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Todas as variedades linguísticas são estruturadas e correspondem a sistemas e subsistemas adequados às necessidades de seus usuários. Mas o fato de estar a língua fortemente ligada à estrutura social e aos sistemas de valores da sociedade conduz a uma avaliação distinta das características das suas diversas modalidades regionais, sociais e estilísticas. A língua padrão, por exemplo, embora seja uma entre as muitas variedades de um idioma, é sempre a mais prestigiosa, porque atua como modelo, como norma, como ideal linguístico de uma comunidade. Do valor normativo decorre a sua função coercitiva sobre as outras variedades, com o que se torna uma ponderável força contrária à variação. A partir da leitura do texto, podemos inferir que uma língua é:
Sistema que não admite nenhum tipo de variação linguística, sob pena de empobrecimento do léxico.
Conjunto de variedades linguísticas, dentre as quais uma alcança maior valor social e passa a ser considerada exemplar.
A língua padrão deve ser preservada na modalidade oral e escrita, pois toda modificação é prejudicial a um sistema linguístico.
A modalidade oral alcança maior prestígio social, pois é o resultado das adaptações linguísticas produzidas pelos falantes.
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Contudo, a divergência está no fato de existirem pessoas que possuem um grau de escolaridade mais elevado e com um poder aquisitivo maior que consideram um determinado modo de falar como o “correto”, não levando em consideração essas variações que ocorrem na língua. Porém, o senso linguístico diz que não há variação superior à outra, e isso acontece pelo “fato de no Brasil o português ser a língua da imensa maioria da população não implica automaticamente que esse português seja um bloco compacto coeso e homogêneo Sobre o fragmento do texto, podemos inferir, exceto:
O aprendizado da língua portuguesa não deve estar restrito ao ensino das regras.
A variedade linguística é um importante elemento de inclusão, além de instrumento de afirmação da identidade de alguns grupos sociais.
As variações linguísticas são próprias da língua e estão alicerçadas nas diversas intenções comunicacionais.
A língua deve ser preservada e utilizada como um instrumento de opressão. Quem estudou mais define os padrões linguísticos, analisando assim o que é correto e o que deve ser evitado na língua.
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De domingo — Outrossim? — O quê? — O que o quê? — O que você disse. — Outrossim? — É. — O que que tem? — Nada. Só achei engraçado. — Não vejo a graça. — Você vai concordar que não é uma palavra de todos os dias. — Ah, não é. Aliás, eu só uso domingo. — Se bem que parece uma palavra de segunda-feira. — Não. Palavra de segunda-feira é "óbice". — “Ônus". — “Ônus” também. “Desiderato”. “Resquício”. — “Resquício” é de domingo. — Não, não. Segunda. No máximo terça. — Mas “outrossim”, francamente… — Qual o problema? — Retira o “outrossim”. — Não retiro. É uma ótima palavra. Aliás, é uma palavra difícil de usar. Não é qualquer um que usa “outrossim”. No texto, há uma discussão sobre o uso de algumas palavras da língua portuguesa. Esse uso promove o(a)
marcação temporal, evidenciada pela presença de palavras indicativas dos dias da semana.
inadequação vocabular, demonstrada pela seleção de palavras desconhecidas por parte de um dos interlocutores do diálogo.
tom humorístico, ocasionado pela ocorrência de palavras empregadas em contextos formais.
caracterização da identidade linguística dos interlocutores, percebida pela recorrência de palavras regionais.
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Mandinga — Era a denominação que, no período das grandes navegações, os portugueses davam à costa ocidental da África. A palavra se tornou sinônimo de feitiçaria porque os exploradores lusitanos consideram bruxos os africanos que ali habitavam — é que eles davam indicações sobre a existência de ouro na região. Em idioma nativo, mandinga designava terra de feiticeiros. A palavra acabou virando sinônimo de feitiço, sortilégio. No texto, evidencia-se que a construção do significado da palavra mandinga resulta de um(a)
descoberta geográfica.
apropriação religiosa.
diversidade técnica.
contexto sócio-histórico.
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A língua sem erros Nossa tradição escolar sempre desprezou a língua viva, falada no dia a dia, como se fosse toda errada, uma forma corrompida de falar “a língua de Camões”. Havia (e há) a crença forte de que é missão da escola “consertar” a língua dos alunos, principalmente dos que frequentam a escola pública. Com isso, abriu-se um abismo profundo entre a língua (e a cultura) própria dos alunos e a língua (e a cultura) própria da escola, uma instituição comprometida com os valores e as ideologias dominantes. Felizmente, nos últimos 20 e poucos anos, essa postura sofreu muitas críticas e cada vez mais se aceita que é preciso levar em conta o saber prévio dos estudantes, sua língua familiar e sua cultura característica, para, a partir daí, ampliar seu repertório linguístico e cultural. De acordo com a leitura do texto, a língua ensinada na escola:
ajuda a diminuir o abismo existente entre a cultura das classes consideradas hegemônicas e das populares.
deve ser banida do ensino contemporâneo, que procura basear-se na cultura e nas experiências de vida do aluno.
tem como principal finalidade cercear as variações linguísticas que comprometem o bom uso da língua portuguesa.
precisa enriquecer o repertório do aluno, valorizando o seu conhecimento prévio e respeitando a sua cultura de origem.
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“No mundo nom me sei parelha, mentre me for como me vai; ca ja moiro por vós, e ai!, mia senhor branca e vermelha, queredes que vos retraia quando vos eu vi em saia? Mao dia me levantei, que vos entom nom vi feia!” No trecho do cantiga trovadoresca acima, temos um exemplo de:
variação social
variação histórica
variação geográfica
variação diatópica
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Dependendo do contexto e das situações comunicativas, a linguagem utilizada pode ser formal ou informal. A variação linguística em que isso acontece é chamada de:
variação diafásica
variação diatópica
variação sincrônica
variação diastrática
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Óia eu aqui de novo xaxando Óia eu aqui de novo para xaxar Vou mostrar pr"esses cabras Que eu ainda dou no couro Isso é um desaforo Que eu não posso levar Que eu aqui de novo cantando Que eu aqui de novo xaxando Óia eu aqui de novo mostrando Como se deve xaxar Vem cá morena linda Vestida de chita Você é a mais bonita Desse meu lugar V ai, chama Maria, chama Luzia Vai, chama Zabé, chama Raque Diz que eu tou aqui com alegria A letra da canção de Antônio de Barros manifesta aspectos do repertório linguístico e cultural do Brasil. O verso que singulariza uma forma característica do falar popular regional é:
“Vou mostrar pr esses cabras”.
“Isso é um desaforo”.
“Vem cá morena linda, vestida de chita”.
“Vai, chama Maria, chama Luzia”
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I. As variações linguísticas acontecem por meio da interação e comunicação dos seres humanos. II. O regionalismo é um tipo de variação linguística que ocorre pela interação de pessoas de uma mesma região. III. O socioleto é um tipo de variação linguística geográfica que se desenvolve em determinado local. Sobre as variações linguísticas é correto afirmar:
I e II
I
I e III
I, II e III
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Pergunta Extra: Analise as afirmações abaixo, relativas a variação linguística. 1 – Uma característica de todas as línguas do mundo é que elas não são unas, não são uniformes, apresentando variedades. 2 – As línguas mostram formas variadas, entre outras razões, porque a sociedade é dividida em grupos sociais. 3 – Na escrita, há sempre interlocução, enquanto a fala ocorre fora dela. 4 – As variedades linguísticas sofrem um julgamento social. 5 – Variantes diafásicas são as que mostram diferenças de uma região para outra. Assinale a opção que indica as afirmativas corretas.
2 – 3 – 4
1 – 2 – 3 – 4 – 5
1 – 4 – 5
1 – 2 – 4