Localização informação explicita em um texto; 2- Inferir informação implícita em um texto

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Questões da AAP de Língua Portuguesa

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Patrícia Takaoka
1

Leia o texto e responda à questão 01. O arquivo No fim de um ano de trabalho, joão obteve uma redução de quinze por cento em seus vencimentos. joão era moço. Aquele era seu primeiro emprego. Não se mostrou orgulhoso, embora tenha sido um dos poucos contemplados. Afinal, esforçara-se. Não tivera uma só falta ou atraso. Limitou-se a sorrir, a agradecer ao chefe. No dia seguinte, mudou-se para um quarto mais distante do centro da cidade. Com o salário reduzido, podia pagar um aluguel menor. Passou a tomar duas conduções para chegar ao trabalho. No entanto, estava satisfeito. Acordava mais cedo, e isto parecia aumentar-lhe a disposição. Dois anos mais tarde, veio outra recompensa. O chefe chamou-o e lhe comunicou o segundo corte salarial. Desta vez, a empresa atravessava um período excelente. A redução foi um pouco maior: dezessete por cento. Novos sorrisos, novos agradecimentos, nova mudança. Agora joão acordava às cinco da manhã. Esperava três conduções. Em compensação, comia menos. Ficou mais esbelto. Sua pele tornou-se menos rosada. O contentamento aumentou. Prosseguiu a luta. Porém, nos quatro anos seguintes, nada de extraordinário aconteceu. joão preocupava-se. Perdia o sono, envenenado em intrigas de colegas invejosos. Odiava-os. Torturava-se com a incompreensão do chefe. Mas não desistia. Passou a trabalhar mais duas horas diárias. Uma tarde, quase ao fim do expediente, foi chamado ao escritório principal. Respirou descompassado. — Seu joão. Nossa firma tem uma grande dívida com o senhor. 6 joão baixou a cabeça em sinal de modéstia. — Sabemos de todos os seus esforços. É nosso desejo dar-lhe uma prova substancial de nosso reconhecimento. O coração parava. — Além de uma redução de dezesseis por cento em seu ordenado, resolvemos, na reunião de ontem, rebaixá-lo de posto. A revelação deslumbrou-o. Todos sorriam. — De hoje em diante, o senhor passará a auxiliar de contabilidade, com menos cinco dias de férias. Contente? Radiante, joão gaguejou alguma coisa ininteligível, cumprimentou a diretoria, voltou ao trabalho. Nesta noite, joão não pensou em nada. Dormiu pacífico, no silêncio do subúrbio. Mais uma vez, mudou-se. Finalmente, deixara de jantar. O almoço reduzira-se a um sanduíche. Emagrecia, sentia-se mais leve, mais ágil. Não havia necessidade de muita roupa. Eliminara certas despesas inúteis, lavadeira, pensão. Chegava em casa às onze da noite, levantava-se às três da madrugada. Esfarelava-se num trem e dois ônibus para garantir meia hora de antecedência. A vida foi passando, com novos prêmios. Aos sessenta anos, o ordenado equivalia a dois por cento do inicial. O organismo acomodara-se à fome. Uma vez ou outra, saboreava alguma raiz das estradas. Dormia apenas quinze minutos. Não tinha mais problemas de moradia ou vestimenta. Vivia nos campos, entre árvores refrescantes, cobria-se com os farrapos de um lençol adquirido há muito tempo. O corpo era um monte de rugas sorridentes. Todos os dias, um caminhão anônimo transportava-o ao trabalho. Quando completou quarenta anos de serviço, foi convocado pela chefia: — Seu joão. O senhor acaba de ter seu salário eliminado. Não haverá mais férias. E sua função, a partir de amanhã, será a de limpador de nossos sanitários. O crânio seco comprimiu-se. Do olho amarelado, escorreu um líquido tênue. A boca 7 tremeu, mas nada disse. Sentia-se cansado. Enfim, atingira todos os objetivos. Tentou sorrir: — Agradeço tudo que fizeram em meu benefício. Mas desejo requerer minha aposentadoria. O chefe não compreendeu: — Mas seu joão, logo agora que o senhor está desassalariado? Por quê? Dentro de alguns meses terá de pagar a taxa inicial para permanecer em nosso quadro. Desprezar tudo isto? Quarenta anos de convívio? O senhor ainda está forte. Que acha? A emoção impediu qualquer resposta. joão afastou-se. O lábio murcho se estendeu. A pele enrijeceu, ficou lisa. A estatura regrediu. A cabeça se fundiu ao corpo. As formas desumanizaram-se, planas, compactas. Nos lados, havia duas arestas. Tornou-se cinzento. João transformou-se num arquivo de metal. GIÚDICE, Vitor. O arquivo. In: Moriconi, Ítalo. Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século. Editora Objetiva: Rio de Janeiro, 2000 p. 382. Questão 01 A leitura do texto nos permite afirmar que o autor

expõe a condição confortável da vida de João
incentiva os leitores a trabalharem com mais dedicação.
critica as pessoas que requerem aposentadoria cedo.
valoriza a relação entre empregados e patrões.
propõe uma crítica à exploração nas relações de trabalho.
2

O peixe Patativa do Assaré Tendo por berço o lago cristalino, Folga o peixe, a nadar todo inocente, Medo ou receio do porvir não sente, Pois vive incauto do fatal destino. Se na ponta de um fio longo e fino A isca avista, ferra-a inconsciente, Ficando o pobre peixe de repente, Preso ao anzol do pescador ladino. O camponês, também, do nosso Estado, Ante a campanha eleitoral, coitado! Daquele peixe tem a mesma sorte. Antes do pleito, festa, riso e gosto, Depois do pleito, imposto e mais imposto. Pobre matuto do sertão do Norte! 2-Podemos inferir do texto, que o camponês

é vítima de suas escolhas ruins, como os peixes ao fisgarem o anzol.
dedica-se às festas após as eleições.
não se preocupa com as eleições e prefere ir pescar.
acredita que os políticos são desonestos.
teme o futuro, por isso é precavido.
3

A bolsa amarela Lygia Bojunga Nunes [...] Eu estava tão ligada na carta do André que nem tinha visto o meu irmão atrás de mim lendo também. Ele me arrancou a carta: ─ Quem é o André? ─ Ninguém. O André é inventado. Ele me olhou com aquela cara desconfiada que eu conheço tão bem. ─ Já vai começar, é? ─ Palavra de honra. Eu tenho mania de juntar nome que eu gosto, sabe? E eu gosto um bocado de André. Aí, quando foi no outro dia, eu estava sem ninguém para bater papo e então inventei um garoto pro nome. Um garoto legal: dois anos mais velho que eu, cabelo e olho preto, e pensando assim igual a mim. Aí comecei a escrever pra ele. ─ Escuta aqui: por que é que você acha que eu vou acreditar nessa história? ─ Porque é verdade, ué. ─ Ele é teu namorado? É aluno da escola? ─ Que é que há? tô dizendo que ele é inventado. Invento onde é que ele vai escrever, invento o que é que ele vai dizer, invento tudo. Meu irmão fez cara de gozação: ─ E por que é que você inventou um amigo em vez de uma amiga? ─ Porque eu acho muito melhor ser homem do que mulher. ─ Ele me olhou bem sério. De repente riu: ─ No duro? ─ É sim. Vocês podem um monte de coisas que a gente não pode. Olha lá na escola, quando a gente tem de escolher um chefe pras brincadeiras, ele sempre é um garoto. Que nem chefe de família: é sempre o homem também. Se eu quero jogar uma pelada, que é o tipo de jogo que eu gosto, todo mundo faz pouco de mim e diz que é coisa pra homem, se eu quero soltar pipa, dizem 6 logo a mesma coisa. É só a gente bobear que fica burra: todo mundo tá sempre dizendo que vocês é que têm que meter as caras no estudo, que vocês é que vão ser chefe de família, que vocês é que vão ter responsabilidade, que ─ puxa vida! ─ vocês é que vão ter tudo. Até pra resolver casamento ─ então eu não vejo? ─ a gente fica esperando vocês decidirem. A gente tá sempre esperando vocês resolverem as coisas pra gente. Você quer saber de uma coisa? Eu acho fogo ter nascido menina. Meu irmão nem ligou. Mas também por que é que ele ia ligar? Eu tava dizendo que ser homem é bom... Aí eu pensei que ele ia curtir conversar comigo, mas ele virou e disse: ─ Então me conta: quem é o André? ─ Quase caí pra trás: ─ Mas eu já contei! ─ Conta melhor. Eu não tô acreditando que essa transa toda é só pra ter um papo. ─ Bom, só-só não. ─ Ah!... ─ O quê? ─ Conta. ─ É o seguinte: eu resolvi ser escritora, sabe? E escritora tem que viver inventando gente, endereço, telefone, casa, rua, um mundo de coisas. Então eu inventei o André. Pra já ir treinando. Só isso. 3-Quando a narradora diz “Vocês podem um monte de coisas [...]”, ela se refere aos

homens.
professores.
chefes.
escritores.
4

DIA DO FOLCLORE - Escola realiza concurso de pipas Adriana Ito - Reportagem Local Empinar uma pipa e vê-la ganhar o céu ao sabor do vento é uma das lembranças mais deliciosas que se guarda da infância. O Colégio Estadual Professora Rina Maria de Jesus Francovig (Zona Sul de Londrina) ajudou seus alunos de 1a a 8a série a formar essa lembrança, oferecendo uma atividade multidisciplinar que envolveu toda a escola. Através de um concurso de pipas, os alunos celebraram o Dia do Folclore, comemorado ontem, adquiriram novos conhecimentos e, principalmente, se divertiram. ''Com este tipo de atividade, os alunos entendem melhor a ação da gravidade e a geometria, aprendem a não usar cerol e ainda aprendem a respeitar o trabalho do outro. [...]'', explicou a pedagoga da escola, Neila Alves Teixeira. Os alunos participaram de uma oficina de confecção dos papagaios, concorreram aos prêmios de pipa maior, menor e mais criativa, e lançaram suas criações ao ar. “[...] quando você promove uma atividade ao ar livre, há uma interação maior entre eles, com os professores e funcionários. Isso é ótimo'', avaliou a professora de matemática Bernadete Urbanski, que aproveitou a oportunidade para empinar uma pipa também. [...] A atividade também contribuiu para conscientizar os estudantes sobre os riscos do uso do cerol (cola com vidro moído) nas linhas. Vários alunos confessaram que já utilizaram a mistura, mas garantiram que aprenderam a lição. ''É perigoso. Se passa um motoqueiro, a linha pode cortá-lo. Também a gente fica chateado se alguém 'taiar' a nossa pipa. Eu já não usava muito cerol, agora é que não vou usar mesmo'', afirmou Cristiane Larissa Alexandre, 13 anos, que diz soltar pipa ''que nem moleque'' com suas amigas. Pelo jeito, o uso do cerol é comum no bairro onde fica a escola, no Jardim Campos Elíseos. Quando os alunos começaram a empinar suas pipas, logo várias crianças de fora da escola também puseram no ar as delas, com o claro 13 intuito de talhar1 as concorrentes. Foi só os estudantes descerem as suas (pipas) que a movimentação no bairro também cessou - o que mostra que essa conscientização era realmente necessária. Nesse contexto, Wellington David Pereira Toneti, 11 anos, que levou o prêmio de menor pipa com um exemplar de cerca de 5 cm, é um exemplo a ser seguido. ''Eu nunca usei cerol. Quando chego em casa, meu pai sempre confere a linha. Meu colega já 'taiou' a minha pipa uma vez, deu raiva. Mas não é por isso que eu vou usar cerol também'', ensinou. 4-Segundo o texto, o concurso de pipas foi importante para a

união da escola com os moradores do bairro.
arrecadação de dinheiro para a escola.
conscientização dos alunos sobre riscos do uso do cerol.
montagem de uma oficina para a confecção de pipa.
5

A mãe que perdeu 2 filhos para o sarampo por acreditar em 'fake news' sobre vacinas 21 junho 2019 As Filipinas vivem um surto de sarampo. Mais de 35 mil pessoas foram infectadas e quase 500 morreram desde o começo do ano. Arlyn B. Calos perdeu dois filhos por causa da doença, no intervalo de uma semana, no ano passado. Ela conta que não vacinou as crianças porque havia lido notícias falsas dizendo que a vacina fazia muito mal. "Sinto raiva, porque eu não deveria ter dado ouvidos à TV e ao Facebook. Deveria ter protegido meus filhos, assim eles não teriam pegado sarampo", desabafa. Há uma vacina segura e efetiva disponível. Mas controvérsias3 a respeito de uma nova vacina contra a dengue, chamada Dengvaxia, espalharam informações incorretas e sensacionalistas. "Nas notícias e até no Facebook diziam que muitas crianças morreram. Por isso, eu tinha medo de vaciná-los. Hoje, eu sei que nenhuma vacina causa a morte de crianças, nem a do sarampo, nem a da dengue”. Embora haja investigações em curso sobre a Dengxavia, não foi comprovada a relação entre a vacina e mortes de crianças. Apesar disso, alguns pais ainda ignoram as campanhas de vacinação. "Foi muito difícil perder dois filhos, mas estou me recuperando. Quando tiver filhos novamente, não vou hesitar em vaciná-los para que fiquem seguros”, diz Arlyn. 5-Em “Mas controvérsias a respeito de uma nova vacina contra a dengue, chamada Dengvaxia, espalharam informações incorretas e sensacionalistas”, o substantivo “vacina” ganha uma característica que é do

substantivo “dengue”.
artigo indefinido “uma”.
substantivo “Dengvaxia”.
adjetivo “nova”.
6

6-O texto anterior mostra que

a nova vacina Dengvaxia produzida contra a dengue foi a responsável pela morte das crianças.
as discussões a respeito da vacina Dengvaxia revelam os responsáveis pelo surto de sarampo.
o surto de sarampo, que matou pessoas nas Filipinas, aconteceu devido às fake news.
as fake news sobre perigo das vacinas contra o sarampo levaram duas crianças à morte.
7

Perguntas cretinas Diléa Frate Existe um festival de perguntas cretinas que rondam a vida de uma criança. Uma das principais é: “De quem você gosta mais: do papai ou da mamãe?”. Toda vez que ouvia isso, Rô respondia com outra pergunta cretina: “E você, do que gosta mais, da mão ou do pé?”. E as pessoas riam da sua gracinha, mas continuavam perguntando as mesmas besteiras. Um dia, depois de ouvir essas perguntas estúpidas que todo adulto faz: “Quantos anos você tem?”; Você sabia que é a cara da mamãe?”; Você já está na escola?”; Quem é melhor no jogo: você ou seu irmão?”; “Já tem namorada?”, e mais o clássico: O que você vai ser quando crescer”, Rô pensou bem e respondeu sem vacilar4 : “Vou ser mudo”. 7-Conforme o texto, a personagem disse que queria ser muda, pois assim evitaria

revelar o nome de sua namorada.
participar de um festival de perguntas cretinas.
dizer se gosta mais do pai ou da mãe.
responder às perguntas feitas pelos adultos.
8

O mistério da maçã Katia Regina Pessoa Vermelhas, cascas vivas, brilhantes. Isso mesmo! Estou falando de maçãs. Segundo minha avó, elas limpam os dentes e têm gosto de tomate. Nunca senti semelhante gosto, mas uma coisa é certa: tomate e maçã são frutas. Voltando à fruta que encantou Branca de Neve, peguei uma do cesto que fica bem no meio da mesa da cozinha. Linda. Mordi! Decepção. Estava estranhamente podre. Por quê? Fui em busca de respostas. Recorri a meu pai, químico de formação. Ele me explicou que perto das sementinhas tem espaços vazios, localização propícia para instalação de fungos. Disse-me que em época de chuva, por exemplo, a água penetra pela superfície da fruta, vai até o bulbo e essa umidade é um prato cheio para a formação de microrganismos, fazendo com que a suculenta maçã apodreça de dentro para fora. Isso justifica sua falsa aparência saudável: “por fora, bela viola; por dentro, pão bolorento”. 8- De acordo com o relato, para desvendar o motivo do apodrecimento da maçã, o narrador

confiou na avó: maçã tem mesmo gosto de tomate vermelho.
procurou explicações com o pai, que era químico de formação.
pesquisou os tipos de fungos que atingem o bulbo da fruta.
achou que os fungos causaram a intoxicação de Branca de Neve.
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