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Acordar cedo independente do dia é uma tortura, mas fiz um esforço, eu Sônia; com meu grande cabelo negro cacheado tão escuro que parecia o céu à noite, sedoso, parecia uma juba, incrivelmente rebelde e lindo, meus olhos escuros como o eclipse, minha pele negra lisa, sem marcas, macia, meu jeito totalmente desajeitado, meu sorriso simples que quase nunca aparece, meus brincos e piercing na orelha levantei para ir ao aniversário de meu avô paterno.
Sônia - significa sabedoria
tamanho do seu cabelo
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Meu avô Fahir, ou visconde de Sabugosa que era como eu o chamava por conta do livro que ele sempre lia para mim: O Sítio do Pica Pau Amarelo; que em suas muitas viagens para o Brasil trouxe um exemplar para mim; é uma das pessoas que eu mais amo em todo o mundo. Ele é negro de cabelo crespos ralo, seu rosto redondo lhe dava aparência fofinha, seu sorriso brilhante é simpático fazendo seus olhos castanhos escuros fecharem. Todo mundo gostava dele, o tipo de pessoa que conquistas as pessoas só de se apresentar. Ele envelhecerá muitíssimo bem, hoje fazia oitenta e oito anos, mas parece muito mais jovem que isso. Para ele o cérebro é muito importante, a sua inteligência superava a de qualquer pessoa – inclusive irrita meu avô materno Zeb, que parece estar sempre atrás – tem um raciocínio perfeito e rápido, isso o fez criar uma empresa do nada tornando o nome Tawtay ser reconhecido no mundo, virou o décimo homem mais rico do mundo. Mesmo com toda a riqueza, ele é o cara mais humilde que eu conheço, ao olhar para seu pequeno chalé, suas roupas escuras simples, seu jeito de agir e falar você não para pra dizer: Ei esse aqui é rico. Eu o admiro pelo que ele é: apaixonado por cada coisa, encanta-se com tudo, mas o que ele mais ama é minha avó, sua esposa: Lilith... Ele muda perto dela, fica muito mais feliz, se ilumina, com um olhar e um sorriso de orelha a orelha.
Fahir - significa o Magnífico
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_Sônia Caetani Tawtay! Desça aqui. – falou uma voz doce, fraca e autoritária: minha mãe, branca como a neve; de cabelo loiro platinados que encostavam no chão, presos numa trança; alta como o papai, de olhos azuis cobalto, tão expressivos quanto as ondas do mar. Eu não suportava o meu nome; ele é uma mistura de grego com indiano, Caetani vem de minha mãe e do vovô Zeb, Tawtay de meu pai e o visconde de sabugosa. Penteie meus cachos e me vesti Escolha a roupa:
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_Já acordei, estou pronta para ir. – falei com o presente de meu avô em mãos. _Ainda não tomou café. – disse o meu pai, que era um homem negro, alto, de cabelo preto de corte curto, com olhos castanhos escuro, nariz grande, rosto simétrico; com uma pele macia, sem rugas ou marcas; abdome e braços definidos, de postura impecável e um olhar sereno, possuía um sorriso lindo, sua expressão divertida fazendo panquecas. Obedecendo-o fui fazer meu desjejum, notando minha irmã gêmea fraterna Sofia; com seu enorme cabelão cacheado loiro platinado, sua pele branca como se ela nunca tivesse tomado um banho de Sol, olhos azuis cristalinos bem clarinhos, bochechas magras e rosadas, nariz gordo e pequeno, orelhas médias enfeitadas com brincos azuis, altura mediana, cara de ingênua e inocente e seu sorriso fofo terminando de comer – eu não tenho quase nada em comum com ela na aparência e personalidade, as coisas que temos em comum são: o dia do aniversário, paixão por roupa preta, ficar confortável é sempre a prioridade, amamos panquecas, pizza e purê de batata.
Reagan - pequeno rei
Basilissa - rainha
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Minha irmã gêmea, fraterna: Sofia
Sofia - significa sabedoria
Seu cabelo
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_Bom dia! – ela falou, depois voltou a cantarolar uma música aleatória de natal. Terminando tudo, entramos no nosso carrinho, que é da mamãe tecnicamente, um fiat uno hatch compacto amarelo. Apesar de sermos uma família indiana grega; vivíamos no lugar mais isolado do mundo, onde poucos iam fazer turismo, uma pequena aldeia/cidade disjunta por montanhas e águas azuis cristalinas: Caissa; conhecida por ser uma cidade mística no fim da península europeia, pacata, onde todo mundo conhece todo mundo, vizinhos mais fofoqueiros ainda. Nós morávamos no centro da cidade, meus outros avós viviam num barco, mas vô Fahir e vó Lilith tinham uma casa num sítio pequeno perto das montanhas, a margem do rio Toatoa, a viagem demorava duas horas, pois eles moravam no final do rio. O Visconde era da Índia, mas migrou com a família para cá onde conheceu Lilith e não foi mais embora; vovó é nativa daqui, só que sua família descende de gregos por isso o sobrenome dela de solteira que é Angel. Meu avô Zebadiah é grego, seu sobrenome é:Caetani; sua mãe, no entanto, era indiana, ele foi morar na Índia com seus pais muito, depois conheceu minha avó Helianthus Lakamalla lá mesmo, depois eles viajaram o mundo tentando achar um lugar calmo para criar sua filha e acabaram terminando aqui. Que roupa Sofia está vestindo
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Minha avó, Lilith sempre me chamava de anjo, Sofia é chamada de florzinha... É fácil gostar dela, mesmo com o seu silêncio intenso, uma mulher de poucas palavras. Seu lábio carnudo, seguido de um sorriso calmo e reconfortante, seu nariz médio e meio gordinho, orelhas pequenas, olhos negros como um eclipse, pele negra; cabelos crespos, sempre com um turbante ou uma fita cor de vinho; vestia-se com roupas simples também de cores escuras, amava macacão, alta como vovô, de mesma idade e muito conservada – espero que seja genético – Vivia entre flores, plantas e animais, péssima em todos os trabalhos domésticos, é muito inteligente, sábia, tem uma empresa chamada: Wisteria que cuida de reflorestamento, venda de produtos veganos. Ela é muito carinhosa, sempre diz que as pessoas estão muito magras e as entopes de comida, é teimosa, louca por arquitetura, ama balé russo. Eu nunca achei que fui feita para o amor, mas sempre soube que ele existia, via claramente em Fahir e Lilith, via em meus pais, via em meus avós maternos.
Lilith - significa da noite
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Chegamos ao sítio de meu avô e avó, havia um pequeno chalé verde e azul, de dois andares, um longo jardim cheio de rododendro, wisteria, um bordo japonês, um carvalho, várias cerejeiras de bonn e duas jacarandás; um balanço, tulipas negras enfeitando as varandas. Devido ao dia, tinha uma faixa entre os jacarandás, escrito: Parabéns ao bom e velho Fahir. Uma mesa retangular grande na frente da faixa, com um bolo de chocolate de dois andares, uma velhinha de quinze anos, as comidas e bebidas favoritas do vovô: a Samosa (pastéis fritos recheados com lentilhas, sempre temperados com especiarias indianas), o Vada Pav (um sanduíche vegano que possui ‘hambúrguer’ de batata em um pãozinho), Lassi(um refresco feito com iogurte, água de rosas, gelo e a fruta que você quiser, no caso do vovô mangá), A fava feita pelas receitas da vovó (um purê de ervilhas amarelas que leva cebola e pode ser servida com azeite), brigadeiros (feitos alguns de batata outros de banana com açúcar mascavo, cacau e óleo de coco) e de sobremesa o rasmalai (esferas feitas de um queijo chamado paneer, e uma calda doce) – cardápio totalmente vegetariano. como é o sítio:
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Praticamente toda a cidade está aqui... Meus amigos: Charles, com suas roupas pretas de “bad boy”, seu cabelo levemente comprido que caia sobre seus olhos, com sua altura considerável, seus olhos azuis hipnotizantes, sua pele branca com um leve bronzeado, seu sorriso irônico e sínico, sua companheira de toda a vida: sua Gibson ES-335 vermelha e preta personalizada com adesivos da sua banda, tinha o nariz fino ferido por causa de alguma briga. Meu avô não gosta muito dele, mas como ele é amigo meu e de Sofi, é convidado. Ibotira tem um cabelo enorme, cacheado e azul, seu pele é negra, tinha olhos negros, nariz grande, pouca bochecha, se vestia sempre de bermuda ou calça rasgada, com blusas de cores fortes como roxo, preto, vermelho, vinho, as vez usava vestido com uma jaqueta na cintura, sempre com sua bota preto que cano longo. Eu a conheci quando ela perdeu o cachorro, e eu o achei, ela namorava a Naneki uma amiga da minha irmã. Owena, era para ser um garoto, pelo menos era o que seus pais queriam sua mãe morreu no parto sem saber se era menino ou menina, ela sonhava que o nome do filho fosse João Pedro, como o do avô dela; ela era morena, cabelo curto ondulado e preto, com luzes rosas, usava sempre preto ou branco – ela dizia estar numa briga eterna com as cores – tem olhos verdes escuros, parda, o máximo de maquiagem que ela passava no rosto era a base, tinha nariz médio, orelhas pequenas, estatura mediana, era robusta, tinha músculos, postura de bailarina. O pai dela trabalha com o meu avô, ela sempre estava no sítio.
Charles
Ibotira
Owena
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Andei pelo ambiente da festa tentando achar meus avó, Sofia parou para cumprimentar suas amigas, meus pais estavam conversando com alguns convidados, quase chegando na porta uma pessoa pulou em mim abraçando-me: Grace; com seu enorme e lindo cabelo preto ondulado, bem mais baixinha, sua franjinha fofa, seus olhos azuis cobaltos, sorriso ameno, morena de nariz fino, com orelhas pequenas, rosto redondo, com seu ar de mais nova; ela era dois anos mais ou menos menor que eu, seus pais morreram cedo e ela foi criada por meus avós paternos. Retribui o abraço, levantando meus olhos e deparando com Caleb e seus muitos centímetros a mais que eu, de olhos azuis cobaltos bem mais intenso e hipnotizantes do que da Grace, cabelos pretos sedosos e levemente compridos, pardo, com seu jeito de responsável, seu nariz perfeito, com músculos perfeitos, cheiro perfeito de lavanda com margarida. Irmão de Grace, que também foi criado aqui no sítio com meus avós. Sofia era louca por ele, afinal ele é realmente lindo, ele era meio que meu melhor amigo desde sempre, dividimos muitas histórias, ossos quebrados, boas risadas. _Oi, Rainha. Mandou executar muitos servos essa manhã? _Sabe que ainda não, devo ter acordado de muito bom humor. – rainha, foi o apelido que ele me deu, ele fala que eu gosto de mandar nas pessoas e instalar uma monarquia. – Sabe do meu avô? _Lá atrás na cozinha, Lili foi impedi-lo de comer toda a comida. – falou rindo. “Por que eu não tenho um sorriso bonito também?” O chalé por dentro é fofo, com fotos, pinturas, cores; como amarelo, rosa, azul. Ouvi o som de Best of My Love da The Emotions, sorrir ao ver meus avós dançando alegremente; ele girava ela de um lado para o outro, eles riam mexendo o pé ao ritmo da dança, depois ela a envolve num abraço por trás balançando com ela acompanhando a melodia, ao terminar se deram um selinho; eu aplaudi fazendo-os olharem para mim. _Meu anjo! – exclamou vovó, vindo me abraçar – estava de plateia a muito tempo? _Que nada, acabei de chegar. _Minha menininha! _Visconde de sabugosa! – nos abraçamos – Parabéns vovô, seu presente. – entreguei-lhe uma caixa com um embrulho meio mal feito, ele abriu na hora e encontrou um exemplar de Auto da Compadecida, na hora seu sorriso se iluminou. _Minha menininha, que obra! Que raridade, eu adorei! Você mandou trazer do Brasil? _Demorou muito e levou todo o meu dinheiro, mas pelo senhor valeu a pena. – ele depositou um beijo em minha testa e subiu para guardar o livro. Na festa, ele foi cumprimentado, ficou alegre que só, rindo, dançando. Eu fiquei com meus amigos conversando. Caleb se aproximou de mim por trás me fazendo cosquinha eu me contorci e fui andando para frente. _Para com isso, seu bobo. – falei batendo de leve em sua mão. _Estava com saudade, rainha. Você nunca mais veio aqui no sítio – sussurrou no meu ouvido, o que me fez arrepiar toda. _É você que não saí daqui, só trabalhando com meu avô. – respondi baixinho. _Então, sentiu minha falta também? – ele falou, eu ia responder quando Sofia pulou nele dando-lhe um abraço por trás.
Grace
Caleb
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_Cal! _Sofi. _Você ajeitou o carro? _Carro? – perguntei. _A caminhonete, ontem ele e vovô estavam concertando. – minha irmã disse; ah, claro, ela arranja qualquer desculpa para vim ver “o sítio”, os “meus avós paternos”. _Vai dirigir agora, calebizinho? – falou Charles, vindo e colocando os braços pelos meus ombros, se apoiando. Charles e Caleb tinham uma rixa eterna, ninguém sabia o motivo, mas eles não se suportavam. Se alfinetavam, brigavam, olhavam feio um para o outro. _Sim, não que seja da sua conta Char. – respondeu empurrando-o, que parou de se apoiar nos meus ombros. Sofia rapidamente entrelaçou os braços de Caleb no dela, a conversa fluía, mas eu me distanciei da rodinha. Entrei na casa, fui a parte isolada onde ficava meu balanço, vovó havia construído para mim. _Eu e você aqui num balanço, que deja vu. – Caleb falou sentando a grama do meu lado. – Você lembra? _Não faço ideia. – na verdade eu sabia sim. _Tudo bem. – meu primeiro beijo foi com esse garoto, mas foi um acordo nada mais e foi antes de eu saber dos sentimentos de Sofia, depois parei, esqueci o beijo e segui com a vida. Conversar com Caleb sempre foi fácil, posso passar horas conversando com ele, mas nunca faria isso com Sofia. Mas se fechasse olhos meu coração poderia me levar em uma direção perigosa ao passado.
eles brincando na infância...
Sônia atualmente no balanço...
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Como foi o dia do primeiro beijo de Sônia: Imaginem os personagens...
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Do nada, tudo mudou; ouvi barulhos, estrondos fortes, gritos. _Será que alguma criança se machucou ou quebrou algo. – falei sem preocupação, só que vi Caleb de pé com um ar preocupado, parecia em posição de alerta, ele pegou minha mão levantando-me, se pondo na minha frente. _O que foi? _Sônia, fique atrás de mim, não solte minha mão... Ouviu minha rainha? – assenti desconfiada. A festa de aniversário de meu avô estava uma zona, havia pessoas vestidas de preto com cartola atacando os convidados, meus pais estavam abaixados debaixo de uma mesa. Ibotira e Owena arremessavam coisas nessas pessoas. Ana, Laureen e Naneki deslizavam de força discreta para tentar chegar em Sofia, antes delas conseguirem Charles chegou até ela começando a proteção. Meus avós estavam sendo levados por esses homens, com meus instintos corri até eles bati neles, eles me empurraram com força no chão, mas rapidamente Caleb estava na minha frente. _Protege-a, elas não nós. – gritou minha avó. Os caras vieram prendendo meus avós que se debatiam, eles se livraram dos caras que foram expandidos com uma luz enorme que arremessou eles pelo jardim. Só que dados atingiram o pescoço deles, olhei e meus pais haviam sumido, quando voltei os olhos alguns convidados também haviam sumidos. Caleb me carregou nos ombros e levava para longe, algo muito forte atingiu suas costas porque ele caiu no chão com dor, algo mais acertou ele, espera... Sangue. Eu que fui acertada. _Como você pode? Podia ter matado ela! Seu louco! Eu juro que mato você. – gritou com raiva Caleb. _Você não vai leva-la Caleb. – podia estar alucinando, só que podia jurar que foi Charles. _ Por pena, eu ia deixar você cumprir seu dever... Ah, pois, bem aceito seu desafio, já que você não se cansa de perder nunca? – Caleb parecia confiante, queria vê-lo ganhar, só que fui perdendo a noção lentamente, apaguei num flash. Senti um enjoo, movimentos rápidos, parecia que fui jogado num buraco infinito, como o do Alice no país das maravilhas. Acordei, vendo paisagens desconhecidas, senti sangue escorrer pelo meu rosto, não aguentei muito e apaguei de novo.
Sônia em paisagens desconhecidas