma índia, assinale a alternativa incorreta.
Iracema pode representar a terra virgem brasileira no encontro com o colonizador português.
A heroína é representativa do idealismo romântico do período em que o romance foi escrito.
A descrição idealizada da natureza é a mesma dedicada à heroína.
Iracema não foge aos padrões heróicos vigentes na fase indianista do autor.
A protagonista não tem participação relevante na intriga do romance.
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Leia os trechos das obras Iracema e Inocência. “Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que as asas da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado. Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas” (Iracema, 1981, p. 14). “Corta extensa e quase despovoada zona da parte sul-oriental da vastíssima província de Mato Grosso a estrada que da vila de Santana do Paranaíba vai ter ao sítio abandonado de Camapuã. Desde aquela povoação, assente próximo ao vértice do ângulo em que confinam os territórios de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso até ao Rio Sucuriú, afluente do majestoso Paraná [...]; depois, porém, rareiam as casas, mais e mais, e caminha-se largas horas, dias inteiros sem se ver morada nem gente até ao retiro de João Pereira, guarda avançada daquelas solidões, homem chão e hospitaleiro, que acolhe com carinho o viajante desses alongados páramos, oferece-lhe momentâneo agasalho e o provê da matalotagem precisa para alcançar os campos de Miranda e Pequiri, ou da Vacaria e Nioac, no Baixo Paraguai” (Inocência, 1992, p.23-4). Identifique o que há em comum entre as duas obras e assinale a alternativa correta.
No primeiro texto, a natureza é poeticamente descrita; no segundo, a preocupação é com a natureza observada e vivida.
No primeiro texto há um realismo apurado; no segundo, idealismo da natureza.
O narrador, em primeira pessoa, dialoga com o leitor apenas no segundo texto.
Em ambos os textos, a personagem é a preocupação central do narrador.
As personagens são apresentadas de modo realista em ambos os textos.
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"[...] Verdes mares, que brilhais como líquida esmeralda aos raios do sol nascente, perlongando as alvas praias ensombradas de coqueiros; Serenais, verdes mares, e alisais docemente a vaga impetuosa, para que o barco aventureiro manso resvale à flor das águas. [...]". Considerando o excerto de Iracema (1865), de José de Alencar, é correto afirmar.
Essencialmente descritivo, o romance falseia a natureza do Brasil a partir do Rio Mocoripe, no Ceará.
O narrador persuasivo expõe a paisagem cearense sob o seu ponto de vista depreciativo.
Revela características essencialmente românticas como a idealização da paisagem brasileira.
Um exemplo do ultrarromantismo que idealiza a paisagem ambientada do sertão agreste brasileiro.
Remete o leitor às paisagens do Brasil, sem que haja qualquer interferência do narrador e de seus pontos de vista.
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José de Alencar e Machado de Assis, bastante próximos no tempo, realçaram a beleza de suas personagens femininas. Leia os fragmentos abaixo e assinale a alternativa correta quanto à diferença de tom dos autores ao caracterizar suas figuras. 1. “Iracema recosta-se langue ao punho da rede; seus olhos negros e fúlgidos, ternos olhos de sabiá, buscam o estrangeiro e lhe entram n’alma. O cristão sorri; a virgem palpita; como o saí, fascinado pela serpente, vai declinando o lascivo talhe, que se debruça enfim sobre o peito do guerreiro” (p. 44-5). 2. “Não podia tirar os olhos daquela criatura de quatorze anos, alta, forte e cheia, apertada em um vestido de chita, meio desbotado [...]. Não soltamos as mãos, nem elas se deixaram cair de cansadas ou de esquecidas. Os olhos fitavam-se e desfitavam-se, e depois de vagarem ao perto, tornavam-se a meter-se uns pelos outros...”(p. 15-6).
Iracema representa a heroína idealizada e Capitu, a mulher maliciosa e desejada.
Iracema, como personagem secundária do romance, é a donzela pura que representa o ideal da Corte brasileira.
Capitu é a cortesã nobre voltada para os afazeres domésticos.
Iracema e Capitu encarnam o ideal do século XX, responsável pela transformação social da mulher.
Iracema e Capitu têm em comum o fato de estarem presas às convenções românticas.
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Leia o texto a seguir, de Iracema, de José de Alencar, e responda às questões a ele pertinentes. Quanto mais seu passo o aproxima da cabana, mais lento se torna e pesado. Tem medo de chegar; e sente que sua alma vai sofrer, quando os olhos tristes e magoados da esposa entrarem nela. Há muito que a palavra desertou seu lábio seco; o amigo respeita este silêncio, que ele bem entende. É o silêncio do rio quando passa nos lugares profundos e sombrios. Tanto que os dois guerreiros tocaram as margens do rio, ouviram o latir do cão a chamá-los e o grito da ará, que se lamentava. Estavam mui próximos à cabana, apenas oculta por uma língua de mato. O cristão parou calcando a mão no peito para sofrear o coração, que saltava como o poraquê. - O latido de Japi é de alegria, disse o chefe. - Porque chegou; mas a voz da jandaia é de tristeza. Achará o guerreiro ausente a paz no seio da esposa solitária, ou terá a saudade matado em suas entranhas o fruto do amor? O cristão moveu o passo vacilante. De repente, entre os ramos das árvores, seus olhos viram sentada, à porta da cabana, Iracema com o filho no regaço, e o cão a brincar. Seu coração o arrojou de um ímpeto, e a alma lhe estalou nos lábios: - Iracema!... ALENCAR, José de. Iracema. São Paulo: FTD, 1991, p. 86. Assinale a alternativa correta em relação ao romance.
Nele, não se ressaltam valores culturais, apenas políticos.
É narrado, em terceira pessoa, por um narrador onisciente.
A natureza não passa de pano de fundo da narrativa.
O irmão de Iracema é o legendário índio Peri.
Seu autor escreveu também "A Moreninha".
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Iracema Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado. Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas. Um dia, ao pino do sol, ela repousava em um claro da floresta. Banhava-lhe o corpo a sombra da oiticica, mais fresca do que o orvalho da noite. Os ramos da acácia silvestre esparziam flores sobre os úmidos cabelos. Escondidos na folhagem os pássaros ameigavam o canto. Iracema saiu do banho; o aljôfar d'água ainda a roreja, como à doce mangaba que corou em manhã de chuva. Enquanto repousa, empluma das penas do gará as flechas de seu arco, e concerta com o sabiá da mata, pousado no galho próximo, o canto agreste. A graciosa ará, sua companheira e amiga, brinca junto dela. Às vezes sobe aos ramos da árvore e de lá chama a virgem pelo nome; outras remexe o uru de palha matizada, onde traz a selvagem seus perfumes, os alvos fios do crautá, as agulhas da juçara com que tece a renda, e as tintas de que matiza o algodão. (...) José de Alencar Sobre alguns aspectos relevantes da prosa de Alencar e da personagem do texto acima, considere as afirmativas a seguir. I. Iracema é colocada em um cenário que, como ela mesma, é mostrado com exuberância e vivacidade, como no trecho: “Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara.”. II. Iracema é descrita a partir de um foco que põe em destaque, principalmente, sua sensualidade e erotismo, como em “Iracema saiu do banho; o aljôfar d'água ainda a roreja, como à doce mangaba que corou em manhã de chuva.”. III. Alencar mostra Iracema sob um ponto de vista que realça a sua absoluta integração à natureza, como em “Enquanto repousa concerta com o sabiá da mata o canto agreste” e “A graciosa ará, sua companheira e amiga, brinca junto dela.”. IV. A prosa de Alencar, de primorosa escolha vocabular e apoiada em ampla pesquisa linguística, é também permeada de belas imagens, ritmo e sonoridade que resultam em efeitos estéticos que a aproximam do texto poético. Estão CORRETAS, apenas:
I, II e IV.
II e IV.
I, II e III.
I, III e IV.
III e IV.
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A narrativa de Iracema recria e interpreta uma realidade brasileira, expondo traços e aspectos sociais bastantes particulares. Nela, o escritor busca a superação de nossa “falta” pelo modelo que se apresentava, já que em um país subdesenvolvido como o Brasil, a elaboração de uma hipótese nacional coerente sofre de maneira acentuada as influências externas. Nesse particular, assinale a alternativa CORRETA.
Moacir é o emblema da nacionalidade, a idealização mítica da hipótese Brasil.
O modelo da “falta” em Iracema parece ser o mundo incivilizado.
Moacir explicita o quadro da nacionalidade perto de um ufanismo triunfalista com que se pinta, no Romantismo, a figura do mestiço.
O romancista procura cultivar a língua padrão do colonizador, como forma de afirmação da nacionalidade, comunicando com o discurso clássico.
Iracema recria, a partir do símbolo da América, os encontros étnico-culturais como uma espécie de nascimento da nação brasileira.
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Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira. (...) Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. (...) Iracema saiu do banho: o aljôfar d’água ainda a roreja, como à doce mangaba que corou em manhã de chuva. Enquanto repousa, empluma das penas do guará as flechas de seu arco, e concerta com o sabiá da mata, pousado no galho próximo, o canto agreste. (...) Rumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta. Ergue a virgem os olhos, que o sol não deslumbra; sua vista perturba-se. Diante dela e todo a contemplá-la está um guerreiro estranho, se é guerreiro e não algum mau espírito da floresta. Tem nas faces o branco das areias que bordam o mar; nos olhos o azul triste das águas profundas. Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem-lhe o corpo. Foi rápido, como o olhar, o gesto de Iracema. A flecha embebida no arco partiu. Gotas de sangue borbulham na face do desconhecido. Há vários pontos de contato entre as obras Iracema e Macunaíma. Por exemplo, o excerto “No fundo do mato virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite” exemplifica um dos vários estilos de narrar usados na obra modernista, o qual pode ser comparado ao de Iracema, por apresentar um tom
arcaico, característico do romance de cavalaria.
leve, próprio das crônicas históricas.
trágico, típico das epopeias de tradição popular.
solene, adequado a uma lenda.
jornalístico, semelhante ao usado pelos primeiros viajantes.
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TEXTO I Iracema Voou Chico Buarque de Holanda Iracema voou Para a América Leva roupa de lã E anda lépida Vê um filme de quando em vez Não domina o idioma inglês Lava chão numa casa de chá Tem saído ao luar Com um mímico Ambiciona estudar Canto lírico Não dá mole pra polícia Se puder, vai ficando por lá Tem saudade do Ceará Mas não muita Uns dias, afoita Me liga a cobrar TEXTO II Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado. Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas. Um dia, ao pino do sol, ela repousava em um claro da floresta. Rumor suspeito quebra a harmonia da sesta. Ergue a virgem os olhos, que o sol não deslumbra; sua vista perturbase. Diante dela e todo a contemplá-la, está um guerreiro estranho, se é guerreiro e não algum mau espírito da floresta. Tem nas faces o branco das areias que bordam o mar; nos olhos o azul triste das águas profundas. Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem-lhe o corpo José de Alencar.Iracema. São Paulo: Moderna, 1984. p. 11-12. Assinale a alternativa que evidencia o tratamento dado à personagem central – Iracema na música de Chico Buarque e no fragmento de José de Alencar, respectivamente.
Verossímil – idealizada
Globalizada – nacionalista
Subalterna – modesta
Dominadora - dominada
Imigrante legal – mulher nativa
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A narrativa de José de Alencar consolida-se como porta-voz de uma expressão literária da terra, através das origens míticas do indianismo, confrontando e recusando certo olhar que ‘o outro estrangeiro’ construiu sobre o indígena brasileiro. Constitui, assim, um manifesto que busca retirar o índio da obscuridade, e levantar uma voz contra a morte do Indianismo, pois segundo o escritor: “No Brasil é que se tem desenvolvido, da parte de certa gente, uma aversão para o elemento indígena de nossa literatura, a ponto de o eliminarem absolutamente” (1990, p.43). Analise as afirmativas e assinale a alternativa INCORRETA.
A narrativa de Iracema representa, em si mesma, uma tentativa de refletir sobre o dilema da Identidade Nacional, a partir da encenação da biografia de uma comunidade imaginária.
A obra Iracema narra o primeiro contato entre o conquistador português e o nativo americano e cria a metáfora do
encontro amoroso, sem conseqüência, como contínua sensação de idealização e felicidade eterna, próprio do movimento Romântico.
Moacir constitui o símbolo da nacionalidade, que nasce de diferentes elementos racionais e culturais, como
fórmula ideológico-estética, própria da constituição do brasileiro que não tem rosto, nem cor, nem atuação, nem
história para ser contada.
Há, em Iracema, a reapropriação das margens histórico-geográficas da Nação brasileira, trabalhadas a partir da união
entre a história, o mítico e o ficcional.
Na obra Iracema, o autor tece uma encenação, através de conceituações ideológicas, que trabalham o tema da
origem e uma noção de história como progresso.
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Todas as passagens de IRACEMA, de José de Alencar, estão corretamente explicadas, EXCETO
“Iracema preparou as tintas. O chefe, embebendo as ramas da pluma, traçou pelo corpo os riscos vermelhos e pretos, que ornavam a grande nação pitiguara” - O chefe pinta Martim, preparando-o para o combate com os tabajaras.
“Iracema, sentindo que se lhe rompia o seio, buscou a margem do rio, onde crescia o coqueiro” - Iracema prepara-se para dar à luz a Moacir.
“A filha de Araquém escondeu no coração a sua ventura. Ficou tímida e quieta como a ave que pressente a borrasca no horizonte” - Iracema entrega-se a Martim.
“O guerreiro branco é hóspede de Araquém. A paz o trouxe aos campos de Ipu, a paz o guarda. Quem ofende o estrangeiro, ofende o Pajé” - Iracema protege Martim da fúria de Irapuã.
“Rumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta. Ergue a virgem os olhos, que o sol não deslumbra, sua vista perturba-se” - Martim aparece pela primeira vez a Iracema, que saía do banho.