Quiz de Literatura Negra

Quiz de Literatura Negra

Quiz sobre literatura negra e africana.

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QUESTÃO 01) Negros Negros que escravizam e vendem negros na África não são meus irmãos. Negros senhores na América a serviço do capital não são meus irmãos. Negros opressores, em qualquer parte do mundo, não são meus irmãos. Só os negros oprimidos, escravizados, em luta por liberdade, são meus irmãos. Para estes, tenho um poema grande como o Nilo. Solano Trindade. O poeta do povo. São Paulo: Ediouro, 2008, p. 41. No poema Negros, de Solano Trindade, o trecho “não são meus irmãos”, presente em três estrofes, demonstra que o poeta rejeita não só essa proposta de inclusão, mas também

o surgimento de uma literatura escrita a partir de um ponto de vista afro-brasileiro.
a ideia de solidariedade entre pessoas que fazem parte de um mesmo grupo social.
o desenvolvimento de uma consciência de classe entre aqueles que se encontram em uma situação de opressão.
a crença de que os negros, no Brasil, formam uma comunidade homogênea.
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QUESTÃO 02) TEXTO I O navio negreiro Ontem a Serra Leoa, A guerra, a caça ao leão, O sono dormido à toa Sob as tendas d’amplidão! Hoje… o porão negro, fundo, Infecto, apertado, imundo, Tendo a peste por jaguar… E o sono sempre cortado Pelo arranco de um finado, E o baque de um corpo ao mar… “O navio negreiro”, de Castro Alves. TEXTO II Vozes-mulheres A voz de minha bisavó ecoou criança nos porões do navio. ecoou lamentos de uma infância perdida. A voz de minha avó ecoou obediência aos brancos-donos de tudo. […] A minha voz ainda ecoa versos perplexos com rimas de sangue e fome. A voz de minha filha recolhe em si a fala e o ato. O ontem – o hoje – o agora. Na voz de minha filha se fará ouvir a ressonância o eco da vida-liberdade. EVARISTO, Conceição. Poemas da recordação e outros movimentos. Belo Horizonte: Nandyala, 2008. Castro Alves foi uma das vozes da terceira geração romântica, que marcou uma mudança de paradigma na literatura do século XIX. A escritora Conceição Evaristo estreou sua literatura em 1990 na série Cadernos Negros e hoje é um dos nomes mais expressivos da literatura afro-brasileira. Os textos apresentados, apesar de produzidos em séculos distintos, compartilham a(o)

lembrança dos hábitos e das vivências da terra distante.
evocação da ancestralidade como forma de libertação.
esperança de preservação da memória dos antepassados.
criticismo em relação à trajetória dos negros na sociedade.
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QUESTÃO 03) 10 de maio Fui na delegacia e falei com o tenente. Que homem amavel! Se eu soubesse que ele era tão amavel, eu teria ido na delegacia na primeira intimação. […] O tenente interessou-se pela educação dos meus filhos. Disse-me que a favela é um ambiente propenso, que as pessoas tem mais possibilidade de delinquir do que tornar-se util a patria e ao país. Pensei: se ele sabe disto, porque não faz um relatorio e envia para os politicos? O Senhor Janio Quadros, o Kubstchek, e o Dr. Adhemar de Barros? Agora falar para mim, que sou uma pobre lixeira. Não posso resolver nem as minhas dificuldades. … O Brasil precisa ser dirigido por uma pessoa que já passou fome. A fome tambem é professora. Quem passa fome aprende a pensar no próximo, e nas crianças. JESUS, C. M. Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática, 2014. A partir da intimação recebida pelo filho de 9 anos, a autora faz uma reflexão em que transparece a

resposta irônica ante o discurso da autoridade.
atividade política marcante da comunidade.
necessidade de revelar seus anseios mais íntimos.
lição de vida comunicada pelo tenente.
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QUESTÃO 04) Quebranto às vezes sou o policial que me suspeito me peço documentos e mesmo de posse deles me prendo e me dou porrada às vezes sou o porteiro não me deixando entrar em mim mesmo a não ser pela porta de serviço […] às vezes faço questão de não me ver e entupido com a visão deles sinto-me a miséria concebida como um eterno começo fecho-me o cerco sendo o gesto que me nego a pinga que me bebo e me embebedo o dedo que me aponto e denuncio o ponto em que me entrego. às vezes!… CUTI. Negroesia. Belo Horizonte: Mazza, 2007 (fragmento) Na literatura de temática negra produzida no Brasil, é recorrente a presença de elementos que traduzem experiências históricas de preconceito e violência. No poema, essa vivência revela que o eu lírico

acredita esporadicamente na utopia de uma sociedade igualitária.
submete-se à discriminação como meio de fortalecimento.
engaja-se na denúncia do passado de opressão e injustiças.
incorpora seletivamente o discurso do seu opressor.
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QUESTÃO 05) Escritores e poetas negros foram tangenciados no cânone literário brasileiro, abarcando num esquecimento problemático para o entendimento do que é o nosso país. Ao longo da história, as heranças afrodescendentes se consolidaram por meio da música, da dança, da culinária e da cultura em geral, e de fato a sociedade não tem a pretensão de negar isso. Um dos problemas se encontra na produção literária: A literatura afro-brasileira é negada, como se não tivesse que pertencer à escrita. A começar pelo embranquecimento de Machado de Assis, considerado um dos maiores – se não o maior – escritores brasileiros, que se consolidou na literatura por seus vários contos e romances. Vale ressaltar que sua obra se dirigia mais à crítica à elite branca brasileira do que a uma escrita pela memória, pela representatividade e pela identidade negra. Outra tentativa de embranquecimento foi na obra A Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães. Em sua escrita, o autor tenta desconfigurar a escrava para ser heroína, ocultando sua aparência negra, tanto pelas características físicas quanto em seus valores. (Disponível em < http://centrocultural.sp.gov.br/2020/03/11/literatura-negra-escrevivencias/> Acesso em 14 jun. 2022) De acordo com o texto, há um esquecimento problemático, no Brasil, para o entendimento do que é o nosso país. Isso se deve principalmente:

à tentativa de embranquecimento da personagem Escrava Isaura na obra de Bernardo Guimarães.
às heranças afrodescendentes terem se consolidado por meio da música, da dança e da culinária.
ao embranquecimento de Machado de Assis.
ao negligenciamento da literatura afro-brasileira como forma de escrita.
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QUESTÃO 06) TEXTO Grito Negro Eu sou carvão! E tu arrancas-me brutalmente do chão e me fazes tua mina, patrão. Eu sou carvão! [225] E tu acendes-me, patrão, para te servir eternamente como força motriz mas eternamente não, patrão. Eu sou carvão e tenho que arder sim; queimar tudo com a força da minha [230] combustão. Eu sou carvão; tenho que arder na exploração arder até às cinzas da maldição arder vivo como alcatrão, meu irmão, [235] até não ser mais a tua mina, patrão. Eu sou carvão. Tenho que arder Queimar tudo com o fogo da minha combustão. [240] Sim! Eu sou o teu carvão, patrão. CRAVEIRINHA, José João. Karingana Ua Karingana. (Era uma vez). Lisboa: Edições 70, 1982. José João Craveirinha foi o primeiro autor africano que ganhou o Prêmio Camões, o mais importante prêmio literário da língua portuguesa. Sobre o poema Grito Negro, é INCORRETO afirmar que

o poema representa criticamente a exploração do trabalhador negro por seu patrão.
os versos "Tenho que arder \Queimar tudo com o fogo da minha\combustão" (linhas 237-239) apresentam um momento de indignação.
o poema apresenta o negro conformado à condição exposta e aceitando trabalhar e servir aos seus senhores.
o poema discute questões raciais, quando a cor do carvão remete à pele negra e o jogo metafórico representa a relação entre as características do carvão e a ação de queimar.
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QUESTÃO 07) Mahin amanhã Ouve-se nos cantos a conspiração vozes baixas sussurram frases precisas escorre nos becos a lâmina das adagas Multidão tropeça nas pedras Revolta há revoada de pássaros sussurro, sussurro: “é amanhã, é amanhã. Mahin falou, é amanhã” A cidade toda se prepara Malês bantus geges nagôs vestes coloridas resguardam esperanças aguardam a luta Arma-se a grande derrubada branca a luta é tramada na língua dos Orixás “é aminhã, aminhã” Malês bantus geges nagôs “é aminhã, Luiza Mahin falô” ALVES, Miriam. Mahin amanhã. In: Quilombhoje (Org.). Cadernos negros: os melhores poemas. São Paulo: Quilombhoje, 1998. p. 104. Indique a alternativa que interpreta adequadamente o poema:

Apresenta imagens e pensamentos inseridos numa trama épica em que os protagonistas lembram um passado de glórias da história dos vencedores.
Evidencia a ideia de que fronteiras étnicas e linguísticas dificultam o intercâmbio cultural entre africanos e afrodescendentes.
Refere-se à luta de um povo negro específico, pertencente a um grupo étnico cultural na luta pela defesa da cidadania.
Imagina uma possível união dos negros pertencentes a grupos étnicos culturais diferentes na luta pela defesa da cidadania.
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QUESTÃO 08) Voz do sangue Palpitam-me os sons do batuque e os ritmos melancólicos do blue. Ó negro esfarrapado do Harlem ó dançarino de Chicago ó negro servidor do South Ó negro da África negros de todo o mundo Eu junto ao vosso magnifico canto a minha pobre voz os meus humildes ritmos. Eu vos acompanho pelas emaranhadas Áfricas do nosso Rumo. Eu vos sinto negros de todo o mundo eu vivo a nossa história meus irmãos. Disponível em: www.agostinhoneto.org. Acesso em: 30 jun. 2015. Nesse poema, o líder angolano Agostinho Neto, na década de 1940, evoca o pan-africanismo com o objetivo de

conclamar as populações negras de diferentes países a apoiar as lutas por igualdade e independência.
solicitar o engajamento dos negros estadunidenses na luta armada pela independência em Angola.
descrever o quadro de pobreza após os processos de independência no continente africano.
reconhecer as desigualdades sociais entre os negros de Angola e dos Estados Unidos.
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QUESTÃO 09) Sou filho natural de uma negra, africana livre, da Costa da Mina (Nagô de Nação), de nome Luiza Mahin, pagã, que sempre recusou o batismo e a doutrina cristã. Minha mãe era baixa de estatura, magra, bonita, a cor era de um preto retinto e sem lustro, tinha os dentes alvíssimos como a neve, era muito altiva, geniosa, insofrida. Dava-se ao comércio — era quitandeira, muito laboriosa e, mais de uma vez, na Bahia, foi presa como suspeita de envolver-se em planos de insurreição de escravos, que não tiveram efeito. AZEVEDO, E. “Lá vai verso!”: Luiz Gama e as primeiras trovas burlescas de Getulino. In: CHALHOUB, S.; PEREIRA, L. A. M. A história contada: capítulos de história social da literatura no Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998 (adaptado). Nesse trecho de suas memórias, Luiz Gama ressalta a importância dos(as)

estratégias de resistência cultural.
mecanismos de hierarquização tribal.
laços de solidariedade familiar.
instrumentos de dominação religiosa.
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QUESTÃO 10) “…Nas ruas e casas comerciais já se vê as faixas indicando os nomes dos futuros deputados. Alguns nomes já são conhecidos. São reincidentes que já foram preteridos nas urnas. Mas o povo não está interessado nas eleições, que é o cavalo de Troia que aparece de quatro em quatro anos.” (Carolina Maria de Jesus, Quarto de despejo. São Paulo: Ática, 2014, p. 43.) O trecho anterior faz parte das considerações políticas que aparecem repetidamente em Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus. Considerando o conjunto dessas observações, indique a alternativa que resume de modo adequado a posição da autora sobre a lógica política das eleições.

Por meio das eleições, políticos de determinados partidos acabam se perpetuando no exercício do poder.
Graças ao desinteresse do povo, os políticos se apropriam do Estado, contrariando a própria democracia.
Os políticos se aproximam do povo e, depois das eleições, se esquecem dos compromissos assumidos.
Os políticos preteridos são aqueles que acabam vencendo as eleições, por força de sua persistência.
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