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(Brunswichk) Já estou esgotado deste Reino, preciso enviar uma carta a Baltazar o mais breve possível para saber como anda a manipulação do Rei Philipe, se o domínio sobre ele se mante firme, até agora a guerra e a fome vêm se alastrando. Conquistar o Rei Robert não foi problema, mas ele obedece Sabá e aquela maldita mulher não para em casa, sei que estamos em guerra, mas ela precisa lutar na linha de frente? Nem o frouxo do marido dela faz isso, o covarde. Agora eu sou muito admirado pelos dois pequenos Demidov que acabaram de entrar na academia e Fahir é meu amigo. Amigo esse que de nada serve, ele é tudo que estraga meu plano, ele é um príncipe querido, filhinho de papai e de mamãe, companheiro, inteligente, super antenado no seu povo e cheio de ideias revolucionárias e ainda assim ecológicas... Tudo o que eu não esperava de um jovem de dezesseis anos que vive na riqueza, custava ele ser pelo menos um chato tipo o Philipe. ELE NOVO:
BRUNSWICHK
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COMO ELE ESTÁ VESTIDO?
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BRUNSWICHK: Tenho treino hoje? – perguntei a mim mesmo procurando o papel com os horários de treino. Então, senti umas nozes acertarem minha cabeça e eu nem preciso me virar para saber quem foi. A única pessoa nesse castelo que me faz sorrir. LILITH: Não devia estar trabalhando, vagabundo? – Simplesmente a garota mais linda que eu já vi, sua pele negra é lisa e sedosa, seus cabelos cacheados são revoltosos e caem sobre seu rosto, sua altura é perfeita para a minha altura e seu sorriso é perfeito também. Uma pena que toda essa beleza esteja nela, e que ela não seja ninguém importante, se ela pelo menos tivesse ambição, nossa, como eu a quero. Só que se tiver que escolher entre ela e o meu plano, eu sei o que o meu coração realmente deseja. BRUNSWICHK: Eu que te pergunto, preguiçosa – peguei as nozes e joguei nela de volta. Faz dois anos que a conheço, nós cultivamos uma “amizade”, eu a encontrei roubando na cozinha do palácio e achei que tal talento me poderia ser útil, mas já desisti dessa ideia. Enfim, consegui trabalho no jardim para ela, só que com inverno, o trabalho dela é nas estufas e com os cavalos no estábulo. LILITH: Vai treinar agora? – ela me perguntou sorrindo e com uma cara travessa. BRUNSWICHK: Parece que não – disse olhando para o meu papel de horários – Foram cancelados pela importância de amanhã. LILITH...
JOVEM
ATUAL
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COMO ELA ESTÁ VESTIDA?
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LILITH: Isso é tão legal! Nem acredito que alguém como eu vou poder ver o Oráculo presencialmente, um dos detentores do tempo! BRUNSWICHK: É, só é incômodo para as peças que tem que viver com o destino escolhido por outras pessoas – falei pensando na minha mãe e sua mania de controle e de viver corrigindo o meu caos. LILITH: Você tem um pensamento tão diferente das peças daqui, estranho ver você no meio deles. Por que eles trabalham muito e você é um vagabundo! – ela disse mostrando a língua e apontando o dedo na minha cara. Por Ares, eu estou rindo, rindo, com um sorriso de ponta a ponta, sorrindo com os olhos. O que essa garota faz comigo? BRUNSWICHK: Como você consegue? – disse querendo parar de rir. LILITH: É simples, eu venho aqui e zombo de você – ela respondeu – É bom ver você rindo, você é tão sério. Sabe quando você me achou na cozinha jurava que ia me prender de tão sério. BRUNSWICHK: É que eu sou um pilantra que fica admirado com o talento para furtos de outras peças – disse com sinceridade sabendo que ela ia achar que era brincadeira. LILITH: Bom, com a guerra com o Reino Branco e todo esse inverno... Sabe, Bu, eu sempre serei grata a você, você me tirou da situação horrível em que eu me encontrava... Foi gentil. BRUNSWICHK: Ei, não me chame assim, já disse que não gosto – Bu. Ora Bu não é nome de alguém poderoso, Brunswichk sim, é um nome poderoso e difícil de pronunciar... Será memorável, ninguém saberá escrever e sentiram medo e dificuldade de falar. LILITH: Ainda sim, valeu. BRUNSWICHK: Valeu, nada você me deve uma... Um dia cobro o favor – disse querendo ser sério. Só que não me vejo cobrando nada dela. Dela não. LILITH: Uma vida por outra, não me deixou morrer de fome e eu te livrarei de uma morte certa – ela falou valente. Me fazendo rir de novo. BRUNSWICHK: E como exatamente você faria isso? LILITH: Assim – ela fez posição de boxe – E daria um chute e depois tapa no pé da orelha. BRUNSWICHK: Um tapa na orelha? – virei para ela incrédulo. LILITH: Sim, tapa na orelha é mortífero – ela me deu um peteleco na orelha. BRUNSWICHK: Ei, como ousa? – retruquei o gesto. Então, ela me empurrou e correu... Eu corri atrás dela e ela escorregou no gelo caindo em mim – Você sempre tentando me derrubar. LILITH: Aí – ela falou não parando de rir – Sinto muito, Bu. BRUNSWICHK: Não se preocupe – nos levantamos e ficamos olhando um para o outro. LILITH: Aqui, deixe que eu limpo – ela começou a bater nas minhas roupas tirando a neve dela. Nossa, como eu quero essa mulher! Mas que droga! A odeio por me fazer quere-la! Ela não está nos meus planos, ela nunca vai estar, mas nesse momento... Tudo que eu quero é ceder a esse desejo... LILITH: Brunswichk, por que está olhando para mim desse jeito? – perguntou baixando os olhos. Eu levantei sua cabeça e a beijei... E foi tudo o que eu quis nesse dia de neve, se estava entediado a alguns minutos atrás já passou. Eu a puxei mais para perto, eu a quero demais, o beijo ficou mais intenso e quando nos separamos senti a respiração gelada dela. BRUNSWICHK: Isso foi... – eu poderia ter uma rainha. Talvez consiga traze-la para o meu lado, faze-la deixar essa gentileza e gratidão apenas para mim, talvez, talvez ela possa me ajudar a conquistar o mundo que tanto quero. O que está dizendo? Ei, calma, óbvio que ela será uma rainha submissa, mas ainda sim... Eu estou quebrando meus princípios apenas por quere-la do meu lado? LILITH: Bom, realmente foi... – Eu nem a deixei terminar a frase e já estava com os lábios dela nos meus. Segurei sua cintura e a empurrei até a parede do estábulo que estava ali perto. Amei o fato de que ela me queria de volta... Ah queria que ela fosse a filha de Sabá e Robert, seria rainha e poderia convence-la a ser minha e casar comigo e teria o poder do Tabuleiro. Mas, infelizmente, ela é só uma pobretona... COMO FOI O BEIJO?
DKJKD
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LILITH: Bu... – ela começou a falar me afastando dela. BRUNSWICHK: O quê? LILITH: Você é o Bispo do Rei e eu sou... BRUNSWICHK: Shhh, não me lembre disso – falei a beijando de novo – Você pode ser mais que isso, vou torna-la poderosa. LILITH: Mas como? – ela me afastou de novo e segurou meu rosto com as mãos. Com certeza ela queria que eu dissesse algo como: “nada disso importa” ou “quem liga” ou “dane-se, você é perfeita” ... Só que, por favor, não acho que nenhuma dessas frases sejam verdade ou sequer fazem sentido; é claro que importa. BRUNSWICHK: Já disse que vou torna-la, só fique comigo, confie em mim e me obedeça. Vai dar certo... – eu disse a beijando novamente antes que ela tenha tempo de pensar. Eu a deixei na estufa com a promessa de vê-la amanhã e claro que ela está toda besta e só sorrisos, como toda boba apaixonada. Eu não, amanhã é um dia importante, Fahir ficará noivo e preciso me concentrar em faze-lo não casar e piorar a guerra, até eles chegarem no limite. Assim, eu e Baltazar vamos aparecer como salvadores (bom, eu ainda não tenho certeza da participação de Baltazar), mas eu serei Rei.
SERÁ QUE FOI POR TUDO ISSO QUE ELA O DEIXOU VIVER?
E FAHIR?
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De manhã acordei rejuvenescido, quanto mais o reino se ferra, mais eu fico mais forte... Claro que Lilith ficou apaixonada por mim, sou lindo demais. Vesti minha melhor roupa, o Castelo está em festa preparando a vila, afinal todo o Reino deve comparecer não há como saber onde e quem será a futura rainha. Roubei pãezinhos de uma bandeja que iria para a praça. FAHIR: Eu vi isso! – disse Fahir com seu melhor traje formal. Nem preciso dizer que sou mais bonito que ele... Ainda sim o cumprimentei com um aperto de mão e ele me deu um tapa nas costas. BRUNSWICHK: Ansioso para conhecer a peça que te colocará numa coleira para o resto da vida? – zombei dele. FAHIR: Bobagem, meus pais, os pais antes de meus pais, todos os meus ancestrais tiveram amor verdadeiro... Deve continuar assim, vou ama-la no momento em que a vi. BRUNSWICHK: Só que se já tiver visto ela, você vai ter se apaixonado no momento em que soube da importância dela! – argumentei. Fahir ama um bom debate. FAHIR: Ainda sim, certeza que será perfeita para mim... BRUNSWICHK: A perfeição é uma ilusão, o que me diz sobre o amor de Catarina e Philipe? – argumentei mais forte ainda desafiando Fahir que levantou uma sobrancelha. FAHIR: Quando se tornou alguém tão cético sobre o amor? Pelo que soube Catarina e Philipe apesar das ocupações do marido, assim como os compromissos de minha mãe, nada importava eles se amavam... Só que agora ele está sendo vítima de alguma doença, como se estivesse enlouquecendo e não reconhecendo sua própria família. BRUNSWICHK: Isso é o que dizem – falei. Ah, meu irmão, finalmente fez algo que presta! – Então, vai se casar? Mas e eu? Achei que seríamos eu e você para sempre? – disse fingindo um sorriso verdadeiro. FAHIR: Ah, mas com certeza você será minha amante – ele retrucou rindo. Garoto bobo.
JOVEM
ATUAL
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QUE ROUPA FAHIR ESTÁ VESTINDO?
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QUE ROUPA O BISPO PRETO ESTÁ VESTINDO?
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SABÁ: Ainda de papinho? – falou Sabá se aproximando com sua nova bengala. Pensei que se ela se batesse na guerra se aquietaria, mas acho que vou tê-la que colocar no caixão para essa mulher descansar. FAHIR: Mãe – Fahir a cumprimentou se curvando. BRUNSWICHK: Majestade – repeti o gesto pensando em muitas formas de matá-la. SABÁ: Onw, meu filho você está lindo – ela o elogiou como sempre faz. Mas esperem lá vem a crítica típica da Rainha Sabá – Por que não está na sua posição na praça? Seu povo te espera. FAHIR: Sim, já estou indo... Te vejo lá, amigo – Fahir disse me dando outro tapa nas costas e partindo. SABÁ: Você é um belo rapaz, Bispo, que bom que é amigo do meu menino – ela falou dando um tapinha em meu rosto. Que mania que eles têm! COMO SABÁ ESTÁ VESTIDA?
RAINHA SABÁ
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ROBERT: Não é, querida, deve já ter uma namoradinha – Robert se aproximou querendo sorrisos da esposa. Mas isso não vem acontecendo desde que a guerra começou. SABÁ: Vamos, nosso povo espera essa festividade – ela tratou a andar. ROBERT: Aí, mulheres, quem entende... O que você acha, conselheiro, que devo fazer para agrada-la ou deixa-la mais manhosa? – Robert se aproximou se apoiando em meu ombro. BRUNSWICHK: Eu sou um conselheiro de problemas do Reino, mas flores sempre funcionam com mulheres – disse. O Rei pareceu satisfeito, deu uma piscadinha e partiu. COMO ROBERT ESTÁ VESTIDO?
REI ROBERT
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Andei um pela redondeza do jardim com neve observando toda a correria e tudo mais, observando-me de longe as peças poderiam achar que eu estou procurando alguém em especial, mas eu não procuro ninguém as pessoas me procuram. Escondido fumo mais um cigarro, eu adoro isso, ver a fumaça saindo, guardo logo e me preparo para enfrentar esse evento ridículo. LILITH: Oi, procurando por mim – ela sussurra perto do meu pescoço o que arrepia minha nuca. Ao virar noto que ela está linda, apesar de seu vestido ser mais simples do que as peças do Castelo, ainda é mais bonito do que o da plebe e a Lilith tem algo que poucos tem que é a beleza de se admirar. BRUNSWICHK: Você está linda – falo olhando-a de cima a baixo. Me aproximei e lhe dei um beijo na bochecha. E em seguida um beijo rápido. COMO LILITH ESTÁ VESTIDA?
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LILITH: A cerimônia vai começar – ela falou me afastando. Pegou minha mão e me puxou, eu a puxei de volta e suas costas bateram no meu peito. BRUNSWICHK: Eu não dou a minha para essa cerimônia – sussurrei no seu ouvido – Vamos jogar tudo para o ar e se enrolar nos meus aposentos? LILITH: Eu quero ver o Oráculo – ela virou de frente para mim com o rosto vermelho. Olhou para baixo sem coragem de me olhar nos olhos. BRUNSWICHK: Claro, vamos ver o feiticeiro de vodu – falei desanimado. Ela olhou nos meus olhos felizes e partiu correndo na frente, enquanto eu caminhei lentamente atrás dela. Nossa, quanta gente... Na multidão, o pessoal do Tabuleiro me fez ficar perto deles, olhei de longe para Lilith que se divertia com o povo e a assombração de preto em cima do palco da praça. COMO FOI O MOMENTO DOS DOIS?
ELE SUSSSUROU NO OUVIDO DELA QUE ELES IAM NA FESTIVIDADE?
LEVANTOU SEU ROSTO E CONCORDOU
CONCORDOU E DEU UM BEIJO RÁPIDO
CAMINHARAM UM PEDAÇO JUNTOS ELE INDIGNADO E ELA RINDO
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ROBERT: Povo do Xadrez, eu sei que os tempos são ruins, mas nossa magia segue forte e firme... Vamos nos manter sobre nossa muralha e renovar nossa magia mais uma vez – Rei Robert falou conquistando a simpatia do povo. Sabá é uma ótima rainha, mas quase nunca ri e é péssima em discursos. FAHIR: Oráculo, senhor do tempo, eu... Fahir, príncipe preto e futuro Rei peço que me diga meu futuro – Fahir disse muito pomposo se ajoelhando. Argh, eu serei um Rei muito melhor... ORÁCULO: Seu futuro sempre esteve muito claro, jovem Fahir... Seu futuro envolve amor, aventura e sacrifício. Sua futura esposa está aqui – essa afirmação assustou a todos. O Rei e a Rainha arregalaram os olhos e todos ficaram na expectativa de que aquela assombração dissesse quem se tornaria o ser mais poderoso do Tabuleiro de Xadrez. FAHIR: E quem é, Oráculo? – Fahir perguntou não aguentando mais o silêncio. ORÁCULO: A futura rainha e governanta do Reino Preto, futura mãe do herdeiro real é uma jovem que do nada conseguiu sobreviver e ainda ser gentil e verdadeira... Ela – o Oráculo começou a andar na multidão com o dedo apontado – Ela, jovem Lilith, meus parabéns você é a nova rainha. Quando aquelas palavras saíram da boca dela, Lilith olhou para mim como se tivéssemos acabado para sempre. Eu fui tomado por uma felicidade imensa, finalmente ela se tornou poderosa, e agora é algo que eu desejo demais. Se prepare Fahir, o jogo acabou de ficar interessante.
SAÚDEM A NOVA RAINHA...
LILITH