Cavalos - parte 10
(Sofia) Sua jornada por um mundo que não conhece está prestes a começar...
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Estava sobrecarregada de tantas normas, etiquetas, treinos; na Terra quando sua avó chega e diz que você é uma princesa as coisas são bem mais divertidas. Não tem, por exemplo uma guerra, uma rixa milenar com o povo da sua irmã e do seu pai, a sua irmã não é de outro povo! Não tem casamento arranjado com um cara que você não conhece e está desaparecido, avós paternos desaparecidos, ficar longe do cara que você ama porque ele é do reino “inimigo” (eu não deveria no final ganhar o carinha?). Eu sempre me identifiquei mais com meus avós maternos, tenho diversas boas lembranças, me divirto muito com eles quando não estão “faça isso”, “faça aquilo”, “não faça isso”, “vista essas roupas ridículas porque sim”, eu quero uma calça jeans! Sou a droga de uma princesa e quero uma calça jeans! Façam antes que os joguem na fogueira! Reino das peças Brancas... Tudo bem, eu sempre joguei com as peças brancas, gostava de começar, me sentia bem, Sônia nunca queria as peças brancas, mas eu nunca disse que gostava de usar branco! Eu sou a pessoa, peça, tanto faz, mais atrapalhada que eu conheço, odeio usar roupas claras, eu me sujo toda hora, toda hora mesmo, detesto a cara que o Emir faz para mim toda vez que vê que eu derrubei o molho no meu vestido, caí do cavalo e me sujei de lama, fui passear com o Aragorn e rasguei parte do vestido, fui escrever e derramei tinta de escrever na roupa. _Princesa, o conselho quer a sua... _Ah, já chega! Me deixem dormir – falei jogando um travesseiro aleatoriamente torcendo para que acertasse a cara do Emir. _Entendo, princesa, que não queira ouvir o recado, mas precisava jogar o travesseiro em mim? – virei e me deparei com um peão, o simpático, tentei recordar o nome, mas enfim minha memória, tem muita gente com nomes difíceis, eles deveriam andar por aí com crachás ou mudarem de nome para um bem simples: Carla, Ana, Caio, Luís, Nina, Vitor. _Ah, desculpa... Peão... É... Esse mesmo – disse. _Akira – Akira! Ah, esse aí. _Você não teria uma calça jeans ou uma roupa não branca teria? – ele riu, olhou para mim com seus olhos brilhantes e saiu do quarto. Ótimo, agora vou ser tachada de louca, não que estejam errados, mas ao meu ver os loucos são eles, continuei deitada na cama, até que bateram na porta de novo, era Akira, ele se aproximou deixou algo perto da minha cama, anjo, ele era um anjo. Não eram calças jeans, mas eram calças de cores claras, contudo aqueles tons difíceis de manchar como marrom, verde folha, lilás; há blusas também algumas com capas para parecer mais realesco. _Obrigada! Obrigada! Obrigada! – pulei no garoto depois de dar um salto da cama – Eu não aguentava mais – o peão parecia assustado/contente. _As suas ordens, princesa. _Ei, quer ser meu ajudante? _Como? _Eu sou um desastre, preciso de ajuda nesse negócio de realeza, se eu ouvir mais um suspiro de desaprovação de Emir eu vou surtar. _Bom, eu nunca ouvi tal pedido, mas acho que tudo bem – ele riu discretamente. _O que foi? _É que você pediu, sabe, perguntou... Isso é bem raro por aqui. _Eu sempre liderei meus trabalhos e projetos com uma comunicação com consentimento, não sou boa mandando nas pessoas, ah não ser é claro que a pessoa ultrapasse os limites. Vou melhorar, quando ver vou ser mais insuportável que o Emir. _Achei o seu jeito melhor. Ah, e o que digo para o Conselho? – ele perguntou, eu podia gazetar, mas tinha um comunicado a fazer. _Vou trocar de roupa e já vou. _Vai para o Conselho com essas roupas? – perguntou apontando para a pilha assustado. _Ei! O que eles vão fazer me prender? Açoites? Já vou – olhei para as roupas pensando no que vestir (essas roupas devem ser de Nise e algumas dele pelo tamanho). QUE ROUPA ELA ESCOLHEU?
(São todas calças)
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Ajeitei meu cabelo e a chapéu e fui. COMO ESTÁ SEU CABELO COM O CHAPÉU?
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Entrei na sala de reuniões, que parecia mais um hospital, com uma mesa enorme no centro, com meus avós na cabeceira. Os membros do Conselho eram os melhores Bispos do reino, tendo no seu grupo Emir e Wladis (os irmãos chatos) e o chefe da guarda que é o Charles que no caso está muito chato esses tempos. _E então? O que é? Tenho muitas coisas a fazer – falei pensando em voltar para o quarto e dormir. _Suas vestes estão inadequadas – falou um dos velhos decrépitos do Conselho. Minha vontade era falar: E a cara feia de vocês, não? Mas lembrei do Bismark, manipula-los era melhor. _Ah, mil perdões, mas é que eu me sinto muito mal de vestido quando estou menstruada – disse fazendo todos virarem uns pimentões, claro que Charles riu, meus avós me olharam estranho. _Bom, cof, er, nesse caso acho que tudo, cof, er, bem – falou outro velho, nem sei porque esse estardalhaço todo, ora, toda mulher menstrua. _Como seus avós paternos sumiram... Acreditamos que Sônia deverá se casar rapidamente – ri baixinho desse comentário, Sônia se casar com um cara que ela nem conhece, não me faça rir – Por isso queremos sua opinião sobre os ataques. _Ataques? _Ao castelo, não machucaremos sua irmã, claro, mas... _Não, não, não vamos atacar o castelo de Sônia, estou em choque por saber que sou a única contestando isso – disse encarando meus avós e Charles. _Precisamos achar seu noivo – disse Emir naquele tom mais irritante de todos. _Ele está no castelo preto, precisamos acha-lo... Você tem que se casar primeiro! – disse meu avô. _Ataca-los agora é a melhor saída – disse Wladis. _Antes que Sônia se case. _Algo a acrescentar, Castiel? – perguntei olhando-o nos olhos. _Invadir o palácio parece a melhor alternativa – ele falou, aí que raiva dele. _Achar meu noivo... Interessante, tenho umas colocações importantes – falei tendo o olhar de todos – primeiro, não pretendo me casar com alguém que não conheço; dois, ninguém vai atacar um lugar onde há cinco pessoas importantes para mim; três, ele não está lá. _Como? – perguntou Emir. _Esse cara, meu noivo, ele não está lá... E eu posso provar. _Ah, é? Como? – indagou Wladis de um jeito que me deu vontade de encher ele de soco. _Eu vou acha-lo, estou partindo com uma expedição para acha-lo. _Isso não foi permitido! – falou minha avó. _Eu sou a princesa branca; Sofia, eu decidi que vou achar o meu noivo com minhas próprias pernas e provar que estão cometendo injustiças com o Reino Preto. Não estou pedindo permissão, estou comunicando e ao menos que me matem com três tiros na cabeça eu vou fazer isso! – falei fazendo todos ficarem em choque. _Algo mais? – perguntou Charles. _Tem sim; Laureen, Naneki, Layla, Akira e Castiel vão comigo. Vocês sabem se tem algo que possa me ajudar com as buscas? _O rei e a rainha antes mesmos de se casarem tem uma conexão muito forte, como o fio de um destino, imãs opostos de atraindo, um chamado – respondeu vovó Helia. _Ótimo. _Você ia me perguntar sobre essa missão? – falou Charles. _Não. _Quando pretendo partir? – perguntou um velho. _Amanhã. _Amanhã? – falaram todos. _É. _Acho uma péssima ideia, vai levar muito tempo, você pode morrer no caminho! – disse vovô. _Vovô, eu preciso ir... Sônia, não irá se casar eu a conheço, mas atacar pessoas, peças inocentes não é a solução. Eu vou achar a solução, só preciso que todos nessa sala confie em mim – disse, todos concordaram, alguns relutantes, mas concordaram. Nossa, uma jornada por um mundo que nem conheço, mas em que droga eu estava me metendo? Sabe, Sofia, você deveria pensar antes de agir, e agora? Nossa, como queria que Sônia e o Cal estivessem aqui. COMO É A SALA DE REUNIÕES DELES?
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Durante a tarde fiquei andando pelo palácio, vendo se tinha passagens secretas ou se conseguia ouvir alguma conversa do Conselho, então ouvi vozes: _Ela tem aula agora, será possível que esqueceu? – disse Emir, ah, eu tinha aulas sobre comportamento à mesa, inútil, ainda bem que estou fugindo da aula. _Vamos acha-la, não deve estar longe – disse Nise – Se bem que ela vai partir em uma missão amanhã, que tal deixa-la livre? _Claro que não, isso é impossível, ela tem deveres reais, ei vocês! Guardas ajudem, temos que achar a princesa – ele ordenou, mas que droga, esse homem não me deixa em paz! Fugi rapidamente, entrando nas saídas mais rápidas e pequenas, mas ainda estavam perto, vi um vão na escada bem escondido com uma cortina tapando, corri para lá e quando entrei para me esconder de Emir debaixo do vão da escada, protegida por uma enorme e grossa cortina, fiquei lá escondida, quando encostei na parede ao dar um suspiro de alívio quando Emir passou sem me encontrar a parede virou e acabei dentro de um longo corredor escuro, que da hora uma passagem secreta! Fui explorar, então ouvi umas vozes, uns sons. _Olá, tem alguém aqui? Oi? Olá! – gritei andando até o fim do corredor onde havia uma área como um quarto pequeno com diversos túneis e caminhos a seguir. No quarto tinha um armário cheio de remédios, comidas que não envelhecem, água, alguns travesseiros, como um quarto de pânico. Olhei os túneis, estava apreensiva sobre para que lado ir... COMO É O LUGAR QUE SOFIA ACHOU?
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_Olá? – gritei mais uma vez, ouvi ruídos de um dos túneis então adentrei correndo então vi sentado no chão cheio de papéis e tintas; Yoko. _Princesa? O que faz aqui? _Pergunto a mesma coisa. Eu estava me escondendo a parede virou e aqui estou, e você? _Eu sempre venho aqui, eram túneis de fugas do palácio e esconderijos da época do Rei Philipe, mas foi abandonado a muito tempo, ninguém mais vem aqui. _O que faz aqui? – disse sentando ao seu lado. _Escrevo poemas, algumas ideias da minha cabeça, é um local de fuga de tudo isso – ele disse gesticulando para o palácio. _Entendo, você sabe a onde os túneis dão? _Conheço com a palma da minha mão, já até mapeei, esse vai dar para o castelo na perto da varanda do salão de baile... O primeiro vai dar na aldeia, o segundo pode dar nas masmorras ou na floresta dependendo se você vai para direita ou para a esquerda, o terceiro vai para a sala do trono, o quarto para o lago, o quinto para perto do Reino de sua irmã e o sexto ou vai para o porto, ou para uma casa abandonada perto da fronteira ou para uma caverna. _Que incrível! Você me dá um rabisco do mapa depois? _Claro. COMO É O LOCAL ONDE YOKO ESCREVE?
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_Vamos dar uma volta. _Como? _Vamos a um desses lugares que você mencionou... Já sei, vamos para a floresta! _Se você quer muito, mas isso fica só entre nós – ele disse se levantando, voltamos para o quarto do pânico que é cercado de livros, e fomos pelo segundo, virando à esquerda para a direção da floresta... Ele fez uma versão resumida, porque aqueles túneis pareciam um labirinto, alguém poderia ficar meses perdido lá, ao fim tinha uma passagem secreta que Yoko me ajudou a passar. _Nossa, isso é incrível! – disse olhando a floresta boreal, tinha muita neve, e estava muito frio. _É. _Então, Yoko, além de escrever poesias e ter o cabelo azul o que mais você faz? _Ah – ele falou andando ao meu lado meio com a mesma pela postura – eu sou um primo coruja, sou um peão do Tabuleiro, treino cinco vezes por dia. _Primo de quem? Como fez para ser peão? Você sabe fazer aquela troca do Peão por outra peça? Treina o que? _Você é muito curiosa... _É já me disseram isso muitas vezes - falei brincando na neve. _Yaren é minha prima, eu estudei na Academia até meus treze anos quando fiz a seleção para o Tabuleiro e passei como peão, passei raspando fui o último peão. A coroação é disso que está falando? _Isso, tinha esquecido o nome, mas sei que quando o Peão atinge a oitava casa ele pode se transformar em qualquer outra peça, é o mesmo que promoção. _Bom, aqui nossas guerras, nossas batalhas são diferentes... Existem batalhas como as da Terra exército contra exército, contudo nessas lutas o Tabuleiro tem poderes especiais que os soldados normais não têm. O Rei ele é a fonte desse poder, ele distribui a magia dele com o Reino, com o povo, por isso é fraco em relação as outras peças, se O herdeiro de sangue azul morre sem ter um herdeiro a magia morre. Antes o Tabuleiro era mais poderoso, só que perdemos a magia a muito tempo. O importante é você entender como funciona as batalhas... É guerra; só que os Bispos conseguem abater mesmo a quilômetros de distância pessoas que estiverem em sua diagonal, as Torres podem derrubar em segundos as pessoas a sua frente; o Cavalo é muito importante e muito perigoso, sempre, porque ele é o único que pode atacar peças sem ser morto, principalmente as peças poderosas; a Rainha, tem uma magia muito forte que pode destruir legiões com muita facilidade; nós peões somos guerreiros simples, só que passamos despercebidos na multidão e isso nos permite ser “malandros”, “pilantras”, além é claro da Coroação. Não somos promovidos, é uma troca, os deuses são os únicos que podem mexer na linha ténue entre vida e morte, Caissa troca a vida de um peão pela vida de outro membro do Tabuleiro mais importante. Essa é basicamente a mais importante função nossa, morremos para que outra peça viva, só podemos usar uma vez, uma vez usada é tchau, tchau mundo dos vivos. _Nossa! Quer dizer que se eu morrer em batalha vocês... _Exatamente, mas ficarei feliz em dar minha vida por alguém tão bom, gentil e importante como você. Mas nunca poderei trazer o Rei de volta. _Nunca achei que seria o tipo de pessoa pelo qual os outros dão a vida, na verdade sempre acreditei ser o contrário. _Ei, tudo bem... A morte nada mais é do que o motivo da vida ser importante, é só uma nova aventura. _Sempre vi a morte como o fim de algo bom, sabe o medo, a tristeza, algo que pode acontecer e você não quer que aconteça. _Você teve uma criação diferente, quando se nasce aqui, quando se torna Peão sua concepção de morte e vida mudam. Desde os meus treze anos que vejo a morte e a vida como dois lados da mesma moeda, tem que se pensar e entender os dois lados; quanto mais se compreende a morte mais se valoriza a vida, os bons momentos, as pessoas importantes e quanto mais se entende a vida mais se valoriza a morte porque são as coisas ruins que fazem a vida não ser chata, o fim é o motivo pelo qual vivemos intensamente. COMO É A PASSAGEM SECRETA PARA A FLORESTA?
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_O que você acha do Tabuleiro? Vocês conversam sobre mim? _O Tabuleiro é minha família, é basicamente tudo que tenho, meu propósito de vida. Seria impossível não falar, você é nossa Princesa, futura Rainha, só para você saber todos nós te adoramos, você é legal e agora faz parte da família – sorri ao saber disso, eu não gostava de muitas coisas sobre ser princesa, mas algo sempre me diz que isso faz parte de mim, esse povo, esse reino, esse mundo são partes do que eu sou e do que eu faço, eu queria muito fazer parte do grupo, talvez eu faça. _Então, somos amigos? – perguntei estendendo a mão. _Somos amigos – ele falou jogando uma bola de neve em mim. Yoko, apesar do cabelo azul é o tipo de pessoa que passa despercebido, ele não fala muito, é super quieto. Andamos um pouco pela floresta e eu amei tanta neve, depois voltamos. _Isso é incrível – disse quando paramos no Salão de festa. COMO FOI A EXPERIÊNCIA PARA SOFIA?
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COMO FOI O PASSEIO DOS DOIS?
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_Você gosta mesmo dessa palavra, vem hoje é noite de jogos... Certeza que o pessoal está no quarto do Castiel. _Você é amigo dele? Do Castiel? _Ele é uma peça difícil, mas sempre cuidou de todos nós, do jeito estranho dele ele só tem medo do Conselho fazer algo contra nós. _Vocês têm isso, noite de jogos e tudo mais? – perguntei enquanto íamos para o andar embaixo do meu. _Sim, como toda família; o último dia de Lua Minguante é noite de jogos; o primeiro dia da Lua Elefante temos as fugas, vamos a vila, passeamos essas coisas e na Lua Nova ficamos a noite inteira acordados juntos, revezamos os quartos. _A noite toda? Nossa não sei se conseguiria, sou muito dorminhoca. _Não, Sofia... Nunca, jamais durma ou faça absolutamente nada importante na Lua Nova. É sério, por favor, nesses dias fique conosco. _Caramba, por quê? Para que tudo isso? _A Lua Nova é uma Lua amaldiçoada, nada de bom acontece na Lua Nova. Chegamos – ele deu três batidas ritmadas na porta e ela abriu. _Está atrasado, senhor pontualidade – disse Charles abrindo a porta então ele me viu e ficou assustado/surpreso/petrificado. _Sofia disse que queria vir – Yoko respondeu entrando no cômodo. _Claro, entre – ele falou sem jeito passando a mão atrás do cabelo – Porque você está tão gelada, tomo de se esquente. _Sofia! – exclamou Nise me fazendo sentar perto dela – Chegou bem na hora, hoje vamos jogar baralho. Sentei perto dela, estavam todos sentados em círculo numa parte do quarto; Nise está de um macacãozinho róseo com seu cabelo róseo preso numa trança, Aka estava do lado de Nise com a cabeça apoiada em seu ombro de camisa e calça branca com seu cabelo loiro molhado, Akira estava embaralhando as cartas sorrindo como sempre mostrando suas covinhas; Emir estava lá e me olhava estranho, por sorte Querem tinha dito para ele me deixar quieta quando entrei, Wladis tinha uma cerveja na mão bem largado mexendo com Naneki que estava para lhe dar um soco na cara; Naneki estava com os óculos presos no cabelo ruivo que estava solto, vestia calça jeans e uma blusa de alcinha branca; Laureen estava do seu lado com seu cabelo caramelo preso num rabo de cavalo amarrado com o laço branco que deixa muitos fios soltos sobre seu rosto, vestia um vestido que parecia um moletom bem grande; Layla estava apoiada em Laureen com seu cabelo curto loiro preso para trás com um broche e seus óculos no rosto; Charles estava com o cabelo molhado, camisa vermelha e calça jeans; Yoko sentou ao lado de Umbelino, Umbelino vestia uma calça moletom rósea e um moletom verde folha escrito: Ataque a baioneta. _Umbelino. _É o meu nome. _O que quer dizer essa frase no seu moletom, sinto que já a ouvi antes? – perguntei, ele olhou para o moletom deu um sorrisinho pequeno. _É uma jogada de xadrez, um ataque ao roque adversário por meio de avanço de peões – eu ouvi a resposta e concordei com a cabeça. _Distribuindo as cartas – disse Akira contente. _Não vale guardar as cartas embaixo das mangas – disse Charles batendo atrás da cabeça de Wladis. _Não é trapaça! É um macete, um atalho. _Trapaceador – disse Emir – temos que seguir as regras. _Não gosto quando o Emir tem razão – disse Gilmara. _O que vamos jogar? _Pôquer. COMO É O QUARTO DE CASTIEL?
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COMO O TABULEIRO ESTAVA?
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_Okay, criança; hora dos lances – disse Querem. _Oba, lanche tô morrendo de fome! – disse fazendo-os rir – quê? _É lances, não lanche, sua surda – disse Naneki para mim. _Mas concordo que precisamos de lanches – disse Akira. _Nossa, o Akira com fome que novidade – zoou Nise. _Pronto – disse Charles colocando no meio da rodinha pedaços de bolo de chocolate, batatas chips e mini pizzas. _Ok, eu aposto minha toalhinha de Gamão – disse Akira mostrando uma toalhinha branca escrito: Fui no Gamão e lembrei de você. _Achei que tinha gostado da toalhinha que eu te dei – falou Aka. _Você vai para outro país e traz para o seu irmão uma camiseta, não uma toalha! _Ingrato. _Eu aposto três flancos – disse Aka. _Flancos? _Nossa moeda, no xadrez é o mesmo que ala, mas aqui é nosso dinheiro – explicou Emir – mas tenho certeza de que já lhe ensinei isso. _Hum – deve ter sido nas muitas aulas em que não prestei atenção no que ele falou. _Eu aposto uma latinha de forquilha – disse Wladis. _Não brinca... Onde conseguiu? – disse Querem quase babando querendo a latinha. _O quê é forquilha? – perguntei. _Algo proibido no palácio – disse Emir. _Algo que você não deve beber nunca! – disse Charles. _Uma bebida dos deuses – disse Querem. _Sabe as bebidas da Terra, sabe cerveja? Pois é, é como se fosse... Só que é muito, mais muito mais forte que qualquer bebida que exista na Terra. É literalmente uma bebida dos deuses – explicou Naneki. _No xadrez, forquilha é o mesmo que garfo... Um ataque simultâneo de um peão a duas peças adversárias. Mas também é o nome da bebida – completou Laureen. _Existe uma fonte que vive mudando de local, milhares de peças vivem para achar a fonte... Lembra da disputa de Atenas e Poseidon, então Poseidon deu uma fonte, essa fonte contem a bebida dos deuses – falou Ana. _É uma loucura faz parecer que você entrou no Olimpo – disse Yaren recebendo o olhar de Yoko – não que eu já tenha provado, foi só o que eu ouvi – disfarçou. _Aposto que se perder eu deixo o campeão escolher a cor que eu vou pintar meu cabelo – disse Yoko. _Nossa, vai se preparando para ter um cabelo laranja – ameaçou Akira rindo. _Aposto meu cavalo – disse Charles. _Um selinho – disse Nise. _Ow! – disse ciumento Aka. _É bom ganhar então, maridinho – ela disse rindo. _Está aí um prêmio que todo mundo quer – falou Wladis. _Minha adaga – disse Naneki. _Uma fofoca quentíssima – disse Laureen. _Pode apostar isso? – perguntou Akira. _Claro que pode, quieto – reprendeu Naneki – eu quero saber qual é o babado. _Laureen, nossa querida e amada fofoqueira – disse Umbelino – Aposto uma camiseta – ele mostrou uma camisa preta escrita: Enxadrista mais lindo de Jogos. _Um vale para escolher o jantar – disse Layla. _Direito a se ausentar de um treino sem justificativa – disse Emir. _Um lindo abafador de som – disse Yaren com um abafador azul. _Uma garrafa de Gambito – disse Querem. _Gambito é a entrega de material na abertura para conseguir melhor colocação das peças, ganho de tempo ou qualquer outra vantagem sobre o adversário, geralmente sacrificam-se peões, no xadrez né? – perguntei. _Isso, mas o gambito que ela se refere é a uma poção que faz você lembrar, se tiver uma memória perdida ou algo assim – disse Laureen. _Eu aposto um livro: A dança das Ninfas – disse Gilmara. _Só falta você, princesa – disse Aka. _Eu não sei o que apostar... Não tenho nada aqui eu acho – tirei do bolso da calça um papel amassado com o desenho de um coelho, uma foto minha e de Sônia e de Caleb pequenos dobrada e meio amassada que levava comigo, um lápis quebrado que usei para desenhar o coelho e um relógio de bolso que é do papai. _Pode apostar o relógio – sugeriu Querem. _Não, ele não é meu, é de uma pessoa importante... _A foto – disse Gilmara. _Para que vocês vão querer essa foto? Não, melhor... Eu posso ficar devendo um favor. _Aposta um beijo como a Nise – sugeriu Naneki. _Não, absolutamente não – disse Charles. _E essa caneta? – disse Emir apontando para uma caneta que tinha acabado de tirar do bolso, ela é de Caleb ele deixou no bilhete daquela noite, bom, não é nada tão importante, mas o jeito como todos ficaram olhando para ela me deixou tensa. _Onde você conseguiu uma? – perguntou Laureen. _Por que vocês não têm? É só uma caneta comum. _Não, Sofia, não é – disse Charles pegando-a de minha mão – É feita de seiva de carvalho, carvalhos são mágicos e possuem o poder de fazer refletir as pessoas que já se foram. _Quando você escreve nela, você pode fazer aparecer a pessoa que falou aquelas palavras para você. Onde conseguiu? – perguntou Emir. _Eu ganhei, também de uma pessoa importante. _Existe muitas pessoas importantes na sua vida – disse Wladis. _Aposte um beijo – disse Charles. _Mas você disse... _Eu sei, mas é melhor do que dever um favor – ele disse colocando de volta no meu bolso o relógio, a caneta e a foto. _Vamos jogar, seus patzer – disse Wladis. _Olha quem fala, o pato – disse Charles. _Não acho que esse linguajar seja apropriado na frente de uma princesa – disse Emir. _Qual é! É noite de jogos, ela não é a princesa é a Sofia – disse Nise. Eles começaram a jogar, uma carta após a outra... _Ah, seu fish, não manda uma carta boa – brigou Aka com Akira. _Aaaa que jogo horrível quem foi que embaralhou? – perguntou Gilmara. Eles brigavam, riam e caçoavam um do outro; notei que Layla, Naneki e Laureen são muito próximas aqui também, Charles parecia ter uma amizade muito forte com Aka, acho que Akira em algum momento já foi apaixonado por Nise, Emir é o mais deixado de lado; Wladis é o brutamontes, mas como é piadista se envolve mais com o pessoal; Gilmara e Yaren tem uma inimizade e uma amizade também, Nise se da bem com todos e acho que Wladis já a desejou, só que agora é óbvio o seu interesse em Naneki (coitado!); Yoko se dava bem com todos também, só que ele não dirige a palavra a Wladis; Umbelino é sincero demais para ser amado por todos como Nise é; Akira é o mais engraçado e o que se diverte mais. _Rodada final... Eu acrescento três flancos na minha aposta – disse Wladis. _Que droga, passo – disse Nise para o desespero de Akira. _Patzer desgraçado! Eu passo – disse Gilmara muito irritada. _Quatro flancos – disse Querem com um grande sorriso. _Passo – disse Layla. _Vamos nessa, acrescento minha mochila de minhoca – Akira colocou no centro da mesa uma mochila de criança, muito fofa, uma minhoca laranja. _Não é hoje que vão me ver desistir, seus patos – disse Naneki colocando no meio quatro flancos. _Passo – disse desanimada Yaren jogando as suas cartas. Yoko apenas colocou cinco flancos sem dizer uma palavra. _Hum, dou uma transformação de visual – disse Umbelino – Vai por mim alguém aqui precisa muito – ele mandou uma indireta para Emir. _Passo – disse Emir. _Passo – disse Aka muito triste. _Passo – disse Charles. _O quê? Logo você? O rei do pôquer? _Engraçadinho – Charles disse dando uma voadora em Aka. _Passo – disse Laureen super de boa indo pegar mais mini pizza. _Só falta a princesa – disse Wladis. _Acrescento um favor – disse fazendo Charles me olhar preocupado. _Acho que devia apostar o relógio – provocou Wladis. _Só porque você quer muito – retruquei. _Toma, aposta dez flancos – falou Charles jogando as moedas no meio. _Mas... – falei. _Tudo bem, é melhor que o favor... Não tem problema se não ganhar – ele falou e eu concordei. _Vamos lá. Todos ficaram se encarando, pensando quem estava blefando e quem não estava. _Hora de colocar as cartas na mesa – disse Aka. _Full House – disse Querem. _Droga, tenho um Flush – disse Akira triste. _Sinto muito, Querem, mas... – disse Naneki colocando uma quadra. _Droga, droga, droga – disse Querem muito aborrecida. _Acho que eu ganhei então – disse Wladis jogando Straight Flush. _Não tão rápido – Yoko também jogou o Straight Flush. Eles se olharam prontos para analisar quem em à carta mais alta. _Eu tenho isso dá pra ganhar? – perguntou Umbelino fazendo todos rirem. _Não mesmo, cara – falou Akira abraçando-o. _Ah há! Tenho a carta mais alta, otários, é tudo meu! Tudo meu! – gritou Wladis comemorando e pegando as coisas da mesa. _Não tão rápido, querido – disse de um jeito bem metido. _O que é princesinha? Quer que a gente veja o seu um par de carta? _Na verdade, gostaria que contemplasse o meu Royal Flush – disse jogando as cartas com uma alto estima maravilhosa. Todos ficaram surpresos menos Charles, Laureen, Naneki e Layla – Sabe o que isso quer dizer? Que você perdeu! Seu perdedor de merda! Falei jogando a carta nele, gritando que tinha ganhado e dançando minha dança da vitória. Todos riram e me aplaudiram. COMO É A DANÇA DA VITORIA DE SOFIA?
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_Como você fez isso? – perguntou abismado Wladis. _A Sofia só é a rainha do pôquer – disse Naneki. _É muito ruim jogar com ela, ela sempre ganha – disse Charles rindo. _Vocês sabiam? – perguntou Querem. _Claro, além de sortuda essa daqui é uma das pessoas mais competitivas que eu conheço – disse Laureen. _Deixaram se enganar por essa carinha – disse Layla apertando minhas bochechas. _Nossa princesa é demais! – exclamou Akira. _Hora de pagar o que me devem, patzer – disse. Pegando os objetos conforme ia falando – Me dá essa toalhinha, e essa mochila fofa de minhoca é minha! Toma seus dez flancos de volta, seu cavalo é meu; otário! Passem meus quatorze flancos, sua cor de cabelo vai ser colorido, minha adaga, minha camiseta porque eu sou a enxadrista mais linda de jogos; nosso jantar de hoje vai ser pizza, esfirra e um hamburgão; pode ter certeza de que vou faltar uma aula sua quando eu voltar, adorei o abafador vai ser útil para dormir na mata, a fofoca eu vou querer quando voltar e vai ter que ser uma quentíssima, adorei o livro, vou querer a transformação no visual quando voltar meu cabelo vai estar horrível – fui em direção a Nise e ela me deu um selinho – eu sinto que essa garrafa de gambito vai ser útil e passa a latinha. _Sofia, ficou louca não pode beber isso, vamos partir numa missão daqui a algumas horas. _Claro papai! – disse para Charles. _Princesa, se vai mesmo para uma missão... _Deixem a garota beber – disse Querem interrompendo Emir. _É uma experiência única – disse Gilmara. _Não desperdiça a latinha – disse Wladis. _Bebe logo – disse Yaren. Então, abri a latinha e virei a bebida garganta abaixo. _Não – disse Charles. _Isso vai ser interessante – disse Umbelino. Eu senti como se estivesse tomando a minha bebida favorita no mundo; capuchino de chocolate com calda de chocolate, só que dez mil vezes mais gosto, sem enjoar de tanto chocolate, senti como seria estar no Olimpo, na verdade acho que vi Caissa. O QUE SOFIA FEZ BÊBADA?
Correu pelo castelo, vomitou e desmaiou no jardim
Só riu muito e dançou muito no quarto do Castiel
Quis subir no telhado do castelo numa nevasca, caiu e desmaiou na varanda
Não muita coisa, quando começou a extrapolar Castiel te levou para seu quarto
Você agarrou Castiel, se recusou a sair do quarto e o chamou de Caleb
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_Vamos, Sofia acorde! – Charles apareceu na minha frente, tudo que eu fiz foi sorrir. _Seu cabelo é muito macio – falei puxando o cabelo dele e esfregando na cara. _Perfeito! Vistam ela – ele disse para alguém que não identifiquei porque minha vista estava embaçada e meus ouvidos pararam de escutar. _Nossa você tá pesada – disse Charles me colocando nos ombros para descer, senti que balançava para frente e para trás, fiquei puxando o cabelo dele o tempo todo. _Mas o que ouve com a nossa neta? – ouvi meu avô acho ou avó. _Ela está com sono, com muito sono, ela é meio preguiçosa – alguém me defendeu. _Está bem, boa viagem netinha – recebi dois beijinhos na testa. _Volte sã e salva. _Tenho dúvidas sobre a sanidade – resmungos bem baixinho Charles. _Shiuu – disse batendo nele. _Aí! Isso dói! _Aqui, a melhor cura para isso, Sofia abra a boca – alguém falou e eu abri, tinha um gosto horrível, mas senti a consciência voltando. _Valeu Nise. _Vamos, acompanharemos vocês de montaria até a divisa, depois vocês terão que ir a pé para não chamar atenção – disse Wladis subindo no seu cavalo. Apaguei rapidinho, mas quando acordei estava muito irritada. COMO SOFIA ESTÁ ANDANDO EMBURRADA, QUE ROUPA COLOCARAM NELA?
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Eu estava bastante irritada pelo horário que me acordaram, não tinha nem saído o Sol. Quando tínhamos andado bastante e o mau humor/sono já estava me infectando parei e comecei a cantar uma música de crianças dançando e cantando aleatoriamente, Akira ficou na minha frente imitando meus movimentos. _O que estamos fazendo? _Espantando o sono e o mau humor. _Essa é a sua fórmula para ficar sempre feliz? _Eu não chamaria de fórmula, está mais para um método terapêutico – ele riu, ele é alegre como eu, facilmente eu o faço rir. _Ei, vocês dois, vamos logo – disse Charles. COMO SOFIA ANDAVA DANÇANDO NA FLORESTA?
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_Desculpa aí, ó general! Mas quem manda sou eu! E agora eu quero todos dançando e cantando comigo – Charles revirou os olhos a minha fala, Akira continuou dançando; Naneki, Laureen e Layla me obedeceram e no fim Charles me obedeceu também. _Você está usando seu poder de mandar errado – Charles deu o primeiro sorriso desde que cheguei. _Pois, eu acho que ninguém nunca usou tão bem – disse Akira. Paramos na fronteira dos reinos e dava para ver que não importa para onde formos estaríamos fora do nosso território, na verdade tudo é um território desconhecido aqui. _Então, vamos para o território das peças pretas? Em direção ao porto? Para o reino das damas? – perguntou Laureen enquanto estávamos abaixados camuflados com os arbustos. _Eu não sei – disse, fazendo todos me olharem. _Não sabe, foi você que teve a brilhante ideia dessa busca e não sabe – disse Charles. _Desculpa se tudo isso de novo planeta me deixa confusa! _Que seja, vamos para o reino das peças pretas... _Não! Não vamos, porque não está lá seria perda de tempo. _Está lá! _Não está! – gritei com Charles de volta. _Gente, assim vão avisar para todos onde estamos, calma – disse Layla.
Naneki e Sofia dançando
Ela e Laureen
SOFIA, LAUREEN, NANEKI E LAYLA
AKIRA E SOFIA
FORÇANDO O CASTIEL A DANÇAR
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_Princesa, lembre-se do que seus avós disseram, se concentre tente achar algo – disse Akira, eu concordei com a cabeça. Fechei os olhos, tentei não pensar em nada e fiquei esperando, em algum momento senti meu estômago ficar embrulhado, será que é isso ou é da bebida de ontem? Nossa, meu corpo inteiro estava sendo puxado. Comecei a andar, todos me seguiram, senti que alguém puxava meu braço como um imã atraindo um metal. _Ali – apontei para uma floresta linda, colorida e gigantesca que ficava entrelaçada no meio daqueles reinos, minha intuição tinha certeza que era lá. _Ah não – disse Akira. _Só pode ser brincadeira – disse Naneki. _Quero ir para lá – disse tentando ser mais autoritária. COMO É ESSA FLORESTA?
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_Lá? Certeza? É a floresta da ilusão! – disse Naneki. _Eu não quero entrar lá! – disse Laureen. _Qual é? Não estão exagerando? Parece um lugar lindo. _Sofia, pare de pensar, feche os olhos... Sinta o cheiro, o vento; ouça, respire o ar – disse Charles se aproximando de mim e colocando as mãos nos meus ombros. Atendi o pedido e quando abri os olhos de novo a floresta estava diferente e lentamente ela voltou a visão de floresta dos contos de fada. _É uma ilusão, aquele é um dos lugares mais perigosos desse mundo, ninguém que atravessou essa floresta e voltou para contar história, não faço ideia do que há lá dentro. _Laureen, está certa... Não há relatos, histórias, nem biólogos, nada sobre essa floresta – disse Charles. _O problema é que não tem como você ver a floresta como ela realmente é o tempo todo... Ela vai nos enganar de alguma forma – disse Layla. _Vamos precisar de um plano, muito trabalho em equipe, ficar alertas o tempo todo. _Sofia, tem certeza de que é lá? – falou Charles olhando bem nos meus olhos. Depois de todas essas informações, eu realmente não queria entrar naquela floresta, só a ideia já me deixava completamente arrepiada. Podemos não ter um rei ou nomear qualquer um. Contudo, sabia que nossa missão era encontra-lo para evitar morte de inocentes, além de que Caleb, Sônia, meus avós paternos são importantes e não posso deixá-los em perigo. E algo me dizia que ele, seja quem for, está naquela floresta, está sofrendo preso em algum lugar. Droga de consciência, de ética, de moral, de sentimentalismo que eu tenho. _Vamos ser os primeiros – disse fazendo todos do grupo engoliram em seco. COMO A FLORESTA REALMENTE É?
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_Vão ser três dias para chegar na floresta, ou devo dizer morte certa, isso se todos andarmos rápidos e não encontrarmos nada no caminho – disse Charles guiando o caminho. _Vamos por fora da trilha, é mais seguro... – disse Laureen. _Sim, vamos manter a formação, a Sofia não deve ir na frente nem atrás – disse Naneki. E Charles concordou. _Ah, sobre isso, sou sedentária... Ou seja, vocês vão ter que se revezar para me carregar. _Você quer um marido! _Exato! Que bom que você entendeu a missão – falei ironicamente – por sua insubordinação, vai ser o primeiro a me carregar. Com exceção de Charles, o meu comentário e a minha ideia despertaram risadas, ele olhou para mim como se dissesse: “Não sou pago para isso” relutante fui levada na costa dele. O tempo foi passando, o Sol foi surgindo e caminhamos camuflados e em silêncio. Comecei a ficar entediada e a focar em coisas como o cheiro do Charles; é diferente do de Caleb que é lavanda com margarida; o do Char é um cheiro forte de limão, seu cabelo cheira a abacaxi ou um limão fraco. Pensar em cheiros me lembra o quanto eu amo o aroma do Caleb, amo lavanda e amo margaridas, aí e o cabelo dele com fragrância de chocolate. De repente, o Charles virou o Caleb em meu cérebro, podia sentir seu cheiro, visualizar cada pedacinho dele, sem perceber comecei a agarrar o Char e cheirar seu cabelo comprido. _Se a ideia de te carregar era só para me agarrar, era só ter pedido, princesa. COMO SOFIA ESTÁ INDO NESSA VIAGEM COM CASTIEL?
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_Quê... Nada disso, acho que é hora de uma parada para movimentar as pernas – disse sem jeito descendo. Fui caminhar ao lado de Layla: _Oi. _Oie. _Sabe o que eu me dei conta? Eu não sei a história de vocês, eu achava que sabia, mas não sei. _Ow, desculpa pelas mentiras foram... _Para minha segurança, eu sei... – caminhamos em silêncio por uns segundos – Conta para mim, sua história. _Ah... Claro, bom, eu nasci aqui, numa véspera de Lua Nova... Minha mãe morreu no parto, sempre foi eu e meu pai, quando criança amava patinar no gelo com ele. Minha mãe era linda, era filha do padeiro, fazia os melhores pães e bolos – pelo menos é o que me contam. Papai, lutou nas guerras, era peão, manca até hoje; ferida de guerra. Eu tinha entrado na academia quando fui selecionada para ir a Terra com outras peças, eu tinha sete anos quando conheci você. O oráculo me escolheu como cavalo junto com a Laureen e a maioria das outras peças menores voltaram. Meu pai ficou muito feliz, mas ele não foi comigo... Fiquei sobre os cuidados de uma treinadora da academia. No dia em que você me achou chorando era porque sentia muita saudade do meu pai, ele não me viu crescer. No início, era um sacrifício que estava fazendo pelo meu povo, meu pai, minha nação e no fim você tinha se tornado minha melhor amiga. _Eu adoraria conhecer seu pai – disse caminhando ao seu lado. _E eu adoraria que você o conhecesse. _Então, a Tia Nana era sua personal trainer? _Quase isso, mas viver com ela não foi ruim, ela me ajudou muitas vezes. Andamos mais um pouco, Akira passou a me carregar, conversávamos sobre as diferenças da Terra e de Jogos quando eu notei que ele tinha cheiro de alecrim até no cabelo e nas roupas, pensei em voz alta: _Você tem um dos meus cheiros favoritos, alecrim! – ele riu e ruborizou.
Sofia, por favor, para de cheirar as pessoas!
Essa Sofiaksksksksk
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_Eu tenho uma mini horta no meu quarto, faço cremes, hidratantes, remédios, tônicos, xaropes, chá e perfumes com alecrim. _Que talento legal, por que alecrim? _Era a planta que crescia envolta da casa da minha família. _O que mais você sabe fazer? _Eu costuro, na época da grande guerra minha família não tinha dinheiro para roupas e no inverno era muito difícil, eu pegava retalhos, papelão, flores, folhas, sacos de batata e fazia as roupas. _A era daquela cara Brunswichk? _Não, do Rei Philipe, ele era manipulado pelo Bispo da Cartola Branca; Baltazar. Mesmo assim, a minha é o finalzinho. _Faz um tempo que estou aqui e ninguém me fala sobre ele. _Bom, não tem o que falar eles foram derrotas no final e nunca mais ouvimos falar deles. _Não pode ser verdade, ouvi que eles são os responsáveis pelo que está acontecendo. _Nossos reis e o conselho negam isso seriamente – a fala de Akira me incomodou, sinto que estão escondendo algo de mim, na verdade muita coisa – Enfim, foi uma guerra causada por eles e não contra eles, foram longos duzentos anos. _Duzentos anos! Você é velho! _Ah não, o tempo passa diferente aqui. _Ah claro, estamos em outro planeta, e doo jeito que são os dias e as noites aqui estamos também em outro Sistema Solar. Uma pessoa que na Terra tem 10 anos, em Mercúrio teria 41. Em Júpiter, teria menos de um ano, tudo isso por causa do tempo dos dias e dos anos. _Exato, você é muito inteligente sabia? _Sabia, então eu tenho 18 anos quantos anos eu tenho? _999 anos aqui, eu tenho 19 anos terráqueos e tenho mil anos. _Então, só sabe costurar e lidar com alecrim? _Não, eu sei lutar, jogar xadrez, jardinagem e falo a língua de 27 mundos em três dimensões diferentes. _Como padroniza a linguagem aqui? Por que eu não tive dificuldade de ler nada aqui, vem tudo traduzido na minha mente e vocês falando eu não vejo diferença de como era na Terra. _Ah, foi decidido que cada mundo dever ter uma língua só... Ou seja, falamos a mesma língua que as damas, o gamão e tals, só as gírias e dialetos que mudam, os xingamentos também. Sobre isso, você nasceu aqui, sua mente, sua fala, você está conectada com esse mundo, não importa que tenha nascido na Terra sua alma sabe que é de Jogos. _Hum, bom eu estou mais ou menos aprendendo a lutar – lembrei das aulas de arco e flecha e esgrima – jogo xadrez, amo biologia, escrevo razoavelmente, adoro trabalhar com arte, já fiz aula de dança e sou uma nerd. _O que é nerd? _São pessoas muito estudiosas, que gosta de atividades intelectuais e gosta de ficção científica e super heróis. COMO ELA E AKIRA ESTÃO?
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_Está escurecendo, hora do acampamento – falou Charles, andamos um pouco e achamos uma área meio escondida por causa do nivelamento do chão e de umas rochas – Pode ser aqui, alteza? _Sim, vassalo – respondi. _Aqui – Naneki jogou uma lona no chão, Layla tirou da mochila uns travesseiros e cobertores, Akira e Charles pareciam montar uma armadilha. _Eu posso fazer a fogueira... _Não! – disse Charles – nada de fogueira, vai entregar nossa posição é muito arriscado. _Sofia, ele está certo, apesar de que vai fazer muito frio – disse Laureen. _Faço o primeiro turno de vigia – voluntariou-se Naneki. _Ok, Naneki e Laureen façam as primeiras cinco horas, Layla e Akira fazem as outras cinco e eu faço as últimas cinco. _Posso vigiar também – sugeri. _É melhor não, você não tem experiência militar e nem conhece o território – disse Charles me deixando um pouco irritada. COMO ELES SE ARRUMARAM PARA DORMIR?
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_Está frio, não podemos acender uma fogueira mesmo? Nossa comida vai esfriar até chegar lá. _Ainda estamos expostos, quando entrarmos na floresta vamos ter que acender fogueira e montar barraca – explicou Castiel. _Por quê só lá? _Ninguém entra lá, a fumaça cobre a floresta inteira então não tem problema, vamos precisar esquentar as comidas, além de espantar os monstro, a barraca porque não faço ideia de como é uma chuva lá. _Hora da comida – disse Akira tirando bolinhos de jerimum da mochila e uma garrafa de água e uma de café. Sentamos em cima da lona, comendo e bebendo silenciosamente. _Akira, qual sua história? _Não é algo que eu goste de lembrar... _Me conta, por favor – disse com jeitinho. _Está bem, como alguém diz não para você? _É simples, não diz. _Eu nasci aqui, cresci aqui e sou um reles peão, filho de peões, gêmeo de um peão. Minha casa ficava a margem de um lago, todos os dias Aka ia cortar o gelo para pegar água, nossa casa vivia rodeada de alecrim o que era único por causa do clima muito frio, minha mãe não se parecia nada comigo e com meu irmão sempre fomos muito parecidos com o papai. Eles viviam trabalhando, lutando na guerra, quase nunca ficaram em casa, acho que nem os conheci direito, sempre fui só eu e Aka. Um dia, eu fui malcriado com Aka – eu vivia irritado e resmungando – fui atrás de meus pais na academia para saber porque não voltavam para casa, foi então que eu descobri que eles haviam morrido na guerra, Aka já sabia, só não sabia como me contar. Foi quando me dei conta de que Aka era a única família que tinha, havia outra garota vizinha nossa; a Nise, a família dela era grande e acolheu agente. Ela vive conosco a muito tempo, somos uma família. _Foi assim que se apaixonou por ela? _Eu... – ele ficou vermelho – É, mas foi a muito tempo, era uma estupidez é óbvio que Nise e Aka são o casal perfeito. É só isso, depois nós três entramos na academia e fomos para o Tabuleiro. _Vai escurecer – disse Charles tirando da mochila uma bola branca flutuante que brilhava. _Ow, o que é isso? _É um clarão, serve para iluminar sem chamar atenção. Laureen e Naneki pegaram um clarão, a garrafa de café e sumiram do meu campo de visão, Akira se deitou do lado oposto ao meu, Layla dormia relativamente perto, e Charles ou melhor Castiel estava bem próximo da minha pessoa. Tirei minha capa azul neve e usei para afofar mais a lona, deitei na lona que sobre a terra não fica duro, dormir com essa roupa é difícil porque não estou acostumada, estava com uma calça comprida meio apertada, uma blusa de mangá comprida de um tecido pesado. Contudo, com a escuridão e adentrando a noite parou de me incomodar porque fazia muito frio, frio demais. _Sofia, o que houve? – sussurrou Charles no meu ouvido. _Ahn? _Você não para de se mexer, vira de um lado, vira do outro, muda de posição. _Você não deveria estar dormindo? E de preferência longe de mim? _Se parasse de se mexer talvez já tivesse dormindo, não posso ficar longe você precisa ser vigiada sempre. O que houve? _É o frio, está bem! Sou uma pessoa muito frienta, estou congelando. _Aqui venha – ele abriu o seu cobertor para dividir. _Ah nem pensar... Não vou dormir de conchinha com você! _Olhe está frio, não posso dar meu cobertor para você vou morrer de hipotermia. O calor humano esquenta mais, você vai ficar enrolada no seu coberto com uma barreira entre mim e você, prometo que não farei nada – pensei bastante e sentia cada osso do meu corpo doer, relutante aceitei. _Tá, sem gracinhas ou eu mato você – eu estava muito enrolada no meu cobertor, ele coloca a manta dele sobre nós dois e me abraça fortemente. Isso é desconfortável, tanta proximidade conseguia sentir seu cheiro de limão já fraco e resquícios de abacaxi no cabelo, seu coração está batendo meio acelerado, ah sua pele está tão quentinha, a sensação de frio está passando lentamente para uma temperatura fria mais muito suportável, aquele friozinho gostoso que faz a gente querer ficar na cama, minhas pálpebras tá pesada, dormir. COMO ELA DORMIU?
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Ficar tão perto de Charles é estranho, sinto a respiração dele, eu não queria iludir ele nem nada... Sei que ele sabe que eu amo o Caleb. Charles sempre foi bom comigo, sempre fomos apenas amigos, lembro como se fosse ontem de quando Charles bateu as costas e a mão antes de um grande jogo e ficou muito mal, talvez não pudesse jogar, mas ele era o melhor e não tinha como o time da nossa escola ganhar sem ele. Ele tinha desistido e a Sônia disse... Se você for jogar e ganhar a Sofia te dá um beijo, e eu bati na Sônia por me meter nessa confusão, lembro que o jogo foi incrível, torcer foi demais. Lembro de correr para parabenizar ele pelo jogo maravilhoso e o beijei, acho que muita gente da escola viu. Depois disse que aposta é aposta, e que não significou nada, e ele saiu para beijar líderes de torcida. Eu não senti nada com o beijo, a não ser a alegria de um bom jogo, achava que ele gostava de Sônia... Agora acho que ele gostava de mim, mesmo flertando com ela. Mais tarde, na lanchonete ele brigou com Caleb e sempre me perguntei se foi por mim. COMO FOI A CENA DESSE FLASHBACK?
ERA JOGO DE FUTEBOL AMERICANO E ELA ERA LÍDER DE TORCIDA
ERA JOGO DE FUTEBOL AMERICANO E SOFIA ESTAVA NA ARQUIBANCADA
ERA JOGO DE LACROSSE E SOFIA ESTAVA NA ARQUIBANCADA
ERA JOGO DE FUTEBOL NORMAL E SOFIA ERA LÍDER DE TORCIDA
ERA JOGO DE BEISEBOL E SOFIA JOGAVA NO TIME