1
(Ufma 2005) “A rua era das mais animadas da cidade; por todo o dia estivera cheia de gente. Mas agora, ao anoitecer, a multidão crescia de um minuto para outro; e quando se acenderam os lampiões de gás, duas densas, compactas correntes de transeuntes cruzavam diante do café. Jamais me sentira num estado de ânimo como o daquela tarde; e saboreei a nova emoção que de mim se apossara ante o oceano daquelas cabeças em movimento. Pouco a pouco perdi de vista o que acontecia no ambiente em que me encontrava e abandonei-me completamente à contemplação da cena externa.” (Walter Benjamin – Sobre alguns temas em Baudelaire) O texto nos leva a uma compreensão de estética como:
uma concepção de que o belo não está em uma forma definida, mas na plasticidade do cotidiano.
técnica de reprodução da obra de arte em massa.
estabelecimento de um padrão de beleza para a obra de arte.
imitação do mundo sensível.
um estudo do caos humano representado pela multidão e suas relações econômicas.
2
(Uel 2009) Sobre a crítica frankfurtiana à concepção positivista de ciência e técnica, é correto afirmar que a racionalidade técnica I. dissocia meios e fins e redunda na adoração fetichista de seus próprios meios. II. constitui um saber instrumental cujo critério de verdade é o seu valor operativo na dominação do homem e da natureza. III. aprimora a ação do ser humano sobre a natureza e resgata o sentido da destinação humana. IV. incorpora a reflexão sobre o significado e sobre os fins da ciência no contexto social. Assinale a alternativa correta.
Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
Somente as afirmativas I e IV são corretas.
Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
Somente as afirmativas III e IV são corretas.
Somente as afirmativas I e II são corretas.
3
(Unicentro 2010) Qual dos argumentos abaixo não caracteriza a crítica feita pela Escola de Frankfurt à razão ocidental?
Segundo os filósofos da Escola de Frankfurt, a racionalidade moderna deve contrapor ao irracionalismo inerente a sua própria constituição, uma visão instrumental da razão, na tentativa de adequar meios e fins. Para esses filósofos, a razão deve observar e normatizar, calcular, classificar e dominar a natureza, controlando as incoerências, injustiças e os acasos da vida.
Para os filósofos da Escola de Frankfurt, principalmente para Adorno e Horkheimer, há uma implicação paradoxal da razão ocidental e do mito: o próprio mito já é razão e a razão volta a ser mitologia da modernidade burguesa, isto é, se o mito se baseia na imitação dos fenômenos naturais, a ciência moderna substitui a mimese pelo princípio de identidade.
A Escola de Frankfurt confronta-se com a questão da autodestruição da razão, examinando o acasalar de razão e barbárie na história, comprometendo-se, assim, a pensar como é que a razão humana pôde entrar em um conflito tão radical consigo própria.
A racionalidade ocidental configura-se, na crítica feita pela Escola de Frankfurt, como razão de dominação e controle da natureza exterior e interior. Ao separar sujeito e objeto, corpo e alma, natureza e cultura, destitui o indivíduo de seu aspecto empírico e singular, transformando-o em um autômato.
Para a Escola de Frankfurt, a racionalidade moderna adota a mesma atitude com relação aos objetos que o ditador em relação aos homens: conhece-os para melhor os dominar. A crítica desses filósofos se dirigiu a um tipo de saber que quer ser sinônimo de poder, e que tem a técnica como sua essência.
4
(UEL 2013) Observe a figura e leia o texto a seguir. A crise da razão se manifesta na crise do indivíduo, por meio da qual se desenvolveu. A ilusão acalentada pela filosofia tradicional sobre o indivíduo e sobre a razão – a ilusão da sua eternidade – está se dissipando. O indivíduo outrora concebia a razão como um instrumento do eu, exclusivamente. Hoje, ele experimenta o reverso dessa autodeificação. (HORKHEIMER, M. Eclipse da razão. São Paulo: Centauro, 2000, p.131.) Com base na figura e nos conhecimentos sobre a crise da razão e do indivíduo na contemporaneidade, em Horkheimer, considere as afirmativas a seguir. I. A crise do indivíduo implica na sua fragmentação: embora ele ainda se represente, a imagem que possui de si é incompleta, parcial. II. A crise do indivíduo resulta de uma incompreensão: ignorar que ele é uma particularidade ordenada (microcosmo) inserida numa totalidade ordenada (macrocosmo). III. O indivíduo, que é unitário, apreende a si mesmo e ao mundo plenamente, faltando-lhe, porém, os meios adequados para comunicar tal conhecimento. IV. O desenvolvimento das ciências humanas levou a uma recusa da ideia universal de homem: nega-se à razão o poder de fundamentar absolutamente o conhecimento sobre o indivíduo. Assinale a alternativa correta.
Somente as afirmativas III e IV são corretas.
Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
Somente as afirmativas I e II são corretas.
Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
Somente as afirmativas I e IV são corretas.
5
UENP 2016/2 Walter Benjamin, filósofo da Escola de Frankfurt, quando discute a obra de arte e sua aura, afirma: Poder-se-ia defini-la como a única aparição de uma realidade longínqua, por mais próxima que esteja. Num fim de tarde de verão, caso se siga com os olhos uma linha de montanhas ao longo do horizonte ou a de um galho, cuja sombra pousa sobre o nosso estado contemplativo, sente-se a aura destas montanhas, desse galho. Tal evocação permite entender, sem dificuldades, os fatores sociais que provocaram a decadência atual da aura. Liga-se ela a duas circunstâncias, uma e outra correlatas com o papel crescente desempenhado pelas massas na vida presente. Encontramos hoje, com efeito, dentro das massas, duas tendências igualmente fortes: exigem, de um lado, que as coisas se lhe tornem, tanto humana como espacialmente, “mais próximas”, de outro lado, acolhendo as reproduções, tendem a depreciar o caráter daquilo que é dado apenas uma vez. (BENJAMIN, W. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. São Paulo: Abril Cultural, 1975. p.15.) Com base no texto, assinale a alternativa correta.
A obra de arte possui aura porque possui as seguintes características: é única, irrepetível, duradoura.
A discussão sobre arte e aura, no referido texto, se refere a um problema religioso.
A aura não significa a singularidade da obra de arte.
O declínio da aura não tem relação com as transformações sociais e econômicas.
Com o aumento da produção e apropriação artística, aumentou-se também o valor da aura na obra de arte.
6
Leia o texto a seguir. Generalizando, podemos dizer que a técnica da reprodução retira do domínio da tradição o objeto reproduzido. Na medida em que ela multiplica a reprodução, substitui a existência única da obra por uma existência massiva. E, na medida em que essa técnica permite à reprodução vir ao encontro do espectador, em todas as situações, ela atualiza o objeto reproduzido. (BENJAMIN, W. A obra de arte na era da sua reprodutibilidade técnica – primeira versão. In. Magia e técnica, arte e política – Obras Escolhidas I. 8.ed. São Paulo: Brasiliense, 2012. p.182-183.) Com base no texto e nos conhecimentos sobre a reprodutibilidade técnica, segundo Walter Benjamin, assinale a alternativa correta.
Ao homogeneizar os objetos pela reprodução massiva, a técnica destrói os traços materiais e históricos característicos e únicos que permitem vincular uma obra de arte à tradição.
A atualização constante dos objetos é o primeiro passo para a instauração de uma teoria materialista revolucionária da arte na era da reprodutibilidade técnica, pois tal atualização libera as forças do entendimento e da imaginação.
A fotografia e o cinema, obras reproduzidas tecnicamente, operam em registros de criação similares às formas tradicionais de arte, pois a criação artística resulta indistintamente da pulsão criativa genial.
Embora a reprodução técnica afete alguns elementos que compõem a obra de arte, ainda assim, os mais fundamentais e característicos, facilmente identificáveis, como a “aura”, permanecem intocados.
O que torna a obra de arte única, na era das técnicas de reprodução, e o que permite o estabelecimento do seu vínculo com a tradição, depende do modo como ela é recebida por especialistas, artistas e pelo público em geral.
7
A medida que as obras de arte se emancipam do seu uso cultual, aumentam as ocasioes para que elas seja exposta . A exponibilidade de um busto [...]e maior que uma estatua divina , que tem sua sede fixa no interior do templo [...]a preponderancia absoluta conferida hoje a seu valor de exposicao atribui-lhe funcoes inteiramente novas entre as quas a “ artistica" a unica de que temos consciencia, talvez se revele mas tarde como rudimentar. com base no texto e nos conhecimentos sobre a teoria benjaminiana da reprodutibilidade tecnica e do valor cultual e de exposicao da obra de arte , assinale a alternativa correta
o elemento comum entr o valor de culto e valor de exposicao da obra de arte e o reconhecimento de que a funcao " artistica" e a sua dimensao mas importante .
o vslor material atribuido a uma obra de arte e constituido pela persistemcia de um valor de culto na exposicao evidenciado na " aura" que paira sobre as grandes obras as chamadas obras classicas .
o valor de exposicao da obra de arte reforca os lacos sociais , na medida em que exposicao intensifica a coesao social, possibilitando, democraticamente, o acesso a obra .
o valor de culto da obra de arte expressa a gradativa desvinculacao entre o humano e o sagrado, considerando que a obra substitui s relacao direta do humano com o sagrado.
a mudança do valor de culto para o valor da exposição da obra de arte revela transformações nas quais esta passa a ser concebida a partir da esfera pública.
8
(Uel 2009) Com base no pensamento estético de Adorno e Benjamin, considere as afirmativas a seguir. I. Apesar de terem o mesmo ponto de partida, a saber, a análise crítica das técnicas de reprodução, Adorno e Benjamin chegam a conclusões distintas. Adorno entende que a reprodutibilidade das obras de arte é algo negativo, pois transforma esta última em mercadoria; para Benjamin, apesar de a reprodutibilidade ter aspectos negativos, uma forma de arte como o cinema pode ser usada potencialmente em favor da classe operária. II. Para Adorno, o discurso revolucionário na arte torna esta forma de expressão humana instrumentalista, e isto significa abolir a própria arte. Por seu turno, Benjamin considerava que os novos meios de comunicação não deveriam ser substituídos, mas sim transformados ou subvertidos segundo os interesses da comunicação burguesa. III. Para Adorno, a noção de aura na obra de arte preservava a consciência de que a realidade poderia ser melhor, mas o processo de massificação da arte dissolveu tal noção e, com ela, a dimensão critica da arte. Para Benjamin, a perda da aura destruiu a unicidade e a singularidade da obra de arte, que perde o seu valor de culto e se torna acessível. IV. Adorno vê positivamente a reprodutibilidade da arte, já que a obra de arte se transforma em mercadoria padronizada que possibilita a todos o acesso e o desenvolvimento do gosto estético autônomo; para Benjamin, a reprodução tem como dimensão negativa essencial o fato de impossibilitar às massas o acesso às obras. Assinale a alternativa correta.
Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
Somente as afirmativas I e III são corretas.
Somente as afirmativas I e II são corretas.
Somente as afirmativas I, III e IV são corretas.
Somente as afirmativas II e IV são corretas.
9
(UEL 2005) “A indústria cultural não cessa de lograr seus consumidores quanto àquilo que está continuamente a lhes prometer. A promissória sobre o prazer, emitida pelo enredo e pela encenação, é prorrogada indefinidamente: maldosamente, a promessa a que afinal se reduz o espetáculo significa que jamais chegaremos à coisa mesma, que o convidado deve se contentar com a leitura do cardápio. [...] Cada espetáculo da indústria cultural vem mais uma vez aplicar e demonstrar de maneira inequívoca a renúncia permanente que a civilização impõe às pessoas. Oferecer-lhes algo e ao mesmo tempo privá-las disso é a mesma coisa”. (ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento. Trad. de Guido Antônio de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997. p. 130-132.) Com base no texto e nos conhecimentos sobre indústria cultural em Adorno e Horkheimer, é correto afirmar:
A indústria cultural tem um desempenho pouco expressivo na produção dos desejos e necessidades dos indivíduos, mas ela é eficiente no sentido de que traz a satisfação destes desejos e necessidades.
A produção em série de bens culturais padronizados permite que a obra de arte preserve a sua capacidade de ser o suporte de manifestação e realização do desejo: a cada nova cópia, a crítica se renova.
A indústria cultural planeja seus produtos determinando o que os consumidores desejam de acordo com critérios mercadológicos. Para atingir seus objetivos comerciais, ela cria o desejo, mas, ao mesmo tempo, o indivíduo é privado do acesso ao prazer e à satisfação prometidos.
A indústria cultural limita-se a atender aos desejos que surgem espontaneamente da massa de consumidores, satisfazendo as aspirações conscientes de indivíduos autônomos e livres que escolhem o que querem.
O entretenimento que veículos como o rádio, o cinema e as revistas proporcionam ao público não pode ser entendido como forma de exploração dos bens culturais, já que a cultura está situada fora desses canais.
10
(UEL 2005) “A diversão é o prolongamento do trabalho sob o capitalismo tardio. Ela é procurada por quem quer escapar ao processo de trabalho mecanizado, para se pôr de novo em condições de enfrentá-lo. Mas, ao mesmo tempo, a mecanização atingiu um tal poderio sobre a pessoa em seu lazer e sobre a sua felicidade, ela determina tão profundamente a fabricação das mercadorias destinadas à diversão, que esta pessoa não pode mais perceber outra coisa senão as cópias que reproduzem o próprio processo de trabalho”. (ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento. Trad. de Guido Antônio de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997. p.128.) Com base no texto e nos conhecimentos sobre trabalho e lazer no capitalismo tardio, em Adorno e Horkheimer, é correto afirmar:
Mesmo sendo produzidas de acordo com um esquema mercadológico que fabrica cópias em ritmo industrial, as mercadorias acessadas nos momentos de lazer proporcionam ao indivíduo plena diversão e cultura.
Há um círculo vicioso que envolve o processo de trabalho e os momentos de lazer. Com o objetivo de fugir do trabalho mecanizado e repor as forças, o indivíduo busca refúgio no lazer, porém o lazer se estrutura com base na mesma lógica mecanizada do trabalho.
Tanto o trabalho quanto o lazer preservam a autonomia do indivíduo, mesmo nos processos de mecanização que caracterizam a fabricação de mercadorias no capitalismo tardio.
Apesar de se apresentarem como duas dimensões de um mesmo processo, lazer e trabalho se diferenciam no capitalismo tardio, na medida em que o primeiro é o espaço do desenvolvimento das potencialidades individuais, a exemplo da reflexão.
As atividades de lazer no capitalismo tardio, como o cinema e a televisão, são caminhos para a politização e aquisição de cultura pelas massas, aproximando-as das verdadeiras obras de arte.
11
(Ufpa 2013) “Originalmente concebida e acionada para emancipar os homens, a moderna ciência está hoje a serviço do capital, contribuindo para a manutenção das relações de classe. A ciência e a técnica nas mãos dos poderosos [...] controlam a vida dos homens, subjuga-os ao interesse do capital. A produção de bens segue uma lógica técnica, e não à lógica das necessidades reais dos homens.” FREITAG, B. A teoria Crítica ontem e hoje, São Paulo: Brasiliense, 1986, p.94. A autora nos apresenta a visão da Escola de Frankfurt acerca do papel desempenhado pela ciência e pela tecnologia na moderna economia capitalista. Sobre este papel, considere as afirmativas abaixo: I. A ciência e a técnica, além de serem forças produtivas, funcionam como ideologias para legitimar o sistema capitalista. II. Nas mãos do poder econômico e político, a tecnologia e a ciência são empregadas para impedir que as pessoas tomem consciência de suas condições de desigualdade. III. A dimensão emancipadora e crítica da racionalidade moderna foi valorizada na economia capitalista, pois muitas das reivindicações dos trabalhadores foram atendidas a partir do advento da tecnologia. IV. Na economia capitalista, produz-se com eficácia o que dá lucro e não aquilo que os homens necessitam e gostariam de ter ou usar. Estão corretas as afirmativas:
III e IV
II e III
II, III e IV
I e III
I, II e IV
12
Leia o texto a seguir. Os homens sempre tiveram de escolher entre submeter- -se à natureza ou submeter a natureza ao eu. (ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max. Dialética do Esclarecimento: fragmentos filosóficos. Trad. Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1985. p.43.) Com base no texto, é correto afirmar que a análise de Adorno e Horkheimer estabeleceu a ideia de que o homem I. interage com a natureza de maneira pacífica, assimilando-a de forma idílica. II. age com astúcia diante dos fenômenos naturais, ao forjar uma relação de instrumentalidade com a natureza. III. esclarecido e com pleno domínio da natureza promove a sua autoconsciência. IV. apreende a natureza visando controlá-la, o que resulta na submissão dela. Assinale a alternativa correta.
Somente as afirmativas II e IV são corretas.
Somente as afirmativas I, III e IV são corretas.
Somente as afirmativas I e II são corretas.
Somente as afirmativas III e IV são corretas.
Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
13
Texto III A sociedade contemporânea convive com os riscos produzidos por ela mesma e com a frustração de, muitas vezes, não saber distinguir entre catástrofes que possuem causas essencialmente naturais e aquelas ocasionadas a partir da relação que o homem trava com a natureza. Os custos ambientais e humanos do desenvolvimento da técnica, da ciência e da indústria passam a ser questionados a partir de desastres contemporâneos como AIDS, Chernobyl, aquecimento global, contaminação da água e de alimentos pelos agrotóxicos, entre outros. (Adaptado de: LIMA, M. L. M. A ciência, a crise ambiental e a sociedade de risco. Senatus. v.4. n.1. nov. 2005. p.42-47.) Leia o texto a seguir. O mito converte-se em esclarecimento e a natureza em mera objetividade. O preço que os homens pagam pelo aumento de seu poder é a alienação daquilo sobre o que exercem o poder. O esclarecimento comporta-se com as coisas como o ditador se comporta com os homens. Este os conhece na medida em que pode manipulá-los. O homem de ciência conhece as coisas na medida em que pode fazê-las. É assim que seu em-si torna para- -ele. Nessa metamorfose, a essência das coisas revela-se como sempre a mesma, como substrato de dominação. (ADORNO; HORKHEIMER. Dialética do Esclarecimento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985. p.21.) O uso da razão para fins irracionais criou, principalmente no século XX, uma desconfiança crônica a respeito da sua natureza e dos seus usos. Com base nos conhecimentos sobre a racionalidade instrumental presente no texto, assinale a alternativa correta.
Dada a dimensão puramente formal da ciência, os aspectos práticos do mundo da vida lhe são alheios, razão pela qual os usos com vistas à dominação são estranhos à sua essência, resultando na dominação de um mau uso prático.
Mito e razão são forças primitivas antagônicas de natureza distinta: o mito caracteriza-se pela imaginação, fantasia e falta de objetividade; já a razão, pela objetividade, por cujos processos de formalização a certeza
é instituída.
O esclarecimento, na medida em que efetiva a superação do mito, atualiza a essência e o próprio destino do homem, que consiste em transformar a natureza, produzindo objetos que tornam a vida mais confortável.
Tanto a dominação da natureza quanto a alienação do homem são o preço inevitável a ser pago pela razão, pois o conhecimento ocorre quando o mundo e o homem se tornam objetos.
A instrumentalização da razão e a objetivação da natureza são dois momentos de um mesmo processo, cujo resultado consiste em conceber o homem e o mundo como objetos disponíveis à manipulação e ao exercício de poder.
14
A crítica à racionalidade instrumental iluminista pelos pensadores da Escola de Frankfurt levou à constatação do desencantamento do mundo e redundou no desaparecimento do sujeito autônomo. Na modernidade, o esclarecimento se converteu no “ triunfo da igualdade repressiva, na medida em que a cultura contemporânea confere a tudo um ar de semelhança”, segundo Adorno e Horkheimer. Com relação a essa crítica da razão iluminista, analise as afirmativas a seguir. I. A racionalidade iluminista derrubou o controle mítico religioso sobre a natureza e a sociedade, mas passou a dominá las e controlá las por meio da ciência e da técnica. II. A racionalidade instrumental anula a reflexão em detrimento da ação voltada para a mercantilização, devendo ser substituída por uma razão crítica. III. Adorno e Horkheimer recusam a noção liberal de progresso substituindo a pela de consciência de classe como motor transformador da história. Assinale:
Se apenas a afirmativa III estiver correta.
Se apenas a afirmativa II estiver correta.
Se apenas a afirmativa I estiver correta.
Se todas as afirmativas estiverem corretas.
Se apenas a afirmativa I e II estiverem corretas.
15
O texto apresenta um entendimento do filósofo Walter Benjamin, segundo o qual a propaganda dificulta o procedimento de análise crítica em virtude do(a)
caráter ilusório das imagens.
evolução constante da tecnologia.
aspecto efêmero dos acontecimentos.
conteúdo objetivo das informações.
natureza emancipadora das opiniões
16
Com a técnica fotográfica proposta por Walter Benjamin, a arte como reprodução passou a ser pensada de um modo inteiramente diverso, não mais enquanto reprodução de um objeto ou tema, mas, sim, enquanto produção da própria obra. Essa nova perspectiva rompeu a tradição, lançando a modernidade em outro paradigma, em que o que contava não era mais imitar (a natureza ou os grandes modelos) ou ser original, mas, sim, o fato de não mais existir uma identidade única, fechada, da obra, do seu produtor e daquilo que eventualmente ela viesse a representar. M. Seligmann-Silva. A segunda técnica em Walter Benjamin: o cinema e o novo mito da caverna. In: W. Benjamin. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. Porto Alegre: L&PM, 2013, p. 28 (com adaptações). Tendo como referência inicial o fragmento de texto acima, julgue o item. Assinale a opção correta com relação a conceitos de arte e ideias de Walter Benjamin.
A arte da modernidade busca unicidade, como comprovam o cinema e a fotografia.
Na modernidade, a fotografia basicamente limitou-se a representar a natureza e os grandes modelos, a preço cada vez mais baixo.
Não existe arte sem ciência, como prova a invenção da fotografia. Dessa premissa decorre a ideia benjaminiana de que as ciências modificam a relação da sociedade com a arte.
Depreende-se da análise de Walter Benjamin que a pergunta sobre fotografia a ser feita é: como essa técnica tem transformado o próprio conceito de arte?
17
A liberdade de escolha na civilização ocidental, de acordo com a análise do texto, é um(a)
conquista da humanidade.
legado social.
produto da moralidade.
patrimônio politico.
ilusão da contemporaneidade.
18
Na década de 1960, a proposição de Simone de Beauvoir contribuiu para estruturar um movimento social que teve como marca o(a)
oposição de grupos religiosos para impedir os casamento homoafetivos.
organização de protestos púbicos para garantir a igualdade de gênero.
estabelecimento de políticas governamentais para promover ações afirmativas.
ação do Poder Judiciário para criminalizar a violência sexual.
pressão do Poder Legislativo para impedir a dupla jornada de trabalho.
19
Ao contrário dos outros animais, os homens não são apenas seres biológicos produzidos pela natureza. Os homens são seres culturais, que modificam o estado da natureza. (COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia, 2002, p. 12.) Com base no texto de Cotrim, analise os itens a seguir: I. A dimensão cultural do homem é o resultado do processo pelo qual a existência adquire concretude. II. Os animais, na sua natureza irracional, somente conhecem os problemas teóricos e ignoram os obstáculos práticos. III. O trabalho é a atividade animal por excelência pela qual ele transforma o estado da natureza. IV. O homem é por natureza um ser cultural. Ou seja, é um ser que, na atividade do trabalho, modifica o mundo e a si mesmo. Estão CORRETOS apenas
III e IV.
II, III e IV.
I e IV.
I e II.
I, II e III.
20
Sobre a crise da razão, é incorreto afirmar: ) A crise da razão é também uma crise da subjetividade. ) A pós-modernidade não é fruto da chamada crise da razão. ) A crise da razão é também uma crise do pensamento ocidental. ) A descrença na razão iluminista é um dos pilares da crise da razão no final do século XIX e início do século XX. ) O filósofo alemão Friedrich Nietzsche é um dos pensadores que criticou severamente a razão e a moral tradicional.
VFVVF
VVFFF
FFVFV
FVFVF
VFVFF
21
Na década de 1960, surgiu nos Estados Unidos e Europa um movimento conhecido como contracultura. A respeito deste movimento, assinale a alternativa correta.
A contracultura ficou restrita aos Estados Unidos por se tratar de um movimento de caráter nacionalista.
Manifestamente imperialista o movimento de contracultura apoiou a participação dos Estados Unidos na guerra contra o Vietnã.
No Estados Unidos a contracultura reforçou o estilo de vida americano (america way of life) para resistir às influências do socialismo cubano.
A Contracultura representou a reação da juventude de classe média contra o estilo de vida baseado no consumismo e no individualismo.
Uma das principais características do movimento de contracultura foi a defesa da padronização de comportamentos e da massificação da cultura.
22
A teoria filosófica de Sartre, baseada nas ideias de Aristóteles, ressalta que a liberdade
é uma fatalidade e transcende as nossas forças, pois somos governados por algo maior, quer queiramos ou não.
nasce da necessidade e a ela nos submetemos, pois são leis naturais e estão acima da nossa vontade.
é uma escolha do próprio homem, mesmo quando subjugado por forças externas, pois cabe a ele não se curvar nem se resignar.
resulta da relação de causa e efeito que condiciona o pensamento humano, seus sentimentos e ações.
é um problema e que somente pode ser resolvido com a ação coletiva, pois fazemos parte de um todo que age livremente.
23
O existencialismo é um humanismo foi, a princípio, uma conferência proferida por Sartre, posteriormente publicada em livro, em 1946. O filósofo resumiu, nesse livro, o conteúdo humanista da sua filosofia, sustentado pela noção que
o sentido da vida depende da vida de cada um, depende do sentido que os homens dão a ela pelas escolhas que fazem.
a existência é definida aprioristicamente, os homens nascem no interior de um universo social que determinará inflexivelmente a sua vida.
a fraternidade entre os homens, fortalecida nas ações religiosas de que participam, é a justificativa e a razão de sua existência.
o homem, ao nascer, recebe como herança gratuita os tesouros culturais e materiais criados pela humanidade, a qual deve ser cultuada como uma divindade.
as decisões dos seres humanos ganham um significado humanista apenas quando forem guiadas pelo instinto e pelo sentimento de solidariedade.
24
O Determinismo é uma corrente filosófica que considera que o destino do ser humano está regido por uma lei prévia de causa-efeito que a tudo preside. Se aceitarmos esta corrente filosófica, estamos negando, em parte, a essência do homem. Por quê? 1) Porque tal corrente nega a existência da liberdade – um dos constitutivos essenciais do ser humano. 2) Porque tal visão suprime a distinção entre o homem e o animal; pelo Determinismo, os dois seres seriam regidos pelas mesmas leis. 3) Porque torna todos os homens inteiramente dependentes dos ditames derivados dos costumes, das religiões e das heranças culturais. 4) Porque submeteria o homem a todos os condicionamentos psíquicos que definem a maneira de ser de cada um. Estão corretas:
1, 2 e 3 apenas
1, 2 e 4 apenas
3 e 4 apenas
2 e 4 apenas
1, 2, 3 e 4
25
(Uema 2011) O tema da liberdade é discutido por muitos filósofos. No existencialismo francês, Jean-Paul Sartre, particularmente, compreende a liberdade enquanto escolha incondicional. Entre as afirmações abaixo, a única que está de acordo com essa concepção de liberdade humana é:
O homem é determinado por uma essência superior, que é o Deus da existência, pois, primeiramente não é nada.
O homem primeiramente existe porque sendo consciente é um ser em si e para o outro.
O homem não é mais do que aquilo que a sociedade faz com ele.
O homem primeiramente tem uma essência divinizada e depois uma existência manifestada na história de sua vida.
O homem primeiramente não é nada. Só depois será alguma coisa e tal como a si próprio se fizer.
26
Martin Heidegger (1889-1976) afirmou: “ser homem já significa filosofar”. Sua tese é a seguinte: o homem se caracteriza pela distinção entre o “é” e as características de qualquer coisa, ou seja, de qualquer ente; com isso, no encontro cotidiano com os entes, antecipadamente (antes de encontrá-los e conhecê-los) sabemos (a) que eles são e (b) que eles não são o “ser”, que são diferentes de sua “existência”. Eis por que todos podemos, a qualquer instante, nos lançar às perguntas pelo ser dos entes e pelo sentido do ser em geral, ou seja, às perguntas filosóficas. Independente de filosofarmos expressamente, as questões e a força para a investigação, portanto, estariam na raiz mesma de nosso ser, e precedem todo conhecimento e pensamento aplicado. De modo análogo, a primeira frase da Metafísica de Aristóteles afirma: “Todos os seres humanos tendem essencialmente ao Saber”. Essa tendência essencial significa que uma propensão para o Saber está presente, ainda que inexplorada, em todos os seres humanos. Como Aristóteles escolheu, para o Saber, uma palavra grega que se assemelha ao “Ver” imediato (eidénai), pode-se compreender que se trata tanto do conhecimento em geral quanto (e principalmente) do Saber metafísico, sobre o princípio essencial ou estrutura metafísica da realidade. Em suma, Aristóteles já estaria dizendo que ser homem significa filosofar. Com base no que foi dito, marque a alternativa CORRETA.
Segundo Heidegger, a distinção entre o ente e o ser torna possível o pensamento.
Uma contradição total reina entre as teses contemporâneas e gregas, em filosofia.
Aristóteles afirma a tendência essencial do ser humano a ficar preso ao sentido da visão, nas sombras.
Heidegger e Aristóteles têm como tese que filosofar expressamente é um destino humano comum.
Não tem importância central a atenção nem a interpretação das formulações e termos filosóficos.
27
Considere o seguinte trecho, extraído da obra A náusea, do escritor e filósofo francês Jean Paul Sartre (1889-1980). “O essencial é a contingência. O que quero dizer é que, por definição, a existência não é a necessidade. Existir é simplesmente estar presente; os entes aparecem, deixam que os encontremos, mas nunca podemos deduzi-los. Creio que há pessoas que compreenderam isso. Só que tentaram superar essa contingência inventando um ser necessário e causa de si próprio. Ora, nenhum ser necessário pode explicar a existência: a contingência não é uma ilusão, uma aparência que se pode dissipar; é o absoluto, por conseguinte, a gratuidade perfeita.” SARTRE, Jean Paul. A Náusea. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1986. Tradução de Rita Braga, citado por: MARCONDES, Danilo Marcondes. Textos Básicos de Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2000. Nesse trecho, vemos uma exemplificação ou uma referência ao existencialismo sartriano que se apresenta como
fundamentado no conceito de angústia, que deriva da consciência de que tudo é contingente.
denúncia da noção de má fé, que nos leva a admitir a existência de um ser necessário para aplacar o sentimento de angústia.
crítica à metafísica essencialista.
recusa da noção de que tudo é contingente.
28
[1] Entramos no quarto. Encurvada em semicírculo sobre o leito, outra criatura que não a minha avó, uma espécie de animal que se tivesse disfarçado com os seus [4] cabelos e deitado sob os seus lençóis, arquejava, gemia, sacudia as cobertas com as suas convulsões. As pálpebras estavam fechadas, e era porque fechavam mal, antes que [7] porque se abrissem, que deixavam ver um canto da pupila, velado, remeloso, refletindo a obscuridade de uma visão orgânica e de um sofrimento interno. [10] Quando meus lábios a tocaram, as mãos de minha avó agitaram-se, ela foi percorrida inteira por um longo frêmito, ou reflexo, ou porque certas afeições possuam a sua [13] hiperestesia, que reconhece, através do véu da inconsciência, aquilo que elas quase não têm necessidade dos sentidos para querer. Súbito, minha avó ergueu-se a meio, fez um esforço [16] violento, como alguém que defende a própria vida. Françoise não pôde resistir, ao vê-lo, e rompeu em soluços. Lembrando-me do que o médico havia dito, quis fazê-la sair [19] do quarto. Nesse momento, minha avó abriu os olhos. Precipitei-me sobre Françoise para lhe ocultar o pranto, enquanto meus pais falassem à enferma. O ruído do oxigênio [22] calara-se, o médico afastou-se do leito. Minha avó estava morta. A vida, retirando-se, acabava de carregar as [25] desilusões da vida. Um sorriso parecia pousado nos lábios de minha avó. Sobre aquele leito fúnebre, a morte, como o escultor da Idade Média, tinha-a deitado sob a aparência de [28] menina e moça. Marcel Proust. Em busca do tempo perdido: o caminho de Guermantes. vol. 3, 3. a ed. rev. Trad. Mario Quintana. São Paulo: Globo, 2006, p. 376-7 (com adaptações). Com base no fragmento de texto acima, de Marcel Proust, julgue o item. Para Sartre, os seres dividem-se em seres-em-si e seres-parasi. Os seres-em-si não possuem, segundo esse filósofo, consciência, ao passo que os seres-para-si são d0tados de uma consciência que lhes possibilita constituírem-se sempre como projeto, pelo qual dirigem seu presente a partir de sua liberdade. Com base na divisão sartreana entre seres-em-si e seres-para-si e suas relações com a temporalidade, a vida e a morte, verifica-se, na passagem do texto de Proust apresentada, que
a personagem acamada, a despeito de ser, quando ainda viva, biologicamente um ser humano, não é mais um serpara-si na situação narrada.
a proposição de Sartre de que “o ser humano não pode não ser livre” estabelece uma relação de subordinação entre sua concepção do que é um ser humano e a concepção biológica desse conceito.
a transição do ser-para-si ao ser-em-si só ocorre, efetivamente, com a morte biológica da personagem acamada, uma vez que a temporalidade do ser-em-si é a de um eterno presente.
a noção de vida e a de morte que perpassam a descrição do estado da personagem acamada ocupam, respectivamente, os lugares semânticos de ser-para-si e ser-em-si.
29
Vi os homens sumirem-se numa grande tristeza. Os melhores cansaram-se das suas obras. Proclamou-se uma doutrina e com ela circulou uma crença: Tudo é oco, tudo é igual, tudo passou! O nosso trabalho foi inútil; o nosso vinho tornou-se veneno; o mau olhado amareleceu-nos os campos e os corações. Secamos de todo, e se caísse fogo em cima de nós, as nossas cinzas voariam em pó. Sim; cansamos o próprio fogo. Todas as fontes secaram para nós, e o mar retirou-se. Todos os solos se querem abrir, mas os abismos não nos querem tragar! O texto exprime uma construção alegórica, que traduz um entendimento da doutrina niilista, uma vez que
desvela os valores do cotidiano.
exorta as relações de produção.
amplifica o sentimento de ansiedade.
reforça a liberdade do cidadão.
destaca a decadência da cultura.