Aspectos de BMC na depressão
Mulher, 25 anos, desempregada, vem ao ambulatório com queixa de tristeza profunda há 8 meses. Relata ter perdido vontade de sair com os amigos e na faculdade já não tem o mesmo desempenho de quando começou. Passa a maior parte do tempo isolada das outras pessoas e sempre que possível fica no seu quarto trancada. Há 3 meses descobriu um traição do namorado e houve piora dos sintomas, inclusive com perda de peso de 6 kg nesse período. Nega ideação suicida. O médico diagnosticou depressão, fez prescrição de Citalopram 20mg e a orientou se consultar com um psicólogo. Duas semanas após a consulta anterior, a paciente retorna ao ambulatório se queixando de que a medicação não esta fazendo efeito e que ela continua muito debilitada, pedindo para trocar por uma mais forte. O médico acalma a paciente e diz que aquela medicação para ter efeito precisa ser usada regularmente por um período de cerca de 1 mês, para dai melhor avaliá-la.
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A neurobiologia da depressão conheceu, nesta última década, avanços sem precedentes, que vão desde alterações macroscópicas até ao nível molecular. Macroscopicamente, são encontradas alterações nas diversas regiões encefálicas que poderão mediar a expressão da Depressão. Sobre a depressão marque a incorreta.
O atraso do efeito clínico dos antidepressivos poderá ser explicado pelo tempo que a neurogênese demora a ocorrer.
O córtex pré-frontal, a amígdala, o córtex anterior do cíngulo e o hipocampo, entre oUtros, não apresentam alterações na depressão.
O eixo hipotálamo-hipófise-suprarrenal encontra-se hiperativo em cerca de metade dos doentes.
A hipótese monoaminérgica é ainda hoje a base dos tratamentos recomendados.
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Existem varias formas de explicar a fisiopatologia da depressão. O sistema imunológico e endócrino participam e sofrem alterações. Diante dessas alterações marque a incorreta.
A depressão maior é acompanhada de uma ativação das respostas inflamatória.
Possui alterações na expressão de antígenos.
Não ocorre aumento das citocinas pró-inflamatórias na depressão.
Ocorre aumento dos leucócitos periféricos, como CD4 e CD8.
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O stress psicológico precede frequentemente o despertar de episódios de perturbação do humor; está co-relacionado com a gravidade do episódio, o risco de recidiva e a menor resposta aos antidepressivos convencionais. Sobre isso marque a alternativa incorreta.
A nível central, as citocinas pró-inflamatórias (ex: TNFa, IL-1b e IL-6) exercem várias ações: provocam alterações nos neurônios dopaminérgicos, noradrenérgicos e serotoninérgicos do tronco cerebral, diminuindo a respectiva enervação e neurotransmissão que normalmente efetuam no prosencéfalo.
A atividade do sistema de stress está ligada a citocinas pró inflamatórias que pode levar a um desregulação do balanço citocinérgico que pode induzir sintomas depressivos.
O stress precoce nos períodos de maior desenvolvimento do SNC e sobretudo sob a forma de abusos físico e sexual ou perda parental, aumenta o risco de depressão e perturbações da ansiedade.
Na depressão não detecta-se uma hiperatividade do eixo hipotálamo-hipófise-suprarrenal HPA, resultando numa hipercortisolémia (e hipercortisolúria), que é também característica do stress crônico e de patologias endócrinas.
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Sobre o conhecimento dos neurotransmissores, assinale a alternativa FALSA:
Na depressão acontece um aumento na quantidade de neurotramismissores liberados, mas a bomba de recaptação e a enzima continuam trabalhando normalmente. Então, um neurônio receptor captura mais neurotransmissores e o sistema nervoso funciona com mais neurotransmissores do que normalmente seria preciso.
A exposição a eventos estressores promove aumento na liberação de glutamato no hipocampo. O sistema glutamatérgico hipocampal tem papel fundamental nestes processos, possivelmente atuando de forma sinérgica com os glicocorticóides.
Neurotransmissores são substâncias produzidas pelos neurônios. Essas substâncias são liberadas quando o axônio de um neurônio pré-sináptico é excitado. Estas substâncias, então viajam pela sinapse até a célula alvo, inibindo-a ou excitando-a. A disfunção na quantidade produzida e utilizada de neurotransmissores está intimamente ligada a depressão.
Neurotransmissores são substâncias produzidas pelos neurônios. Essas substâncias são liberadas quando o axônio de um neurônio pré-sináptico é excitado. Estas substâncias, então viajam pela sinapse até a célula alvo, inibindo-a ou excitando-a. A disfunção na quantidade produzida e utilizada de neurotransmissores está intimamente ligada a depressão.
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Quais os principais neurotransmissores envolvidos no humor e como são formados? Escolha a alternativa verdadeira:
Dopamina, Serotonina e Noradrenalina (NA). São neurotransmissores envolvidos com nosso estado de descanso, sono, relaxamento, etc.
A Serotonina é produzida a partir do Triptofano o qual sofre ação da Triptofano Hidroxilase gerando o 5-Hidroxitriptofano e em seguida formando a 5-Hidroxitriptamina (Serotonina/ 5HT) pela ação da L-Aminoacido Aromatico Descarboxilase.
A Noradrenalina é formada a partir da Serotonina. Assim, a dopamina sofre ação da Dopamina B-Hidroxilase dando origem a Noradrenalina.
A dopamina é produzida a partir da Triptofano, a qual sofre ação da Triptofano Hidroxilase, sendo convertida em L-DOPA. Posteriormente sofre ação da L-Aminoacido Aromático Descarboxilase e assim formando a Dopamina, a qual se acumula em vesículas enquanto espera um estimulo para sua liberação.
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Sobre os neurotransmissores na depressão: I. A Teoria da Monoaminas Cerebrais diz que nos quadros de depressão pode haver uma redução de qualquer um desses neurotransmissores. Como cada um deles está predominando em determinadas Vias Cerebrais, a redução de um deles especificamente pode gerar sintomatologia a ele relacionado. II. Quando muito intenso, o estresse repetido diminui o número e a função de receptores 5-HT1A no hipocampo, um efeito possivelmente mediado por glicocorticóides. A depressão maior está associada com diminuição de 5-HT1A em regiões prosencefálicas. Dessa maneira, o prejuízo da neurotransmissão serotoninérgica hipocampal causado por exposição a estressores severos dificultaria a adaptação ao estresse crônico e predisporia ao desenvolvimento de depressão em humanos. III. Drogas antidepressivas, por aumentarem, com o uso prolongado, a neurotransmissão serotoninérgica, seviriam para o tratamento desse quadro. Estão verdadeiras:
I, II, III
I e II
II e III
I e III
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Sobre a proteína receptora da serotonina, ou HTTLPR (sigla inglesa que significa região polimórfica ligada ao transporte de serotonina) é incorreto afirmar:
Foi demonstrado que a causa genética da depressão se deve, na maioria dos casos, a uma mutação na molécula do DNA que compõe o gene identificado por HTTLPR e localizado no cromossomo 13.
Pessoas com lesões no gene HTTLPR produzem proteína HTTLPR defeituosa que tem dificuldade para se ligar à serotonina. Como resultado dessa situação o portador dessas lesões genéticas padecem de alterações de humor e de comportamento, principalmente.
Quando a herança é de ambos os pais, a chance dos filhos em se tornarem clinicamente depressivos é de 99% mesmo sem fatores ambientais associados
A proteína HTTLPR, ao se ligar com a serotonina, forma um composto proteína-serotonina que tem a função de capturar a adrenalina em excesso, regulando, dessa forma, o humor, dor, sono e apetite.
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Sobre a teoria da neuroplasticidade é incorreto afirmar:
A inversão da insuficiente sinalização neurotrófica por antidepressivos eficazes contribui para a remissão do quadro depressivo.
A teoria sustenta que uma insuficiente sinalização neurotrófica contribui para alterações no hipocampo.
Os fatores neurotróficos são reguladores do crescimento dos nervos e da diferenciação neuronal apenas durante o desenvolvimento.
Os estudos sobre esta hipótese têm concentrado a atenç ão no papel do BDNF(fator neurotrófico derivado do cérebro).
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As neurotrofinas, em especial o BDNF, parecem estar implicadas na base fisiopatológica de diversas doenças neurodegenerativas e psiquiátricas. Sobre a relação entre Depressão Maior e o BDNF é incorreto afirmar:
O stress aumenta a expressão de BDNF.
Os antidepressivos e os estabilizadores do humor são capazes de aumentar os níveis séricos de BDNF.
Estudos têm reportado que a ativação do NMDA-R sináptico aumenta a atividade da MAP-cinase e do fator de transcrição CREB, promovendo a síntese do BDNF.
O alelo val66met confere uma função reduzida do BDNF, e foi associado a alterações macroscópicas que são comuns na depressão (atrofia pré-frontal e redução do volume hipocampal).
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Sobre o stress e os opioides endógenos é incorreto afirmar:
Investigação sobre o papel dos opióides endógenos na depressão pode vir a ser um potencial alvo terapêutico.
O stress diminui a liberação de opioides endógenos(dinorfina) no núcleo accumbens.
A administração de antagonistas da dinorfina parece ,exercer um efeito de tipo antidepressor.
Estudos sobre o receptor opióide sigma-1 com bloqueadores destes receptores exibem efeito antidepressor em ratos.
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Sobre a depressão em idosos, é incorreto afirmar:
Quando o telômero se desgasta é possível que o DNA do cromossomo fique vulnerável aos ‘’agressores’’ ambientais.Nessas condições a proteína receptora da serotonina, a HTTLPR, deixa de ser adequadamente produzida, causando a depressão em pessoas idosas.
Tem relação com o desgaste orgânico que atinge a camada proteica protetora
dos cromossomos conhecida por telômeros.
É associada a estressores psicossociais caracterizados pela aposentadoria sem o devido preparo, solidão, viuvez, isolamento social, doenças crônicas próprias da velhice.
O desgaste do telômero não tem influencia na produção de HTTLPR defeituosa, sendo esses defeitos apenas resultado de alterações genéticas.