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O livro "Claro Enigma", uma das obras mais importantes de Carlos Drummond de Andrade, foi editado em 1951. Desse livro consta o poema a seguir. Memória Amar o perdido deixa confundido este coração. Nada pode o olvido contra o sem sentido apelo do Não. As coisas tangíveis tornam-se insensíveis à palma da mão. Mas as coisas findas, muito mais que lindas, essas ficarão. (ANDRADE, Carlos Drummond de. "Claro Enigma", Rio de Janeiro: Record, 1991.) Sobre esse texto, é correto dizer que
a passagem do tempo apaga muitas coisas, mas a memória afetiva registra as coisas que emocionalmente têm importância; essas permanecem.
a passagem do tempo acaba por apagar da memória praticamente todas as lembranças humanas; quase nada permanece.
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Valores renascentistas, como o do poder da racionalidade, e os dramas da consciência moderna, a que não falta o sentido de um impasse histórico, entram em conflito em "A máquina do Mundo", de Carlos Drummond de Andrade, já que nesse monumental poema de Claro enigma o autor
propõe-se a investigar os projetos nacionalistas de Mário de Andrade.
faz frente à razão absoluta com a convicção melancólica de um indivíduo.
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No país dos Andrades, lá onde não há cartazes e as ordens são peremptórias, sem embargo tácitas, já não distingo porteiras, divisas, certas rudes pastagens plantadas no ano zero e transmitidas no sangue. O tema das origens familiares, dos ancestrais ligados à terra tal como o mostram os versos acima, marcou a poesia desse autodeclarado “fazendeiro do ar”, desse Andrade que escreveu
Claro Enigma
PAU-BRASIL.
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Leia, atentamente, o seguinte poema: Que pode uma criatura senão, entre criaturas, amar? amar e esquecer, amar e malamar, amar, desamar, amar? sempre, e até de olhos vidrados, amar? Que pode, pergunto, o ser amoroso, sozinho, em rotação universal, senão rodar também, e amar? amar o que o mar traz à praia, e o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha, é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia? Amar solenemente as palmas do deserto, o que é entrega ou adoração expectante, e amar o inóspito, o áspero, um vaso sem flor, um chão de ferro, e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina. Este o nosso destino: amor sem conta, distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas, doação ilimitada a uma completa ingratidão, e na concha vazia do amor a procura medrosa, paciente, de mais e mais amor. Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita. O poema “Amar” integra a segunda parte, “Notícias Amorosas”, do livro Claro enigma, de Carlos Drummond de Andrade. Sobre esse poema, assinale a alternativa correta.
O poeta estabelece uma intensidade da manifestação do amor com relação ao belo diferente da intensidade do amor dispensado ao grotesco.
O poema postula uma condição universal, na qual se fundem o sujeito, a ação praticada e os objetos a que essa ação se dirige.
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Museu da Inconfidência*São palavras no chão e memória nos autos, as casas inda restam, os amores, mais não.E restam poucas roupas, sobrepeliz de pároco, a vara de um juiz, anjos, púrpuras, ecos.Macia flor de olvido, sem aroma governas o tempo ingovernável.Muros pranteiam. Só.Toda história é remorso.Carlos Drummond de Andrade, Claro enigma.*Museu instalado em Ouro Preto, MG, antiga Vila Rica.26 Considerando-se o poema no contexto estético e ideológico de Claro enigma, ao qual pertence, verifica-se que a posição do eu lírico, em relação à Inconfidência Mineira, é a de
tomá-la, distanciadamente, como ponto de partida para reflexões de caráter generalizante e teor filosófico.
enfatizar o sentimento de culpa das elites brasileiras, contemporâneas do poeta, em face do martírio de Tiradentes.