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Leia o texto a seguir. Quem examina com atenção a arte nos dias atuais confronta-se com uma desconcertante profusão de estilos, formas, práticas e programas. Não parece haver nenhum material particular que desfrute do privilégio de ser imediatamente reconhecível como material da arte: a arte recente tem utilizado não apenas tinta, metal e pedra, mas também ar, luz, som, palavras, pessoas, comida e muitas outras coisas. Hoje, existem poucas técnicas e métodos de trabalho, se é que existem, que podem garantir ao objeto acabado a sua aceitação como arte. Inversamente, parece, com frequência, que pouco se pode fazer para impedir que mesmo o resultado das atividades mais mundanas seja erroneamente compreendido como arte. Embora a pintura possa continuar sendo importante para muitos, ao lado dos artistas tradicionais há aqueles que utilizam fotografia e vídeo, e outros que se engajam em atividades tão variadas como caminhadas, apertos de mão ou cultivo de plantas. Com a ampliação dos meios e procedimentos, os artistas contemporâneos encontram no meio urbano uma forma de problematização das instituições artísticas. (Adaptado de: ARCHER, M. Arte Contemporânea: uma história concisa. São Paulo: Martins Fontes, 2001. p.IX.) Com base no texto e nos conhecimentos sobre arte contemporânea, considere as afirmativas a seguir. I. O significado de uma obra de arte não está necessariamente contido nela, no entanto pode emergir do contexto específico em que ela existe. II. Profundas mudanças ocorreram na arte do Ocidente a partir da Pop Art e do Minimalismo. O pós-minimalismo inclui o conceitualismo, a Land Art, a Performance, a Body Art e as primeiras instalações. III. Na arte conceitual, a ideia torna-se arte. O dado principal é o conceito; o artista desvincula-se da matéria e passa a lidar com a ideia. A importância da obra passa a ser a concepção do trabalho e não a materialização da sua ideia. Esse processo de arte transforma o espectador em integrante ativo. IV. Na arte contemporânea, valoriza-se e prioriza-se o novo, o original na composição formal dos objetos de arte, como ocorria nos movimentos vanguardistas do modernismo. Assinale a alternativa correta.
Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
Somente as afirmativas I e II são corretas.
Somente as afirmativas I e IV são corretas.
Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
Somente as afirmativas III e IV são corretas.
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a Arte conceitual...
exige a autoria do artista
é essencialmente tridimensional.
originou-se no século XIX. Obras e o mercado de arte.
prioriza o uso de tintas na sua elaboração.
utiliza texto como arte
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O movimento hip-hop é tão urbano quanto as grandes construções de concreto e as estações de metrô, e cada dia se torna mais presente nas grandes metrópoles mundiais. Nasceu na periferia dos bairros pobres de Nova Iorque. É formado por três elementos: a música (o rap), as artes plásticas (o grafite) e a dança (o break). No hip-hop os jovens usam as expressões artísticas como uma forma de resistência política. Enraizado nas camadas populares urbanas, o hip-hop afirmou-se no Brasil e no mundo com um discurso político a favor dos excluídos, sobretudo dos negros. Apesar de ser um movimento originário das periferias norte-americanas, não encontrou barreiras no Brasil, onde se instalou com certa naturalidade – o que, no entanto, não significa que o hip-hop brasileiro não tenha sofrido influências locais. O movimento no Brasil é híbrido: rap com um pouco de samba, break parecido com capoeira e grafite de cores muito vivas. (Adaptado de Ciência e Cultura, 2004) De acordo com o texto, o hip-hop é uma manifestação artística tipicamente urbana, que tem como principais características.
a afirmação dos socialmente excluídos e a combinação de linguagens.
a alienação política e a preocupação com o conflito de gerações.
a ênfase nas artes visuais e a defesa do caráter nacionalista.
a valorização da natureza e o compromisso com os ideais norte-americanos.
a integração de diferentes classes sociais e a exaltação do progresso.
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FACASPER 2014 “A batalha das autoridades paulistanas contra a poluição visual está entrelaçada a um conflito social profundo cuja forma de expressão não é vista em outras cidades – a pichação. O jornal americano, ‘New York Times’ diz que, mesmo com o reconhecimento do grafite paulistano em galerias internacionais, a pichação permanece como uma expressão marginal, com sua grafia muitas vezes incompreensível para quem não é do meio. Os integrantes das gangues de pichadores inclusive não se consideram grafiteiros, e veem o grafite como uma arte frequentemente cooptada comercialmente”, afirma o texto. Fonte: Folha de SP, publicado em29-01-2012. Adaptado. http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1041022-sp-viveconflito-entre-cidade-limpa-e-pichacao-protesto-diz-nyt.shtml Acessado em 15-09-2013 O conflito explicitado pela matéria jornalística pode ser assim compreendido:
Grafite e pichação são criações com propostas estéticas diferentes, sendo que os pichadores criticam a cooptação comercial dos grafiteiros.
A ação do poder público retrata a sintonia política e social em relação às motivações dos pichadores.
A pichação, em sua finalidade, destoa do grafite, já que seu compromisso é meramente estético.
O grafite parte de um engajamento político e social, enquanto a pichação visa ao embelezamento da cidade.
Grafite e pichação estão desvinculados do universo artístico em razão de seu caráter de expressão marginal.
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Inspiração no lixo O paulistano Jaime Prades, um dos precursores do grafite e da arte urbana, chegou ao lixo por sua intensa relação com as ruas de São Paulo. “A partir da década de 1980, passei a perceber o desastre que é a ecologia urbana. Quando a gente fala em questão ambiental, sempre se refere à natureza, mas a crise ambiental urbana é forte”, diz Prades. Inspirado pela obra de Frans Krajcberg, há quatro anos Jaime Prades decidiu construir uma árvore gigante no Parque do Ibirapuera ou em outro local público, feita com sobras de madeira garimpadas em caçambas. “Elas são como os intestinos da cidade, são vísceras expostas”, conta Prades. “Percebi que cada pedaço de madeira carregava a memória da árvore de onde ela veio. Percebi que não estava só reciclando, e sim resgatando”. Sua árvore gigante ainda não vingou, mas a ideia evoluiu. Agora, ele pretende criar uma plataforma na internet para estimular outros artistas a fazer o mesmo. “Teríamos uma floresta virtual planetária, na qual se colocariam essas questões de forma poética, criando uma discussão enriquecedora.” VIEIRA, A. National Geographic Brasil, n. 65-A, 2015 O texto tematiza algumas transformações das funções da arte na atualidade. No trabalho citado, do artista Jaime Prades, considera-se a
percepção da obra como suporte da memória.
preocupação com o belo encontrado na natureza.
reutilização do lixo como forma de consumo.
valorização da poética em detrimento do conteúdo.
reflexão sobre a responsabilidade ambiental do homem.
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A tirinha denota a postura assumida por seu produtor frente ao uso social da tecnologia para fins de interação e de informação. Tal posicionamento é expresso, de forma argumentativa, por meio de uma atitude
agressiva, expressa pela contra-argumentação.
resignada, expressa pelas enumerações.
crítica, expressa pelas ironias.
alienada, expressa pela negação da realidade.
indignada, expressa pelos discursos diretos.
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Os objetivos que motivam os seres humanos a estabelecer comunicação determinam, em uma situação de interlocução, o predomínio de uma ou de outra função de linguagem. Nesse texto, predomina a função que se caracteriza por
apontar para o estabelecimento de interlocução de modo superficial e automático, entre o leitor e o livro.
enfatizar a percepção subjetiva do autor, que projeta para sua obra seus sonhos e histórias.
fazer um exercício de reflexão a respeito dos princípios que estruturam a forma e o conteúdo de um livro.
retratar as etapas do processo de produção de um livro, as quais antecedem o contato entre leitor e obra.
tentar persuadir o leitor acerca da necessidade de se tomarem certas medidas para a elaboração de um livro.
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4. Leia o texto No final dos anos 19, surge um público interessado em ver abordadas… O texto teatral é
Um drama para ser apresentado a uma audiência
Uma narrativa trágica que envolve a morte de um ou mais personagens
Uma obra destinada a ser apresentada por um ou mais atores
Uma obra de literatura destinada a ser lida em particular
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Segundo quadro Uma sala da prefeitura. O ambiente é modesto. Durante a mutação, ouve-se um dobrado e vivas a Odorico, “viva o prefeito” etc. Estão em cena Dorotéa, Juju, Dirceu, Dulcinéa, o vigário e Odorico. Este último, à janela, discursa. ODORICO – povo sucupirano! Agoramente já investido no cargo de Prefeito, aqui estou para receber a confirmação, a ratificação, a autenticação e por que não dizer a sagração do povo que me elegeu. Aplausos vêm de fora. ODORICO – eu prometi que meu primeiro ato como prefeito seria ordenar a construção do cemitério. Aplausos, aos quais se incorporam as personagens em cena. ODORICO – (continuando o discurso:) Botando de lado os entretantos e partindo pros finalmente, é uma alegria poder anunciar que prafrentemente vocês já poderão morrer descansados, tranquilos e desconstrangidos, na certeza de que vão ser sepultados aqui mesmo, nesta terra morna e cheirosa de Sucupira. E quem votou em mim, basta dizer isso ao padre na hora da extrema-unção, que tem enterro e cova de graça, conforme o prometido. GOMES, D. O bem amado, Rio de Janeiro, Ediouro, 2012 O gênero peça teatral tem o entretenimento como uma de suas funções. Outra função relevante do gênero, explícita nesse trecho de O bem amado, é
censurar a falta de domínio da língua padrão em eventos sociais.
denunciar a escassez de recursos públicos nas prefeituras do interior.
questionar o apoio irrestrito de agentes públicos aos gestores governamentais.
despertar a preocupação da plateia com a expectativa de vida dos cidadãos.
criticar satiricamente o comportamento de pessoas públicas.
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Lições de motim DONA COTINHA – É claro! Só gosta de solidão quem nasceu pra ser solitário. Só o solitário gosta de solidão. Quem vive só e não gosta da solidão não é um solitário, é só um desacompanhado. (A reflexão escorrega lá pro fundo da alma.) Solidão é vocação, besta de quem pensa que é sina. Por isso, tem de ser valorizada. E não é qualquer um que pode ser solitário, não. Ah, mas não é mesmo! É preciso ter competência pra isso. (De súbito, pedagógica, volta-se para o homem.) É como poesia, sabe, moço? Tem de ser recitada em voz alta, que é pra gente sentir o gosto. (FAZ UMA PAUSA.) Você gosta de poesia? (O HOMEM TORNA A SE DEBATER. A VELHA INTERROMPE O DISCURSO E VOLTA A LHE DAR AS COSTAS, COMO SEMPRE, IMPASSÍVEL. O HOMEM, MAIS UMA VEZ, CANSADO, DESISTE.) Bem, como eu ia dizendo, pra viver bem com a solidão temos de ser proprietários dela e não inquilinos, me entende? Quem é inquilino da solidão não passa de um abandonado. É isso aí. ZORZETTI, H. Lições de motim. Goiânia: Kelps, 2010 (adaptado). Nesse trecho, o que caracteriza Lições de motim como texto teatral?
O tom melancólico presente na cena.
O uso de rubricas para construir a ação dramática.
As perguntas retóricas da personagem.
As analogias sobre a solidão feitas pela personagem.
A interferência do narrador no desfecho da cena.
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A arte conceitual surgiu como um movimento artístico na década de 1960, criticando o movimento modernista ante- riormente dominante e seu foco na estética. O termo é geral- mente usado para se referir à arte de meados da década de 1960 a meados da década de 1970. No conceitualismo,
utilizou sistemas, estruturas e processos visíveis para sua
arte, necessitando de todos os recursos museológicos para
exibição.
os artistas exploraram as possibilidades de arte-como-ob-
jeto e arte-como-matéria, usando dimensões materiais e
empíricas de criação.
havia tipos muito similares de obras de arte que poderiam
se parecer com o que havia de mais tradicional de produ-
ção do universo artístico.
Os artistas conceituais usavam os materiais e formas neces-
sariamente de natureza física como quadros e esculturas.
a ideia ou conceito por trás da obra de arte tornou-se mais importante do que a habilidade técnica ou estética real
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A arte conceitual é um movimento contemporâneo. São características da Arte Conceitual, EXCETO
ter uma idéia por detrás de cada obra;
dispensar habilidade manual do artista;
ser provocativa a reflexão;
ser cerebral e não retiniana;
trazer em suas as obras uma crítica ao consumo;
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O grafite contemporâneo, considerado em alguns momentos como uma arte marginal, tem sido comparado às pinturas murais de várias épocas e às escritas pré-históricas. Observando as imagens apresentadas, é possível reconhecer elementos comuns entre os tipos de pinturas murais, tais como
o registro do pensamento e das crenças das sociedades em várias épocas.
a preferência por tintas naturais, em razão de seu efeito estético.
a repetição dos temas e a restrição de uso pelas classes dominantes.
a inovação na técnica de pintura, rompendo com modelos estabelecidos.
o uso exclusivista da arte para atender aos interesses da elite.
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O grafite do artista paulista Speto, exposto no Museu Afro Brasil, revela elementos da cultura brasileira reconhecidos
nos traços marcados pela xilogravura nordestina.
na representação de lendas nacionais.
na inspiração das composições musicais.
na influência da expressão abstrata.
nos usos característicos de grafismos dos skates.
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O quadrinho de Laerte representa uma crítica à realidade atual, visto que nele a personagem
apresenta pior qualidade de vida, pois, ao abrir mão de sua identidade, conecta-se à tecnologia para alcançar maior eficiência em suas atividades coletivas.
perde sua identidade devido ao abandono da vida no campo, pois já não é capaz de realizar ações corriqueiras sem auxílio.
é substituído pelas tecnologias que, de tão evoluídas, passam a assimilar hábitos corriqueiros da sociedade.
perde sua função social, pois o desenvolvimento de novas ferramentas acarreta sua obsolescência.
perde sua identidade devido às pressões de um cotidiano estressante diante de uma rotina maçante e repetitiva.
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O humor presente na tirinha decorre principalmente do fato de a personagem Mafalda
atribuir, no primeiro e no último quadrinhos, um mesmo sentido ao vocábulo “indicador”.
atribuir, no último quadrinho, fama exagerada ao dedo indicador dos patrões.
considerar seu dedo indicador tão importante quanto o dos patrões.
atribuir, no primeiro quadrinho, poder ilimitado ao dedo indicador.
usar corretamente a expressão “indicador de desemprego”, mesmo sendo criança.
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Considerando o texto e analisando os elementos que constituem um espetáculo teatral, conclui-se que
o texto cênico pode originar-se dos mais variados gêneros textuais, como contos, lendas, romances, poesias, crônicas, notícias, imagens e fragmentos textuais, entre outros.
o cenário onde se desenrola a ação cênica é concebido e construído pelo cenógrafo de modo autônomo e independente do tema da peça e do trabalho interpretativo dos atores.
a criação do espetáculo teatral apresenta-se como um fenômeno de ordem individual, pois não é possível sua concepção de forma coletiva.
o corpo do ator na cena tem pouca importância na comunicação teatral, visto que o mais importante é a expressão verbal, base da comunicação cênica em toda a trajetória do teatro até os dias atuais.
a iluminação e o som de um espetáculo cênico independem do processo de produção/recepção do espetáculo teatral, já que se trata de linguagens artísticas diferentes, agregadas posteriormente à cena teatral.
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As rubricas em itálico, como as trazidas no trecho de Martins Pena, em uma atuação teatral, constituem
exigência, porque elas determinam as características do texto teatral.
possibilidade, porque o texto pode ser mudado, assim como outros elementos.
necessidade, porque as encenações precisam ser fiéis às diretrizes do autor.
preciosismo, porque são irrelevantes para o texto ou para a encenação.
imposição, porque elas anulam a autonomia do diretor.