ENEM 2024 - Ciências Humanas (História e Filosofia Medieval)

ENEM 2024 - Ciências Humanas (História e Filosofia Medieval)

Questões de História e Filosofia Medieval do ENEM.

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Marta Alves
1

(ENEM - 2021) Nem guerras, nem revoltas. Os incêndios eram o mais frequente tormento do Regnum Italicum. Entre 880 e 1080 as cidades estiveram completamente entregues ao apetite das chamas. A certa altura, a documentação parece vencer pela insistência do vocabulário, levando até o leitor mais crítico a cogitar que os medievais tinham razão ao tratar aqueles acontecimentos como castigos que antecederam o julgamento final. Como o quinto cavaleiro apocalíptico, o incêndio agia ao feitio da peste ou da fome: vagando mundo afora, retornava de tempos em tempos e expurgava justos e pecadores num tormanto derradeiro, como insistiam os texto do século X. O impacto acarretado sobre as relações sociais era imediato e prolongava-se para além da destruição material. As medidas proclamadas pelas autoridades faziam mais do que reparar os danos e reconstruir a paisagem: elas convertiam a devastação em uma ocasião para alterar e expandir não só a topografia urbana, mas as práticas sociais até então vigentes. RUST, L. D. Uma Calamidade Insaciável. Rev. Bras. Hist, n 72, maio-ago. 2016 (adaptado) De acordo com o texto, a catástrofe descrita impactava as sociedades medievais por proporcionar a :

revelação do descaso público e das degradaçoes ambientais
reconfiguração dos espaços ocupados e das dinâmicas comunitárias
remodelação dos espaços políticos e das administrações locais
correção dos métodos preventivos e das regras sanitárias
transformação do imaginário popular e das crenças religiosas
2

(ENEM 2019) Tomás de Aquino, filósofo cristão que viveu no século XIII, afirma: a lei é uma regra ou um preceito relativo às nossas ações. Ora, a norma suprema dos atos humanos é a razão. Desse modo, em última análise, a lei está submetida à razão; é apenas uma formulação das exigências racionais. Porém, é mister que ela emane da comunidade, ou de uma pessoa que legitimamente a representa. GILSON, E.; BOEHNER, P. História da filosofia cristã. Petrópolis: Vozes, 1991 (adaptado). No contexto do século XIII, a visão política do filósofo mencionado retoma o

ensinamento místico de Pitágoras.
conformismo estoico de Sêneca.
Paradigma de vida feliz de Agostinho.
pensamento idealista de Platão.
conceito de bem comum de Aristóteles.
3

(ENEM 2015) Ora, em todas as coisas ordenadas a algum fim, é preciso haver algum dirigente, pelo qual se atinja diretamente o devido fim. Com efeito, um navio, que se move para diversos lados pelo impulso dos ventos contrários, não chegaria ao fim de destino, se por indústria do piloto não fosse dirigido ao porto; ora, tem o homem um fim, para o qual se ordenam toda a sua vida e ação. Acontece, porém, agirem os homens de modos diversos em vista do fim, o que a própria diversidade dos esforços e ações humanas comprova. Portanto, precisa o homem de um dirigente para o fim. AQUINO, T. Do reino ou do governo dos homens: ao rei do Chipre. Escritos políticos de São Tomás de Aquino. Petrópolis: Vozes, 1995 (adaptado). No trecho citado, Tomás de Aquino justifica a monarquia como o regime de governo capaz de

refrear os movimentos religiosos contestatórios.
promover a atuação da sociedade civil na vida política.
dissociar a relação política entre os poderes temporal e espiritual.
Reformar a religião por meio do retorno à tradição helenística.
unir a sociedade tendo em vista a realização do bem comum.
4

(ENEM PPL 2019) A ausência quase completa de fantasmas na Bíblia deve ter favorecido também a vontade de rejeição dos fantasmas pela cultura cristã. Várias passagens dos Evangelhos manifestam mesmo uma grande reticência com relação a um culto dos mortos: “Deixa os mortos sepultar os mortos”, diz Jesus (Mt 8:21), ou ainda: “Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos” (Mt 22:32). Por certo, numerosos mortos são ressuscitados por Jesus (e, mais tarde, por alguns de seus discípulos), mas tal milagre — o mais notório possível segundo as classificações posteriores dos hagiógrafos medievais — não é assimilável ao retorno de um fantasma. Ele prefigura a própria ressurreição do Cristo três dias depois de sua Paixão. Antecipa também a ressurreição universal dos mortos no fim dos tempos. SCHMITT, J.-C. Os vivos e os mortos na sociedade medieval. São Paulo: Cia. das Letras, 1999. De acordo com o texto, a representação da morte ganhou novos significados nessa religião para

sacramentar a execução do exorcismo de infiéis.
extinguir as formas de ritualismo funerário.
consagrar as práticas de contato mediúnico transcendental.
evitar a expressão de antigas crenças politeístas.
enfraquecer a convicção na existência de demônios.
5

(ENEM 2019) A cidade medieval é, antes de mais nada, uma sociedade da abundância, concentrada num pequeno espaço em meio a vastas regiões pouco povoadas. Em seguida, é um lugar de produção e de trocas, onde se articulam o artesanato e o comércio, sustentados por uma economia monetária. É também o centro de um sistema de valores particular, do qual emerge a prática laboriosa e criativa do trabalho, o gosto pelo negócio e pelo dinheiro, a inclinação para o luxo, o senso da beleza. É ainda um sistema de organização de um espaço fechado com muralhas, onde se penetra por portas e se caminha por ruas e praças e que é guarnecido por torres. LE GOFF, J.; SCHMITT, J. -C. Dicionário temático do Ocidente Medieval. Bauru: Edusc, 2006. No texto, o espaço descrito se caracteriza pela associação entre a ampliação das atividades urbanas e a

permanência dos elementos arquitetônicos de proteção.
superação do ordenamento corporativo dos ofícios.
independência da produção alimentar dos campos.
aceitação das práticas usurárias dos religiosos.
emancipação do poder hegemônico da realeza.
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