Psicoterapeuta - o curador ferido
Quíron era um centauro, metade homem, metade cavalo. Em uma das versões do mito, ele se dedicava a curar outros centauros. Um dia, ao tentar curar um centauro que fora atingido por uma flecha envenenada, ele se feriu e, depois disso, tornou-se o curador ferido, capaz de encontrar cura para todos os outros, menos para si. Esse Quiz verifica sua habilidade em fazer analogias entre a condição do psicoterapeuta como um curador ferido e o mito de Quíron.
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O psicoterapeuta, semelhante a Quíron, possui a missão de lidar com as feridas e adoecimentos de outras pessoas. Sendo também humano e, afetado ele mesmo por suas próprias feridas, para poder lidar com as feridas dos outros, é certo afirmar que:
Ao manter o distanciamento necessário, o psicoterapeuta evita que suas feridas se misturem com as feridas de seus pacientes, ficando assim protegido
O sofrimento do psicoterapeuta é diferente do sofrimento de outras pessoas, o que lhe permite examinar o sofrimento do outro sem afetar o seu
O conhecimento dos adoecimentos em profundidade torna o psicoterapeuta protegido dessas "afecções", fazendo com que seu trabalho seja eficaz
O psicoterapeuta precisa estar livre de suas feridas, por isso deve fazer sua psicoterapia e curar-se antes de tornar-se psicoterapeuta
O sofrimento do psicoterapeuta é a base para a compreensão da dor e sofrimento de outras pessoas
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Sobre o centauro Quíron , sendo ele constituído de parte humana e parte animal, o mito pode ajudar os psicoterapeutas a entenderem que:
Seu lado selvagem estará sempre com ele e, para não interferir em seu trabalho, deve ser negado e ocultado o máximo possível de seus pacientes
Será sempre constituído por dois lados que representam a racionalidade e irracionalidade humanas, com os quais deve aceitar e aprender a conviver
O psicoterapeuta, ao exercer seu trabalho, realiza o que demais humano há em si, por isso tornando irrelevante seu lado selvagem
O psicoterapeuta não pode ser comparado a Quíron, pois não possui o lado selvagem
O lado humano do psicoterapeuta é predominante e se opõe e sobressai ao lado selvagem, sendo assim irrelevante em seu trabalho
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O processo de "cura" do psicoterapeuta deve estar sempre em marcha, assim como Quíron sempre se esforçava para curar sua ferida e eliminar sua dor. Sobre a cura do psicoterapeuta, é certo afirmar:
A natureza de sofrimento do psicoterapeuta o torna protegido das dores do outro, não necessitando assim de um processo de cura
Não existe cura definitiva para as dores do psicoterapeuta, assim como para as dores de seus pacientes. A psicoterapia minimiza o sofrimento e aumenta a resistência de ambos
Assim como a ferida de Quíron, a ferida do psicoterapeuta só terminará com sua morte. Portanto deve aceitar e desistir de tentar aliviar sua própria dor
A dor do psicoterapeuta é tão "curável" quanto a dor de seus pacientes, por isso sua psicoterapia o protegerá de uma ferida sem fim
Somente a psicoterapia é capaz de eliminar a dor do psicoterapeuta, a despeito de seu conhecimento sobre filosofia, antropologia, artes ou mesmo psicopatologia
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Conta o mito de Quíron, que ao ser atingido por uma flecha envenenada, não conseguia curar sua própria ferida. Sendo um deus e estando desesperado, Quíron renunciou então à sua imortalidade, conseguiu morrer e escapou do terrível sofrimento. A analogia entre Quíron e o psicoterapeuta nos faz aceitar que (assinale a afirmação INCORRETA):
Sendo todos os humanos mortais e feridos, o psicoterapeuta não pode efetivamente auxiliar seus pacientes devido a sua condição semelhante que lhe confere impotência e inércia
A morte representa o fim último de nossa cura, devendo ser aceita e suportada como condição de nossa existência
A imortalidade representa a finitude como doadora de sentido para as diversas experiências humanas, dentre elas alguns tipos de sofrimento
Somos, igualmente a Quíron, constituídos por feridas incuráveis que devem ser suportadas até o momento de seu alívio definitivo com a própria morte
A ferida do psicoterapeuta é a base de compreensão das feridas de seus pacientes, tornando-o mais sensível e propício a compreensão da dor dos outros
É a partir do trabalho com a ferida do outro que mitigamos nossas próprias feridas
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Ao você se reconhecer como psicoterapeuta, ou seja, um curador ferido, podemos afirmar que:
Suas próprias dores estarão protegidas se seu paciente não trouxer questões semelhantes e, caso isso aconteça, você deve encaminhar seu paciente
Você sempre estará às voltas com suas dores que devem ser aceitas e minimante tratadas e suportadas, a fim de que sejam também a base para a compreensão das dores de seus pacientes
As dores do paciente permitem a você experienciá-las para poder minimizá-las, com o objetivo de saber exatamente o que os pacientes sentem e passaram
Essa condição o remete a suas próprias dores podendo evocar sentimentos de solidão, de medo e impotência que são proibitivos ao processo de psicoterapia
Seus sentimentos negativos (dores) como psicoterapeuta precisam ser "suspensos" para que você possa exercer seu trabalho com eficácia