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_Você é meu novo terapeuta? – perguntei ao garoto da minha mente, com uma cicatriz enorme em sua bochecha que descia para o seu pescoço. _Se fosse seu terapeuta estaria sendo muito mal remunerado – ele disse sentado numa cadeira ao lado da minha cama, onde eu estava proibida de sair até levar alta dele. _Pode me dar alta? _Não. _Pode me deixar sair para pegar Sol no jardim? _Bate Sol na varanda. _É crime deixar alguém em cativeiro, sabia? Você disse que eu não ficaria mais presa – disse com raiva e cruzando os braços, e tudo que ele fez foi rir – O que é tão engraçado? _Sabe, majestade... Faz um tempo que já sabe que é a rainha desse castelo enorme, veja não tem correntes nos seus braços ou pernas, não há grades na janela – ele levantou e abriu a porta – A porta não está trancada, não há guardas de prontidão e tenho certeza que tem um tapete vermelho estendido com portas e janelas abertas. _Mas você e Caleb disseram que... _Sei muito bem o que disse, a questão é o que eu e Caleb somos para você? Pai, mãe, avô, avó, professora, policiais? Acho que nós obedecemos a você, eu sinto uma Sônia dentro de você que fugiu de um hospital quando tinha treze anos e pegou pneumonia, mas aqui, agora a única coisa que impede você de ir no jardim é você mesma. Então, majestade, por que está aqui? Por que não saí? Passou tanto tempo em cativeiro que agora virou um cachorro que colocamos na coleira mais não amarramos a guia, mas o cachorro continua no mesmo local porque acha que está preso?
Estou gostando do Nagibe
aiai
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Ele me dá uma vontade enorme de bater na cara dele, as perguntas que ele fazia, as coisas que ele sabe sobre mim, já esteve na minha cabeça, sabe o que já fiz, o que sinto, isso me incomoda muito, mas o jeito que ele tem de me deixar sem palavras é o pior. _Incomoda todo mundo, de novo eu não estive na sua cabeça. _Então, como sabe essas coisas todas de mim? Seu enxerido! _Eu não preciso entrar na sua cabeça para saber coisas sobre você, eu sinto coisa, eu tenho empatia, eu leio, interpreto, assimilo e intensifico emoções, humores e semelhantes, com altas doses de manipulação. Mas não respondeu minha pergunta, por que não saí? _Quer saber, você é insuportável – disse com raiva saindo da cama, passando por ele abrindo a porta e andando pelo castelo que Dayane me mostrou antes de eu ser trancafiada. Andei dois corredores e já tinha me perdido, afinal esses corredores são intermináveis. _ Melhor conhecer o castelo numa hora que não esteja vestida assim – ele disse olhando para mim de cima a baixo, foi então que notei que fiquei furiosa com ele que nem notei que saí de camisola com decote em “v”, fiquei com olhos arregalados e coloquei o braço sobre meu peito. COMO É A CAMISOLA DE SÔNIA?
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_Não podia ter dito isso antes. _Você não perguntou, assim como não perguntou onde fica o jardim. _Para um subalterno você é horrível, vamos ao jardim, vai na frente. _As suas ordens, majestade – ele foi na frente andando de um jeito super folgado, até chegar uma porta prateada quadrada, com partes em vidro. COMO É O JARDIM?
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_Nossa! Isso é... Uau. _Venha – ele disse andando em direção ao lago, que se estendia tendo uma ponte tinha um estábulo, com áreas para equitação. COMO É O ESTÁBULO:
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Uma avenida de Carvalhos, com suas folhagens perenes, meu avô sempre amo essa árvore fala sem parar dela, essa árvore se ensopa de todas as consequências dos temporais e, assim, adquire um aspecto desproporcional, exatamente como um ser que tivesse realizado um grande esforço ao longo de sua constituição, ela sempre pareceu triste, mas deixava uma arquitetura própria lembrando um túnel. _Para onde estamos indo? COMO É O TÚNEL DE CARVALHOS?
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_Aqui – ele parou em frente ao um espaço com uma árvore Wisteria no meio, só que ela parecia brilhar – Sabia que as árvores Carvalhos são referência para os espiritualistas? _Sim, elas com seu papel na Natureza acabam se transformando em metáfora de resistência, resignação, submissão diante dos desígnios divinos, meu avô sempre dizia que a cada assédio das forças naturais elas não se revoltam, nem desanimam, mas procuram triunfar sobre os obstáculos que as perseguem insistentemente, se conservando. _Para o nosso povo ela é muito sagrada, onde há um carvalho há um ritual. _Que ritual fazem aqui? – perguntei aproximando-me da Wisteria, quando as flores delas começaram a voar como o vento, passando por mim, indo em todas as direções – E por que uma Wisteria de 144 anos, elas são do tamanho de metade de um estágio de futebol? COMO É A WISTERIA?
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_Fahir sempre foi encantado por árvores e a Lilith por flores, é interessante que você se lembre dessas coisas. _Ah, eu sempre amei passar tempo com eles, principalmente com o meu avô, posso escutar ele falar de árvores por horas e lembrar de cada palavra. _As Wisteria fazem o céu parecer cor de róseo, aqui é onde as cinzas dos reis e das rainhas do passado foram enterradas – disse Nagibe. _É a segunda vez que ando pelo palácio e você me traz para um cemitério? _Não temos essa noção de cemitério, afinal a morte é só outro começo... Os Carvalhos e a Wisteria permitem que os reis e rainhas transitem nesse pedaço, assim sempre podemos ver o reflexo da Lua. _Da Lua. _Sim, a Lua é o nosso céu, vai entender depois – ele falou subindo na copa das árvores e foi mostrando casais juntos só que transparentes como espíritos uns rindo, outros correndo, outros dançando, fui subindo no tronco da árvore também. _Eu nunca acreditei nisso, porque ficar feliz o tempo todo, nada de ruim acontecer leva a mesmice que leva a tristeza e a falta de neurônios. _Não ficamos na Lua para sempre, ficamos só até chegar a hora da reencarnação, mas os reflexos continuam. _Por que quis me mostrar esse lugar? _É um lugar importante, além disso, você estava triste... _E não estou mais? _Vai melhorar quando se der conta de que seus avós e pais não estão aqui. _Sim, eu vi que eles não estão aqui, mas... Ah, eles não estão aqui, quer dizer que estão vivos! Vivos! – Nagibe assentiu e pulou da árvore partindo sem olhar para trás – Ei! Mas não tem que enterrar antes? Não? – ele me ignorou totalmente – Ei, obrigada! – gritei alto, sei que ele ouviu. Queria ver o topo da árvore, então subi mais, o que eu pensei depois era uma péssima ideia já que eu estava de camisola, mas tudo bem já que estava sozinha, quando cheguei lá em cima consegui ver toda a extensão do jardim e o castelo de lado; era enorme um palácio de conto de fadas, com torres, janelas, varandas, envolta dele havia flores, árvores de diversas cores e tamanhos, na sua base tinha casas bem pequenininhas e coloridas de mesma arquitetura, um pequeno vilarejo que termina quando se vê uma construção gigantesca de uma muralha, já havia ido com meus avós maternos e Sofia conhecer a muralha da China, e a da China parecia de brinquedo comparado a essa, não conseguia ver nada depois da muralha cheia de soldados de prontidão; estiquei mais para tentar ver o que haveria depois da muralha, então meu pé escorregou no galho e eu senti que iria voltar para a cama, caí rapidamente e quando senti que ia colidir com o chão senti braços fortes agarrarem a minha pessoa impedindo a queda. Abri os olhos lentamente para me deparar com um homem bem mais alto que Caleb – o que eu achei que deveria ser impossível – e nossa que homem, acho que nunca tinha visto alguém que conseguisse competir com Caleb antes; sua postura o deixava com ar de encantador. QUEM É?
Essa é a aparência dele
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Mesmo vestido dava para notar seus músculos – ele é muito forte – seus olhos tem um brilho, pretos, de um olhar sereno e determinado. COMO ESTÁ VESTIDO?
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Sua pele negra não possuía uma marca, na verdade sua pele é ótima – o que é raro por aqui todos tem uma cicatriz ou queimadura – seu pescoço via-se uma tatuagem, resquícios dela não dava para ver toda; seu cabelo era encaracolado dando um charme quando caía um cacho no seu rosto; seu nariz é de negro, de tamanho mediano; o sorriso dele – que sorriso! – é sem dúvida nenhuma o maior encanto dele, simplesmente deslumbrante. Eu estava na horizontal sobre seus braços, paralisada olhando para ele que sorria para mim. COMO ELES ESTAVAM?
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_A senhorita está bem? – eu não conseguia falar – O que fazia ali em cima? _Eu... Ah... Muralha – falei ainda boba. _Bom, vou coloca-la no chão – ele colocou meus pés no chão que cederam – Senhorita! – falou segurando meus braços antes que despencasse no chão. _Não há o que se preocupar, estou bem, estou ótima – disse recobrando o controle das pernas – Vou até correr para lhe provar – disse fugindo dele, como uma covarde, sério Sônia? Talvez Nagibe estivesse certo, se ia fazer essa coisa de rainha tinha que agir como a tal e para isso precisava urgentemente voltar a razão. Mas que droga, eu não sei o caminho de volta, depois da ponte não faço ideia de para que lado ir, maldito castelo enorme, com seu jardim enorme.
Iiiii quem é ele?
menina
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_Sônia – disse Caleb com um cavalo grande e todo preto – O que faz no jardim de camisola? _Estava provando algo a Nagibe. _E provou? _Não. _Sônia esse é Zorro, Zorro essa é Sônia – ele falou aproximando o cavalo para perto de mim. _Que lindo – disse passando a mão por sua crina. COMO ESTÁ CALEB?
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_Como está o processamento de informações? _Acho que consegui compreender algumas coisas, vai me responder o resto – perguntei e ele assentiu em resposta – Onde está Sofia? _Na Cidade Branca, no Palácio Boreal com seus avós Zeb e Helia. _Vovô Zeb e a vó Helia estão aqui? Estão bem? _Sim, eles são o Rei e a Rainha brancos... Fahir e Lilith o rei e a rainha pretos. _Como isso é possível? _Nosso mundo foi fundado, essa parte você já sabe, o conto dos irmãos Aliyah e Adler, e tals, vivíamos travando batalhas de tempos em tempos, nunca nos misturando... Então veio a Era do Rei Robert e a Rainha Sabá para o Reino Preto, e a Era do Rei Philipe e a Rainha Catarina para o Reino Branco e tudo despencou – ele parou para olhar para mim e como estava cobrindo meus seios com os braços, então pegou o casaco preto que estava sob o cavalo e vestiu em mim. _Obrigada, continue Rei Robert e Philipe – nossa como esse casaco tem o cheiro dele lavanda com margarida. _Sim, foi um ano de seca e um inverno intenso... Para o Reino Preto foi um inverno terrível imagine para o Reino Branco que fica ao Norte com montanhas de gelo e a aurora boreal. Isso fez o Rei Philipe pedir ao Rei Robert mantimentos e isso foi o primeiro contado entre nossos reinos em décadas de afastamentos, infelizmente o Rei Robert negou a ajuda afirmando que tinha um dever para com seu povo. Assim, começou a Guerra do Estilingue, o povo que já estava morrendo de fome começou a morrer em batalha também, era sangue, perdas, dor. Contudo, a Rainha Sabá era muito devota de Caissa e foi abençoada com um sonho dizendo que tempos ruins viriam, ela interpretou como tempos de guerra não de inverno e seca, ordenou a construção da muralha foram milhares de moradores construindo a muralha, quando o inverno chegou a Rainha ficou triste porque os preparativos deveriam ter sido para as lavouras e colheitas e não para a muralha, mas já era tarde demais. Só que acabou calhando de qualquer jeito, ao ver seu povo morrer o Rei Robert recuou as aldeias e as tropas não indo mais atacar o Palácio Boreal, todos entraram e ficamos protegidos debaixo da muralha as tentativas de ataque, o que rendeu ao castelo o nome de Castelo Cheapo.
Só quero saber o que tudo isso tem a ver com o Bubu lá
o que é CHEAPO?
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_Cheapo no xadrez é o nome de uma jogada, usualmente feita pelo lado que estava a perder para segurar um empate ou até para ganhar. _Isso, nosso povo sobreviveu assim sem mais perdas..., no entanto, o Rei Robert achava que depois de recuar a guerra cessaria, só que o Rei Philipe continuou atacando e jogando o povo branco contra nós e fazendo o povo preto se virar contra eles também. A Rainha Catarina tentou pará-lo fazer o que era certo para o povo, para alcançar a paz, ela se encontrou com a Rainha Sabá em segredo e negociou um acordo de paz que dizia que quando o inverno passasse um iria ajudar o outro nas colheitas, plantações, medicamentos, íamos nos unir depois de séculos separados. Quando a Rainha Catarina voltou para argumentar em favor da paz o Rei Philipe a matou num ataque de fúria, escondeu a morte dela e disse que iria aceitar o acordo que eles deveriam apertar as mãos e assim ele tentou matar o Rei Robert só que a Rainha Sabá saltou na frente e morreu, assim qualquer esperança de paz, a guerra voltou com tudo, o Rei Philipe e o Rei Robert já não eram os mesmos, ambos estavam apenas sendo manipulados por dois bispos Baltazar e Brunswichk desde antes do inverno, só que Baltazar havia conseguido manipular o Rei Philipe com mais facilidade, enquanto que com Brunswichk só foi possível com a fúria e o luto do Rei Robert. O povo desconfiou e começou a agir, assim como o próprio tabuleiro e lutaram para encerrar esse controle, no meio da batalha todos acharam que eles haviam morrido, os reis haviam morrido, e nossos povos se odiavam. _O que aconteceu depois? _Fahir esperou até a idade para assumir e casou com Lilith para o nosso reino ser agraciado da magia do tabuleiro e Helia casou com Zeb pelos mesmos motivos um tempo depois, assim continuaram uma dinastia – ele guardou Zorro no estábulo e começamos a andar em direção ao meu quarto. _O que houve com o povo? Você existia nessa época? – disse lembrando que o tempo na Terra e em Jogos era diferente. _Não, só meu pai e minha mãe com meu irmão mais velho na barriga. _Vai me contar sua história mais tarde, certo? _Não gosto de contar essa história, não é muito feliz e – eu olhei para ele suplicando com os olhos – Mas como é para você eu conto, claro. Enfim, o Reino Preto continuou uma monarquia, mas o Reino Branco ficou sobre domínio do parlamento; então chegou à parte da história Romeu e Julieta. _Meus pais. COMO É O CAMPO DE EQUITAÇÃO EM QUE SÔNIA E CALEB ESTÃO?
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COMO É SÔNIA COM ZORRO?
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_Algo inédito aconteceu as rainhas entraram em trabalho de parto no mesmo dia Fahir e Lilith com um herdeiro homem, Helia e Zeb com uma herdeira mulher, tudo aconteceu numa Lua Cheia foi uma festa nos dois reinos; fogos, dança, música, comida. Reagan cresceu para ser um espadachim, desde cinco anos seu pai cavalgava muito bem, ao sete ele tinha um lindo dragão preto chamado Leviatã... _Meu pai tinha um dragão? Aqui tem dragões? _Correção, ele tem um dragão, e sim temos dragões, grifos, hipogrifos, cavalos alados, krakens, tarascona, auroques, basiliscos, lobos e tigres gigantes, aranhas do gelo, corça de Cerineia, ninfas e lagartos-leões. _Não sei o que é metade desses bichos, mas não quero pensar neles agora, continua. COMO É O DRAGÃO DE REAGAN?
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_Basilissa foi criada como a mais alta dama, sobrecarregada de etiquetas e regras, mas é claro aprendeu a lutar esgrima, combate corpo a corpo e arco e flecha, ela tinha uma linda tigresa branca. _Todos tem animais de estimação? O seu é o Zorro? Quais são os dos meus avós? COMO É A TIGRESA DE BASILISSA?
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_Se eu responder essas perguntas promete me deixar continuar sem interromper? – ele perguntou e eu assenti – Ótimo, não é bichinho de estimação é um Pan, Pan é a criatura a qual estamos destinadas, podemos nos comunicar com eles, senti-los, eles sabem o que sentimos e o que precisamos, é um vínculo perpétuo, ele pode dar a vida dele pela sua, um Pan morre com o dono, afinal ele é um presente do deus dos bosques o qual o nome é Pan e ele é um deus travesso então é raro, mas se irrita-lo pode nunca chegar a ter um. Zorro é meu Pan; o de Fahir era um hipogrifo fêmea chamada Diana. COMO É O HIPOGRIFO DE FAHIR?
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_ Lilith tinha um cavalo alado chamado Eros. COMO É O CAVALO DE LILITH?
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_Não sei o nome dos Pans dos seus avós maternos, contudo tenho certeza de que Zeb tem uma grande loba branca e... COMO É O LOBO DE ZEB?
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...Helia um mamute, acredito que o Pan de Sofia seja o recém adquirido grifo Aragorn. _Sofia tem um grifo! Eu tenho o quê? Ou eu irritei o Pan sem querer? COMO É O MAMUTE DE HELIA?
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_Acho que você só não encontrou seu Pan ainda, seguindo a história – ele disse parando num cloreto muito lindo – Seus pais cresceram sabendo que estavam noivos, um dia Reagan saiu numa missão diplomática no Reino Mahjong e sem saber que esse mesmo reino estava negociando com o Reino Branco então a Princesa Basilissa também estava no castelo, óbvio que no início houve problemas, brigaram com o Imperador de Mahjong sobre peças pretas e brancas não se misturarem, no entanto o Imperador mostrou um pouco de sua cultura para eles... Começando com a filosofia chinesa: o princípio da dualidade existente em toda a natureza, o “yin” e o “yang”. _Pensando agora, minha mãe tem o colar yang e o papai o yin de madeira é bem antigo. _Pois é, o Imperador mostrou a eles que apesar de serem opostos, yin e yang são a mesma coisa. Não há diferença entre eles a não ser que se manifestem, equilibram. Tanto yin quanto yang são complementares e podem se transformar um no outro, eles se complementam sua mãe toda ativa, mandona, super extrovertida enquanto seu pai era observador, introvertido, cauteloso. _Então foi isso, eles se apaixonaram? _Eles começaram a gostar um do outro, uma amizade que virou amor, no dia do casamento Basilissa fugiu com seu pai para as montanhas foi um escândalo, seus avós maternos pensaram que Reagan a tinha sequestrado. Os encontram e os trouxeram para casa todos estavam prontos para dizer que foi um surto coletivo, passar um pano e esquecer de tudo. Nem consigo imaginar a cara do Zeb quando soube que sua filha estava grávida, mas me lembro da cara de Reagan quando os reis brancos e sua filha apareceram na calada da noite. _Você estava aqui? _Eu tinha acabado de fazer três anos quando sua mãe estava grávida de vocês, quando tudo deu errado e fui mandado para Terra pela primeira vez tinha quatro anos. _Então eu e a Sofia ainda moramos aqui? _Por um pequeno período de tempo sim, vocês nasceram num eclipse solar de manhã cedo, foram batizadas aqui, o oráculo até disse quem seriam seus maridos. _Mas todo mundo aceitou? Onde a gente morava? Quer dizer o povo todo sabe dessa história? _Todos pensaram que iria ser ou a união dos reinos ou a desgraça dos reinos quando a criança nascesse, todos achavam que iria ser um garoto, um rei. Quando descobriram que eram gêmeas... _Foi uma decepção? _Foi um alívio, gêmeos arrumava tudo... Uma para cada reino de acordo com as caractéristicas de cada uma, claro que alguns ficaram com medo de ser as duas peças brancas ou as duas peças pretas. Sofia nasceu primeiro, nossa Zeb e Helia suspiraram de felicidade, e todos ficaram apreensivos para você, no fundo seus avós e seus pais temiam que você fosse uma peça branca, mas ao olhar para o seu cabelo encaracolado escuro e seus olhos como a Lua Nova que sabíamos que você era uma peça preta. Foi uma festa e tanto para o nascimento de vocês, vocês moraram aqui todos tinham medo do Conselho machucar qualquer uma de vocês aqui era mais seguro. _Meus avós Zeb e Helia, eles me odeiam? _Não! Não! Seus avós te amam mais do que tudo no mundo, da mesma forma que amam Sofia e Basilissa. _Mas eles quase não me viam na Terra, não ficavam lá e quando ficavam nós não tínhamos tanto em comum. _Da mesma forma que Fahir e Lilith são para a sua irmã, é complicado, Minha Rainha, mas é assim que as coisas são. _O que houve para fugirmos para Terra? _Longa história, fica para outra hora... Agora você tem que se arrumar e conhecer seu Tabuleiro. _Fomos um erro? Eu e Sofia? Se não tivéssemos nascido nossos pais estariam casados com outras pessoas? Se oráculo errou a previsão deles pode ter errado a da minha e da Sofia? Se não esperavam a gente como podem ter uma previsão de um futuro? _É complicado, Minha Rainha, e olha tem coisas que nem mesmo eu sei explicar, agora tem algo que eu posso explicar... Seus pais, bom, eles se amam demais, você os conhece melhor do que ninguém alguma vez na sua infância achou que eles seriam felizes ao lado de outra pessoa? _Não, nunca! Quando eles se olham, eles têm uma amizade, um amor diferente, único. _Então, respondeu sua pergunta, nada que foi fruto de um amor como esse pode ser um erro, as vezes erros acontecem, mas há vezes que algumas coisas são inevitáveis – ele disse me fitando com aqueles olhos maravilhoso quando estava saindo falou num sussurro deve ter pensado que eu não o ouvi – Uma coisa tão perfeita como você jamais será um erro. O COLAR DELES:
momento em que Reagan e Basilissa se apaixonaram
primeiro beijo
esperando Sônia e Sofia
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Tinha a sensação de que não sabia nem da metade das coisas, estava sentindo um vazio, misturado com medo. Vamos, Sônia agora é hora para sermos práticas e objetivas, o que vamos fazer? Vou ficar e ser rainha, tá o que mais? Preciso descobrir quem são esses bispos, o que querem, porque querem, como querem; preciso me vingar de algumas pessoas, preciso achar meus avós e meus pais, Sofia preciso de Sofia, o oráculo preciso acha-lo; o meu Pan vem até mim ou eu devo ir até ele? Preciso descobrir o que eu sou, posso até ser uma peça preta, mas devo ser uma peça branca também, o que aquele Conselho tem contra mim? Meu Deus, Sofia pode estar correndo perigo com gente assim perto dela, mas meus avós estão lá vão cuidar dela, não vão? Okay, preciso lembrar das pessoas importantes: Sofia, Lilith, Visconde, Zeb, Helia, Papai, Mãe, Caleb, Grace, aquele mini Caleb deve ser importante para o Cal, Ibotira, Owena, Layla, Naneki e Laureen. Fiz uma lista num papel: Ser a melhor Rainha possível Achar minha família Descobrir o que houve no passado e como reverter Bispos Oráculo Wladis, Emir e Conselho Pensei num lugar para guardar a lista e parei para olhar o quarto. Peguei o papel e coloquei debaixo do meu travesseiro preso numa caneta dourada, e fui tomar banho. Ao sair fui me vestir. QUAL VESTIDO SÔNIA VAI USAR?
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QUAL SAPATO?
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Deixei meu cabelo... E O CABELO?
solto?
preso com uma tiara?
preso com uma flor?
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saí do quarto lá tinha o mini Caleb (devia ter mais ou menos a idade da Grace uns quatorze anos no máximo). _Ah, olá... Quer dizer, alteza ou majestade – falou confuso. _Você é a cara do Caleb! _Ah sim, a maioria dos meus irmãos puxaram a meu pai cabelo preto, olhos azuis cobaltos, temperamento forte e impulsivo, uma necessidade de dar ordens – disse rindo. _O mesmo sorriso – falei concordando com a cabeça. _Vamos, tenho que leva-la ao salão de guerra.
Esse é o mini Caleb
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O arquiteto e o engenheiro desse lugar deve ser muito bom e bem pago, no final tinha duas portas prateadas grandes ele abriu-as eu vi uma sala circular, havia pessoas na mesa me esperando, além de pinturas de muitos reis e rainhas em ordem cronológica ao redor da parede o primeiro rei e a primeira rainha que eu suponho ser Aliyah e Miriam eram muito familiar e os dois últimos: Fahir e Lilith abraços com pose de rei e rainha e os meus pais no jardim; o garotinho me guiou para a cadeira na cabeceira. _Aqui tem certeza? – falei baixinho, ele assentiu, depois indo sentar-se também. COMO É A SALA DE REUNIÕES?
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_Alteza! – disse um garoto que parecia ser apenas um pouco mais velho que eu – Deixe-me apresentar suas peças de tabuleiro. _Ah, nomes para eu decorar, que... Que ótimo. _Bom, começando por Galdina, a dominadora, ela é a nossa Torre 1. – ele apontou para uma moça. COMO ELA É? O QUE ESTÁ VESTINDO?
GALDINA - a que domina
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_Sylvie, mulher da selva, é nossa Torre 2 – ele apontou para uma mulher linda, ela tem um arco e flecha. COMO ELA É? O QUE ESTÁ VESTINDO?
SYLVIE - Mulher da Selva
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Kelebh, cão, ele eu creio que você conheça bem demais – Caleb apenas piscou para mim, ele estava com roupas de cavaleiro medieval, mas parecia um príncipe diferente dos outros, agora dava para ver sua espada azul escura com um cabo com uma pedrinha vermelha. Como ele conseguia ser o mais lindo com essas roupas? – Ele é nosso general, o de maior posto aqui depois do Rei e da Rainha, o Cavalo 1.
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_Saadi, judicioso, ele é o nosso Cavalo 2. – o cavalo dois era lindo, um homem alto, mas não tão alto quando Caleb, havia uma lança em sua mão, ele tinha uma expressão cínica, um sorriso contagiante, atitude de guerreiro. COMO ELE É? O QUE ESTAVA VESTIDO?
Saadi - judicioso
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_Nagibe, inteligente, meu irmão gêmeo, é o Bispo 1. – ele apontou para o cicatriz, que agora que ele falou Nagibe é parecido demais com ele de fato, mesmo cabelo, olhos, com exceção da cicatriz enorme em sua bochecha, que descia para o seu pescoço, ele está sem sapatos, ele levantou a taça em minha direção e bebeu. COMO ELE É? O QUE ESTÁ VESTINDO?
Nagibe - inteligente
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_Eu, Set, o indicado, sou o Bispo 2 as suas ordens. – ele fez uma reverência. COMO ELE É? COMO ESTÁ VESTIDO?
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_Ibotira, flor pequena é a nossa Peão 1 – Ah! Eu estava ainda um pouco incomoda com o fato de terem mentido para mim, estou tentando aceitar, mas ainda está lá o sentimento. Seu cabelo cacheado a azul estava solto. COMO ELA ESTÁ?
Ibotira - flor pequena
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_Grace, como o nome já diz uma graça, ela é a Peão 2. – todos mentiram para mim, até meus pais, só Sofia que não, nossa eu tinha que superar isso! Grace parecia diferente, seus cabelos ondulados estavam soltos, ela me olhou com um olhar que dizia desculpa. COMO ELA ESTÁ?
Grace - graça
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_Nabi, o que prevê, é a nossa Peão 3 – uma menina de mesma idade minha. COMO ELA É? COMO ELA ESTÁ VESTIDA?
Nabi - prevê
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_Dirce, pinha, a nossa criança... Quer dizer o Peão 4– ele falou rindo, sendo acompanhado por Dirce e Caleb; então esse é o nome da versão em miniatura de Caleb. Acho que talvez ele seja um ano mais novo que Grace, acho que o mais novo na sala, mas parecia esperto. COMO ELE É? COMO ESTÁ VESTIDO?
Dirce - pinha
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_Petrus, rochedo, ele é nosso Peão 5. – Petrus era o mais sarado e musculoso, fazia jus ao nome parecia uma rocha de tão forte e firme. COMO ELE É? COMO ELE ESTÁ VESTIDO?
Petrus - rochedo
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_Yakecan, som do céu, ele é o nosso Peão 6. – ele apontou para um garoto, parecia novo, mas mais velho que Grace e Dirce, quieto e de cabeça baixa, nem olhou para mim. COMO ELE É? COMO ELE ESTÁ VESTIDO?
Yakecan - som do céu
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_Owena, lutadora, é a nossa Peão 7 – Quem diria que minhas melhores amigas fazem parte do meu exército pessoal? COMO ELA ESTÁ?
Owena - lutadora
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_Dayane, divina, é a nossa Peão 8 – divina era pouco, ela era linda demais, com um sorriso esplendido, negra, com seios muito maiores que os meus, que mulher linda! Perto dela ninguém nem olharia para mim. COMO ELA É? COMO ELA ESTÁ VESTIDA?
Dayane - divina
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Set parou de falar e ficou esperando a minha reação, e tudo que eu sei é que não gravei o nome nem da metade, mentalmente dei apelidos para alguns... Set eu lembrava o nome era fácil; o irmão dele é O Cicatriz, mas já falei com ele o bastante para lembrar de Nagibe; a última bonita lá é a divina, nome autoexplicativo; tinha miniatura de Caleb, minhas “amigas”, o cara de trança musculoso e a de Xena princesa guerreira, o resto lembro de do nome não. _Acabou? É só? _Não, esqueceram de mim – as portas se abriram revelando essa frase e o cara “uau” do jardim; ele entrou com uma pose de maioral, de banho tomado, vestido como o tal, seu cabelo estava mais bonito jogado para trás. Todos se levantaram, mas ele fez sinal com a mão para que sentassem. _Quando voltou? – perguntou Set. _A alguns minutos na verdade, não precisa se martirizar por não preparar nada para minha volta. _Mas se tivesse avisado eu teria... _Muito prestativo como sempre, Set, mas não é necessário... Tudo bem. _Por onde estava? – perguntou parecendo meio furiosa a moça de xena princesa guerreira, cabelos negros lisos que desciam até suas costas, negra, musculosa, de olhos preto meio cinza. _Saudades, Sylvie? – falou irônico se aproximando de Caleb – Estava nas novas terras, parece que tem um novo país surgindo bem moderno com bancos, um arquipélago que se olhar de cima parece um tapete colorido. _Que bom que se divertiu explorando, enquanto seu povo era atacado – retrucou a Xena princesa guerreira. _Que bom que não devo satisfação a você – falou rispidamente indo até a cadeira na cabeceira e sentando, ah não! Não acredito! É ele, o cara que o maldito oráculo disse que tinha de me casar, não acredito, eu queria odiar ele, assusta-lo, esperava um velho pedófilo ou um cara na crise de meia idade ou um feio, mas ao vê-lo no jardim meu coração e a mente parou, mas que droga eu não sabia que era ele, devia tê-lo xingado, ter dado uma joelhada naquele lugar. Ah inferno! Por dentro eu estava abalada, por fora eu estava neutra. _Então, você é o cara que pensa ser rei? _Não, eu sou o cara que salva donzelas no jardim – ele falou com um sorriso cínico gerando olhares curiosos. _Não vou me casar com você! _Sinto muito, devo ter me perdido na conversa não lembro de pedir tal coisa – falou para tomar em seguida um gole da bebida colocada para ele por uma empregada numa taça prateada. _Ah, Rainha Sônia esse é o... Ahn... O provável futuro Rei Pakile – falou Set com um pouco de medo. COMO ELE ESTÁ?
Pakile - rei magnífico
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_Ao seu dispor, alteza... Agora, general como estão as coisas? – ele perguntou. _Ei, você ainda não é nada aqui – disse. _Ah, mil perdões, alteza, por favor inicie a reunião. _Você – disse apontando para o Caleb – Explique tudo. _Claro, Minha Rainha, nossas aldeias estão sendo atacadas e é provável que uma guerra se aproxime. Com os governantes oficiais longe nosso poder está enfraquecido, perdemos soldados e a população com os ataques do Soldados Brancos. Não sei se fiz bem, mas mandei trabalharem bastante nas colheitas e começarem a armazenar água e comecei a trazer o povo devagar para dentro da muralha. _Ah entendo – na verdade não entendia muita coisa, não tinha nem ideia do que fazer, precisava urgentemente estudar – Não agiu mal não, agiu muito bem na verdade – Pakile estava na cabeceira com as mãos no queixo, com um pequeno sorriso nos lábios. _Posso falar, alteza? – perguntou olhando para mim. _Não. _Medo de minhas ideias superarem as suas? _Set, algo a acrescentar, quero muito ouvir suas ideias – disse desafiando Pakile que fez um gesto que dizia: Você que sabe. _Na verdade, alteza... Acho que deveríamos rapidamente iniciar seu treinamento, além de... Perdoe-me, alteza, mas dentro do cenário atual acredito que deva se casar e ser coroada o mais rápido possível. _Concordo com a parte do treinamento e ser coroada. _Infelizmente, a vossa alteza não pode ser coroada antes de se casar. _Por quê? É uma lei? Porque se for podemos desfaze-la. _É uma lei, contudo, uma lei muito difícil de mudar afinal a própria Caissa a fez... Da última vez que foi quebrada causou diversas consequências nas quais estamos sofrendo até hoje. Nossa magia enfraqueceu, pois é necessário o Tabuleiro completo para funcionar. _Ele pode jogar, quer dizer ser a peça, só não quero me casar! _Precisa ser um Rei e uma Rainha senão não funciona – disse Nagibe mexendo seu café – Não tente trapacear uma deusa, as consequências podem ser piores para você. _Essa deusa que vocês falam, vocês falam com ela? _Claro, tomei chá com Zeus ontem – disse Sylvie. _Sylvie – vociferou Pakile e depois virou compreensivo para mim – se Caissa ou qualquer outro deus quiser falar com a gente ele vai mandar sinais, mas em casos muito raros eles podem aparecer. _Seus pais a conheceram, no entanto, acho que não foram os melhores dos encontros – falou Nagibe. _Como assim? _Quando seus pais não se casaram com quem deveriam, sua mãe ficou grávida, digamos que eles foram punidos. _Punidos? _Bom – Set ficou meio desconfortável – não sabemos exatamente o que disseram a ele, mas eles foram ameaçados ou avisados. _Ótimo, nós temos aliados? Podemos contar com eles? _Claro – assentiu Caleb. _Okay, eu quero tropas prontas atrás da minha família... Ah ia esquecendo quando estava presa eles falaram que eu ia ter que ficar presa até a Sofia ser coroada aí poderia ser levada, o que isso quer dizer? – todos reagiram estranho a minha pergunta, mas ninguém respondeu – Cal? Quer dizer, Caleb, responda minha pergunta. _Minha Rainha, nós não sabemos de muita coisa, só sabemos que bom Brunswichk e Baltazar estão vivos, mas o reino Branco finge que nada aconteceu para poder trabalhar melhor, manter o povo “calmo”, o nosso sabe e está extremamente preocupado, alguns ficam com medo de contar a você e isso causar a ruína do reino, preciso que mantenha as opções em aberto e faça o que achar melhor. _Vai contar a ela? – perguntou a de capuz, Sylvie. _Sylvie, pare – ralhou Pakile. _Acha que devemos mentir? – ela retrucou. _De fato, não..., mas sempre se pode mentir para conveniências socias – falou Nagibe. _Não cabe a mim tomar grandes decisões – falou Caleb olhando para Pakile. _Está dizendo que cabe a mim, Cavalo? – Pakile perguntou erguendo as sobrancelhas. _É exatamente o que estou dizendo, você é o Rei, ela é a Rainha, se eu ou Set tivéssemos que decidir as coisas sentaríamos na cabeceira não concorda? _Eu estou na cabeceira e ordeno que falem a porcaria da verdade. O que está acontecendo aqui? – disse com um tom muito autoritário. _Vamos focar em trazer Fahir e Lilith primeiro – disse Pakile levantando e colocando as mãos na mesa. _O que tem para me contar? _Eu vou casar – gritou Owena quebrando todo argumento.
é o quê?
Oi?
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_O quê? – disse olhando para ela. _Quero que nos perdoe, sinto muito ter mentido e Ibotira também! _Acha que esse é o melhor momento? _Tem que se agora, se perdoou o Kelebh, então pode fazer o mesmo agora – disse Ibotira levantando. _ Você tinha mesmo um cachorro? O tio Ronaldo e a tia Vivian eram mesmo seus pais? – perguntei olhando para Ibotira – E você o tio Leo era seu pai? Sua mãe morreu mesmo no seu parto? _Ainda está com raiva, eu sei, mas foi tudo pela sua proteção, eu juro – falou Owena. _Não é raiva, é só tem coisas que eu preciso saber, entende? Coisas que vocês me contaram eram mentira por causa da mentira inicial, eu preciso saber delas e ninguém parece responder essas respostas, tipo eu entendi porque ficamos todos morando em Caissa, mas o que era aquela cidade? Todos os moradores mentiram para mim? E como é esse lugar? _A maioria dos morados de Caissa eram peças de xadrez, mas os turistas não, nem pessoas que vinham de intercâmbio ou de fora para morar. Caissa foi forjada por nós, é o nome da deusa do xadrez. Todos zelavam pela proteção de vocês – disse Owena. _Aqui; a medicina é incrível podemos curar tudo, ninguém morre de feridas ou doenças aqui. É proibido maus tratos a todo tipo de animal, somos todos veganos. Nossa arquitetura é fantástica, assim como nossa infraestrutura, saneamento básico, comida sempre, salários e status iguais para todas as profissões, a mobilidade urbana é incrível montamos em animais só se deixarem; usamos bastante bicicletas, caminhamos bastante também. Mesmo na grande guerra nosso povo não passou fome, nem pereceu de doenças, o pai de Fahir era muito sábio – disse Ibotira. _É... E guerras, monstros ferozes e maldições também. E algo que não estão me contando, por que quer discutir isso agora? Justo na hora que exigia a verdade? _ Eu e Saadi vamos nos casar, amanhã ao pôr do Sol, antes que tudo aqui mude, eu preciso que você seja minha madrinha – ela respondeu rapidamente. _Madrinha? Você vai casar, com aquele cara de cabelo com tranças presas num rabo de cavalo? Casar tipo para sempre? Marido e mulher? _Isso. _Estava noiva a quanto tempo? Quer dizer namora ele a quanto tempo? _Namoro ele desde os dezesseis anos, estou noiva dele a um ano. _Ah, Ibotira já... _Já, já conhecia – Ibotira respondeu, e o cara alto de tranças presas no rabo de cavalo levantou também, Saadi. _Eu queria me apresentar como noivo de uma das suas melhores amigas, prazer, Saadi – ele disse sorrindo e estendendo a mão que eu apertei meio em choque meio sem saber o que fazer. _Saadi meu noivo. – Owena falou mostrando o anel em seu dedo, ele sorriu para mim. _ É... Parabéns! – eu a abracei ainda em choque – Você mentiu a sua idade também ou aqui todo mundo casa cedo? _Menti minha idade, eu não tenho dezoito como você, a Sofia e Ibotira. Tenho vinte cinco. _Bem mais velha, okay... – eu fiquei tão atordoada com a nova informação, talvez porque meu cérebro já estivesse fritando de tanta informação. _Reunião encerrada – disse Pakile e todos correram para fora da sala e se espalharam pelo castelo numa velocidade, e eu fiquei em choque sentada no trono pensando em tudo que tava acontecendo, eu cai no golpe do mudar de assunto, eu, nossa que imbecil eu estava me tornando. Onde está o Mark? Nossa o queria aqui... Aí que raiva, quem esse Pakile pensa que é? E daí que o oráculo disse que ele vai ser rei? E que o nome dele diz que ele vai ser um ótimo rei? E daí que ele é quase uma aberração de tão bonito? Ódio! COMO É A ALIANÇA DELES?
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QUEBRA DE TEMPO: _ A Ibotira e Sylvie serão minhas damas de honra, temos muito pouco tempo, venha vamos ver o vestido – Owena falou depois de bater na minha porta a tarde. _Vestido, claro, o casamento é amanhã. Quem é o padrinho? _Pakile, ele é meu melhor amigo; Kelebh e Galdina serão de Saadi – ah, Pakile, ótimo ficar ao lado dele uma cerimônia inteira, nossa! Eu não o vi mais, contudo sempre sei onde ele está, sempre, é tipo um fio. _Kelebh é meu amigão da vida toda, bem, vão curti a despedida de solteira de vocês... Eu vou beber com os rapazes – falou Saadi passando por nós. _Tchau – disse Owena dando um beijo nele – não faça nada que eu não faria. _Despedida de solteiro não é a madrinha que arruma, eu não fiz nada. _Vamos ver seu vestido e depois curtimos com as meninas. Eu estou vestindo uma calça listrada de moletom e uma blusa preta chique, pensei que talvez devesse vestir algo chique, mas não deixaram eu fui arrastada pelo palácio. Os vestidos de madrinha e dama de honra eram lindos, o vestido dela de casamento era mais lindo ainda. Então, lá estava eu, presa numa sala cheia de comes e bebes, com pessoas que não sei ao certo como me viam. _Oie – disse Dayane (a moça divina) se aproximando com sua beleza. _Oi, é uma ótima festa – disse vendo as outras dançarem e rirem no salão de baile. _Não quer se juntar? _Eu não sou muito animada e festeira... _Achava que você era a rebelde. _Eu era, eu gostava de viagens e grandes fugas, protestos, revoluções essas coisas – disse lembrando de quando minha mãe brigou comigo por dois meses por ter fugido de casa para uma viagem para Paris e Monte Carlos com Charles, Ibotira, Naneki e Owena, ou quando fui suspensa da escola por iniciar um protesto contra o código de vestimenta do colégio. _Gostava? Não gosta mais? – disse Ibotira sentando na mesa do meu lado. _Eu mudei, digamos assim – falei lembrando da escuridão e de Andrew. _Alguém prova isso tem gosto de verde – disse Grace se aproximando muito bêbada ou fingindo estar. _Grace! Não devia beber tanto, Kelebh vai nos matar – disse pegando a bebida verde e bebendo – jovens nunca sabem beber, vamos Grace sente aqui! _Nãooo, eu quero dançar – ela falou dançando uma dança muito esquisita, depois foi na mesa de bebidas e voltou com outra bebida para mim. _Pare de embebedar as pessoas, me dê – disse Dayane. _Não! É da Sônia... Toma, Aaaa – ela falou trazendo a bebida para mim como uma mãe dando papinha para um bebê. _Pare, Grace, ela não quer – falou Dayane vendo que eu afastava a Grace e a sua bebida. _Parece que a Sônia virou uma gatinha assustada. Chataaa. _Me dá isso – disse pegando a bebida e enfiando goela abaixo. Ela bateu palminhas e saiu para girar com a Ibotira. _Grace acho que você não devia – falei ao ver que ela queria subir na mesa dos doces, mas ela caiu no chão e começou a vomitar bem antes de eu terminar a frase. _Ah, não – disse Owena – Grace agora você tá sujando o chão da sala! _Essa é a sua preocupação – falou Dayane pegando Grace – Eu vou limpa-la, já volto. _Então, como é participar de uma festa com seus empregados? – perguntou a moça de cabelos negros lisos que desciam até suas costas, negra, musculosa, de olhos preto meio cinza, a grande Xena a princesa guerreira na reunião. _Não vejo vocês como empregados. _Nada muda, porque é o que somos. _Você não gosta muito de mim, não é? _Não gosto de pessoas que nunca se quiser fizeram algo pelo reino ou conhecem o reino que chegam querendo mandar na minha família. _Uma pena, porque eu gosto de mulheres fortes com opiniões que não deixa os homens a silenciarem, daríamos uma boa dupla. _Recuso, majestade. A festa continuou, Owena me fez “dançar” com ela uma vez (só segurei a mão dela), comi algumas comidas. Senti vontade de sair da festa e no corredor ouvi vozes numa sala próxima, devia ser a festa dos garotos, sei lá se dá para chamar todos de garotos. COMO ESTÁ A FESTA DAS GAROTAS?
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Então, a porta se abriu e Caleb saiu de lá. _Minha Rainha, por que não está na festa? _Digo o mesmo – disse seguindo o caminho. _Eles me deixaram – ele disse meio bêbado – meio, sabe? Resolvi andar e ir na cozinha comer algo. _Não tem bufê nessa festa? _Já acabou – nossa eles devem ser dinossauros. Não sabia se contava sobre Grace não queria se dedo-duro, mas ele continuou me seguindo. _Perdeu alguma coisa? – falei virando para ele numa parte escura do castelo. _Não, por quê? _Você está me seguindo. A cozinha fica para lá... Decorei o mapa do palácio na hora do almoço sei que estou certa. _Não posso acompanha-la? _Não pode! Quero ficar sozinha! _O que houve? _Isso é o oposto de ficar sozinha. _Nagibe disse que você passou por coisas muito ruins... Ele não contou os detalhes, mas pode se abrir comigo se quiser. _Não, eu... Estou bem – falei recebendo um abraço dele, fiquei embriagada com o cheiro de lavanda com margarida. COMO FOI O ABRAÇO:
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